Há menos de uma semana para o início da Eurocopa, o “Europa Football” inicia sua prévia para o torneio. Aliás, “inicia” é até modo de dizer, já que os amigos estão acompanhando há meses a série “Contos da Euro”, com várias histórias que envolveram a competição.
Como diria o velho filósofo, “vamos começar pelo começo”, obviamente, o Grupo A, que terá a dona da casa, Polônia, a surpresa da última edição do torneio, Rússia, os campeões de 2004, Grécia e a figurinha carimbada, República Tcheca.
POLÔNIA: Mero mandante? Não!
O objetivo da Polônia nesta Eurocopa é provar que não estará lá apenas para receber as demais seleções do continente. O selecionado polaco não perde desde junho de 2011 e conta com uma seleção jovem e de ótimos valores. A esperança do povo local é que o ritmo vencedor do Borussia Dortmund contamine a seleção. Três atletas bicampeões alemães com o time do Vale do Ruhr disputarão a UEFA Euro 2012 pela Polônia. Todos eles com papéis de destaque nas conquistas.
Na defesa, Lukasz Piszczek é sinônimo de segurança defensiva e constante apoio ofensivo no time alemão. Despertando interesse de vários clubes da Europa, o lateral-direito se torna um ótimo elemento surpresa para o técnico Franciszek Smuda. Caso necessite, Piszczek pode atuar no meio-campo, posição de origem do jogador.
Na faixa central, a aposta vinda da Alemanha é Jakub Błaszczykowski, ou simplesmente “Kuba”. O meia foi reserva do Dortmund por muito tempo, entrava constantemente, mas nunca obteve grande destaque. Com a longa inatividade de Mário Götze, o polonês ganhou espaço e se tornou peça importante no esquema de Jürgen Klopp. Kuba passou a jogar bem e incorporar o futebol alegre do time, mostrando qualidades técnicas antes nunca vistas no jogador. O meio-campista do Dortmund chega ao torneio no melhor momento da carreira. Esta será a primeira Eurocopa de Błaszczykowski, que mesmo convocado em 2008, não pôde disputar o torneio por estar lesionado. Curiosamente, quem o substituiu foi Lukasz Piszczek.
O outro nome de destaque polonês viveu um momento de afirmação na atual temporada. Robert Lewandowski era reserva de Lucas Barrios e substituiu Shinji Kagawa na segunda metade da temporada 2010/11. Os vários gols perdidos deixaram os nove tentos anotados em segundo plano. Com o paraguaio contundido e demorando a recuperar a melhor forma, Lewandowski tomou conta da posição. O atacante amarelo terminou a última temporada 30 gols e, de certa forma, forçou a saída de Barrios. O polonês de 23 anos tem 13 tentos pela seleção de seu país e mais de 120 marcados em sua carreira.
Somado ao trio borussiano, aparece Ludovic Obraniak, meio-campista do Bordeaux. De bom reserva do Lille, o polonês foi um dos ótimos negócios de meio de temporada na França, ao se transferir para os Girondins, e esbanjando técnica nos chutes de longe, tomou conta da armação no retrancado Bordeaux de Francis Gillot.
Outra aposta interessante do time polonês é Rafal Wolski. O garoto de 19 anos teve uma grande temporada pelo Légia Varsóvia e foi chamado por Smuda. Seu estilo de jogo atrevido e bom de se ver lhe rendeu comparações ao também jovem Mário Götze, da Alemanha.
Sonhar com título, realmente, é algo impossível, mas pensar em chegar à segunda fase não é nada de outro mundo. A Polônia tem bons jogadores e contará com o apoio do torcedor. É uma das favoritas do grupo, se chegar no mata-mata, o que vier será lucro.
