O vácuo de uma geração

No Olympiastadion, a Suécia arrancou o 4×4 após estar perdendo por 4×0

Chega a ser um crime comparar a nova geração de meias e atacantes da Alemanha com os recentes defensores formados no mesmo país. O setor ofensivo revelou nomes de muito talento como Marco Reus, Mario Götze, Thomas Müller e Julian Draxler, enquanto na defesa, o único nome mais chamativo é o de Mats Hummels.

Esse vácuo na formação de atletas no país começa a ter reflexos preocupantes na seleção principal da Alemanha. No inesperado empate em 4×4 com a Suécia – após abrir uma vantagem de quatro gols -, a zaga alemã bateu cabeça em diversos momentos da partida e colaborou demais para a queda da gigante vantagem. Para completar, Holger Badstuber, um dos zagueiros da nova safra, foi crucificado por suas sucessivas falhas – mais especificamente, seus cochilos nos quatro gols suecos – e fazendo com que o índice de desconfiança com seu futebol ficasse cada vez maior.

Badstuber não é mau jogador. O atleta do Bayern é um bom chutador e consegue compensar sua lentidão com bom posicionamento. O problema é que falta inteligência, percepção de jogo e força psicológica. Parece não existir um trabalho individual com ele, pois se abala com facilidade e é muitas vezes pego no mano a mano com atacantes adversários, algo muito ruim se tratando de um defensor lento. Para completar a sina, Badstuber sofre com uma pequena “crise de identidade”, já que tem sido lateral-esquerdo no clube bávaro e zagueiro na seleção de Jögi Löw.

Badstuber foi colocado como vilão no tropeço

A situação fica ainda pior quando notamos que Benedikt Höwedes e Jérôme Boateng sofrem da mesma crise de Badstuber e custam a se firmar no time alemão, além disso, Per Mertesacker já vem em curva descendente na carreira. Hummels, que seria titular no confronto contra a Suécia, não foi convocado por estar contundido.

Só Hummels faria milagre? Claro que não. Ele esteve na Eurocopa e contribuiu negativamente, direta ou indiretamente, em alguns gols. No Borussia Dortmund, o zagueiro conta com um entrosamento de muitos anos com Piszczek, Subotić e Schmelzer, coisa que não acontece na seleção. Seu parceiro ideal seria Höwedes, do rival Schalke, mas por ser escalado como lateral-direito em seu time, Löw não arrisca e não muda sua posição em sua seleção. Aparentemente é uma decisão sensata, mas fica impossível defendê-lo quando Badstuber é escalado em uma posição diferente da que joga em seu clube. Isso se chama incoerência.

Se jogarmos a responsabilidade para o ataque, seríamos injustos. Com uma defesa fraca, basta seguir a lógica: “a melhor defesa é o ataque”. Mas vai cobrar o quê nesse jogo contra a Suécia? Que fizessem mais gols? 4×0 é um ótimo resultado e mesmo pedindo para que façam 5, 6, 7 (…) gols, fica complicado cobrar, bate um relaxamento natural, além do mais, contra uma equipe de alguma tradição como a Suécia, não dá para simplesmente ir pra frente e marcar mais, existe respeito.

Se a culpa então é do “salto alto”, que joguem esse demérito a todos: atacantes, meias, defensores e comissão técnica. São profissionais, recebem altos salários e são duramente pressionados. Vacilar daquela maneira é inaceitável, assim como não dá para culpar um ou outro pelo descaso com o jogo. Todos os jogadores têm a noção da responsabilidade que tem em campo, assim como existem pessoas responsáveis o bastante para olhar fixo dentro dos olhos dos inconsequentes e cobrar um pouco mais de atitude na partida.

A solução, então, poderia vir das seleções de base da Alemanha, porém, a situação do time sub-21, por exemplo, é idêntica ao do time principal. Os alemães lideraram o grupo da eliminatória europeia com folga, tiveram um ataque avassalador, mas passaram por algumas panes defensivas. Nos dez jogos feitos pela fase de grupos do torneio sub-21, o time de Rainer Adrion sofreu oito gols. Parece ser um número inexpressivo, mas vale dizer que esses tentos foram sofridos em dois jogos: no empate em 4×4 com a Bielorrússia e na vitória por 5×4 diante da Grécia. Para completar, nas duas partidas eliminatórias contra a Suíça, os alemães sofreram gols, ainda assim, conseguiram a vaga na fase final do torneio.

