EURO 2012: Velhas e novas zebras no Grupo A

Há menos de uma semana para o início da Eurocopa, o “Europa Football” inicia sua prévia para o torneio. Aliás, “inicia” é até modo de dizer, já que os amigos estão acompanhando há meses a série “Contos da Euro”, com várias histórias que envolveram a competição.

Como diria o velho filósofo, “vamos começar pelo começo”, obviamente, o Grupo A, que terá a dona da casa, Polônia, a surpresa da última edição do torneio, Rússia, os campeões de 2004, Grécia e a figurinha carimbada, República Tcheca.

POLÔNIA: Mero mandante? Não!

Lewandowski é o grande artilheiro da Polônia (Cyfrasport)

O objetivo da Polônia nesta Eurocopa é provar que não estará lá apenas para receber as demais seleções do continente. O selecionado polaco não perde desde junho de 2011 e conta com uma seleção jovem e de ótimos valores. A esperança do povo local é que o ritmo vencedor do Borussia Dortmund contamine a seleção. Três atletas bicampeões alemães com o time do Vale do Ruhr disputarão a UEFA Euro 2012 pela Polônia. Todos eles com papéis de destaque nas conquistas.

Na defesa, Lukasz Piszczek é sinônimo de segurança defensiva e constante apoio ofensivo no time alemão. Despertando interesse de vários clubes da Europa, o lateral-direito se torna um ótimo elemento surpresa para o técnico Franciszek Smuda. Caso necessite, Piszczek pode atuar no meio-campo, posição de origem do jogador.

Na faixa central, a aposta vinda da Alemanha é Jakub Błaszczykowski, ou simplesmente “Kuba”. O meia foi reserva do Dortmund por muito tempo, entrava constantemente, mas nunca obteve grande destaque. Com a longa inatividade de Mário Götze, o polonês ganhou espaço e se tornou peça importante no esquema de Jürgen Klopp. Kuba passou a jogar bem e incorporar o futebol alegre do time, mostrando qualidades técnicas antes nunca vistas no jogador. O meio-campista do Dortmund chega ao torneio no melhor momento da carreira. Esta será a primeira Eurocopa de Błaszczykowski, que mesmo convocado em 2008, não pôde disputar o torneio por estar lesionado. Curiosamente, quem o substituiu foi Lukasz Piszczek.

O outro nome de destaque polonês viveu um momento de afirmação na atual temporada. Robert Lewandowski era reserva de Lucas Barrios e substituiu Shinji Kagawa na segunda metade da temporada 2010/11. Os vários gols perdidos deixaram os nove tentos anotados em segundo plano. Com o paraguaio contundido e demorando a recuperar a melhor forma, Lewandowski tomou conta da posição. O atacante amarelo terminou a última temporada 30 gols e, de certa forma, forçou a saída de Barrios. O polonês de 23 anos tem 13 tentos pela seleção de seu país e mais de 120 marcados em sua carreira.

Somado ao trio borussiano, aparece Ludovic Obraniak, meio-campista do Bordeaux. De bom reserva do Lille, o polonês foi um dos ótimos negócios de meio de temporada na França, ao se transferir para os Girondins, e esbanjando técnica nos chutes de longe, tomou conta da armação no retrancado Bordeaux de Francis Gillot.

Outra aposta interessante do time polonês é Rafal Wolski. O garoto de 19 anos teve uma grande temporada pelo Légia Varsóvia e foi chamado por Smuda. Seu estilo de jogo atrevido e bom de se ver lhe rendeu comparações ao também jovem Mário Götze, da Alemanha.

Sonhar com título, realmente, é algo impossível, mas pensar em chegar à segunda fase não é nada de outro mundo. A Polônia tem bons jogadores e contará com o apoio do torcedor. É uma das favoritas do grupo, se chegar no mata-mata, o que vier será lucro.

