Europeus e a Copa das Confederações: 2001 – França faz a trinca

A França se tornou a segunda seleção europeia a conquistar a Copa das Confederações

A França se tornou a segunda seleção europeia a conquistar a Copa das Confederações

Vagamos agora para a edição de 2001 da Copa das Confederações, a primeira que pôde ser chamada de “evento teste” para a Copa do Mundo, isso porque Coreia do Sul e Japão sediaram os dois torneios. O representante da Europa naquele ano foi a França que chegou, não só com a chancela de campeão continental em 2000, como também de campeão mundial em 1998. Aliás, os franceses poderiam ter disputado o torneio em 1999 como vencedores da Copa do Mundo do ano anterior, mas recusaram o convite.

A Copa das Confederações 2001 seguiu os moldes das duas edições anteriores com dois grupos de quatro equipes com os dois primeiros colocados de cada chave se cruzando nas semifinais.

Confira como foi a participação francesa nos parágrafos abaixo:

A EDIÇÃO

Roger Lemerre era o técnico da França em 2001

Roger Lemerre era o técnico da França em 2001

Diferentemente do que foi visto em outras edições, a Copa das Confederações de 2001 tinha um europeu como favorito destacado: a França. Apesar de ser estreante no torneio, a seleção de Roger Lemerre carregava nas costas os troféus do Mundo e da Europa, enquanto o Brasil, teoricamente, segunda força do torneio, vinha em má fase e já estava com seu segundo técnico após a saída de Zagallo ao término da Copa de 1998.

Apesar do favoritismo, a lista final de Lemerre para o torneio não contava com alguns nomes conhecidos do futebol francês como Fabien Barthez e Thierry Henry. Além disso, Zinedine Zidane estava fora e a camisa 10 ficou com Éric Carrière, histórico jogador do Nantes, mas de passagem curta pela seleção. Ainda assim, os Bleus estavam fortes com a presença de atletas como Patrick Vieira, Marcel Desailly, Youri Djorkaeff, Robert Pirès e Sylvain Wiltord.

Além da França, outras três seleções debutariam em 2001 na Copa das Confederações. Uma delas era a Coreia do Sul que foi um dos países-sede do evento. A outra estreante era a seleção camaronesa de Samuel Eto’o, campeã da Copa Africana de Nações de 2000. Para fechar o quadro de calouros, vinha o Canadá, vencedor da Copa Ouro de 2000, torneio marcado pela precoce eliminação de México e Estados Unidos nas quartas-de-final.

Falando na seleção mexicana, ela acumularia em 2001 a quarta participação no evento, se tornando o país que mais vezes disputou a Copa das Confederações até aquela edição. O Brasil de Émerson Leão – e de Leomar – era um dos “cascudos” do torneio, chegando a sua terceira participação. A Austrália, campeã da Oceania, e o Japão, outro dos países-sede e campeão da Ásia, fechavam a lista de participantes.

CLASSIFICAÇÃO

Steve Marlet desencantou na estreia da França na competição

Steve Marlet desencantou na estreia da França na competição

Na escolha das chaves, os quatro calouros foram divididos: enquanto canadenses e camaroneses ficaram ao lado de brasileiros e japoneses no grupo B, a França de Lemerre, junto com a Coreia de Sul, dividiu o grupo A com o atual campeão México e com a Austrália, que voltou ao torneio após ficar de fora em 1999, sendo que foi vice-campeã em 1997.

No dia 30 de maio, os franceses foram até Daegu abrir a Copa das Confederações de 2001. O desafio não inspirava facilidade: a Coreia do Sul, empurrada por mais de 60 mil torcedores que foram ao estádio apoiar sua seleção.

Nessas horas, não é exagero nenhum dizer que “torcida não ganha jogo”. Apresentando um futebol vistoso e imponente, a França foi para o intervalo com 3×0 de vantagem e com um pênalti desperdiçado. Na etapa final, Wiltord e Djorkaeff, que iniciaram a partida no banco, fecharam o placar em 5×0.

