Unai Emery e um fracasso que vai além de resultados

Emery viu o PSG fazer 5×3 no agregado e ser eliminado pelo Barcelona | Foto: EPA

Unai Emery tem tudo em mãos em Paris. Jogadores milionários, estrutura de primeiro mundo, um dos zagueiros mais regulares da década, uma joia italiana desejada por vários clubes da Europa e uma dupla sul-americana na frente capaz de colocar medo em qualquer um. Fora isso, tem por trás a Qatar Sports Investiments (QSI), empresa que administra o Paris Saint-Germain e lhe dá capacidade de investimento quase infinita. Nem com todas essas ferramentas foi capaz em transformar o PSG em um time temido.

O vexame em Barcelona foi apenas a cereja de um bolo que queimou no forno. O time desorganizado defensivamente, afobado com a bola nos pés, displicente no ataque e posicionado atrás contra uma equipe de forte ataque tem mais do que o dedo do treinador, tem todas as mãos de Emery, que chegou gabaritado por um tricampeonato da Europa League com o Sevilla.

Para a história, ficará a virada do Barcelona como o grande feito, mas o fato é que o Paris teve o maior vexame da história. Foi muito mais uma derrota do que uma vitória. Basta ver os primeiros gols, que saíram de falhas grotescas (Marquinhos esteve muito mal nos dois primeiros lances) de uma defesa com jogadores de ótimo nível. Basta ver, também, que o PSG fez um gol quando perdia por 3×0, obrigando o adversário a dobrar o número de gols. Dí Maria e Cavani também tiveram chances claríssimas e pararam no próprio preciosismo. Foi um vexame enorme, uma hecatombe para derrubar Paris.

Não sei sequer dizer o que faltou para o PSG se classificar. Por mais que seja possível fazer uma análise técnica (a postura passiva é o principal ponto de crítica), fica difícil fugir de críticas mais passionais, como a própria falta de vergonha na cara, de perceber que se tratava de um jogo dificílimo e que valeria uma temporada.

Fosse eu que estivesse na posição do xeique Nasser Al Khelaifi, certamente iria no vestiário e soltaria aquele nada gosto “suco de urina” em todo mundo. Ia resolver algo? Provavelmente não, mas, honestamente, é impossível ficar parado vendo isso. Tomar seis gols, seja qual for a ocasião, já é de envergonhar qualquer um, porém, sofrer seis deste jeito, tendo a vantagem em mãos, com chances claras e adversário abalado após inesperado gol, é doloroso.

Dí Maria teve a chance de fazer o segundo gol parisiense no Camp Nou | Foto: Reuters

Pode parecer exagero falar tudo isso de um time que está em 2º lugar no Campeonato Francês, é finalista da Copa da Liga e segue firme e forte na Copa da França, mas, convenhamos, com o que o PSG tem à disposição, é sintomático que isso aconteça em terreno local. Os resultados vêm naturalmente dentro do território gaulês. O que mais preocupa é a incapacidade de Emery em fazer o Paris apresentar um futebol minimamente convincente com o material que tem.

Emery mantém o 4-3-3, que se tornou habitual desde os tempos de Laurent Blanc, mas priorizando a posse de bola. Entretanto, o que tem sido visto em campo é uma equipe com muita dificuldade de construir jogadas e que se esforça muito para fazer o básico.

Lembro que o time que meteu quatro no Barcelona é o mesmo que venceu o Nancy por 1×0 com um gol de pênalti, somente aos 35 minutos do segundo tempo. É o mesmo que fez 3×1 no Dijon, com dois gols nos últimos dez minutos. É o mesmo também que precisou de um gol irregular nos acréscimos para derrotar o Lille.

O PSG não consegue convencer sequer em nível doméstico. Vem sendo inconstante e está somando seus pontos em fatores que estão alheios a organização do time (como o brilhantismo de Cavani e a fragilidade de alguns adversários). Para efeitos de comparação, o time de Laurent Blanc na temporada anterior, liderava o campeonato nacional com 28 rodadas, tinha 73 pontos contra os 62 atuais, quatro vitórias a mais e um ataque de 68 gols contra 56 de hoje.

Bastou para Blanc ficar? Não. A cobrança também era por um jogo mais qualificado e um rendimento que, aparentemente, poderia ser maior. O PSG não quer mais só “resultados”. Isso o clube vem obtendo ano pós ano. O clube quer rendimento de alto nível, capaz de colocá-lo entre as principais equipes do mundo, o que ainda não foi possível.

Não descarto novo título francês, tampouco as conquistas nas copas nacionais, mas Emery não está pronto para tocar o ambicioso projeto parisiense. Dentro do que tentou propor, fracassou e nenhum resultado mudará isso.

