TOP 7: Eliminados, mas valorizados

Muito se fala que a fase de grupos da UEFA Champions League é recheada de times fracos. Em partes, não dá para discordar. Muitas equipes que participaram deste estágio do torneio não fariam falta alguma se ficassem se preocupando com suas ligas domésticas. Porém, alguns dos times que não conseguem nem passar da fase de grupos mostram a Europa bons valores individuais. É justamente isso que veremos hoje.

Neste momento da temporada, a primeira metade do torneio segue almejando o sonho de vencer o troféu mais cobiçado do continente e a outra parte vai embora com este desejo desfeito. Ainda assim, outras oito equipes irão manter a vontade de conquistar um torneio internacional, a Liga Europa.

Dos 16 privilegiados que poderão conquistar a Europa, falarei outra hora, afinal de contas, os jogos das oitavas de final só serão realizados em 2013. Darei espaço aos eliminados. Desses 16 times saíram alguns bons valores e selecionei sete que me chamaram a atenção nesta fase de grupos. Obviamente, se vocês entenderem que esqueci alguém ou que fui bonzinho demais ao colocar outro atleta, invadam a caixa de comentários e deem suas análises.

7) Dieumerci Mbokani – Anderlecht

Mbokani é o grande nome do atual Anderlecht

Mbokani é o grande nome do atual Anderlecht

O congolês Mbokani teve início bem complicado no Anderlecht. Logo em sua chegada, sofreu uma grave lesão que o afastou dos gramados por dois meses. Quando retornou, recebeu a triste notícia de que seu filho faleceu enquanto dormia. Isso atrapalhou sua temporada marcada por apenas oito gols no Campeonato Belga. Nesta temporada, Mbokani já tem um gol há mais e é o principal nome ofensivo do time.

Na fase de grupos da Champions League, o atacante fez dois gols e deu uma assistência, isso depois de ter feito uma fase preliminar boa, onde marcou quatro gols nos três jogos da equipe. Mbokani, que já teve chances maiores em sua carreira, começa a dar sinais de amadurecimento e talvez possa aparecer como boa peça de reposição de clubes mais fortes na Europa.

6) Lucas Biglia – Anderlecht

Desde 2006 na Bélgica, o argentino Lucas Biglia está muito bem adaptado ao futebol europeu. Volante técnico, de boa marcação e passe bem qualificado, Biglia foi um dos destaques da fraca campanha do Anderlecht nesta fase de grupos da UEFA Champions League, participando de todas as partidas da equipe sem ser substituído.

O argentino obteve destaque no quesito passe. Das 467 tentativas de passe, 349 foram concluídos e se tornou o quarto melhor passador do torneio. Na questão de porcentagem, Biglia teve 75% de aproveitamento em seus passes. Aos 26 anos e com algumas passagens pela seleção argentina, o volante parece pronto para alçar voos mais altos na carreira.

5) Kostas Mitroglou – Olympiacos

O artilheiro do Campeonato Grego é Rafik Djebbour do Olympiacos, mas quem decidiu na UEFA Champions League foi o outro jogador do time: Kostas Mitroglou. O atacante nunca havia emplacado nos Lendários, mas após duas temporadas emprestado a Panionios e Atromitos, se encaixou no representante grego.

No campeonato nacional já foram cinco gols e na Champions League foram mais quatro. Seus tentos foram valiosos, pois serviram pro Olympiacos desbancar o campeão francês Montpellier e ficar com a vaga para a Liga Europa. Mitroglou, que já esteve defendendo seu país na última Eurocopa, vai começando a dar forma a sua carreira que já foi mais instável.

4) Niklas Moisander – Ajax

Moisander perdeu apenas para Xavi em questão de passes

Moisander perdeu apenas para Xavi em questão de passes

Considerado o substituto do zagueiro Jan Vertonghen, o finlandês Niklas Moisander do Ajax fez boa fase de grupos, mesmo com a eliminação de seu time. Apesar de acumular duas goleadas por 4×1 nas rodadas derradeiras do torneio, o defensor conseguiu se destacar ao lado do parceiro Toby Alderweireld. Curiosamente, os dois estão no top 5 de jogadores que mais passaram bolas nessa fase de grupos.

Nesse quesito, Moisander ficou atrás apenas de Xavi do Barcelona. O finlandês tentou dar 480 passes e concluiu 404, ou seja, teve 84% de aproveitamento em seus passes. O catalão concluiu 92% dos passes. Essa é apenas uma amostra de como o Ajax aplica sua filosofia de toque de bola, vinda desde a metade do último século. Na vitória ou na derrota, é bola no pé.