CONVOCADOS:
Goleiros: Wojciech Szczesny (Arsenal-ING), Przemyslaw Tyton (PSV Eindhoven-HOL), Grzegorz Sandomierski (Jagiellonia Bialystok)
Defensores: Lukasz Piszczek (Borussia Dortmund-ALE), Marcin Wasilewski (Anderlecht-BEL), Jakub Wawrzyniak (Legia Varsóvia), Marcin Kaminski (Lech Poznan), Grzegorz Wojtkowiak (Lech Poznan), Sebastian Boenisch (Werder Bremen-ALE), Damien Perquis (Sochaux-FRA)
Meio-Campistas: Eugen Polanski (Mainz-ALE), Dariusz Dudka (Auxerre-FRA), Adam Matuszczyk (Fortuna Düsseldorf-ALE), Adrian Mierzejewski (Trabzonspor-TUR), Jakub Blaszczykowski (Borussia Dortmund-ALE), Ludovic Obraniak (Bordeaux-FRA), Maciej Rybus (Terek Grozny-RUS), Kamil Grosicki (Sivasspor-TUR), Rafal Murawski (Lech Poznan), Rafal Wolski (Legia Varsóvia)
Atacantes: Robert Lewandowski (Borussia Dortmund-ALE), Artur Sobiech (Hannover-ALE), Pawel Brozek (Celtic-ESC)
RÚSSIA: Sprint final
Akinfeev, Zhirkov, Arshavin e Pavlyuchenko já têm história na seleção russa. Todos eles estiveram presentes na Eurocopa de 2008, onde o time treinado por Guus Hiddink chegou às semifinais, só parando para a futura campeã Espanha. Depois daquela eliminação, a Rússia se abalou e não conseguiu nem chegar a Copa do Mundo de 2010. A vaga para a Euro deste ano é um alívio e é considerado o “sprint final” desta geração envelhecida.
Andrei Arshavin, grande nome do time de 2008, já passou dos 30 anos de idade e se viu obrigado retornar para a Rússia para ter chance de viajar a Ucrânia e Polônia. Sua volta ao Zenit deveu-se ao fracasso que se tornou sua passagem pelo Arsenal. Inconstante em temporadas anteriores, Arshavin se tornou motivo de chacota em 2011/12 pelo péssimo futebol apresentado. Sua readaptação ao futebol russo custou a chegar, mas quando veio, acabou sendo importante para o bicampeonato do Zenit.
Roman Pavlyuchenko viveu a mesma situação de Arshavin. Reserva em um clube de Londres, neste caso, o Tottenham, o centro-avante foi contratado pelo Lokomotiv Moscow. Em nove aparições na Liga Russa, ele marcou somente dois gols. Essa queda de rendimento talvez explique a preferência do técnico Dick Advocaat pelo atacante do Zenit, Aleksandr Kerzhakov.
Na temporada 2011/12, o camisa 11 dos bicampeões russos fez seis jogos há menos que na temporada anterior, mesmo assim, anotou três gols há mais, 17 no total. Com o gol marcado na sexta-feira, no amistoso diante da Itália, Kerzhakov chegou à marca de 19 tentos com a camisa da seleção de seu país, um há menos que Pavlyucheynko.
A prova de que este time da Rússia é envelhecido está no fato dos moscovitas Alan Dzagoev e Aleksandr Kokorin serem os únicos jogadores abaixo dos 23 anos. Em compensação, oito atletas já têm 30 anos ou mais.
Além desta Euro ser o provável fechamento do ciclo de Arshavin, Pavlyuchenko e Cia., esta edição do torneio também será marcada pelo fim da “era Advocaat”. O experiente treinador holandês já anunciou que deixará a seleção após a Eurocopa e assumirá o PSV. Dick Advocaat treinou o time de Eindhoven de 1995 até 1998, conquistando a Eredivisie em 1997.
Os russos ainda tiveram a sorte de cair em um grupo “camarada”. Mesmo equilibrado, a Rússia desponta como a principal seleção. Embora este blogueiro entenda que os jogadores de destaque da Polônia vivam melhor fase técnica do que os russos, os comandados de Advocaat podem fazer a chama de 2008 reascender e conquistar a vaga nos mata-matas. A experiência, nessas horas, conta demais e os russos, tendo como base o Zenit, têm tudo para conseguir uma classificação.