PS: Sobre a arbitragem do jogo, só queria dizer que um time que consegue ser eliminado depois de fazer 4×0 e 5×3 no placar agregado não tem moral alguma para reclamar de arbitragem (por mais que não daria nenhum dos dois pênaltis, especialmente o segundo).

Le Podcast du Foot #27

Erminig, o mascote do Rennes, manda o recado

Erminig, o mascote do Rennes, manda o recado

Apesar de o título estar nas mãos do Paris Saint-Germain, o Campeonato Francês segue pegando fogo. Nesta rodada, o Lyon acumulou o quinto tropeço consecutivo e deixou a zona de classificação para a Liga dos Campeões depois de ter ficado por lá desde a segunda rodada. A derrota para o Stade de Reims deixou o time de Lisandro Lopez e companhia em apuros, afinal, além do Saint-Étienne, que o ultrapassou na tabela de classificação, Lille, Nice e Montpellier se aproximam perigosamente. Enquanto isso, PSG e Marseille nadam tranquilamente para confirmar a vaga direta na fase de grupos da competição internacional.

Esses e outros destaques foram abordados por Eduardo Junior, Filipe Papini e Vinícius Ramos na 27ª edição do “Le Podcast du Foot”.

Ouça tudo no player abaixo!

Vídeos do VodPod não estão mais disponíveis.

PS: Devido a alguns problemas no DivShare, tivemos de encontrar outro site para hospedarmos o podcast e caso haja algum problema na execução do programa, ouça no MixCloud

TOP 7 – Momentos chave das oitavas-de-final

Barcelona, Bayern, Borussia Dortmund, Galatasaray, Juventus, Málaga, Paris Saint-Germain, Real Madrid são os grandes vencedores da fase de oitavas-de-final da UEFA Champions League. Os oito times citados estarão envolvidos no sorteio da sexta-feira que irá encadear os caminhos de cada um na próxima fase da competição.

Para valorizar cada feito, o Europa Football selecionou sete momentos chave das oitavas-de-final. Confira:

7 – O gol de Claudio Marchisio

Celtic x Juventus em Glasgow foi uma partida interessante de assistir. Os italianos foram eficazes e converteram em gol um terço de suas finalizações, enquanto os escoceses finalizaram 17 vezes e não balançaram as redes. Mas a partida em si foi tensa, afinal, o Celtic usou e abusou da bola aérea e do jogo físico, causando alguns apuros para a Vecchia Senhora.

Só que aos 33 minutos da etapa complementar, o meia juventino Claudio Marchisio fez belo gol e deixou a partida em 2×0. O tento italiano derrubou o Celtic que não teve mais forças para atacar e ainda sofreu o terceiro gol. Marchisio acabou trazendo toda tranquilidade que a Juve necessitaria para o restante do jogo, que com 1×0 seria tenso, e para a partida de volta em Turim.

6 – Primeiro tempo

Em Londres, o Bayern se sentiu em casa(Getty Images)

Em Londres, o Bayern se sentiu em casa
(Getty Images)

Tanto Bayern quanto Paris Saint-Germain passaram sufoco em seus jogos em casa para garantirem acesso as quartas-de-final da Liga dos Campeões. O que foi preponderante para a afirmação da vaga de ambos, porém, foi o primeiro dos quatro tempos disputados nos dois jogos.

Os bávaros massacraram o Arsenal no Emirates Stadium e levaram o 2×0 para o intervalo, complicando a missão inglesa. O placar final foi 3×1 para o Bayern, o que deu uma margem para uma – exagerada – acomodação no duelo de volta, vencido pelos Gunners por 2×0, mas que valeu a qualificação alemã.

Já o Paris Saint-Germain fez primeiro tempo primoroso contra o Valencia no Mestalla e, assim como o Bayern, foi para os vestiários com dois gols de vantagem e com a sensação de que poderia ter sido melhor. O 2×1 apontado ao término do jogo possibilitou ao PSG o empate obtido no duelo de volta, que lhe garantiu nas quartas-de-final.

Isso só aumenta minha teoria de que o jogo mais importante de um mata-mata é o de ida, pois é onde o confronto está aberto e seu time pode abrir vantagem. Paris Saint-Germain e Valencia aproveitaram bem esse fator, diferentemente do Porto…

5 – Antigas convicções deixadas de lado

Terim cumprimenta suas duas principais estrelas

Terim cumprimenta suas duas principais estrelas

Mircea Lucescu e Fatih Terim, técnicos de Shakhtar Donetsk e Galatasaray, respectivamente, foram duas figuras que abriram mão de suas convicções nas oitavas-de-final da Liga dos Campeões. Como o futebol não é uma ciência exata, ucranianos e turcos seguiram caminhos contrários.