CONVOCADOS:

Goleiros: Wojciech Szczesny (Arsenal-ING), Przemyslaw Tyton (PSV Eindhoven-HOL), Grzegorz Sandomierski (Jagiellonia Bialystok)

Defensores: Lukasz Piszczek (Borussia Dortmund-ALE), Marcin Wasilewski (Anderlecht-BEL), Jakub Wawrzyniak (Legia Varsóvia), Marcin Kaminski (Lech Poznan), Grzegorz Wojtkowiak (Lech Poznan), Sebastian Boenisch (Werder Bremen-ALE), Damien Perquis (Sochaux-FRA)

Meio-Campistas: Eugen Polanski (Mainz-ALE), Dariusz Dudka (Auxerre-FRA), Adam Matuszczyk (Fortuna Düsseldorf-ALE), Adrian Mierzejewski (Trabzonspor-TUR), Jakub Blaszczykowski (Borussia Dortmund-ALE), Ludovic Obraniak (Bordeaux-FRA), Maciej Rybus (Terek Grozny-RUS), Kamil Grosicki (Sivasspor-TUR), Rafal Murawski (Lech Poznan), Rafal Wolski (Legia Varsóvia)

Atacantes: Robert Lewandowski (Borussia Dortmund-ALE), Artur Sobiech (Hannover-ALE), Pawel Brozek (Celtic-ESC)

RÚSSIA: Sprint final

Aos poucos, Kerzhakov vem tirando o espaço de Pavlyuchenko (Reuters)

Akinfeev, Zhirkov, Arshavin e Pavlyuchenko já têm história na seleção russa. Todos eles estiveram presentes na Eurocopa de 2008, onde o time treinado por Guus Hiddink chegou às semifinais, só parando para a futura campeã Espanha. Depois daquela eliminação, a Rússia se abalou e não conseguiu nem chegar a Copa do Mundo de 2010. A vaga para a Euro deste ano é um alívio e é considerado o “sprint final” desta geração envelhecida.

Andrei Arshavin, grande nome do time de 2008, já passou dos 30 anos de idade e se viu obrigado retornar para a Rússia para ter chance de viajar a Ucrânia e Polônia. Sua volta ao Zenit deveu-se ao fracasso que se tornou sua passagem pelo Arsenal. Inconstante em temporadas anteriores, Arshavin se tornou motivo de chacota em 2011/12 pelo péssimo futebol apresentado. Sua readaptação ao futebol russo custou a chegar, mas quando veio, acabou sendo importante para o bicampeonato do Zenit.

Roman Pavlyuchenko viveu a mesma situação de Arshavin. Reserva em um clube de Londres, neste caso, o Tottenham, o centro-avante foi contratado pelo Lokomotiv Moscow. Em nove aparições na Liga Russa, ele marcou somente dois gols. Essa queda de rendimento talvez explique a preferência do técnico Dick Advocaat pelo atacante do Zenit, Aleksandr Kerzhakov.

Na temporada 2011/12, o camisa 11 dos bicampeões russos fez seis jogos há menos que na temporada anterior, mesmo assim, anotou três gols há mais, 17 no total. Com o gol marcado na sexta-feira, no amistoso diante da Itália, Kerzhakov chegou à marca de 19 tentos com a camisa da seleção de seu país, um há menos que Pavlyucheynko.

A prova de que este time da Rússia é envelhecido está no fato dos moscovitas Alan Dzagoev e Aleksandr Kokorin serem os únicos jogadores abaixo dos 23 anos. Em compensação, oito atletas já têm 30 anos ou mais.

Além desta Euro ser o provável fechamento do ciclo de Arshavin, Pavlyuchenko e Cia., esta edição do torneio também será marcada pelo fim da “era Advocaat”. O experiente treinador holandês já anunciou que deixará a seleção após a Eurocopa e assumirá o PSV. Dick Advocaat treinou o time de Eindhoven de 1995 até 1998, conquistando a Eredivisie em 1997.

Os russos ainda tiveram a sorte de cair em um grupo “camarada”. Mesmo equilibrado, a Rússia desponta como a principal seleção. Embora este blogueiro entenda que os jogadores de destaque da Polônia vivam melhor fase técnica do que os russos, os comandados de Advocaat podem fazer a chama de 2008 reascender e conquistar a vaga nos mata-matas. A experiência, nessas horas, conta demais e os russos, tendo como base o Zenit, têm tudo para conseguir uma classificação.

