Quantas vezes você já ouviu que “tal time joga bonito, tem um futebol alegre, vence jogos, mas na hora H falha“? Certamente não foi uma vez e nem duas. Foram diversas vezes.
Mas muitas vezes, na hora de se montar um time vencedor, os dirigentes e a comissão técnica ficam em um dilema. Montam um time jovem e cheio de garotos técnicos, porém, inexperientes e que fatalmente sentirão o peso de um jogo decisivo, ou montam uma equipe de jogadores com a idade um tanto quanto avançada, mas que na hora do ‘vamú vê’ não cedem as pressões contrárias e erguem o caneco. É uma dúvida cruel e nem sempre é capaz fazer uma boa mescla. Há por aí vários times que tem números de jovens e veteranos equilibrados, mas às vezes esse garotos acabam não tendo boa formação e se tornam atletas de nível duvidoso, assim como podem faltar pernas aos veteranos, ou simplesmente são velhos decadentes e que pouco contribuem.
Só que o Barcelona acabou por conseguir fazer uma boa mescla.
As reconhecidas canteras do Barça sempre revelam grandes atletas. Do provável time titular que Pep Guardiola mandará a campo no Wembley, somente Dani Alves, Mascherano e Villa não são cria do clube catalão. Mesmo assim, esses três homens incorporaram o espírito barcelonista, de pacientes toques de bola, ocupação de espaço e algo que chega até a ser chato, que é a ‘finalização com liberação por escritoda prefeitura’. Essa demora para finalizar incomoda, mas é o estilo deles, é assim que eles aprenderam e ai de quem tentar mudar esse estilo.
Os times do Barcelona que conquistaram a Europa tinham um futebol simpático. Não cheguei a ver o time de 1992, mas só por ter o nome de Dream Team já dá uma noção da sua representatividade. Outra coisa que admito é que comecei a gostar do futebol europeu após ver o Barcelona de Rijkaard, campeão em 2006. O quarteto formado por Deco, Giuly, Eto’o e é claro, Ronaldinho Gaúcho, me enchia os olhos. O time campeão em 2009 também me encantou, mais pela história de sua formação. Frank Rijkaard deixava o clube aos pedaços, sem Ronaldinho, sem Deco e com Eto’o ameaçando deixar o clube. Pep Guardiola chegou cercado de desconfianças e começou a dar sua cara ao time. Busquets e Pedro, garotos que foram de certa forma renegados pelo clube, ganharam mais espaço – mais espaço para Busquets do que para Pedro. Messi ganhou papel de maior destaque, Henry, com as “sandálias da humildade”, esteve jogando muita bola e o “brigão” Eto’o estava sendo decisivo.
Mas já há muita gente dando conta que o atual Barcelona é o melhor de todos os tempos. O Dream Team de 92, que tinha Koeman, Stoichkov, Laudrup e Guardiola era considerado o maior Barcelona de todos os tempos, mas já há jogadores daquela geração que colocam o atual Barça como o melhor. Modéstia? À princípio não!
Tá certo que é exaustivo e que vocês já devem ter ouvido falar disso 784 vezes, mas o atual Barcelona é um time com excelente toque de bola, mantém uma fantasmagórica posse de bola, não dá balões pro ar, envolve o time adversário com extrema facilidade e que tem Xavi, Iniesta e Messi, que são os diferenciais da equipe.
Se é o melhor Barcelona de todos os tempos, só o tempo dirá!
Se o time azul-grená vier a perder essa Champions League, pode até não pegar fama de amarelão, – até porque o Barcelona já é tri-campeão espanhol e já ganhou a Copa do Rei da temporada passada – mas perderá com aquele gostinho de quero mais, como na temporada anterior, onde obrigou a Inter a se retrancar todinha e o Barça ficou por um gol da final.
O Barcelona precisará conviver com as adversidades. Já consegue fazer um time se retrair quando está empatando ou com o placar a seu favor, imagino quando estiver perdendo…
Para fechar, não digo que o Barcelona chega para quebrar a estigma daqueles times que jogam bonito e perdem, – até porque, como disse acima, o Barça é bi-campeão espanhol – mas joga para não fazer isso realmente virar uma estigma e também para não se tornar uma equipe caseira, ou seja, um time que só vence um campeonato que tem dois times – Barça e Real – e no grande torneio, a Champions League, vai ficando no quase.
– A Última Bola é Nele!
Costumo muito acompanhar basquete. Sempre que faltam poucos segundos pro fim do jogo, o placar está apertado e o time que está perdendo tem a posse de bola, a ‘laranjinha’ acaba indo pro craque do quinteto, justamente para decidir. No futebol não há isso, até porque não há o tanto de paralisações que há no basquete e diferentemente do esporte norte-americano, qualquer maluco pode decidir uma partida de futebol, mas não custa usar o termo basqueteiro no futebol. E no Barcelona, a última bola vai para Messi!
O argentino, cria do Barcelona tem feito uma temporada sensacional. Messi foi vice artilheiro da Liga BBVA com 31 gols e além de fazer dois gols na mesma partida sete vezes e mais duas vezes fez três gols na mesma peleja. Já na Champions League, o argentino tem 11 gols e em quatro oportunidades fez dois gols na mesma partida.
Nas últimas rodadas, Messi tem caído de produção, talvez sentindo o cansaço de vários jogos, Copa do Mundo no meio do ano passado, marcação dura e lá vai… Seu último gol foi marcado há praticamente um mês atrás, diante do Real Madrid!
Mas Guardiola tem poupado o argentino e ele já fez gol em final de Champions League, em 2009, justamente contra o Manchester United. ‘Lio’ não deverá sentir o peso da peleja e por isso, entendo eu – e entende a maioria, diga-se de passagem – que a última bola do jogo tem de ser nele.
– Provável Escalação:
Victor Valdés; Daniel Alves, Gerard Piqué, Javier Mascherano e Carles Puyol; Sergio Busquets, Xavi Hernández e Andrés Iniesta; Pedro Rodríguez, Lionel Messi e David Villa. 4-3-3
Foi a escalação do Barcelona nos dois jogos contra o Real Madrid nas semifinais da Liga dos Campeões e de certa forma surpreende. Era esperada a volta de Puyol à zaga central, com a saída de Mascherano. Assim, Adriano ou Abidal entrariam na lateral esquerda. Mas pelo jeito, o Barça deve jogar com Mascherano na zaga e Puyol na esquerda. Pode ser bom, pois o capitão azul-grená pode inibir os avanços de Valencia por seu setor, mas pode ser ruim, pois Mascherano tem 1,74 de altura e será um ponto frágil nas bolas aéreas. Talvez, ele se revese com Busquets.
só uma dúvida, hermano… o Barça já é tri espanhol, não?