Bastou uma bola

Desfalcado por causa da CAN, Wenger teve de ir atrás de um velho ídolo (Arsenal.com)

Era quinta-feira à noite e de férias, estava de bobeira. Eis que recebo a escala de transmissões da Futebol Plus. Nesta escala, sou convocado para a transmissão de Arsenal e Leeds United pela Copa da Inglaterra, juntamente com os bravíssimos Felipe Silva e Thiago Ienco. Logo bateu aquela ansiedade para a partida. E o motivo era único, Thierry Henry.

Sua contratação ainda não havia sido oficializada, mas todos já davam como certo seu retorno. O próprio Arsene Wenger, técnico do Arsenal, já mostrava otimismo para com a vinda do eterno ídolo Gunner.

Não sou torcedor do Arsenal – aliás, não torço pra ninguém na Inglaterra – mas nunca neguei a ninguém a minha paixão pelo futebol francês. Isso não ficou preso somente aos clubes franceses e se estendeu também para a seleção francesa. Por isso virei um admirador do futebol de Henry. Com 51 gols, ele é o maior artilheiro da história de Les Bleus, com dez gols à mais que Michel Platini e vinte em relação a Zinedine Zidane. Sem falar que The King é o segundo jogador que mais atuou com a camisa francesa, 123 jogos.

O fato de ser símbolo do Arsenal na última década se tornou a cereja do bolo.

Chegava sexta-feira e o que todos já sabiam, apenas se concretizou. Henry retornara ao Arsenal por dois meses!

E lá estava eu catando notícias e informações importantes para comentar a peleja. No então jogo, teria de cobrir o Arsenal e não dava outra: só se falava em Henry. A cada dez notícias no site Gunner, oito eram sobre o francês. Poderiam ser as palavras do francês, de Wenger, de qualquer outro jogador ou até do porteiro do clube… Só se falava de Henry!

Parecia que nos lados londrinos, se importavam mais com a presença do francês no duelo contra o Leeds do que propriamente com a partida. Apenas o time adversário estava ligado no jogo. Como manda o figurino dos visitantes, The Whites jogaram fechados – pra não dizer retrancados – e ficaram esperando “uma bola” pra decidir.

Já os jovens Gunners  pareciam agoniados em campo. Não encontravam espaços e sempre paravam na barreira adversária. A sensação era de que eles queriam provar que poderiam vencer a partida sem Henry. Mas não dava! O atacante era Chamakh e não Henry. O marroquino foi decisivo em seus tempos de Bordeaux, mas contava com Gourcuff em grande forma – evento único -, por isso, recebia diversas “bolas redondas”. Nos Gunners, tinha de se virar com bolas nem tão “arredondadas” e mostra não ser um grande atacante.

Henry iniciou no banco de reservas, assim como o poupado Walcott (Arsenal.com)

Enquanto o Arsenal penava para furar a firme defesa do Leeds, Henry estava lá, quietinho no banco, só esperando a sua vez. Uma hora não teve jeito, ele precisou ser chamado por Wenger. O frisson foi de outro mundo. Era nele que a torcida do Arsenal depositava a sua confiança de dias melhores. Não era em Chamakh, Arshavin, Ramsey ou qualquer outro, nenhum deles chegava aos pés de Henry.

67 minutos! Este foi o tempo que a torcida do Arsenal precisou esperar para ir ao delírio. Exatamente no minuto 67, Henry entrara em campo no lugar do apagado Chamakh.

Bastou apenas uma bola pro francês tirar o grito de gol que estava entalado na garganta dos torcedores. Poucos mais de dez minutos em campo foram necessários para Henry receber uma bela bola de Song e mandar pras redes. Foi gol de artilheiro! O francês recebeu já com o corpo posicionado pro tiro colocado. Cabeça erguida, sem perder a bola e o goleiro de vista. Henry simplesmente ajeitou e bateu colocado, marcando o gol que colocou o Arsenal na fase seguinte da FA Cup.

Henry precisou somente de uma bola pra decidir o duelo (Arsenal.com)

Agora vestindo a 12 que lhe consagrou na Seleção da França, Henry proporcionou uma vibração nunca vista por torcedores do Arsenal no Emirates Stadium. Os Gunners estão carentes de títulos! Eles estão cansados de ver seu time bater um oponente direto na briga pelo título e cair diante de times pequenos. Henry trouxe essa alegria de volta!

Serão dois meses de pura nostalgia pro torcedor do Arsenal. Não é garantido que nesse período, Henry vá fazer gols à rodo e os Gunners irão iniciar uma arrancada rumo ao título inglês, mas à cada gol do francês, o torcedor do Arsenal vai se lembrar dos tempos em que Henry, Pirès, Vieira e Ljungberg eram uma das equipes mais poderosas do planeta.

Henry já deve ter pedido a força física, velocidade, arranque, talvez até um pouco da inteligência dentro de campo, mas o faro de gol… Ah, o faro de gol! Vai precisar acontecer um estrago daqueles pra ele perder isso.

Com a 12, Henry se consagrou na França, mas no Arsenal? Igualará seus feitos com a 14? (Arsenal.com)

Após o jogo, Henry deu entrevistas destacando o que sente pelo Arsenal. Não é força de expressão, a torcida o ama e ele os ama também. Henry não precisa fazer “coraçõeszinhos” pra demonstrar esse amor. Ele mostra isso voltando ao clube, se dedicando dentro de campo, marcando gols e se tornando cada vez mais um ídolo Gunner.

Sou fã de Henry. Um monstro! Um dos melhores atacantes que já vi. Cabe facilmente no top 5 da França na última década e talvez até no top 5 mundial do mesmo período. Habilidoso, inteligente, matador e decisivo. O Arsenal pode crescer com ele e van Persie, mas sempre ficará aquela pontinha de desconfiança: “até quando Henry aguenta?”. Dois meses me parece tempo suficiente pro francês dar aquele último gás na carreira. Se for notado que o agora camisa 12 pode aguentar mais, por que não insistir com o pessoal do NY Red Bulls pra liberá-lo por mais um tempo?

PS: O servidor nos derrotou e não conseguimos transmitir a partida pela Futebol Plus

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