CONVOCADOS:
Goleiros: Igor Akinfeev (CSKA Moscow), Vyacheslav Malafeev (Zenit) e Anton Shinin (Dínamo Moscow)
Defensores: Alexander Anyukov (Zenit), Alexei Berezutsky, Sergei Ignashevich e Kirill Nababkin (CSKA Moscow), Vladimir Granat (Dínamo Moscow), Yury Zhirkov (Anzhi), Dmitry Kombarov (Spartak Moscow) e Roman Sharonov (Rubin Kazan)
Meio-Campistas: Igor Denisov, Roman Shirokov e Konstantin Zyryanov (Zenit), Denis Glushakov (Lokomotiv Moscow), Igor Semshov (Dínamo Moscow), Alan Dzagoev (CSKA Moscow) e Marat Izmailov (Sporting-POR)
Atacantes: Andrei Arshavin e Alexander Kerzhakov (Zenit), Alexander Kokorin (Dínamo Moscow), Roman Pavlyuchenko (Lokomotiv Moscow) e Pavel Pogrebnyak (Fulham)
GRÉCIA: Mesclando a velha e nova escola
Quando se fala no futebol grego, logo nos lembramos de retrancas. O motivo deste pensamento vem de 2004. Na época, o time treinado por Otto Rehhagel conquistou a Eurocopa disputada em Portugal jogando de forma fechada, com um verdadeiro ferrolho. A única aposta ofensiva ficava na bola aérea. Foi assim que Angelos Charisteas fez o gol do título grego.
O King Otto deixou a Grécia e o português Fernando Santos assumiu em seu lugar. O treinador trabalhou em várias equipes gregas, conseguiu alguns feitos interessantes e topou o desafio de assumir a seleção nacional após a histórica Copa do Mundo de 2010, onde os gregos marcaram seu primeiro gol e venceram sua primeira partida na história do torneio.
O português trouxe uma nova mentalidade ao time. É claro que a marcação ainda é mais forte – parece que já vem embutida no cérebro dos jogadores gregos -, mas Santos já consegue tornar o time mais ofensivo. A Grécia joga atualmente no 4-3-3, com oportunista Theofanis Gekas como home de referência e com o garoto Ninis e o gigante Samaras pelos flancos.
Karagounis e Katsouranis são dois remanescentes do título de 2004 e dão um toque de experiência ao time, que além de Ninis, têm dois jovens vindos da Bundesliga: Kyriakos Papadopoulos do Schalke e Kostas Fortounis do rebaixado Kaiserslautern. O primeiro é meio “desmiolado”, porém, eficiente no jogo aéreo. Já o segundo foi um dos poucos destaques da trágica campanha do Lautern. Pode ser ele o responsável por um pouco mais classe no meio-campo.
Porém, os gregos vivem indefinições na meta. Desde a aposentadoria de Antonios Nikopolidis, Fernando Santos fica na dúvida entre o veterano Kostas Chalkias, Michalis Sikafis e Alexandros Tzorvas. A inatividade do último citado pode fazer com que o segundo citado, Sifakis, seja o titular na Euro.
Apostar em um novo milagre é demais. A Grécia tem um time ajustado e que pode incomodar na fase de grupos, sempre lembrando que com Fernando Santos no comando técnico, os gregos perderam apenas uma partida. Porém, um bicampeonato, no momento, não passa de sonho. Era também em 2004 e vimos no que deu…
CONVOCADOS:
Goleiros: Kostas Chalkias (PAOK), Michalis Sifakis (Aris) e Alexandros Tzorvas (Palermo-ITA)
Defensores: Vasilis Torosidis, Avraam Papadopoulos e Jose Holebas (Olympiakos), Kyriakos Papadopoulos (Schalke 04-ALE), Stelios Malezas (PAOK), Giorgos Tzavellas (Monaco-FRA), Sokratis Papastathopoulos (Werder Bremen-ALE)
Meio-Campistas: Grigoris Makos (AEK), Giannis Maniatis e Giannis Fetfatzidis (Olympiakos), Kostas Katsouranis, Giorgos Karagounis e Sotiris Ninis (Panathinaikos), Giorgos Fotakis (PAOK) e Kostas Fortounis (Kaiserslautern-ALE)
Atacantes: Giorgos Samaras (Celtic-ESC), Dimitris Salpigidis (PAOK), Theofanis Gekas (Samsunspor-TUR), Nikos Limberopoulos (AEK) e Kostas Mitroglou (Atromitos)
REPÚBLICA TCHECA: Sem empolgar
Acostumados a ver em campo, pela sua seleção, jogadores como Pavel Nedved, Karel Poborský e Vladimír Smicer, o povo tcheco enxerga de forma torta o time atual. Carente de bons jogadores, a República Tcheca chega à Eurocopa com um elenco envelhecido e com jovens de talento duvidoso.