Voltando ao time principal, vamos nos lembrar que na Eurocopa, a Alemanha não sofreu gol apenas na estreia. Desde a vitória pelo placar mínimo sobre Portugal, os alemães só não viram suas redes sendo balançadas em uma ocasião, que foi contra as Ilhas Faroe. Holanda, Dinamarca, Grécia, Itália, Argentina, Áustria, Irlanda e mais recentemente, Suécia, marcaram contra a seleção germânica desde o triunfo sobre os portugueses.

Fica difícil imaginar que Löw encontre um novo zagueiro até a Copa, sendo que faltam menos de dois anos para o torneio. As peças que ele tem agora deverão ser as mesmas que ele trará para o Brasil, a não ser que surja uma nova revelação, mas algo de outro mundo, alguém que entre no time para não sair mais, senão não valerá à pena.

E aí nós voltamos ao time sub-21. Enquanto o setor ofensivo contou durante o torneio com nomes como Lewis Holtby, Julian Draxler, Moritz Leitner, Ilkay Gündoğan e Karim Bellarabi, todos eles com papéis de destaque em importantes clubes alemães, a defesa teve jogadores que ainda nem chegaram a atuar pelos profissionais e os que tiveram o prazer de entrar em campo pelo time principal, são de equipes menores.

É lógico que a Alemanha não irá revelar outro Franz Beckenbauer, mas esse vácuo entre novos atacantes e defensores serve só para atrasar o desenvolvimento da seleção. O setor ofensivo evolui a passos largos e se torna exemplo para a Europa toda, enquanto a defesa parece que acabou de sair da era cavernosa.

*Crédito das imagens: Getty Images

Tudo ou nada

Não existe termo melhor para definir a final da UEFA Champions League entre Bayern x Chelsea do que “tudo ou nada”. O time alemão fez uma temporada ótima, mas acabou sendo dominado em território nacional pelo Borussia Dortmund, já a equipe inglesa, mesmo com a conquista da FA Cup, não teve uma temporada brilhante e só poderá voltar a disputar a próxima Liga dos Campeões se conquistá-la neste sábado.

A declaração final de fracasso ou glória dos dois times será definida na Allianz Arena e no blog, você acompanhará abaixo uma “pequena” análise do que as duas equipes podem apresentar no jogo decisivo:

BAYERN

A Allianz Arena está pronta para receber bávaros e londrinos (Reuters)

Finalista na temporada 2009/2010, o Bayern volta a disputar uma final de UEFA Champions League, podendo se tornar o primeiro time a conquistar o torneio jogando em seu estádio. Munich vive este jogo e, a expectativa de ver o time local na grande decisão surgiu desde a estreia bávara, ainda na fase prévia do torneio, diante do Zurich. Porém, dizer que jogar em casa é uma grande vantagem pro clube alemão beira a inocência. A UEFA distribuiu os ingressos para os dois clubes em quantias iguais, sem falar dos convidados da entidade. Isso não impede que um torcedor do Chelsea venda sua entrada para um alemão e vice-versa, mas o estádio não estará todo vermelho como num jogo normal.

Mas a vantagem de jogar em casa está no conhecimento do gramado. Parece besteira, mas os “atalhos do campo” podem ser uma arma pro Bayern. Seus atletas estão acostumados com a Allianz Arena, sabem os melhores caminhos e essa é a grande, talvez, única vantagem de jogar em casa nesta grande final.

Para a partida deste sábado, o experiente treinador Jupp Heynckes terá alguns desfalques importantes. Holger Badstuber, David Alaba e Luiz Gustavo estão todos suspensos e a escassez de nomes do elenco bávaro veio à tona. O comandante do barco alemão provavelmente improvisará jogadores nas funções dos atletas impedidos de jogar a partida.