Um detalhe curioso da goleada francesa sobre a seleção sul-coreana é que Steve Marlet e Patrick Vieira, autores dos dois gols iniciais da partida, tiveram aqueles tentos como os primeiros de ambos com a camisa azul da França. Marlet não teve vida longa na seleção, mas Vieira, como todos sabem, é uma lenda do futebol no país.

Na segunda rodada, Roger Lemerre optou por trocar os onze jogadores titulares para o duelo contra a Austrália que, surpreendentemente, venceu o México na rodada inicial. A opção se mostrou infeliz e a França, mostrando previsível desentrosamento, foi dominada e derrotada por 1×0 pelos australianos. A seleção da Oceania confirmou a classificação antecipadamente.

Como a Coreia do Sul venceu e eliminou o México, a terceira rodada do grupo A seria decisiva. Duas seleções estavam com seus caminhos traçados, outras duas buscavam desenhar uma nova rota, sendo que elas não se enfrentariam. A França, pelo saldo de gols construído ainda na rodada de abertura, se garantia na semifinal com uma simples vitória, claro, caso a Coreia não aplicasse uma goleada sem proporções para cima da Austrália.

Por fim, o jogo cheio de gols acabou sendo o realizado em Ulsan entre França e México. Os Bleus meteram 4×0 nos mexicanos e confirmaram a classificação com nove gols marcados em três jogos, o melhor ataque da competição.

A Coreia do Sul até chegou a vencer a seleção australiana pelo placar mínimo, mas ficou sem a vaga, porém, orgulhando seu torcedor que veria aquele mesmo time terminar em quarto na Copa do Mundo do ano seguinte.

SEMIFINAL

No mundo dos sonhos, Brasil e França reeditariam a final da Copa do Mundo em Yokohama, na decisão da Copa das Confederações, isso tudo apesar das ausências de Zidane, Ronaldo, Rivaldo e outros. Porém, a fase da seleção brasileira era tão tenebrosa que a classificação foi garantida apenas na rodada final.

Durante a fase de grupos, o time de Émerson Leão balançou as redes somente no jogo de estreia, na vitória por 2×0 sobre Camarões. Depois disso, foram dois empates sem gols com Japão e Canadá, confirmando, assim, a segunda colocação do seu grupo e tendo de bater de frente com a França.

Apesar de ser o confronto mais desejado para a final, era nítido que o time de Lemerre era franco favorito e isso foi visto em campo. Os franceses dominaram a partida toda, mas só foram eficazes nas conclusões oriundas de bolas paradas. Pirès e Desailly aproveitaram jogadas assim para balançar as redes duas vezes a favor da França. A única chance brasileira foi convertida em gol, que foi na cobrança de falta de Ramon.

Apesar do 2×1 demonstrar uma partida apertada, o resultado e a atuação dos dois times mostrou o contrário. A superioridade francesa foi tão gritante que a sensação, até mesmo dos brasileiros, é de que ficou barato. Não teve como Émerson Leão continuar como técnico da seleção e foi demitido logo em seguida.

Na final, a França encontraria a seleção japonesa e toda nação nipônica que iria invadir Yokohama.

O ADVERSÁRIO

A decisão do dia 10 de junho seria 50,1% francesa. Apesar do adversário dos Bleus ser o Japão e a partida ser disputada em Yokohama, o técnico da seleção asiática era um francês. Philippe Troussier comandava o Japão desde 1998 e já possuía algum cartaz em seu país após boa participação com a África do Sul na Copa do Mundo da França.

Mesmo com a base da seleção sendo do futebol local, Troussier levou dois nomes que atuavam na Europa: Akinori Nishizawa, atacante do Espanyol – atuou por outros dois clubes do Velho Continente e pouco jogou – e Hidetoshi Nakata, também atacante e que ajudou a Roma a conquistar o Campeonato Italiano na temporada 2000/01.

Durante a Copa das Confederações, o Japão demonstrou muita consistência defensiva e ofensividade, chegando à decisão com três vitórias e um empate. Nos quatro jogos, foram seis gols marcados e nenhum sofrido e Nakata, grande nome do time, foi decisivo na semifinal frente à Austrália ao marcar o gol da classificação.