3) Silvio Proto – Anderlecht

Desde 2005 no Anderlecht, o belga com origens italianas Silvio Proto se fixou como titular do time e exibiu ótima forma na meta de sua equipe, se tornando, assim, um dos grandes nomes da campanha dos Roxos. A principal partida do goleiro foi contra o Milan, curiosamente, time que, segundo ele, é o preferido de sua família.

Outro ponto peculiar de Proto é que ele, juntamente com os já citados Biglia e Mbokani, além de Milan Jovanović, ajudou a formar a equipe que mais me chamou a atenção dentre os eliminados na fase de grupos da Liga dos Campeões. Porém, o Anderlecht não pode reclamar do grupo em que caiu, pois era uma chave, de certa forma, “acessível”.

2) Alan – Sporting Braga

Desde que o Braga começou a se aventurar Europa afora, o meia-atacante Alan tem se destacado. Antes do início da competição, o brasileiro havia marcado quatro vezes em 44 jogos por torneios UEFA. Alan abandona a fase de grupos da Liga dos Campeões com nove gols na conta. A importância do brasileiro foi tão grande que em todos os jogos em que o Braga fez gol, Alan também marcou.

A partida mais chamativa do meio-campista foi contra o Manchester United no Old Trafford, onde marcou dois gols e o Braga abriu 2×0. Os portugueses acabaram cedendo a virada mais tarde, mas esses tentos o ajudaram a igualar-se com Messi na lista de artilheiros com cinco gols.

1) Oscar – Chelsea

Oscar não sentiu o peso de uma Champions League

Oscar não sentiu o peso de uma Champions League

Longe de querer duvidar da capacidade técnica do garoto Oscar, mas eu esperava ver o rapaz mais acanhado nos jogos de UEFA Champions League. Nada disso aconteceu. Em sua estreia contra a Juventus, Oscar não se intimidou e marcou dois gols. No restante da campanha foram outros três tentos, sendo um do meio-campo contra o Shakhtar Donetsk.

Oscar não chega a ser uma surpresa – talvez uma revelação para os europeus -, mas o modo como atuou no torneio, sem sentir o peso de defender o atual campeão do continente, impressionou. Nos próximos anos, se o Chelsea arrumar a casa, Oscar tem tudo para brilhar muito mais na Liga dos Campeões da Europa.

*Crédito das imagens: Getty Imagens

“Reacções dos adeptos”

Para fechar sobre o tema “Europa League 2010/11”, faço agora um post com uma série de vídeos das reações dos torcedores, ou “reacções dos adeptos” sobre o jogo. Confira abaixo:

– Vídeo da festa da torcida portista em Vila Real, no norte de Portugal. Perceba que aparece um brasileiro com a camisa do Flamengo! Algo meio insólito, pois ele parece meio perdido na festa.

– Agora a festa na capital portuguesa, Lisboa.

– Confira a festa da torcida do Porto nos minutos finais do jogo no Aviva Stadium em dois vídeos.

– A festa da torcida do Porto em meio a volta olímpica.

– Agora confira um vídeo especial da RTP de Portugal, onde além de momentos do jogo, podemos ver a festa da torcida do Porto.

– A torcida do Porto, mesmo em Portugal, fez sua festa.

– Assista agora a recepção da torcida do Porto aos jogadores na Avenida dos Aliados, uma das mais importantes ruas da cidade do Porto.

– Se você quiser entender o que eles cantam: “Venceremos, venceremos! Venceremos outra vez! O Porto vai ganhar a taça, como em 2003 (quando ganhou a Copa da Uefa).

Só pra mudar um pouquinho…

– Não podia faltar a narração portuguesa, ora pois. Como havia legenda nesse vídeo, dá para dizer que a narração foi de João Ricardo Pateiro, da rádio TSF.

Os colombianos

Falcão García fez o gol do título (Getty Images)

Quem leu o último post do blog Europa Football, sabe da minha aposta de quem decidiria a final pro Porto. Era exatamente uma dupla colombiana que atua no Dragão. Freddy Guarín e Radamel Falcão García.

Ambos fizeram uma Liga Europa muito boa, sendo decisivos e fazendo um excelente uso de suas virtudes.

Freddy Guarín é um bom marcador e que tem uma saída de jogo precisa. É forte fisicamente, rápido, entra na área e finaliza muito bem. O camisa 6 do Porto assumiu a titularidade da equipe no meio da temporada, e com méritos. Sempre era colocado no meio das partidas por André Villas-Boas e mostrava bom futebol. Sua técnica com a bola no pé mostravam que era muito justa sua titularidade.

Já Falcão é titular incontestável. É o famoso centro-avante moderno. Não é pesadão, mas é de área. É rápido, sabe se movimentar, sair de área e buscar a tabela. E o melhor de tudo, sabe botar a bola na rede. Antes da final, haviam sido 16 vezes que Falcão havia saído pro abraço na Europa League. Matador, o colombiano sabe transformar uma bola quadrada em gol.