Na zaga, Tymoshchuk, volante, pode ser o substituto de Badstuber, enquanto Philipp Lahm, que retornou a lateral-direita, pode ser deslocado para o lado oposto e substituir Alaba, fazendo com que o brasileiro Rafinha entre no time. A entrada de Contento é outra possibilidade, com isso, Lahm não seria deslocado para a esquerda. Na cabeça-de-área, a tendência é que Heynckes coloque Toni Kroos e Bastian Schweinsteiger lado a lado, e não como meia e volante – respectivamente. Isso não chega a ser um problema, já que Joachim Löw já utilizou, em algumas oportunidades, esta formação na Seleção Alemã.

Dos três desfalques, talvez, Luiz Gustavo seja o mais sentido, mas pelo conjunto da obra, não dá para dizer que um fará mais falta que outros. A subestimada zaga do Bayern vinha bem, com Boateng e Badstuber se entendendo no miolo de zaga, com Lahm voltando à velha eficiência e Alaba mostrando que, mesmo tendo jogado por algum tempo no meio campo, pode atuar bem na lateral-esquerda, sua posição de origem. Veremos como se sairá remendada.

No setor ofensivo, tudo 100%. Franck Ribéry, Arjen Robben e Mario Gomez, principais nomes do time na temporada ao lado de Toni Kroos, chegam inteiros fisicamente para a final e são alguns dos grandes trunfos de Heynckes para superar a desfalcada defesa do Chelsea.

O COMANDANTE

Jupp Heynckes pode ganhar a Champions League pelo segundo time diferente (FCBayern.de)

O experiente Jupp Heynckes estará novamente presente a uma final da UEFA Champions League. Sua última havia sido em 1998, quando treinava o Real Madrid e bateu o Valencia na grande decisão. Desde então, o alemão rodou por alguns clubes que não haviam chegado ao maior torneio de clubes da Europa, retornando agora, com o Bayern, e voltando em grande estilo.

Sua missão, ao retornar para o clube bávaro, era consertar a defesa do time. Com Louis van Gaal não tinha jeito. Diversos atletas passaram pelo setor e ninguém se firmou. Mas com Heynckes, a defesa ganhou uma cara desde o princípio. Boateng e Badstuber foram os nomes de confiança desde o começo e mesmo com o deslocamento do primeiro citado para a lateral-direita, a entrada de van Buyten não comprometia.

Porém, o que falta a zaga bávara são nomes de peso. A melhor defesa da Bundesliga é simplesmente menosprezada mundo afora, sendo tratada como lixo e muito ruim, sendo que não é bem assim. É claro que dos quatro titulares, apenas Lahm enche os olhos com sua classe em campo, mas isso não significa que seja impossível armar uma defesa sólida e capaz de segurar o ímpeto adversário. Heynckes conseguiu construir isso.

No ataque, o técnico duas vezes campeão alemão apenas seguiu utilizando a fórmula que vinha dando certo, com o acréscimo de Toni Kroos, mais efetivo, tanto na faixa central da linha de três meias, quanto na cabeça de área.

Caso conquiste a UEFA Champions League desta temporada, Jupp Heynckes poderá igualar os feitos de José Mourinho, Ottmar Hitzfeld e Ernst Happel ao conquistar o torneio por mais de um clube.

O CARA

Ribéry foi um dos grandes nomes da temporada (Witters)

Apesar do ótimo conjunto adquirido, parte atualmente, parte com o tempo, a torcida do Bayern deposita suas esperanças em Franck Ribéry. O francês, que não disputou a final de 2010 por estar suspenso, fez grande temporada e ainda esteve livre das lesões, podendo ter uma seqüência maior de jogos.

Posso estar sendo exagerado, mas colocaria Ribéry entre os cinco melhores do mundo nesta temporada. Não foi o melhor jogador da Bundesliga, o que faz eu me contradizer um pouco, mas em jogos decisivos ele apareceu e participou ativamente dos jogos, foi o melhor atleta bávaro na temporada.