A DECISÃO

Pirès foi eleito craque da Copa das Confederações

Pirès foi eleito craque da Copa das Confederações

Pela segunda vez consecutiva, a França seria uma das protagonistas do duelo que envolvia o ataque mais positivo e a defesa menos vazada. Foi assim contra o Brasil que não havia sofrido gols até aquele jogo.

Quis o destino que o único tento que o Japão sofresse na Copa das Confederações saísse em um erro fatal de um dos jogadores mais experientes daquele elenco: Yoshikatsu Kawaguchi. Foi em uma saída de gol desnecessária do goleiro japonês que Patrick Vieira marcou, por cobertura, o gol do título francês.

Apesar da falha, Kawaguchi não tem muito do que se lamentar, afinal, assim como em partidas anteriores, a França desandou a perder gols e nem teve sua meta ameaçada.

Com isso, os franceses se tornaram, ao lado do Brasil, os únicos a vencer os torneios Mundial, Continental e Confederações em seguida. E a conclusão desse feito foi obtida sem Zidane, mas com o brilhantismo de Vieira e a afirmação de Robert Pirès, eleito craque da competição.

*Fotos: Getty Images

Europeus e a Copa das Confederações: 1999 – Vexame alemão

confederations cup 1999 logoNa terceira parte da série especial de aquecimento para a Copa das Confederações 2013, chegamos à primeira edição do torneio que não foi realizada na Arábia Saudita. Em 1999, o México foi o responsável por sediar a competição.

Assim como nas duas edições anteriores, a Europa foi representada por apenas uma seleção, daquela vez, pela campeã continental, a Alemanha, que se recusou a disputar o torneio dois anos antes. Recusa também houve do lado da então campeã mundial França, que teria direito de participar do torneio.

Como você poderá ver nos parágrafos seguintes, a participação germânica não foi nada boa, muito pelo contrário.

Confira nas próximas linhas a terceira parte do especial Copa das Confederações:

A EDIÇÃO

Ribbeck teve passagem pouco marcante pela seleção

Ribbeck teve passagem pouco marcante pela seleção

Com o passar dos anos, a Copa das Confederações foi ganhando os moldes que observamos nos dias atuais. O torneio, que foi nomeado como Copa do Rei Fahd em suas duas primeiras edições e foi realizada na Arábia Saudita nas três primeiras, ganhou a chancela FIFA a partir da terceira e na quarta, que é a edição destacada de hoje, recebeu nova sede: o México. Pela terceira vez em quatro campeonatos, a seleção da América do Norte disputaria a Copa das Confederações.

Em 1999, no quesito número de participações, os mexicanos só perderam para a Arábia Saudita que, apesar de não ser mais sede, conseguiu cavar seu espaço na competição ao conquistar a Copa da Ásia de 1996. É importante lembrar que os Emirados Árabes Unidos participaram da edição de 1997, justamente, por terem sido vice-campeões da citada edição da Copa da Ásia.

O Brasil, atual campeão da Copa das Confederações, participou da competição no lugar da França que, como vencedora da Copa do Mundo, recusou o convite de disputar o torneio e deu lugar a seleção brasileira, vice-campeã mundial.

Os Estados Unidos, segundo colocado da Copa Ouro, encerrava o quadro de “veteranos” da Copa das Confederações de 1999, segunda participação norte-americana.

Entre os novatos, encontrava-se a Nova Zelândia, campeã da Copa da Oceania, o Egito, campeão africano, a Bolívia, vice-campeã da Copa América – o campeão Brasil chegou como vencedor da Copa do Mundo -, além da Alemanha, personagem principal desta matéria.

Os germânicos poderiam estar na sua segunda participação, afinal de contas, teriam direito de participar da edição de 1997 como campeões da Eurocopa do ano anterior. Com a recusa, a República Tcheca, vice-campeã, participou e levou o terceiro lugar da Copa das Confederações daquele ano.

A Alemanha vivia um momento de transição naquela época. Apesar do título europeu em 1996, a participação na Copa do Mundo de 1998 foi decepcionante e ficava nítida a necessidade de renovação. Visando isso, o experiente, porém, pouco vencedor – como técnico, mas sim como assistente – Erich Ribbeck assumiu a seleção e passou a mesclar o elenco com jovens como Enke, Ballack, Ricken e Baumann com veteranos do naipe de Lehmann, Marschall e Lotthar Matthäus – com 38 anos na época.

