A UEFA Champions League retorna no meio desta semana com quatro jogos que abrirão a fase de oitavas-de-final da competição. Como não poderia de ser, vocês poderão ler abaixo uma prévia dos duelos que serão realizados nesta semana!
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Azar. Esta palavra pode definir bem o Bayer Leverkusen. Segundo colocado no grupo que tinha Chelsea, Valencia e Genk, os comandados de Robin Dutt terminaram na segunda colocação, quando poderiam terminar na ponta caso vencessem o time belga. Para a maioria, pareceu um absurdo o Leverkusen não vencer o Genk, mas não custa reforçar que o representante da Bélgica não perdeu para ninguém jogando em casa.
Porém, o time alemão pagou um preço caro por não vencer o Genk e como segundo colocado, irá pegar o Barcelona, atual campeão europeu e mundial. O sorteio por si só já é algo que demonstre certo azar dos Aspirinas, mas acontece que o time catalão não vive seu melhor momento. O time de Guardiola tropeçou em muitos jogos na Liga BBVA e já estão bem atrás do Real Madrid na briga pelo título nacional. Sorte dos alemães? Nada disso!
O início de 2012 tem sido muito conturbado nos lados de Leverkusen. Um dos grandes responsáveis é Michael Ballack, que no duelo contra o Mainz – que o Leverkusen venceu por 3×2 – foi substituído quando a partida estava empatada, não gostou nada disso e criou um grande mal-estar envolvendo ele, seu empresário, a comissão técnica, os diretores e até o presidente Wolfgang Holzhauzer. Rudi Völler, diretor esportivo do clube, já disse que se o meio-campista aprontar outra dessas, não pisa mais na BayArena. Ballack está contundido e não pega o Barça, mas mesmo inteiro, não sei se jogaria…
Para completar, Sidney Sam e Eren Derdyiok, duas peças importantes do time de Dutt se contundiram. O primeiro chegou a voltar de lesão contra o Stuttgart, mas com menos de 10 minutos em campo, sofreu uma lesão muscular e ficará um bom tempo fora. Já o suíço se cortou em seu banheiro e será mais um a ficar longe dos gramados.
A boa notícia para Robin Dutt é que Renato Augusto está de volta e nos dois jogos anteriores – Stuttgart e Dortmund – que entrou no decorrer da partida, o brasileiro esteve bem e se o treinador assim quiser, pode utilizá-lo já como titular.
Enquanto isso na Bundesliga o time não vai bem. A vaga para a próxima Champions League está muito distante e no momento, a Liga Europa é a realidade. Até agora, em 2012, foram dois empates, uma derrota e uma vitória.
O problema do Barcelona já é diferente do problema alemão. O time simplesmente parou com a mágica. No último domingo, os Blaugranas perderam fora de casa para o Osasuna, 3×2 e já estão dez pontos atrás do líder Real Madrid.
O antes incessante e mágico toque de bola, se tornou um não menos incessante, porém, sonolento toque de bola. Está faltando objetividade!
É nisso que o Leverkusen terá de se agarrar no confronto de ida. Apostar em mais uma atuação ruim do Barcelona e se superar dentro de campo. Os problemas precisarão ser deixados de lado e a eficiência tem de ser o ponto alvo, já que é quase impossível jogar “por uma bola” contra o time catalão. O Leverkusen pode até conseguir essa bola, mas fatalmente sofrerá mais gols.
Assim como os alemães, o Barcelona precisa jogar os problemas de lado e ter o espírito de Champions League, que é algo que não falta aos comandados de Pep Guardiola.
Para essa partida de ida, aposto no 1×1.
CORAGEM, GARDE!
Rémi Garde está em sua primeira temporada como técnico, mas já mostra seus valores comandando o Lyon. Inteligente taticamente, bom nas alterações e não cede as pressões. Julgando seu currículo, era de se esperar que alguma hora, Yoann Gourcuff seria titular absoluto do time, mesmo sendo um flop do clube. Garde não é assim e o aspirante a seleção francesa é banco e há jogos que nem pisa dentro do gramado.
Beleza, isto é um ato corajoso! Mas a coragem que cobro do treinador do Lyon está na questão de postura do time. Les Gones são muito acomodados em confrontos diretos. Vide o duelo contra o Marseille, a duas semanas atrás. O Lyon saiu perdendo por 2×0 e antes do intervalo buscou o empate. Só que na etapa final desistiu do jogo e se contentou com a igualdade no marcador. Na Liga dos Campeões foi a mesma história. O Lyon não precisaria ter ido a Zagreb meter 7×1 no Dínamo se tivesse tido uma postura corajosa diante do Ajax no Gerland, tentando evitar o placar zerado.
Jogando em casa, contra a zebra APOEL, o time francês tem a responsabilidade de ir para cima desde o início e conseguir uma vantagem confortável já neste jogo de ida. O Lyon é mais time, joga uma liga mais forte e tem costume de disputar a Liga dos Campeões, tudo conspira a seu favor.
Se Garde for corajoso e mandar seu time para frente, o Lyon não precisará reerguer a fama de “Time da Virada” – já temos alguns exemplos na temporada do time francês conseguindo viradas improváveis.
O APOEL já chegou longe, surpreendendo muita gente. Mas não é um time bobo. O time titular inteiro é praticamente formado por estrangeiros, contando com um enorme número de brasileiros, que mesmo desconhecidos, vão se destacando na maior competição interclubes do mundo.