Ribéry costuma atuar na ponta esquerda e joga visando o gol, seu bom controle de bola facilita isso. O francês atua com classe dentro de campo, busca o drible, a finalização, é um jogador incisivo e pode, por linhas tortas, reescrever a final de 2010, onde o Bayern, sem tê-lo em campo, se viu muito dependente de Robben, que muito bem marcado pela Inter, não conseguiu atuar bem.

Desde sua chegada ao Bayern, Ribéry se tem se destacado mais nas assistências do que nos gols. Só para tomar de exemplo, o francês deu o passe final para 63 gols, sendo que ele marcou vinte há menos, isso em toda sua carreira na Alemanha. Nesta temporada, a história foi a mesma. O camisa 7 marcou 12 gols e deu 20 assistências.

Isto não significa que o francês seja a estrela absoluta do time e que só ele pode decidir. Toni Kroos e Bastian Schweinsteiger são dois meio-campistas clássicos, de bom toque de bola e finalização de média e longa distância, podendo decidir também com suas assistências. Arjen Robben é outro atleta decisivo, porém, precisa perder a estigma de bobear em jogos gigantes. Não custa lembrar que o holandês perdeu um gol feito na final da Copa do Mundo e ainda desperdiçou um pênalti no confronto contra o Borussia Dortmund, no Campeonato Alemão. No comando de ataque, Mário Gomez. Pra ele, não existe tempo ruim, a bola passa perto dele e já vai pra direção da meta. Sua função é fazer gols e desde os tempos de Stuttgart, ele vem mostrando que sabe fazer.

TIME BASE

Com os desfalques de Luiz Gustavo, Alaba e Badstuber, Jupp Heynckes terá de rebolar para escalar seu time pro jogo decisivo. Confira abaixo a possível escalação do Bayern:

(4-2-3-1): Neuer – Lahm, Tymoshchuk, Boateng e Contento (Rafinha) – Kroos, Schweinsteiger – Robben, Müller e Ribéry – Gomez

NÚMEROS

Temp. Jgs. Vit. Emp. Der. GM GS
Bayern na UCL 28 260 144 60 56 493 257
Bayern contra ingleses 39 14 13 12 59 50
Bayern v Chelsea – Competições UEFA 2 1 0 1 5 6

CHELSEA

Quando o milionário Roman Abramovic comprou o Chelsea, seu grande sonho era tornar o clube londrino um dos maiores do mundo, e para conseguir este feito, obviamente, seu time precisaria conquistar a UEFA Champions League. Desde que os Blues se firmaram como uma potência inglesa, esse título se tornou prioridade para o russo, para não dizer obsessão.

O Chelsea só volta a Champions League se vencê-la (Reuters)

O responsável inicial para saciar a sede de títulos de Abramovic nesta temporada foi André Villas-Boas, mas o português se tornou mais um a ser “queimado” por Drogba, Terry, Lampard e Cia., acabou sendo demitido após uma série ruins de resultados no início de 2012. Roberto Di Matteo foi efetivado ao cargo de treinador e colocou as coisas no lugar. O Chelsea se tornou uma equipe mais aguerrida em campo e assim conseguiu bater o poderoso Barcelona antes de chegar à final.

Assim como Jupp Heynckes, o bem menos experiente Di Matteo terá importantes desfalques na defesa. Branislav Ivanovic, um dos grandes nomes da campanha londrina está suspenso. O capitão John Terry foi expulso no jogo de volta das semifinais e também não estará em campo na decisão. O treinador italiano vai ter de apostar nos jovens David Luiz e Gary Cahill, que mesmo acumulando boas atuações na temporada, ainda não possuem uma “largura” prum jogo deste tamanho. Na frente da zaga, Raúl Meireles também estará de fora.

Além dos desfalques do setor defensivo, o Chelsea não poderá contar com o brasileiro Ramires, um dos grandes nomes da semifinal diante do Barcelona. O meio-campista foi reposicionado por Di Matteo, que o tirou da cabeça de área e o colocou na ponta direita. Sua correria, às vezes insana, foi mais bem explorada e o camisa 7 passou a decidir jogos. Com o Bayern tendo de atuar com um lateral-esquerdo reserva – ou não da posição, caso jogue Lahm -, as investidas de Ramires pelo setor seriam de grande utilidade.

