Não gosto muito do termo “final antecipada”. Acho que isso não existe. “Final é final” – como diria o filósofo Ronaldinho -, ou seja, é o desfecho, o encarramento, o término. Sem falar que o termo é jogado pro espaço se o time que vencer a tal final perder a verdadeira final.
Porto e Villarreal, pelas semifinais da Liga Europa era descrita por alguns como final antecipada. Como disse acima, não gosto do termo, mas o jogo teve cara de final. O primeiro tempo foi aberto, com as duas equipes querendo jogar, buscando a vitória e na etapa final, o então perdedor decidiur jogar. Para uma quinta-feira à tarde, foi uma partida bem agradável.
Só um parágrafo sobre o jogo: o Porto começou marcando forte, atrapalhando a saída de bola do Villarreal, que quando conseguia escapar da forte marcação, sempre arranjava bons ataques. A linha de impedimento portuguesa foi burra mesma e diversas vezes, Nilmar e Rossi ficaram cara-a-cara com Hélton. Esse foi o grande pecado do time espanhol, que poderia ter feito três, quatro gols se não fosse incompetente em suas finalizações. Mesmo assim, o Villarreal foi pro intervalo em vantagem, após gol de Cani, aproveitando cruzamento de Nilmar, que se aproveitou da “avenida Álvaro Domínguez”, que só faltou botar uma placa e avisar: “Joguem por aqui”. Na etapa final, poucas palavras: o Porto sobrou. Sobrou fisicamente e tecnicamente. O time espanhol morreu e quase nem passou do meio campo. Com Álvaro mais preso, Guarín pôde chegar mais à frente e teve grande atuação. Hulk também teve atuação destacada. Falcão foi magistral, com quatro gols.
Agora sim, vou falar do “Bonde do Dragão sem freio”. Tá certo que esse papo de bonde do Flamengo e trem bala do Vasco já encheu a paciência aqui no Brasil, mas fiquei imaginando: se o time rubro-negro, jogando essa bolinha aí já virou bonde sem freio, o Porto é o quê então? Os Dragões tem uma equipe de muito respeito. Um meio campo forte, com Fernando fazendo a proteção à zaga, com Guarín e Moutinho chegando à frente. No ataque, Hulk, Varela – hoje jogou o nulo Cristian Rodríguez – e Falcão cumprem muito bem seu papel. É certamente, um dos times mais fortes da Europa!
E no banco fica André Villas-Boas. Esse rapaz revolucionou o time do Porto. O time que se acostumou a só ganhar a liga portuguesa, do nada se viu fora da Champions League e esse garoto mudou a mentalidade do time. Os Dragões fizeram uma primeira etapa abaixo do que podem render, bastou uma papinho e jogadores como Guarín e Falcão passaram a decidir. Villas Boas é um dos “seguidores de Mourinho”, só que mais novo e essa jovialidade dele parece fazer bem ao Porto. A equipe não se conforma com o pouco e sempre quer mais. Com o jogo em 3×1, 4×1, os Dragões seguiram em cima e após o 5×1, só não marcaram mais por falta de tempo.
É uma equipe avassaladora!
Os jogadores que mais me chamam a atenção nesse Porto são dois colombianos: Freddy Guarín e Radamel Falcão. O primeiro atua no meio-campo, mas tem uma chegada ao ataque muito boa. É forte fisicamente, tem bom passe, é inteligente e o principal: tem um potente chute de direita. Guarín já anotou diversos gols em chutes de média e longa distância. Já Falcão, que já era um terror em seus tempos de River Plate, – os botafoguenses confirmam – evoluiu muito no futebol português. É um atacante letal. Não costuma perder tantas chances de gol, sempre aproveita as que tem. Sabe fazer gols, tem técnica e tem algumas artimanhas que lhe dão vantagem aos zagueiros, como o seu domínio de bola, que é sempre girando pra cima do marcador.
O Porto poderia muito bem estar na Champions League. É uma equipe forte e poderia fazer suas surpresinhas na Liga.
O 5×1 deixa os Dragões com as passagens encaminhadas para Dublin e só Deus sabe quem pode parar o “bonde sem freio” do Porto.
Sobre o Villarreal…
Preocupa essa queda de rendimento do Submarino Amarelo. No início da temporada, o Villarreal era um dos times capazes de parar a dupla Barça-Madrid, mesmo que só por um jogo, hoje podem até ficar sem a vaga para a Champions League. O Villarreal é um bom time, com Borja Valero armando o time, com Cani e Cazorla carregando a equipe pelos flancos e com a poderosa dupla de ataque formada por Nilmar e Rossi. A prova foi hoje. É muito difícil parar o Porto no Estádio do Dragão e o Villarreal fez isso…por 45 minutos. Morreu nos outros 45 e esse resto de jogo deve custar a eliminação na Liga Europa.
Na outra semifinal…
Resultado bom…mas nem tanto pro Benfica. O 2×1 sobre o Braga na Luz, deixa os Encarnados com a vantagem do empate, mas os braguistas já provaram que podem encrencar um jogo no Municipal de Braga. É só 1×0… Dá pra tirar. Ainda mais que sou daqueles que prefiro que nesses mata-mata, meu time jogue a primeira em casa, pra tentar matar logo a série. 2×1 não é confortável. O Braga, de Domingos Paciência, conhece muito bem o Benfica. Sabe suas virtudes e seus defeitos.
O Municipal de Braga vai tremer na próxima quinta!