O trio de destaque tcheco estava presente em Portugal 2004: o goleiro Petr Cech, o meio-campista Thomas Rosicky e o atacante Milan Baros.
O arqueiro do time é o único do trio que chega em grande forma. Campeão europeu e tendo agarrado um pênalti de Arjen Robben na prorrogação, Petr Cech terminou a temporada muito bem. Após períodos instáveis, o goleiro tcheco foi peça primordial da conquista do Chelsea, principalmente nos históricos duelos com o Barcelona.
Rosicky declinou demais na carreira. Chamado de “Pequeno Mozart” em seus tempos de Borussia Dortmund, o meia não consegue se livrar das lesões e têm sido poupado de alguns treinamentos para poder estar 100% para a disputa da Euro. Rosicky conseguiu ter uma seqüencia maior de jogos pelo Arsenal nos últimos meses, mas ainda não lembrou aquele jogador que encantou a Alemanha.
Se o declínio do tcheco gunner se deve muito mais pela questão física, a de Milan Baros é técnica mesmo. Artilheiro da edição de 2004 da Eurocopa, o centro-avante rodou por vários clubes até se fixar no Galatasaray em 2008. Pouco, para quem atuou no Liverpool campeão europeu em 2005. O que torna a sua queda mais agravante está nos números. Na temporada em que chegou à Turquia, Baros anotou o satisfatório número de 26 gols. Nas temporadas seguintes, seus tentos baixaram para 16, 11 e 8.
Para alívio do povo tcheco, o técnico Michael Bilek chamou dois jovens centro-avantes para tentar fazer sombra em Baros: Tomás Pekhart e Tomás Necid. O primeiro viveu altos e baixos no Nuremberg, enquanto o segundo fez temporada razoável pelo CSKA. Ambos têm bom histórico nas seleções de base da República Tcheca, mas pouca experiência no time profissional, o que dá a entender que Baros seguirá soberano na posição.
Todos estarão de olho no trio Cech, Rosicky e Baros na República Tcheca, mas é bom prestar atenção na dupla do Viktoria Plsen, Václav Pilar e Daniel Kolár. Os dois meio-campistas são atrevidos e chamaram a atenção de alguns clubes na última temporada. Pilar, inclusive, já está vendido ao Wolfsburg.
Michal Kadlec, Marek Suchy, Jaroslav Plasil e Petr Jiracek são outros jogadores interessantes do elenco tcheco.
Eu enxergo a República Tcheca um pouco abaixo das outras três seleções. Talvez no mesmo nível da Grécia, mas ainda assim, não no patamar elevado de russos e poloneses. A esperança está depositada nos jogadores mais experientes, cabe a eles assumirem a responsabilidade e tentar levar a seleção longe.
CONVOCADOS:
Goleiros: Petr Cech (Chelsea-ING), Jan Lastuvka (Dnepropetrovsk-UCR), Jaroslav Drobny (Hamburgo-ALE)
Defensores: Frantisek Rajtoral (V.Pilsen), Roman Hubnik (Hertha-ALE), Tomas Sivok (Besiktas-TUR), Michal Kadlec (Leverkusen-ALE), Theodor Gebre Selassie (Liberec), David Limbersky (V.Pilsen), Marek Suchy (Spartak Moscow-RUS)
Meio-Campistas: Tomas Rosicky (Arsenal-ING), Jaroslav Plasil (Bordeaux-FRA), Jan Rezek (Anorthosis Famagusta-CHP), Daniel Kolar (V.Pilsen), Vladimir Darida (Plzen), Petr Jiracek (Wolfsburg-ALE), Milan Petrzela (V.Pilsen), Vaclav Pilar (V.Pilsen), Tomas Hubschman (Donetsk-UCR)
Atacantes: Milan Baros (Galatasaray-TUR), David Lafata (Jablonec), Tomas Pekhart (Nuremberg-ALE), Tomas Necid (CSKA Moscow-RUS)