O jogo do Chelsea também passa a mudar se a bola chegar aos pés de Frank Lampard e Juan Mata. Enquanto o primeiro ainda tem lá sua utilidade defensiva, o segundo se torna peça nula em campo se não trabalhar com a bola. Canhoto de qualidade, Mata se adaptou bem ao futebol inglês, foi titular incontestável durante a temporada inteira e precisa da bola no pé para funcionar. Já Lampard, passou por uma má fase interminável – de duas ou três temporadas seguidas -, mas após ser reserva com Villas-Boas, tem reencontrado a melhor forma com Di Matteo. Para defender o ídolo do Chelsea, não acho que esse crescimento técnico tenha sido ocasionado por um eventual “corpo mole”. Desde os tempos de Ancelotti e no English Team, Lampard tem jogado mal.

No ataque, Didier Drogba, que mesmo mais técnico e inteligente que Gomez, também sabe transformar uma bola quadrada em gol. Foi outra peça importante nas semifinais.

O COMANDANTE

Di Matteo poderá, logo de cara, ganhar a Champions League (Chelseafc.com)

De um lado, Jupp Heynckes, técnico veterano, de vários títulos e diversas histórias a contar; do outro lado, Roberto Di Matteo, jovem ainda e apenas com a FA Cup, conquistada há algumas semanas, no currículo. O italiano caiu de pára-quedas no comando técnico do Chelsea, mas enxerga a conquista da UEFA Champions League como a oportunidade certa de deixar de ser um treinador “tampão” para ser de vez o efetivo do cargo.

Mesmo chegando num momento de turbulência, seria errado dizer que Roberto Di Matteo não tinha experiência nenhuma como treinador. Em seu período no West Bromwich, levou o clube a uma boa posição na tabela da Premier League, mas com a queda natural de rendimento, sofreu com a impaciência dos dirigentes e foi demitido.

No Chelsea, sua grande sacada foi deslocar Ramires da faixa mais disputada do campo para a mais livre, dando carta-branca para o brasileiro dar suas arrancadas. No resto, apenas algumas mexidas opcionais, como as entradas de Mikel e Kalou, para as saídas de Romeu e Sturridge.

Vindo do Chelsea, não ouso dizer que Di Matteo tem o elenco em mãos, já que todos sabem do histórico de confusões de alguns jogadores, mas o fato é que os atletas confiam no italiano. Os motivos, só eles sabem, mas confiam e como foi dito anteriormente, a conquista da UEFA Champions League colocaria o treinador num patamar alto do conceito de Roman Abramovic, aumentando suas chances de permanecer como treinador dos Blues.

O CARA

Decisivo nas semifinais, Drogba é a esperança londrina para a final (chelseafc.com)

Os ingleses adoram idolatrar um jogador local. No caso do Chelsea, Frank Lampard e John Terry eram os grandes ídolos da torcida, mas nos últimos anos, a dupla tem caído de rendimento e o marfinense Didier Drogba, que têm se mantido regular desde que chegou à Terra da Rainha, ocupou o posto de “cara” do time.

O atacante consegue mesclar virtudes de um centro-avante moderno, como a movimentação e agilidade ao sair da área, com qualidades de um jogador mais antigo, como a força física e presença de área. Por essas e outras, Didier Drogba, mesmo não vivendo a melhor de suas temporadas, pode ser colocado como um dos melhores de sua posição no mundo.

Como foi dito no parágrafo anterior, Drogba não está no melhor de sua carreira, mas um jogador de alto nível pode, e deve, brilhar nos jogos onde esse lampejo é necessário. Foi o que aconteceu com o marfinense nas semifinais diante do Barcelona, onde anotou um gol e foi peça chave ao incomodar bastante os defensores adversários, seja na catimba, seja com a bola no pé.

Na atual temporada, Didier Drogba anotou 12 gols em 24 jogos, o que só ajuda a reforçar a tese de que mesmo não estando no auge, pode ser decisivo e contribuir para um possível título europeu.