CONVOCADOS:

Goleiros: Igor Akinfeev (CSKA Moscow), Vyacheslav Malafeev (Zenit) e Anton Shinin (Dínamo Moscow)

Defensores: Alexander Anyukov (Zenit), Alexei Berezutsky, Sergei Ignashevich e Kirill Nababkin (CSKA Moscow), Vladimir Granat (Dínamo Moscow), Yury Zhirkov (Anzhi), Dmitry Kombarov (Spartak Moscow) e Roman Sharonov (Rubin Kazan)

Meio-Campistas: Igor Denisov, Roman Shirokov e Konstantin Zyryanov (Zenit), Denis Glushakov (Lokomotiv Moscow), Igor Semshov (Dínamo Moscow), Alan Dzagoev (CSKA Moscow) e Marat Izmailov (Sporting-POR)

Atacantes: Andrei Arshavin e Alexander Kerzhakov (Zenit), Alexander Kokorin (Dínamo Moscow), Roman Pavlyuchenko (Lokomotiv Moscow) e Pavel Pogrebnyak (Fulham)

GRÉCIA: Mesclando a velha e nova escola

Fernando Santos ampliou os horizontes de pensamento grego (Reuters)

Quando se fala no futebol grego, logo nos lembramos de retrancas. O motivo deste pensamento vem de 2004. Na época, o time treinado por Otto Rehhagel conquistou a Eurocopa disputada em Portugal jogando de forma fechada, com um verdadeiro ferrolho. A única aposta ofensiva ficava na bola aérea. Foi assim que Angelos Charisteas fez o gol do título grego.

O King Otto deixou a Grécia e o português Fernando Santos assumiu em seu lugar. O treinador trabalhou em várias equipes gregas, conseguiu alguns feitos interessantes e topou o desafio de assumir a seleção nacional após a histórica Copa do Mundo de 2010, onde os gregos marcaram seu primeiro gol e venceram sua primeira partida na história do torneio.

O português trouxe uma nova mentalidade ao time. É claro que a marcação ainda é mais forte – parece que já vem embutida no cérebro dos jogadores gregos -, mas Santos já consegue tornar o time mais ofensivo. A Grécia joga atualmente no 4-3-3, com oportunista Theofanis Gekas como home de referência e com o garoto Ninis e o gigante Samaras pelos flancos.

Karagounis e Katsouranis são dois remanescentes do título de 2004 e dão um toque de experiência ao time, que além de Ninis, têm dois jovens vindos da Bundesliga: Kyriakos Papadopoulos do Schalke e Kostas Fortounis do rebaixado Kaiserslautern. O primeiro é meio “desmiolado”, porém, eficiente no jogo aéreo. Já o segundo foi um dos poucos destaques da trágica campanha do Lautern. Pode ser ele o responsável por um pouco mais classe no meio-campo.

Porém, os gregos vivem indefinições na meta. Desde a aposentadoria de Antonios Nikopolidis, Fernando Santos fica na dúvida entre o veterano Kostas Chalkias, Michalis Sikafis e Alexandros Tzorvas. A inatividade do último citado pode fazer com que o segundo citado, Sifakis, seja o titular na Euro.

Apostar em um novo milagre é demais. A Grécia tem um time ajustado e que pode incomodar na fase de grupos, sempre lembrando que com Fernando Santos no comando técnico, os gregos perderam apenas uma partida. Porém, um bicampeonato, no momento, não passa de sonho. Era também em 2004 e vimos no que deu…

CONVOCADOS:

Goleiros: Kostas Chalkias (PAOK), Michalis Sifakis (Aris) e Alexandros Tzorvas (Palermo-ITA)

Defensores: Vasilis Torosidis, Avraam Papadopoulos e Jose Holebas (Olympiakos), Kyriakos Papadopoulos (Schalke 04-ALE), Stelios Malezas (PAOK), Giorgos Tzavellas (Monaco-FRA), Sokratis Papastathopoulos (Werder Bremen-ALE)