CLASSIFICAÇÃO

Michael Preetz foi o responsável pela primeira vitória alemã em Copas das Confederações

Michael Preetz foi o responsável pela primeira vitória alemã em Copas das Confederações

O grupo alemão não era exatamente forte, também não era fraco, principalmente se fossemos comparar com a chave alternativa. O grupo A contava com México, Bolívia, Egito e Arábia Saudita, definitivamente, adversários mais acessíveis que Brasil, Nova Zelândia e EUA, seleções do grupo da Alemanha.

Para complicar e trazer mais nervosismo para a cabeça germânica, a estreia seria diante do Brasil de Vanderlei Luxemburgo. O que aliviava um pouco era, com todo respeito, a bizarrice que foi a convocação brasileira da época com jogadores do naipe de Odvan, Evanílson, Beto, Roni, Warley e outros. Em compensação, Luxa convocou atletas como Dida, Flávio Conceição, Serginho, Émerson e Zé Roberto, que viviam ótimos momentos nas carreiras. Além destes, Alex e Ronaldinho Gaúcho, ambos jovens, começaram a desempenhar papeis de destaque na seleção justamente na Copa das Confederações.

Por uma hora, alemães e brasileiros protagonizaram um duelo equilibrado no Jalisco de Guadalajara, porém, depois do primeiro gol, a porteira foi escancarada e sacramentada com a goleada do Brasil por 4×0. Ronaldinho e Alex foram os grandes nomes do jogo e três dos quatro gols saíram dos pés deles.

Apesar do massacre sofrido na estreia, Ribbeck não fez grandes mexidas para o duelo diante da Nova Zelândia. O confronto já seria decisivo, pois as duas seleções perderam na estreia e quem saísse de campo sem os três pontos estaria muito próximo da eliminação. Sabendo disso, os alemães trataram de definir a partida em menos de 40 minutos com grande participação de Michael Preetz. O histórico atacante do Hertha Berlin – e que hoje é dirigente neste mesmo clube – anotou o primeiro gol e deu o passe para Matthäus marcar o segundo, sacramentando a primeira vitória alemã na Copa das Confederações.

Na rodada decisiva diante dos Estados Unidos, o saldo de gols fez diferença. Com saldo zerado, os norte-americanos jogavam pelo empate contra os alemães, que tinham saldo -2. Porém, a Alemanha voltou a decepcionar e saiu de campo derrotada por 2×0, com dois belos gols anotados por Ben Olsen e Joe Max Moore.

A precoce eliminação na Copa das Confederações foi apenas o início da derrocada de Erich Ribbeck que, após vexame na Eurocopa do ano seguinte, foi demitido com um dos piores aproveitamentos de um técnico na história da seleção alemã. Desde então, Ribbeck nunca mais treinou um time.

DECISÕES

Sem europeus nas fases finais desde a inclusão de seleções do continente na Copa das Confederações, as semifinais da competição ganharam rosto americano. Das quatro seleções semifinalistas, duas eram da América do Norte e um da América do Sul. A Arábia Saudita era a única intrusa nesse grupo.

Na semifinal 100% americana, clássico entre México e EUA, decidido por Blanco na prorrogação. No outro duelo, massacre brasileiro, 8×2 para cima dos árabes. Na final disputada no estádio Azteca, jogo eletrizante entre México x Brasil. Os mexicanos abriram 2×0 antes do intervalo, cederam o empate, mas abriram 4×2 antes dos 30 minutos da etapa derradeira. Zé Roberto descontou, mas não pôde evitar a conquista do título no lado do México em uma das piores participações europeias na história da Copa das Confederações.

*Imagens: Getty Images

>>Confira outros posts da série:

Europeus e a Copa das Confederações: 1997 – Tchecos param na dupla “Rô-Rô”

Em 1997, a Copa do Rei Fahd passou a se chamar Copa das Confederações

Em 1997, a Copa do Rei Fahd passou a se chamar Copa das Confederações

Chegamos a 1997, ano da terceira edição da Copa das Confederações, primeira com esse nome, com a chancela FIFA e também com participantes de todas as confederações, além de ser a segunda com a inclusão de um representante europeu.