Além do marfinense, Di Matteo poderá contar com o apoio de Juan Mata, que tomou conta da camisa 10 do Chelsea, assim como Lampard, autor do gol londrino na final de 2008. Caso o banco de reservas precise ser acionado, Fernando Torres é a melhor opção. Embora não justifique o astronômico valor da transferência que o levou para Londres, o espanhol já tem 11 gols na temporada e tem estrela, como provou no jogo de volta diante do Barcelona e na final da última Eurocopa.

TIME BASE

Com quatro desfalques, mas com um elenco mais recheado de opções, Roberto Di Matteo não precisará se revirar como Heynckes e deverá ter substitutos da posição para substituir Ivanovic, Terry, Ramires e Raúl Meireles.

(4-3-1-2): Cech – Bosingwa, Cahill, David Luiz e Cole – Mikel, Essien, Lampard – Mata – Kalou e Drogba

NÚMEROS

Temp. Jgs Vit. Emp. Der. GM GS
Chelsea na UCL 10 113 57 33 23 178 96
Chelsea contra alemães 15 8 3 4 21 12
Chelsea v Bayern – Competições UEFA 2 1 0 1 6 5

DECLARAÇÕES

Por muitos anos Drogba tem sido um dos melhores atacantes do Campeonato Inglês e é definitivamente perigoso. Ele pode marcar a qualquer momento. Mas às vezes ele exagera um pouco. Às vezes ele é um ator fantástico em campo (Jupp Heynckes)

Nós queremos jogar o nosso jogo e nós podemos fazer isso. Nós já mostramos isso nesta competição, contra o Manchester City, por exemplo. Eu também penso que o Chelsea será mais agressivo amanhã do que foi contra o Barcelona (Bastian Schweinsteiger)

Eu não posso dizer qual foi a última vez em que estive em uma final. Talvez tenha sido como juvenil. Eu conquistei alguns troféus quando era pequeno, mas essa pode ser minha primeira medalha como profissional (Gary Cahill)

A atmosfera aqui já está maravilhosa. Ser azarão não é ruim se você tem confiança em você mesmo (Frank Lampard)

Vaga antecipada com representações diferentes

Alemanha perto da vaga depois de bater a Áustria (Reuters)

Com o término dos campeonatos nacionais e dos torneios entre clubes da Uefa, só me resta falar das seleções, que estão disputando as Eliminatórias da Eurocopa 2012. E no fundo, sabemos que a classificação antecipada para o torneio que será disputado na Polônia e na Ucrânia representa mais para umas seleções do que para outras.

Algumas dessas seleções já carregam junto para essa fase eliminatória da Euro, uma boa base armada durante as Eliminatórias e a fase final da Copa do Mundo. Outras seleções de renome internacional, ao invés de carregar entrosamento, boa base e um leque de opções, carregam coisas piores, como desconfianças, pressões, mal futebol e poucas opções para uma eventual mudança.

Se Klose não joga, aparece Mário Gómez, que fez dois gols contra a Áustria (Dpad)

Vejamos o exemplo da Alemanha: Joachim Löw tem em mãos um grupo jovem e entrosado e também de muito potencial. Ele ainda viu na Bundesliga vários valores surgirem em praticamente todos os times, podendo assim, sempre contar com alternativas interessantes na hora do aperto. No Grupo A, a Alemanha lidera com 18 pontos, sete à mais que a vice-líder Bélgica e ainda tem menos jogos que o selecionado belga.

A Alemanha tem 4 jogos para somar cinco pontos. Ao que tudo indica, logo deve se classificar. Essa vaga antecipada não representa tanto assim para os alemães. A única grande dúvida de Low é na lateral-esquerda. Aogo e Badstuber já passaram por lá e não passaram confiança. Schmelzer é quem tem jogado por lá, mas não repete as boas atuações que teve com a camisa do Dortmund. Nos jogos que sobrariam a Nationalelf com a vaga antecipada, seriam apenas testes para os últimos detalhes serem ajustados, como a lateral-esquerda.

Seleções como Holanda e Espanha vivem a mesma situação. A vaga para a Eurocopa deve vir de forma antecipada e ambas tem bases fortes e opções boas para reposição. Bert van Marwijk e Vicente Del Bosque usariam estas partidas para cumprir tabela como testes finais para a disputa da Euro.