Meio-Campistas: Grigoris Makos (AEK), Giannis Maniatis e Giannis Fetfatzidis (Olympiakos), Kostas Katsouranis, Giorgos Karagounis e Sotiris Ninis (Panathinaikos), Giorgos Fotakis (PAOK) e Kostas Fortounis (Kaiserslautern-ALE)

Atacantes: Giorgos Samaras (Celtic-ESC), Dimitris Salpigidis (PAOK), Theofanis Gekas (Samsunspor-TUR), Nikos Limberopoulos (AEK) e Kostas Mitroglou (Atromitos)

REPÚBLICA TCHECA: Sem empolgar

Tchecos esperam que o “Baros 2012” seja o “Baros 2004” (Reuters)

Acostumados a ver em campo, pela sua seleção, jogadores como Pavel Nedved, Karel Poborský e Vladimír Smicer, o povo tcheco enxerga de forma torta o time atual. Carente de bons jogadores, a República Tcheca chega à Eurocopa com um elenco envelhecido e com jovens de talento duvidoso.

O trio de destaque tcheco estava presente em Portugal 2004: o goleiro Petr Cech, o meio-campista Thomas Rosicky e o atacante Milan Baros.

O arqueiro do time é o único do trio que chega em grande forma. Campeão europeu e tendo agarrado um pênalti de Arjen Robben na prorrogação, Petr Cech terminou a temporada muito bem. Após períodos instáveis, o goleiro tcheco foi peça primordial da conquista do Chelsea, principalmente nos históricos duelos com o Barcelona.

Rosicky declinou demais na carreira. Chamado de “Pequeno Mozart” em seus tempos de Borussia Dortmund, o meia não consegue se livrar das lesões e têm sido poupado de alguns treinamentos para poder estar 100% para a disputa da Euro. Rosicky conseguiu ter uma seqüencia maior de jogos pelo Arsenal nos últimos meses, mas ainda não lembrou aquele jogador que encantou a Alemanha.

Se o declínio do tcheco gunner se deve muito mais pela questão física, a de Milan Baros é técnica mesmo. Artilheiro da edição de 2004 da Eurocopa, o centro-avante rodou por vários clubes até se fixar no Galatasaray em 2008. Pouco, para quem atuou no Liverpool campeão europeu em 2005. O que torna a sua queda mais agravante está nos números. Na temporada em que chegou à Turquia, Baros anotou o satisfatório número de 26 gols. Nas temporadas seguintes, seus tentos baixaram para 16, 11 e 8.

Para alívio do povo tcheco, o técnico Michael Bilek chamou dois jovens centro-avantes para tentar fazer sombra em Baros: Tomás Pekhart e Tomás Necid. O primeiro viveu altos e baixos no Nuremberg, enquanto o segundo fez temporada razoável pelo CSKA. Ambos têm bom histórico nas seleções de base da República Tcheca, mas pouca experiência no time profissional, o que dá a entender que Baros seguirá soberano na posição.

Todos estarão de olho no trio Cech, Rosicky e Baros na República Tcheca, mas é bom prestar atenção na dupla do Viktoria Plsen, Václav Pilar e Daniel Kolár. Os dois meio-campistas são atrevidos e chamaram a atenção de alguns clubes na última temporada. Pilar, inclusive, já está vendido ao Wolfsburg.

Michal Kadlec, Marek Suchy, Jaroslav Plasil e Petr Jiracek são outros jogadores interessantes do elenco tcheco.

Eu enxergo a República Tcheca um pouco abaixo das outras três seleções. Talvez no mesmo nível da Grécia, mas ainda assim, não no patamar elevado de russos e poloneses. A esperança está depositada nos jogadores mais experientes, cabe a eles assumirem a responsabilidade e tentar levar a seleção longe.