A diferença entre 1995 e 1997 é que o país do Velho Continente que foi à Arábia Saudita para a disputa da Copa das Confederações não havia sido a campeã do continente. A Alemanha, que conquistou a Eurocopa do ano anterior, recusou-se a disputar o torneio realizado em dezembro de 1997 e a vaga caiu no colo da República Tcheca, vice-campeã europeia.

Confira abaixo mais um especial sobre a Copa das Confederações, dessa vez, refazendo o caminho dos tchecos na edição de 1997:

A EDIÇÃO

Apesar da mudança do nome da competição, a Copa das Confederações seguiu alguns moldes das duas edições anteriores, como a Arábia Saudita como país-sede e o estádio King Fahd II como palco de todas as partidas.

Porém, com a chancela FIFA, o torneio ganhou contorno democrático e representantes de todas as confederações obtiveram espaço na Copa das Confederações. Além das participações do país sede e dos campeões de América do Sul, Central/Caribe, Ásia, África e Europa, os países campeões do mundo e da Oceania ganharam vagas no torneio, que passou de seis para oito times.

Com esse acréscimo, o formato da competição foi alterado e essas seleções se dividiram em dois grupos de quatro países. Diferentemente da edição anterior onde os vencedores de cada chave – de três times – se cruzaram na final, em 1997 tivemos duas semifinais com o cruzamento dos dois vencedores de cada grupo.

A República Tcheca, como foi dito anteriormente, chegou ao torneio sem ter sido campeã de seu continente e diferente do que foi visto com a Dinamarca na edição anterior, o técnico Dušan Uhrin pôde levar a base que havia disputado a Eurocopa 1996. 11 jogadores foram convocados para as duas competições, incluindo Karel Rada, Jiří Němec, Radek Bejbl, Pavel Kuka e os lendários Karel Poborský e Pavel Nedvěd, todos eles participantes da final diante da Alemanha no ano anterior.

Além dos tchecos, outras cinco seleções estrearam em 1997 na Copa das Confederações. Por motivos óbvios, a Austrália, campeã da Oceania, e o Brasil, campeão mundial em 1994, eram dois deles, afinal, foi a primeira vez que o citado continente e o vencedor da Copa tinham direito de disputar o torneio. O quadro de calouros foi completado por Emirados Árabes Unidos, vice-campeões asiáticos – a campeã Arábia Saudita entrou como país sede –, a África do Sul, campeã da CAN 1996, e o Uruguai, vencedor da Copa América de 1995.

A Arábia Saudita, país sede em todas as edições, e o México, terceiro colocado dois anos antes, eram os veteranos da Copa das Confederações 1997.

CLASSIFICAÇÃO

Nedved foi um dos remanescentes da Euro 96 (Foto: Getty Images)

Nedved foi um dos remanescentes da Euro 96
(Foto: Getty Images)

A República Tcheca caiu em um grupo que lhe rendia alguns cuidados, pois bateria de frente com os campeões da América e da África. Além de tchecos, uruguaios e sul-africanos, a seleção emiratense fechava o grupo de estreantes na Copa das Confederações.

A estreia europeia já seria marcada por um confronto direto com a África do Sul. O duelo ganhou novo cenário quando o Uruguai, horas antes, derrotara os Emirados Árabes por 2×0 e já abria vantagem na chave. O vencedor do seguinte jogo também tomaria o mesmo caminho e deixaria o oponente direto pela vaga em desvantagem logo na rodada inicial.

Os tchecos até tentaram fazer sua parte e foram para o intervalo com o placar vantajoso, 2×1, com dois gols de Vladimir Šmicer. Porém, a República Tcheca, já com Poborský, que começou no banco, em campo sofreu o empate aos 41 minutos da etapa final em um chute de rara precisão de Helman Mkhalele. A finalização da entrada da área foi no ângulo e indefensável para Srniček.