O figurante Lampard, ainda fez um gol de pênalti (Getty Images)

Mas há exemplos contrários, como a Inglaterra.

Depois da vexatória Copa do Mundo, onde o English Team em nenhum momento apresentou um futebol decente e foi varrida pela Alemanha nas oitavas-de-final, Fábio Capello viu as críticas aumentarem e até hoje não se sabe ao certo que time tem mesmo a Inglaterra.

No gol, Joe Hart não repete as grandes atuações do Manchester City. Jogadores como Glen Johnson e Lampard têm jogado mais pela falta de opções do que pelo bom futebol apresentado. E no ataque, Bent não passa toda confiança necessária que se deve ter em um “homem-gol”.

Ainda assim, há respiros de confiança neste time inglês. Jack Wilshere foi uma grata surpresa da temporada na Premier League e hoje já é titular do time de Fábio Capello. Scott Parker renasceu no West Ham, além do trio de defesa que já joga junta há anos: Terry, Ferdinand e Cole.

Mesmo assim, a Inglaterra não apresenta um futebol convincente, com oscilações dentro do próprio jogo e vacilos gigantescos durante a partida. Fábio Capello convive com a falta de opções e também com as críticas justas. O técnico italiano comete muitos equívocos nos jogos, como ontem no duelo contra a Suíça, quando escalou Lampard como titular. O meia do Chelsea fez figuração em campo e foi substituído no intervalo.

Capello é muito criticado (AP)

Uma vaga com antecedência representaria muito para a Seleção Inglesa. Fábio Capello poderia ter mais tranquilidade para rever algumas peças e com menos pressão, poder firmar uma base sólida e forte para a Eurocopa, até porque pelo andar da carruagem, a Inglaterra é quem quer se tornar a “nova Espanha”. Não essa Espanha atual e sim a velha Espanha. Aquela que você depositava muita confiança e na “hora H” falhava. A Inglaterra da última década foi assim…

Só que para o English Team perder esse rótulo, não terá apenas de conviver com a instabilidade de seu futebol, mas também com um duro adversário: a Seleção de Montenegro. Os montenegrinos tem a mesma campanha da Inglaterra e ainda não perderam. Pode pintar como surpresa na Euro 2012.

Quem parece seguir o caminho inverso da Inglaterra é a França. Após aquelas cenas vergonhosas na última Copa do Mundo, Les Bleus tem Laurent Blanc no comando técnico e o ex-treinador do Bordeaux tem montado uma base boa e consistente, com destaques da Ligue 1, mais as peças fundamentais, como Ribéry e Benzema – esse nem tão fundamental assim.

Blanc reconstruindo a França (EQ)

Mesmo estando em início de trabalho, Blanc já tem basicamente uma base. Rami e Mexès formam a dupla de zaga. M’Vila, Alou Diarra, Diaby e Gourcuff são as principais peças para formarem a faixa central do meio-campo. Nasri e Ribéry na criação para Benzema. Sem falar que jogadores como Valbuena, Rémy e Gameiro, destaques do campeonato nacional, começam a se tornar peças importantes do time, sempre jogando, sejam como titulares ou como suplentes que entram durante a peleja. Ou seja, já há uma base, enquanto a Inglaterra engatinha nesse quesito.

A oscilação francesa é diferente da inglesa. Les Bleus oscilam pois sua base ainda não se tornou um conjunto forte e muitas vezes falta o entrosamento, enquanto no English Team, a oscilação se deve a falta de peças e a teimosia de Capello.

A Itália segue o mesmo caminho da França: Base boa, novo técnico e boa parte do caminho andado. Para ambos, a vaga antecipada significa a consolidação de um bom trabalho feito, além da confirmação de uma boa base montada.

A vaga antecipada pode garantir conforto e confiança para uns, para outros, alívio e quanto para outros, apenas uma parte do caminho andado. Então vamos seguir acompanhando as Eliminatórias da Eurocopa para ver se essas minhas previsões realmente acontecerão.