CONVOCADOS:

Goleiros: Petr Cech (Chelsea-ING), Jan Lastuvka (Dnepropetrovsk-UCR), Jaroslav Drobny (Hamburgo-ALE)

Defensores: Frantisek Rajtoral (V.Pilsen), Roman Hubnik (Hertha-ALE), Tomas Sivok (Besiktas-TUR), Michal Kadlec (Leverkusen-ALE), Theodor Gebre Selassie (Liberec), David Limbersky (V.Pilsen), Marek Suchy (Spartak Moscow-RUS)

Meio-Campistas: Tomas Rosicky (Arsenal-ING), Jaroslav Plasil (Bordeaux-FRA), Jan Rezek (Anorthosis Famagusta-CHP), Daniel Kolar (V.Pilsen), Vladimir Darida (Plzen), Petr Jiracek (Wolfsburg-ALE), Milan Petrzela (V.Pilsen), Vaclav Pilar (V.Pilsen), Tomas Hubschman (Donetsk-UCR)

Atacantes: Milan Baros (Galatasaray-TUR), David Lafata (Jablonec), Tomas Pekhart (Nuremberg-ALE), Tomas Necid (CSKA Moscow-RUS)

Bastou uma bola

Desfalcado por causa da CAN, Wenger teve de ir atrás de um velho ídolo (Arsenal.com)

Era quinta-feira à noite e de férias, estava de bobeira. Eis que recebo a escala de transmissões da Futebol Plus. Nesta escala, sou convocado para a transmissão de Arsenal e Leeds United pela Copa da Inglaterra, juntamente com os bravíssimos Felipe Silva e Thiago Ienco. Logo bateu aquela ansiedade para a partida. E o motivo era único, Thierry Henry.

Sua contratação ainda não havia sido oficializada, mas todos já davam como certo seu retorno. O próprio Arsene Wenger, técnico do Arsenal, já mostrava otimismo para com a vinda do eterno ídolo Gunner.

Não sou torcedor do Arsenal – aliás, não torço pra ninguém na Inglaterra – mas nunca neguei a ninguém a minha paixão pelo futebol francês. Isso não ficou preso somente aos clubes franceses e se estendeu também para a seleção francesa. Por isso virei um admirador do futebol de Henry. Com 51 gols, ele é o maior artilheiro da história de Les Bleus, com dez gols à mais que Michel Platini e vinte em relação a Zinedine Zidane. Sem falar que The King é o segundo jogador que mais atuou com a camisa francesa, 123 jogos.

O fato de ser símbolo do Arsenal na última década se tornou a cereja do bolo.

Chegava sexta-feira e o que todos já sabiam, apenas se concretizou. Henry retornara ao Arsenal por dois meses!

E lá estava eu catando notícias e informações importantes para comentar a peleja. No então jogo, teria de cobrir o Arsenal e não dava outra: só se falava em Henry. A cada dez notícias no site Gunner, oito eram sobre o francês. Poderiam ser as palavras do francês, de Wenger, de qualquer outro jogador ou até do porteiro do clube… Só se falava de Henry!

Parecia que nos lados londrinos, se importavam mais com a presença do francês no duelo contra o Leeds do que propriamente com a partida. Apenas o time adversário estava ligado no jogo. Como manda o figurino dos visitantes, The Whites jogaram fechados – pra não dizer retrancados – e ficaram esperando “uma bola” pra decidir.

Já os jovens Gunners  pareciam agoniados em campo. Não encontravam espaços e sempre paravam na barreira adversária. A sensação era de que eles queriam provar que poderiam vencer a partida sem Henry. Mas não dava! O atacante era Chamakh e não Henry. O marroquino foi decisivo em seus tempos de Bordeaux, mas contava com Gourcuff em grande forma – evento único -, por isso, recebia diversas “bolas redondas”. Nos Gunners, tinha de se virar com bolas nem tão “arredondadas” e mostra não ser um grande atacante.

Henry iniciou no banco de reservas, assim como o poupado Walcott (Arsenal.com)

Enquanto o Arsenal penava para furar a firme defesa do Leeds, Henry estava lá, quietinho no banco, só esperando a sua vez. Uma hora não teve jeito, ele precisou ser chamado por Wenger. O frisson foi de outro mundo. Era nele que a torcida do Arsenal depositava a sua confiança de dias melhores. Não era em Chamakh, Arshavin, Ramsey ou qualquer outro, nenhum deles chegava aos pés de Henry.