Teoricamente, o empate diante da seleção sul-africana colocaria a República Tcheca contra as cordas no jogo frente o Uruguai, mas aconteceu algo inimaginável na outra partida da chave. Com um gol no comecinho da partida de Hassan Mubarak, os Emirados Árabes derrotaram a África do Sul. Essa foi a primeira vitória em um torneio FIFA dos EAU. O resultado deu uma aliviada nos tchecos que ainda assim foram batidos pelos uruguaios em uma jornada infeliz de todo setor defensivo europeu. Nicolas Olivera e Marcelo Zalayeta anotaram os gols sul-americanos na vitória por 2×1. Siegl descontou.

Na rodada seguinte bastaria uma vitória tcheca sobre a seleção emiratense por uma diferença de gols superior a uma hipotética vitória da África do Sul sobre o Uruguai para confirmar a classificação. Apesar de estar atrás na tabela, essa missão não foi das mais difíceis. Na saída para o intervalo, o marcador já apontava 4×0 para a República Tcheca, sendo dois gols de Nedvěd. Na etapa complementar, Šmicer, que já havia balançado as redes no primeiro tempo, fez mais dois e fechou a conta em 6×1 para os tchecos, que ainda contaram com uma ajuda uruguaia na vitória sobre os sul-africanos por 4×3, e confirmaram a vaga na fase semifinal da Copa das Confederações.

O ADVERSÁRIO

Para chegar à inédita final, a República Tcheca teria a difícil missão de passar pela seleção brasileira de Zagallo. Apesar de contar com apenas sete remanescentes do tetracampeonato de 1994, o Brasil possuía uma dupla de ataque capaz de fazer inveja a qualquer equipe do planeta: Romário e Ronaldo, a dupla “Rô-Rô”. Além disso, o Velho Lobo levou Rivaldo para a Arábia Saudita. Na época, o meia-atacante, com 25 anos, começava a se fixar na seleção.

Na fase de grupos, o Brasil não passou por grandes apuros e se classificou invicto. Na estreia diante dos mandantes da competição, vitória por 3×0 com dois gols de Romário. Frente à Austrália, Zagallo optou por poupar alguns jogadores e se contentou com o empate sem gols. A vaga para a semifinal foi garantida após uma vitória sobre o México por 3×2, novamente com Romário balançando as redes.

Apesar de contar com alguns nomes de destaque internacional, quem chamou a atenção nos duelos da fase de grupos da competição foi o então jovem Denílson, de 20 anos e que ainda defendia o São Paulo. Ele participou dos três duelos do Brasil na competição e teve excelentes atuações.

AS DECISÕES

Smicer foi o principal nome tcheco na Copa das Confederações (Foto: Getty Images)

Smicer foi o principal nome tcheco na Copa das Confederações
(Foto: Getty Images)

Se enfrentar a única seleção tetracampeã do mundo na época e que tinha a disposição, atacantes como Ronaldo e Romário já seria um árduo trabalho para a República Tcheca, rever os gols sofridos na fase de grupos tornaria a situação ainda mais delicada para a seleção europeia. Apesar de possuir o melhor ataque da competição com nove gols, os tchecos tinham a defesa mais vazada entre os semifinalistas, tendo sofrido cinco tentos, a maioria deles em erros primários dos defensores.

Essas falhas continuaram a acontecer no confronto diante dos brasileiros e a derrota se tornou inevitável. Erros de posicionamento e técnicos foram a tônica da defesa que se viu a mercê da explosiva dupla Ronaldo e Romário. No triunfo canarinho por 2×0, os dois atacantes balançaram as redes uma vez cada e conduziram o Brasil para a decisão da Copa das Confederações, onde seriam campeões frente à Austrália.

Na disputa do terceiro lugar, bastou a satisfação de revidar a derrota da fase de grupos diante do Uruguai e confirmar a boa participação na competição. A vitória foi pelo placar mínimo, com gol de Edvard Lasota, aproveitando a única falha do goleiro Claudio Flores que evitara uma derrota mais elástica.

Apesar de morrer na praia, a Copa das Confederações serviu para mostrar Vladimir Šmicer para o mundo do futebol. O atleta, na época defendendo o Lens, foi o vice-artilheiro do torneio com cinco gols, ficando atrás apenas de Romário, além disso, ficou em terceiro lugar na luta pela Bola de Ouro do torneio.

>> Confira como foi a passagem da Dinamarca pela edição de 1995: