Texto de: Romário Henderson
O Milan jogou no Estádio San Siro nas duas últimas partidas da Série A. Na primeira delas, suou para empatar com a organizada e perigosa equipe da Udinese, que vai brigar, no mínimo, por uma vaga na Champions League, pois o técnico Francesco Guidolin vem fazendo um bom trabalho, armando seu time no 3-5-1-1, com o brasileiro Danilo, ex-Palmeiras na sobra dentre os zagueiros, liberando os laterais, com Pablo Armero como meia pela esquerda, Asamoah Kwadwo pela direita e o veterano e ágil Antonio Di Natale no ataque.
Depois, o rossonero enfrentou o Cesena, e venceu no sufoco por 1×0, sem se apresentar bem. Por que o atual campeão italiano neste início da Liga Nacional tem encontrado dificuldades para engrenar?
Em minha opinião, a formação escolhida pelo técnico Massimiliano Alegri, o 4-3-1-2, e a presença de alguns jogadores como Abate e Nocerino, além da ausência do sueco Zlatan Ibramovich, explicam tal situação. Por que atuar somente com Seedorf na armação? Por que improvisar Zambrotta na lateral esquerda sendo que há um lateral esquerdo de ofício e qualidade como Taiwo? Deveria sacar Abate e colocar o nigeriano, deslocando Gianluca Zambrotta para a direita, sua posição de origem.
Na linha de três, questiono a presença de Nocerino, que tem sido ineficiente na marcação e impreciso na transição. Seria conveniente atuar com apenas dois volantes: Van Bommel e Aquilani; dois meias: Seedorf e Emmanuelson; e dois atacantes: Cassano e Inzaghi.
Eu optaria pelo 4-2-2-2, um time mais leve, onde teria um ala esquerdo que apóia com freqüência, dois volantes eficazes na marcação, sobretudo o holandês, e Aquilani com certa liberdade para sair para o jogo. À frente, Seedorf teria a companhia de Emmanuelson para dividir a responsabilidade da armação, além de Antonio Cassano, que tem muita mobilidade e daria opção aos meias. E, claro, Pippo Inzaghi como referência, prendendo os zagueiros. O ídolo da torcida do Milan, após voltar de lesão, encontra-se clínica e fisicamente bem, portanto, deveria ocupar uma vaga no time titular.
Villas-Boas faz o que Ancelotti não fez – São poucos os técnicos que barram atletas renomados, quando estes estão mal. No Chelsea, o meia Frank James Lampard, desde a temporada passada, vem tendo atuações reticentes, no entanto, nunca foi sacado por Carlo Ancelotti, certamente por ter uma história nos blues e presença freqüente na Seleção Inglesa. O português Villas-Boas pensa diferente para a escalação de um jogador. Crê que o nome não ganha jogo, e que é necessário ser produtivo, e não inoperante como Lampard. O jovem e competente treinador sacou Frank no intervalo do jogo contra o Manchester United, quando uma vez mais o inglês era peça nula, literalmente apagado. De acordo com relatos da imprensa inglesa, já há um clima desconfortável do jogador com o treinador.