Porém, o grande nome da equipe é do próprio Chipre. Konstantinos Charalambidis, de 30 anos, veste a camisa 10 do time e é a cabeça pensante do meio-campo do APOEL.
Para muitos, é um confronto equilibrado, mas para mim, o Lyon tem obrigação de se impor neste duelo. É mais time, tem mais história e melhores jogadores. Rémi Garde, se não for covarde, coloca seu time pra frente e leva o duelo já na ida. Meu palpite: 2×0 pro Lyon.
O CALENDÁRIO DESEQUILIBRA
O calendário do futebol russo é igual ao calendário brasileiro, é anual. Porém, haverá uma mudança e o calendário será adaptado ao do resto da Europa. Enquanto isto não acontece, os times do país seguiram prejudicados por causa disso.
O Zenit irá pegar o Benfica, mas será seu primeiro jogo oficial em 2012. Nessa horas, o fato de ter um bom time, um técnico de alto nível e um entrosamento adquirido após anos de jogos em conjunto de pouco adiantará. Será que eles terão pernas para correr 90 minutos na fria Rússia? Acho que não!
O que piora a situação do Zenit é a lesão do português Danny, um dos grandes nomes do time. Eu até entendo quem diz que ele é “supervalorizado” – também acho que Danny joga menos do que se fala sobre ele -, mas mesmo assim, ele é uma peça importante do time de Luciano Spaletti. Sem o português, a responsabilidade cairá sobre os experientes Kerzhakov e Bukharov.
Aliás, falar de “jogadores experientes” beira a redundância, já que a média de idade do Zenit é de quase 27 anos.
Se o time russo vem sem ritmo pela pausa de inverno, a história é diferente nos lados do Benfica. São oito vitórias consecutivas na liga portuguesa e os comandados de Jorge Jesus seguem invictos no campeonato nacional. O melhor de tudo está no fato dos Encarnados ocuparem a parte mais alta da tabela de classificação, com oito pontos de vantagem para o vice-líder Porto.
O times são equilibrados, são forças de suas ligas nacionais e fatalmente levarão os títulos, cada um em seu país, mas para mim, o ritmo de jogo vai desequilibrar a favor dos portugueses.
Se o Benfica jogar de forma inteligente, com a bola no pé, forçando o Zenit a correr atrás da bola e cozinhando a partida para matar na hora certa, tem tudo para vencer. Não acredito que o time russo vá ter um “prazo de validade físico” tão grande assim…
Aposto em 1×0 pros portugueses.
OS TRAUMATIZADOS
De um lado, o Milan, acostumado a ser eliminado nas oitavas-de-final da Champions League por clubes ingleses; do outro, o Arsenal, equipe que tem o hábito de se dar mal em sorteios da UEFA. Alguém quebrará este trauma!
Mesmo alcançando a liderança da Serie A – com a Juventus tendo dois jogos por fazer -, o Milan vive um momento que precisa provar do que é capaz. Ibrahimovic foi suspenso na Itália, Prince Boateng e Pato estão voltando lentamente, Cassano está fora, e ainda há a instabilidade nas laterais. É o momento de Massimo Allegri provar do que é capaz, fugir do já tradicional e imutável 4-3-1-2 e mostrar que o Milan pode sim jogar de outros modos.
Além do técnico Rossonero, outro que precisa provar algo é o sueco Zlatan Ibrahimovic. Campeão das ligas nacionais desde a temporada 2003/04, o atacante ainda não conseguiu conquistar uma UEFA Champions League. E o pior, sempre some nos jogos mais importantes da competição. O motivo disto? Só Ibra sabe…
É o momento do sueco mostrar que pode ser decisivo em campos internacionais, não só com as habituais assistências – sim, mesmo sendo centro-avante, Ibra tem se destacado na atual temporada pelos passes para gols – mas também fazendo a rede balançar!
Já no caso do Arsenal, a fase do “pé atrás” já se foi. Antigamente, sempre ficava a esperança de ver um “algo mais” do clube londrino, que se notabilizava por jogar um futebol muito técnico, mas que falhava na hora decisiva.
A história é diferente nos dias atuais. Os Gunners dependem demais de Robin van Persie, que é o faz tudo do time. Marca gols, arma as jogadas, cobra faltas, escanteios… Enfim, o holandês é o coração do Arsenal.
O time londrino ainda contará com a despedida de Thierry Henry, que fará sua última partida pelo clube inglês contra o Milan. O francês, que neste retorno ao futebol inglês mostrou ainda ter estrela, irá retornar para o New York Red Bulls e jogará a Major League Soccer. Mas nada impede Henry de decidir a partida de ida.
Outro fator positivo do Arsenal é o garoto Oxlade-Chamberlain, contratado nesta temporada. O rapaz de 18 anos, que deveria apenas adquirir experiência em sua primeira jornada longa no clube, hoje se vê como peça importante de Wenger, que conta com Walcott com uma irregularidade tremenda e Arshavin confirmando o seu fracasso.
O problema do Arsenal, só pra variar, são as lesões. Depois de Jack Wilshere – e mais um time inteiro -, o zagueiro Per Mertesacker se reúne a infinita lista de jogadores machucados do clube. Uma pena, já que o alemão, acostumado com as lesões, estava inteiro desde que chegou a Inglaterra, mas desfalcará o time por um bom tempo.
O jogo tem tudo para ser muito bom, mas meu palpite é 2×1 pro Milan.
Na próxima semana, analiso os outros quatro jogos da Champions League. Até!