Trauma superado… pelo menos por uma noite

Ibra e Robinho deixam o Milan com os dois pés na próxima fase (Dpa)

Zlatan Ibrahimovic e Robinho: estão aí dois jogadores que nós poderíamos chamar de “pipoqueiros” em disputas de UEFA Champions League.

O sueco é campeão das ligas nacionais que disputa desde 2004. E isso não é mero acaso, já que Ibracadabra foi peça chave na maioria destas conquistas. Porém, quando o assunto se expandia para o continente, ele se tornava um mero coadjuvante, quando um “algo mais” era esperado.

Robinho é outro. Postulante a craque, o brasileiro veio cedo para o futebol europeu e mostrou não estar pronto para tal desafio. Fez figuração em Real Madrid e Manchester City quando era apontado como estrela. Pelos Merengues, disputou a Champions League por mais de uma oportunidade e não vingou. Após passagem pelo futebol brasileiro, o “pequeno Róbson” retornou ao velho continente, desta vez para o Milan, mas em sua primeira temporada na Bota, também fracassou na UCL.

Como citei no post onde analisei os confrontos das oitavas-de-final da Champions, era a hora de Ibrahimovic mostrar para que veio ao mundo do futebol e mostrar no torneio de maior importância o motivo de receber tanta fama e elogios. Não englobei Robinho nesta lista. É fato que no Milan ele cresceu demais. O brasileiro achou seu posicionamento ideal – segundo atacante, no máximo um meia e não como um winger, como jogava na Inglaterra, muito distante da área -, passou a ser peça de confiança de Massimiliano Allegri, mas como ajudante e não como estrela, algo que seu início fantástico no Santos sugeria, por isso não o citei na então relação.

No jogo de ida contra o Arsenal pelas oitavas-de-final da Champions League, Ibra e Robinho parecem ter superado o trauma de disputar a estrelada competição. A esmagadora goleada por 4×0 sobre os londrinos deve ser colocada muito na conta da dupla, que soube aproveitar muito bem a fraca marcação no meio campo e a desajustada defesa Gunner.

Será que agora, Ibra justifica na UCL toda sua fama? (acmilan.com)

Zlatan Ibrahimovic também comprovou hoje não merecer mais a fama de “egoísta” que adquiriu através de sua carreira. O sueco, conhecido pelos vários gols e algumas obras primas, tem se notabilizado na atual temporada pelas assistências. Seja seu parceiro de ataque Pato ou Robinho, ele tem se entendido bem com o companheiro, seja quem for. A prova disso foi o segundo gol contra o Arsenal, quando Ibra criou a jogada na ponta direita e fez o passe para Robinho completar em gol como um centro-avante.

O sueco ainda distribuiu bem o jogo, criou algumas chances de gol, construiu a jogada do terceiro tento milanista – o segundo de Robinho -, conseguiu um pênalti e o converteu. Ibracadabra deu um show! Comandou o Milan nesta estupenda vitória sobre o Arsenal e mostrou que talvez tenha superado o trauma da Champions.

Agora falamos de Robinho…

O brasileiro não teve uma brilhante atuação como Ibrahimovic. Na primeira etapa, por exemplo, o camisa 70 abusava de errar passes. No 2º tempo, esses números diminuíram, graças a exposição dos ingleses, que precisavam de qualquer maneira diminuir a desvantagem.

Só que Robinho foi decisivo. É isso que se espera de um craque! Ele não é isso, mas quando surgiu para o futebol, esperava ser craque e demonstrou que poderia ser sim! Hoje, como um simples “operário”, o brasileiro vai encontrando seu caminho e mostrou que pode ser mais ao mostrar sua capacidade de decisão. Robinho anotou dois gols e por isso foi um dos grandes jogadores em campo.

Se os dois superaram o trauma da Champions definitivamente é outra história, mas que tanto Ibrahimovic quanto Robinho, deram uma demonstração de que esse problema pode ser passageiro, isso é inegável.

NÃO PENSEM QUE FORAM SÓ OS DOIS

Anteriormente, disse que a categórica vitória milanista – usei quantos adjetivos diferentes para descrever este resultado? – teve grande responsabilidade dos dois jogadores supracitados nos parágrafos anteriores. Mas não pensem que Ibra e Robinho carregaram o Milan nas costas, porque não foi bem assim.

Na defesa, muita solidez e o principal, Thiago Silva monstrando o porque de ser chamado de “Monstro”. O brasileiro teve um momento de instabilidade no 2º tempo, porém, foi perfeito em 90% da partida. Abbiati não foi muito acionado, mas quando precisou trabalhar, foi impecável. O arqueiro de 34 anos vai me provando que “goleiro bom é goleiro velho”. Incrível como jogadores desta posição acabam se tornando mais seguros com o passar dos anos!

Boateng abriu o placar com este petardo de direita (Dpa)

No meio-campo, a marcação não era das mais fortes, mas bem encaixada, o que dificultou o desenvolvimento do jogo do Arsenal. E o Milan ainda teve Prince Boateng em uma boa jornada, tendo marcado um belo gol. Admito que o ganês tem me surpreendido a cada partida que passa. Sempre achei ele voluntarioso, esforçado, mas que não era nada disso. Porém, nesta temporada, Prince tem sido decisivo, vem marcando golaços e tem grande entrosamento com os atacantes.

Allegri, outro cobrado por mim para tomar uma atitude e tentar achar novas alternativas para o imutável 4-3-1-2, chegou a deixar o Milan atuando com duas linhas de quatro, tudo para marcar bem as investidas de Chamberlain pela direita.

Sobre o Arsenal, pouco a se dizer. Um primeiro tempo completamente desligado, os Gunners pareciam em uma sintonia diferente do Milan. Na etapa final, com a vaca se dirigindo pro brejo, a coisa foi mais desanimadora. Até Henry, que entrara para fazer sua última partida em seu retorno ao futebol inglês, pouco fez.

A nota negativa vai pra Wenger, que a meu ver, errou ao não colocar Chamberlain desde o início ou então no intervalo. O garoto vive fase muito melhor do que Theo Walcott, que pouco tocou na bola.

NOS OUTROS JOGOS

Na terça-feira, o Barcelona demonstrou sua força, mas também a instabilidade que tem sido característico em jogos recentes. Com 1×0 de vantagem, os catalães chegaram a ceder o empate e  quase sofreram a virada do Leverkusen. O 3×1 representou bem o jogo, embora o time alemão tenha feito um jogo corajoso e explorando bastante uma das fraquezas do Barça, as bolas longas. Tanto defesa-ataque quanto bolas alçadas na área, é duro dos comandados de Guardiola vencerem uma.

Menção honrosa para Robin Dutt, que outrora criticado por este blogueiro de “medroso” e coisas do tipo, ousou contra o time blaugrana e mesmo com poucas peças ofensivas no banco – vide aos inúmeros desfalques – fez um jogo corajoso. Dutt ganhou pontos comigo depois deste duelo.

Já o Lyon decepcionou. Não consegui acompanhar a peleja, mas relatos de alguns amigos que assistiram era de que o jogo foi horrível. Na etapa inicial, o OL teve o famoso “domínio estéril”, mas mesmo finalizando bastante – foram 13 tiros -, não conseguia ameaçar a meta do APOEL. O gol de Lacazette foi de méritos totais do jovem, que vinha sendo o grande nome do Lyon na peleja.

Placar magro, hein Garde! (olweb.fr)

Assim como previ no último post, Garde foi medroso. Começou com Gomis no banco e não colocou o atacante durante a partida. Para completar, fez somente duas alterações, todas “seis por meia dúzia”. Segundo o site da UEFA, o APOEL teve 37% de posse de bola e finalizou somente uma vez. Custava soltar o time e ir pra cima, Garde? O Lyon pode pagar um preço caro por isso!

Para fechar, falo do disputado jogo na gelada St. Petersburgo. A partida não primou pela técnica e por isso venceu quem menos errou. A zaga do Benfica falhou em três oportunidades cruciais – posicionamento, afobação, erros técnicos e por aí vai – e tomou três gols do Zenit. Já os russos erraram somente duas vezes… Deixa eu corrigir a frase: o goleiro Zhevnov errou duas vezes. O substituto do contundido e titular absoluto Malafeev largou bolas fáceis nos dois gols portugueses.

Assim como nos dois tópicos anteriores, destacarei um técnico, desta vez, Luciano Spalletti. O italiano colocou Semak e Bystrov. Pois é, Bystrov deu a assistência para Semak marcar um gol de calcanhar. Mandou bem ou não? Não há dúvidas da resposta correta!

Até!

Azar total!

A UEFA Champions League retorna no meio desta semana com quatro jogos que abrirão a fase de oitavas-de-final da competição. Como não poderia de ser, vocês poderão ler abaixo uma prévia dos duelos que serão realizados nesta semana!

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Azar. Esta palavra pode definir bem o Bayer Leverkusen. Segundo colocado no grupo que tinha Chelsea, Valencia e Genk, os comandados de Robin Dutt terminaram na segunda colocação, quando poderiam terminar na ponta caso vencessem o time belga. Para a maioria, pareceu um absurdo o Leverkusen não vencer o Genk, mas não custa reforçar que o representante da Bélgica não perdeu para ninguém jogando em casa.

Porém, o time alemão pagou um preço caro por não vencer o Genk e como segundo colocado, irá pegar o Barcelona, atual campeão europeu e mundial. O sorteio por si só já é algo que demonstre certo azar dos Aspirinas, mas acontece que o time catalão não vive seu melhor momento. O time de Guardiola tropeçou em muitos jogos na Liga BBVA e já estão bem atrás do Real Madrid na briga pelo título nacional. Sorte dos alemães? Nada disso!

Ballack acumula confusões desde que retornou ao Leverkusen (Foto: Andreas Pohl)

O início de 2012 tem sido muito conturbado nos lados de Leverkusen. Um dos grandes responsáveis é Michael Ballack, que no duelo contra o Mainz – que o Leverkusen venceu por 3×2 – foi substituído quando a partida estava empatada, não gostou nada disso e criou um grande mal-estar envolvendo ele, seu empresário, a comissão técnica, os diretores e até o presidente Wolfgang Holzhauzer. Rudi Völler, diretor esportivo do clube, já disse que se o meio-campista aprontar outra dessas, não pisa mais na BayArena. Ballack está contundido e não pega o Barça, mas mesmo inteiro, não sei se jogaria…

Para completar, Sidney Sam e Eren Derdyiok, duas peças importantes do time de Dutt se contundiram. O primeiro chegou a voltar de lesão contra o Stuttgart, mas com menos de 10 minutos em campo, sofreu uma lesão muscular e ficará um bom tempo fora. Já o suíço se cortou em seu banheiro e será mais um a ficar longe dos gramados.

A boa notícia para Robin Dutt é que Renato Augusto está de volta e nos dois jogos anteriores – Stuttgart e Dortmund – que entrou no decorrer da partida, o brasileiro esteve bem e se o treinador assim quiser, pode utilizá-lo já como titular.

Enquanto isso na Bundesliga o time não vai bem. A vaga para a próxima Champions League está muito distante e no momento, a Liga Europa é a realidade. Até agora, em 2012, foram dois empates, uma derrota e uma vitória.

O problema do Barcelona já é diferente do problema alemão. O time simplesmente parou com a mágica. No último domingo, os Blaugranas perderam fora de casa para o Osasuna, 3×2 e já estão dez pontos atrás do líder Real Madrid.

O antes incessante e mágico toque de bola, se tornou um não menos incessante, porém, sonolento toque de bola. Está faltando objetividade!

É nisso que o Leverkusen terá de se agarrar no confronto de ida. Apostar em mais uma atuação ruim do Barcelona e se superar dentro de campo. Os problemas precisarão ser deixados de lado e a eficiência tem de ser o ponto alvo, já que é quase impossível jogar “por uma bola” contra o time catalão. O Leverkusen pode até conseguir essa bola, mas fatalmente sofrerá mais gols.

Assim como os alemães, o Barcelona precisa jogar os problemas de lado e ter o espírito de Champions League, que é algo que não falta aos comandados de Pep Guardiola.

Para essa partida de ida, aposto no 1×1.

CORAGEM, GARDE!

Rémi Garde precisa pedalar firme para conquistar a vaga nas quartas-de-final (Reuters)

Rémi Garde está em sua primeira temporada como técnico, mas já mostra seus valores comandando o Lyon. Inteligente taticamente, bom nas alterações e não cede as pressões. Julgando seu currículo, era de se esperar que alguma hora, Yoann Gourcuff seria titular absoluto do time, mesmo sendo um flop do clube. Garde não é assim e o aspirante a seleção francesa é banco e há jogos que nem pisa dentro do gramado.

Beleza, isto é um ato corajoso! Mas a coragem que cobro do treinador do Lyon está na questão de postura do time. Les Gones são muito acomodados em confrontos diretos. Vide o duelo contra o Marseille, a duas semanas atrás. O Lyon saiu perdendo por 2×0 e antes do intervalo buscou o empate. Só que na etapa final desistiu do jogo e se contentou com a igualdade no marcador. Na Liga dos Campeões foi a mesma história. O Lyon não precisaria ter ido a Zagreb meter 7×1 no Dínamo se tivesse tido uma postura corajosa diante do Ajax no Gerland, tentando evitar o placar zerado.

Jogando em casa, contra a zebra APOEL, o time francês tem a responsabilidade de ir para cima desde o início e conseguir uma vantagem confortável já neste jogo de ida. O Lyon é mais time, joga uma liga mais forte e tem costume de disputar a Liga dos Campeões, tudo conspira a seu favor.

Se Garde for corajoso e mandar seu time para frente, o Lyon não precisará reerguer a fama de “Time da Virada” – já temos alguns exemplos na temporada do time francês conseguindo viradas improváveis.

O APOEL já chegou longe, surpreendendo muita gente. Mas não é um time bobo. O time titular inteiro é praticamente formado por estrangeiros, contando com um enorme número de brasileiros, que mesmo desconhecidos, vão se destacando na maior competição interclubes do mundo.

Porém, o grande nome da equipe é do próprio Chipre. Konstantinos Charalambidis, de 30 anos, veste a camisa 10 do time e é a cabeça pensante do meio-campo do APOEL.

Para muitos, é um confronto equilibrado, mas para mim, o Lyon tem obrigação de se impor neste duelo. É mais time, tem mais história e melhores jogadores. Rémi Garde, se não for covarde, coloca seu time pra frente e leva o duelo já na ida. Meu palpite: 2×0 pro Lyon.

O CALENDÁRIO DESEQUILIBRA

O calendário do futebol russo é igual ao calendário brasileiro, é anual. Porém, haverá uma mudança e o calendário será adaptado ao do resto da Europa. Enquanto isto não acontece, os times do país seguiram prejudicados por causa disso.

O Zenit irá pegar o Benfica, mas será seu primeiro jogo oficial em 2012. Nessa horas, o fato de ter um bom time, um técnico de alto nível e um entrosamento adquirido após anos de jogos em conjunto de pouco adiantará. Será que eles terão pernas para correr 90 minutos na fria Rússia? Acho que não!

O que piora a situação do Zenit é a lesão do português Danny, um dos grandes nomes do time. Eu até entendo quem diz que ele é “supervalorizado” – também acho que Danny joga menos do que se fala sobre ele -, mas mesmo assim, ele é uma peça importante do time de Luciano Spaletti. Sem o português, a responsabilidade cairá sobre os experientes Kerzhakov e Bukharov.

Aliás, falar de “jogadores experientes” beira a redundância, já que a média de idade do Zenit é de quase 27 anos.

O brasileiro Bruno César tem sido um dos destaques da invicta campanha encarnada (Reuters)

Se o time russo vem sem ritmo pela pausa de inverno, a história é diferente nos lados do Benfica. São oito vitórias consecutivas na liga portuguesa e os comandados de Jorge Jesus seguem invictos no campeonato nacional. O melhor de tudo está no fato dos Encarnados ocuparem a parte mais alta da tabela de classificação, com oito pontos de vantagem para o vice-líder Porto.

O times são equilibrados, são forças de suas ligas nacionais e fatalmente levarão os títulos, cada um em seu país, mas para mim, o ritmo de jogo vai desequilibrar a favor dos portugueses.

Se o Benfica jogar de forma inteligente, com a bola no pé, forçando o Zenit a correr atrás da bola e cozinhando a partida para matar na hora certa, tem tudo para vencer. Não acredito que o time russo vá ter um “prazo de validade físico” tão grande assim…

Aposto em 1×0 pros portugueses.

OS TRAUMATIZADOS

De um lado, o Milan, acostumado a ser eliminado nas oitavas-de-final da Champions League por clubes ingleses; do outro, o Arsenal, equipe que tem o hábito de se dar mal em sorteios da UEFA. Alguém quebrará este trauma!

Mesmo alcançando a liderança da Serie A – com a Juventus tendo dois jogos por fazer -, o Milan vive um momento que precisa provar do que é capaz. Ibrahimovic foi suspenso na Itália, Prince Boateng e Pato estão voltando lentamente, Cassano está fora, e ainda há a instabilidade nas laterais. É o momento de Massimo Allegri provar do que é capaz, fugir do já tradicional e imutável 4-3-1-2 e mostrar que o Milan pode sim jogar de outros modos.

Falta a Champions para Ibra... (Reuters)

Além do técnico Rossonero, outro que precisa provar algo é o sueco Zlatan Ibrahimovic. Campeão das ligas nacionais desde a temporada 2003/04, o atacante ainda não conseguiu conquistar uma UEFA Champions League. E o pior, sempre some nos jogos mais importantes da competição. O motivo disto? Só Ibra sabe…

É o momento do sueco mostrar que pode ser decisivo em campos internacionais, não só com as habituais assistências – sim, mesmo sendo centro-avante, Ibra tem se destacado na atual temporada pelos passes para gols – mas também fazendo a rede balançar!

Já no caso do Arsenal, a fase do “pé atrás” já se foi. Antigamente, sempre ficava a esperança de ver um “algo mais” do clube londrino, que se notabilizava por jogar um futebol muito técnico, mas que falhava na hora decisiva.

A história é diferente nos dias atuais. Os Gunners dependem demais de Robin van Persie, que é o faz tudo do time. Marca gols, arma as jogadas, cobra faltas, escanteios… Enfim, o holandês é o coração do Arsenal.

O time londrino ainda contará com a despedida de Thierry Henry, que fará sua última partida pelo clube inglês contra o Milan. O francês, que neste retorno ao futebol inglês mostrou ainda ter estrela, irá retornar para o New York Red Bulls e jogará a Major League Soccer. Mas nada impede Henry de decidir a partida de ida.

Outro fator positivo do Arsenal é o garoto Oxlade-Chamberlain, contratado nesta temporada. O rapaz de 18 anos, que deveria apenas adquirir experiência em sua primeira jornada longa no clube, hoje se vê como peça importante de Wenger, que conta com Walcott com uma irregularidade tremenda e Arshavin confirmando o seu fracasso.

O problema do Arsenal, só pra variar, são as lesões. Depois de Jack Wilshere – e mais um time inteiro -, o zagueiro Per Mertesacker se reúne a infinita lista de jogadores machucados do clube. Uma pena, já que o alemão, acostumado com as lesões, estava inteiro desde que chegou a Inglaterra, mas desfalcará o time por um bom tempo.

O jogo tem tudo para ser muito bom, mas meu palpite é 2×1 pro Milan.

Na próxima semana, analiso os outros quatro jogos da Champions League. Até!

O cala boca do Braga

Esses darão um jeito de ir para a Irlanda

Você certamente já deve ter ouvido alguém falar que “os campeonatos europeus são previsíveis e que você sempre sabe quem vai vencer”. Em algumas vezes – talvez até na maioria – não chegam a ser previsíveis, mas é mais fácil de dar um palpite antes do início de um campeonato.

Equipes grandes e com altos investimentos levam grande vantagem. Esses times podem ter os melhores jogadores e os estádios maiores e confortáveis, chamando os torcedores pros jogos, e consequentemente, lotando os estádios.

Mas assim como em todo o mundo, sempre há zebras.

Do nada você vê um time de segunda divisão chegando a final da copa nacional, ou um time pequeno chegando a brigar por vagas nas competições da Uefa, ou até vê equipes de alto escalão no meio da tabela.

Mesmo assim, há quem não dê o braço a torcer e siga dizendo que os campeonatos europeus são previsíveis e que só os jogos entre os grandes times interessam.

Mas na última quinta-feira, essas pessoas viram um time lhe dizer: “Cala boca!”. Esse time é o Sporting Braga!

Braga parou na quinta-feira

Os Arsenalistas nunca foram campeões de nada. Campeonato Português, Copa de Portugal, Copa da Liga, bolinha de gude, cuspe à distância…Nenhum desses campeonatos foi vencido pelo Braga.  A história de glórias desse time pode ser contada desde que se agigantou na temporada passada, quando chegou ao segundo lugar no campeonato nacional.

O time disputou a Champions League e surpreendeu desde o início. Nas fases pre-eliminares, tirou times calejados na UCL, como Celtic e Sevilla e no grupo H da Liga, chegou a vencer o Arsenal no Municipal de Braga. Por pouco a equipe não foi pros playoffs da Champions, acabou indo para a Europa League. E o caminho árduo continuo a ser trilhado!

O Braga seguiu eliminando equipes que costumam participar das competições Uefa, como Dynamo de Kiev e Liverpool, sempre usando do artifício de conseguir um bom resultado na ida e se virando na volta. Contra os ucranianos, o Braga empatou por 1×1 na Ucrânia e segurou o 0x0 em Portugal, já contra os Reds, 1×0 em casa e 0x0 na volta, no Anfield.

Braga na final

Nas semifinais veio o desafio mais complicado: o Benfica. Não era o mais complicado só por ser um time local – assim, conhece melhor o Braga, tem a pressão psicológica por ser o maior clube, etc. -, mas porque os Encarnados estavam mordidos. Não foi bom pro Benfica ver o Porto ser campeão português invicto no clássico jogado no Estádio da Luz. A vingança seria em Dublin!

Na ida, o Benfica conseguiu o nada cômodo 2×1 e na volta deu Braga. O time bracarense jogou como time pequeno. Pressionou até abrir o placar com Custódio, depois se limitou a jogar atrás do linha da bola, se defender, deixar o Benfica atacar e ora ou outra investir no ataque. Algo a criticar? Não! O Braga é um time pequeno, fazer o quê?

Não era só questão do Benfica ser um time infinitamente maior que o Braga, mas os Encarnados, como cheguei a dizer anteriormente, tem um investimento maior para trazer algumas jóias da América do Sul – coisa que os portugueses sabem fazer muito bem – e alguns encostados de ligas maiores. O Benfica tem um time melhor, mas parou no Braga.

É o famoso “Cala Boca!”. O Braga não chegou simplesmente a final de uma copa nacional, coisa que qualquer time hoje em dia tem conseguido fazer. Os Arsenalistas estão na final da Europa League!. A competição não tem o charme da Champions League, mas é um torneio internacional, onde muitas vezes os times pequenos esbarram na falta de bagagem internacional e caem precocemente.

Imagine um time do Campeonato Brasileiro com jogadores como Artur, Paulão, Kaká, Márcio Mossoró, Leandro Salino, Alan, Vandinho, Paulo César e Lima. Duvido que algum torcedor ficasse tranquilo e ciente que seu time lutaria por título na temporada. São jogadores de medianos pra bom – tô sendo bonzinho demais? – e seriam reservas em vários clubes brasileiros. Aliás, a maioria desses brasileiros citados acima eram reservas aqui no Brasil e graças a um empresário bom, chegaram a Europa.

Se há uma hora para reverenciarmos um técnico, a hora é essa! Domingos Paciência levou um time pequeno e que tem em seu plantel jogadores de nível duvidoso para a final da segunda maior competição de clubes da Europa. Não é pouca coisa!

A torcida do Braga estava animada nessa sexta-feira

A torcida foi quem mais ganhou com isso. Os adeptos, que nunca viram seu time ganhar nada, agora podem se orgulhar de seu time finalista de uma Uefa Europa League. A empolgação foi tanta, que nessa sexta-feira, os jogadores que não enfrentaram o Benfica foram treinar, mesmo assim, muitos torcedores foram acompanhar o treinamento. Segundo a imprensa portuguesa, foi o treino mais movimentado da temporada.

Para fechar, só há dois pontos a serem repetidos, porém, destacados, pois resumem bem o que quero dizer:

– Foi um cala-boca aos críticos de que o futebol europeu “é previsível”. O Braga não tem os investimentos da dupla Benfica e Porto, nem os jogadores, nem o estádio que ambos possuem, mas com um elenco modesto, com jogadores renegados de nosso país, triunfa e chega a final da Europa League. É a prova de que os pequenos também podem ir longe. Cabe agora a diretoria bracarense saber administrar bem essa boa fase vivida, para não transformá-la em prejuízos futuros e deixar o time no buraco. À cada dia que passa, a impressão que fica é que o Braga vai se tornar de vez a terceira força portuguesa, já que a bolinha do Sporting anda meia murcha. O problema é que o adversário da final é o Porto, um dos melhores times da temporada.

A torcida se animou

– O segundo ponto é a torcida. O adeptos de times pequenos – isso vale no mundo inteiro – vivem a vida inteira por seus clubes de coração, mesmo sem eles ganharem nada, mas essa paixão acaba aflorando nos melhores momentos do time. O torcedor do Braga já se empolgou na última temporada com a possibilidade de ser campeão português, o que não aconteceu, agora se empolga com um possível título europeu. É a temporada dos sonhos e o torcidor bracarense vive esse momento, sabendo que pode ser único e que talvez nunca mais isso aconteça.

Parabéns, Braga!

Será uma grande final contra o Porto!