O Shakhtar era um time caracterizado por um jogo imponente, de marcação por todo o campo e constante avanço de “homens surpresas”, como Fernandinho e Srna, porém, no duelo de volta contra o Borussia Dortmund, mesmo precisando do gol, os ucranianos decidiram esperar a equipe alemã na defesa e caíram do cavalo. O Shakhtar foi para o intervalo com 2×0 de desvantagem. No 2º tempo, com menos de cinco minutos, o time de Lucescu, mais ousado, fez mais do que toda etapa inicial, mas já era tarde e a eliminação não foi evitada.

Já Fatih Terim, mesmo com Didier Drogba e Wesley Sneijder reforçando seu time, não abriu mão de seu 4-4-2, mesmo deslocando o holandês para o lado esquerdo. Ao ver que o sistema tático não estava funcionando, Terim escalou seu time no 4-3-1-2 na volta contra o Schalke em Gelsenkirchen. Sneijder, outrora sumido, teve atuação destacável como armador e foi um dos responsáveis, ao lado de Yilmaz e Terim, pela classificação turca.

4 – Olho neles

Isco ajudou o Málaga na virada sobre o Porto(Getty Images)

Isco ajudou o Málaga na virada sobre o Porto
(Getty Images)

Durante a fase de grupos da competição, dois jogadores chamaram a atenção sem estar nos times considerados favoritos: Isco do Málaga e Burak Yilmaz do Galatasaray. Na fase de mata-mata, onde seria normal que sentissem a pressão de serem os grandes nomes de seus times, corresponderam à altura.

O espanhol Isco participou dos dois gols do Málaga na vitória sobre o Porto que lhe garantiu na fase seguinte do torneio. O meia abriu o placar com um belo chute de fora da área e deu o passe para Santa Cruz anotar o tento de qualificação. Já Yilmaz manteve a escrita de marcar desde a terceira rodada da fase de grupos e balançou as redes nos dois duelos contra o Schalke, acumulando oito dos onze gols do Galatasaray e lhe deixando com a artilharia da Liga dos Campeões ao lado de Cristiano Ronaldo.

3 – A expulsão de Nani

A partida entre Manchester United e Real Madrid ganhava contornos dramáticos. Os ingleses venciam por 1×0 e garantiam a classificação, enquanto os espanhóis precisavam do empate para forçar a prorrogação. Parecia que teríamos um restante de partida movimentado e tenso, porém, o árbitro chamou a atenção para si.

Aos 11 minutos da etapa final, após bola rebatida da entrada da área do Manchester, Nani estava soberano e tentou dominar com o pé no ar. Observando apenas a bola, o português não viu a chegada de Arbeloa e atingiu o adversário. Lance acidental, talvez para cartão amarelo, mas o rigoroso Cüneyt Çakir decidiu expulsar Nani.

A exclusão do jogador português mudou os rumos da partida. O Manchester, que já marcava mais do que atacava, teve de recuar por completo, enquanto o Real Madrid se mandou para o ataque e conseguiu o resultado que desejava, a virada. Parte da classificação deve ser colocada na conta de Çakir e na expulsão de Nani.

2 – Bola na trave de Niang

A tônica de Barcelona x Milan no Camp Nou era previsível: catalães no ataque e italianos se defendendo, esperando uma mísera chance para marcar o gol que complicaria a vida do adversário. Com o Barcelona vencendo pela placar mínimo, o que ainda era favorável ao Milan, veio a grande chance aos 37 minutos da etapa inicial. Após falha de Mascherano, o jovem M’Baye Niang escapou com liberdade e ficou cara-a-cara com Victor Valdés. O francês de 18 anos sentiu a pressão e acertou a trave. Foi a grande chance do Milan na partida toda. Para piorar, menos de dois minutos depois, Messi fez o segundo gol do Barcelona e deu sequência a goleada catalã.

O possível gol de Niang daria ares dramáticos a partida, afinal de contas, o empate milanista obrigaria o adversário a fazer três gols para se classificar para fase seguinte.

1 – Fazendo jus ao nome

Messi abriu caminho para a virada do Barcelona(Getty Images)

Messi abriu caminho para a virada do Barcelona
(Getty Images)

Cristiano Ronaldo e Messi são, indiscutivelmente, os melhores jogadores da atualidade. Na fase de oitavas-de-final do torneio eles fizeram jus a tal status e ajudaram a dupla Barça-Madrid a conquistar a classificação.

O gajo português evitou a derrota madridista na ida ao marcar um gol de cabeça semelhante ao feito na final da competição em 2008, quando defendia justamente o Manchester United. No duelo de volta, em Old Trafford, Cristiano Ronaldo, mais apagado que o normal, apareceu na hora certa e anotou o segundo tento do Real Madrid, classificando seu time para a próxima fase.

Enquanto isso, seu “rival” Messi, após nem aparecer na ida em San Siro, foi um dos grandes responsáveis pela virada no duelo de volta, quando fez os dois primeiros gols do Barcelona na goleada por 4×0 sobre o Milan.

Não bastou ter o status, mas eles fizeram justiça a tal alcunha.