Quem leu o post também sabe que segundo este que vos tecla, um dia ruim da zaga do Braga e tudo poderia ir para o espaço. A zaga bracarense não esteve num dia ruim, mas teve um momento ruim na partida que custou o título.

Mas também seguindo a lógica, era hoje que o Braga deveria sofrer um gol.

Antes do apito inicial de Carlos Verdasco Carballo, o Braga só havia sofrido 4 gols em 8 jogos. Matemática pura! Gol sofrido em jogo sim, jogo não. Os Arsenalistas sofreram dois do Benfica no jogo de ida das semifinais e seguraram o ataque dos Encarnados na volta, seguindo a lógica, deveriam ter tomado pelo menos um gol hoje.

Hulk também apanhou (Getty Images)

Outra coisa que “previ”, foi que seria um jogo nervoso. Aliás, qualquer um poderia prever isso. Não é pra menos. O Braga encarava sua primeira decisão européia na história, enquanto o Porto, mesmo tendo um histórico grande nas competições Uefa, é um time que nos últimos anos tinha chego nos grandes jogos como “zebra”, “franco-atirador” e com outros apelidos do tipo. Hoje era diferente. O Porto era o favorito, tinha, em tese, a obrigação de no mínimo ser mais efetivo no ataque. E isso nem sempre é bom psicologicamente. Somando os dois fatores, o resultado foi um jogo nervoso.

Esse nervosismo estragou o jogo, que foi bem abaixo das expectativas. O primeiro tempo foi de um marasmo que só… Muitos toques de lado, muitas faltas, raras chances de gol, até a minha previsão se concluir.

Que foto, hein? (AP)

Freddy Guarín pegou a bola na direita, brecou a passada e cruzou para Falcão García, que aproveitando o espaço deixado pela defesa do Braga, cabeceou pro gol. Os dois colombianos e a falha da zaga bracarense não só me davam fama de vidente, como deixavam uma histórinha para contarmos sobre a etapa inicial, que como eu disse acima, foi morninha…

O Braga, acostumado a segurar os resultados, teve de fazer algo que pouco precisou nessa Europa League: gols! E essa chance veio logo no comecinho da etapa final, quando Mossoró, com 40 segundos em campo, ficou cara-a-cara com Hélton e tremeu na base, perdendo um gol feito.

Mossoró tremeu (AFP)

Depois que Mossoró perdeu aquele gol, ficava claro que não era o dia do Braga. O time não assustou mais Hélton, além do Porto desistir de atacar, deixando o jogo mais nervoso, do que jogado.

Por quanto mais que pese a não expulsão de Sapunaru, – com cartão amarelo, o defensor fez falta dura no meio campo e o árbitro deixou passar – o Braga não atacou. Não sei se no onze contra dez os bracarenses conseguiriam algo diferente, até porque a sensação que ficou era que se ao invés do Braga fosse um time mais forte, não sei se o Porto aguentaria. Eu cansei de dizer durante a semana: “o time do Braga é muito limitado”. Claro que teve méritos em chegar a final, mas se não fizesse o jogo dos sonhos contra o Porto, poderíamos dizer que o então título bracarense seria um acidente da natureza.

Pro Braga é bola pra frente, mas é preciso olhar com muito cuidado pro futuro. Domingos Paciência deve ir para Lisboa treinar o Sporting. O capitão Vandinho já disse que seu ciclo no Braga acabou, Sílvio confirmou que jogará no Atlético de Madrid e Artur deve se transferir pro Benfica. Fora outros jogadores que possam eventualmente receber propostas de outros times. Deve haver um desmanche no Braga e não custa lembrar: o Braga não é o Benfica, não é o Porto, não é o Sporting. O Braga é um time pequeno e talvéz não consiga se remontar.

Fica a interrogação no futuro do Braga.

Ora pois, somos campeões! (AP)

Embora o jogo tenha sido ruim e o Porto não tenha jogo nem 50% do que pode, o título é merecido. Os Dragões apresentaram o melhor futebol da competição, com vitórias avassaladoras e convincentes, um futebol… atraente. Não chegou a ser bonito, mas era legal de ver, era certo que veríamos um time ofensivo e que não seria por falta de finalizações que não venceria o jogo.

Somente no jogo de hoje que faltou isso. O Porto tentou furar a barreira bracarense nos primeiros minutos, mas logo desistiu e passou a entrar no jogo do Braga. Pode-se dizer que o gol saiu por acaso, quando as equipes já iam em “ritmo de intervalo”.

Parabéns ao Porto e aos fanáticos filhos do Dragão! Vocês merecem mesmo, pelo belo time montado!