67 minutos! Este foi o tempo que a torcida do Arsenal precisou esperar para ir ao delírio. Exatamente no minuto 67, Henry entrara em campo no lugar do apagado Chamakh.

Bastou apenas uma bola pro francês tirar o grito de gol que estava entalado na garganta dos torcedores. Poucos mais de dez minutos em campo foram necessários para Henry receber uma bela bola de Song e mandar pras redes. Foi gol de artilheiro! O francês recebeu já com o corpo posicionado pro tiro colocado. Cabeça erguida, sem perder a bola e o goleiro de vista. Henry simplesmente ajeitou e bateu colocado, marcando o gol que colocou o Arsenal na fase seguinte da FA Cup.

Henry precisou somente de uma bola pra decidir o duelo (Arsenal.com)

Agora vestindo a 12 que lhe consagrou na Seleção da França, Henry proporcionou uma vibração nunca vista por torcedores do Arsenal no Emirates Stadium. Os Gunners estão carentes de títulos! Eles estão cansados de ver seu time bater um oponente direto na briga pelo título e cair diante de times pequenos. Henry trouxe essa alegria de volta!

Serão dois meses de pura nostalgia pro torcedor do Arsenal. Não é garantido que nesse período, Henry vá fazer gols à rodo e os Gunners irão iniciar uma arrancada rumo ao título inglês, mas à cada gol do francês, o torcedor do Arsenal vai se lembrar dos tempos em que Henry, Pirès, Vieira e Ljungberg eram uma das equipes mais poderosas do planeta.

Henry já deve ter pedido a força física, velocidade, arranque, talvez até um pouco da inteligência dentro de campo, mas o faro de gol… Ah, o faro de gol! Vai precisar acontecer um estrago daqueles pra ele perder isso.

Com a 12, Henry se consagrou na França, mas no Arsenal? Igualará seus feitos com a 14? (Arsenal.com)

Após o jogo, Henry deu entrevistas destacando o que sente pelo Arsenal. Não é força de expressão, a torcida o ama e ele os ama também. Henry não precisa fazer “coraçõeszinhos” pra demonstrar esse amor. Ele mostra isso voltando ao clube, se dedicando dentro de campo, marcando gols e se tornando cada vez mais um ídolo Gunner.

Sou fã de Henry. Um monstro! Um dos melhores atacantes que já vi. Cabe facilmente no top 5 da França na última década e talvez até no top 5 mundial do mesmo período. Habilidoso, inteligente, matador e decisivo. O Arsenal pode crescer com ele e van Persie, mas sempre ficará aquela pontinha de desconfiança: “até quando Henry aguenta?”. Dois meses me parece tempo suficiente pro francês dar aquele último gás na carreira. Se for notado que o agora camisa 12 pode aguentar mais, por que não insistir com o pessoal do NY Red Bulls pra liberá-lo por mais um tempo?

PS: O servidor nos derrotou e não conseguimos transmitir a partida pela Futebol Plus

Elétrico!

Bela festa dos Gunners

Assisti com atenção a partida entre Arsenal e Barcelona.

Foi um baita jogo, mas fiquei um bom tempo pensando num bom título pro post. Foi até difícil pensar sobre isso. É meio inexplicável ver um jogo tão bom que você não consiga rotulá-lo com algo. Mas após essa busca insana pelo “título perfeito”, encontrei: “Elétrico!”.

E não me resta dúvidas. Foi um jogo muito eletrizante. Ataque pra cá, ataque pra lá. Nada de retranca, nada de bicão. Jogo bonito e bom de se ver

O 2×1 pro Arsenal foi justo. Assim como se o placar fosse favorável ao Barcelona, também seria justo. As duas equipes jogaram muito. Não desgrudei os olhos da TV.

Não dava!

Estava hipnotizado pela velocidade da partida.

Gol de Villa no Emirates pode decidir na volta

No começo, o Arsenal pressionava, tanto a saída de bola quanto o gol adversário. Mas só pressionar a saída de bola do Barcelona não adiantava. Eles sabem trocar passes como poucos. Sabiam se desvencilhar da forte pressão e aos poucos tomaram conta do jogo e abriram o placar, com Villa, aproveitando passe perfeito de Messi.

As rápidas escapadas do Barcelona entre os zagueiros londrinos sempre davam trabalho, assim como a correria de Walcott atormentava a defesa catalã – desfalcada de Carles Puyol e na volta, ele deverá voltar, mas não pra jogar com Piqué, que foi suspenso.

Esse foi o ponto alto da decepcionante temporada de Arshavin

Mas o 2º tempo chegou e o Arsenal era melhor. Tinha a mesma tática do início do jogo, mas parecia dar mais trabalho ao Barcelona. Os catalães não tinham o mesmo futebol e mesmo espaço pra jogar como tinham no 1º tempo, só que junto com isso vinham as falhas defensivas. A falha geral foi no primeiro gol dos Gunners. Robin Van Persie recebeu nas costas da dupla de zagueiros e soltou um canudo, que foi entre a trave e Valdés. A zaga deu uma grande bobeira por levar bola nas costas, o goleiro também falhou feio em tentar pegar o cruzamento e não fechar o ângulo. Minutos depois, Nasri recebeu nas costas de Maxwell e ainda viu uma zaga toda bagunçada, teve calma pra preparar a jogada e tocar pra Arshavin, que soltou um belo chute de pé direito, virando a peleja.

O jogo ficou mais elétrico ainda. Eu tinha a impressão que nos dez minutos finais, mais um gol sairia. Quando o Arsenal pegava a bola, o Barça parecia atordoado e perto de sofrer mais um gol. Quando o Barcelona pegava na bola, os Gunners pareciam determinados a tirar a bola de qualquer jeito, mas sem se preocupar com um posicionamento decente.

Pena não ter saído mais nenhum gol!

O jogo cumpriu suas expectativas e a volta, no Camp Nou será coisa de outro mundo. Acho que o Barcelona segue como favorito e as finalizações de Messi que não entraram hoje, talvés entrem na partida de volta. Mas sabe aquela história dos contra-ataques? O Barça costuma sofrer com eles. A diferença é que na Liga BBVA, os times jogam muito fechados e com jogadores lentos no ataque, proporcionando contra-ataques não muito eficientes, agora, o Arsenal deverá ter Walcott, que é um motorzinho humano, então a defesa catalã terá de dormir com um barulho desses.

Eu tenho a sensação de que o Barcelona, por incrível que pareça, não vai ter tanto trabalho pra bater o Arsenal. Talvés seja como no ano passado, após o primeiro gol, a porteira abre.

Jádson e o gol da derrocada italiana

Tragédia no Olímpico!

Tá certo que a Roma conseguiu sair de seu estádio com um placar não tão desfavorável, mas não acho que tenha forças pra reverter o 3×2 sofrido no Olímpico contra o Shakhtar. Os Gialorossi chegaram a abrir o placar com Perrotta, mas após o gol de empate de Jádson, a Roma perdeu a cabeça. Não assisti ao jogo, mas pelos relatos, a Roma se mandou pro ataque desesperadamente e deixou espaços na defesa. Primeiro pra Douglas Costa acertar um belo chute e virar, mais tarde, Riise tinha a bola dominada na lateral e caiu e acabou vendo Luiz Adriano marcar. Ranieri também não fez nada demais em suas alterações. Castellini no lugar de Riise e Borriello no lugar de Vucinic não são as alterações das mais ofensivas. Mesmo assim, a Roma diminuiu na individualidade de Menez, que arrancou e acertou um petardo de fora da área.

Quero ver a Roma se virar na Ucrânia. Não tem jogado bem, Ranieri é contestado, dizem haver várias rusgas entre o treinador e os jogadores, enquanto o Shakhtar tem um time ajeitado e que joga junto há anos. Olha, se no jogo entre Arsenal x Barcelona dá pra apostar nos dois, nesse outro jogo apostaria minhas fichas somente nos ucranianos…