EURO 2012: Velhas e novas zebras no Grupo A

Há menos de uma semana para o início da Eurocopa, o “Europa Football” inicia sua prévia para o torneio. Aliás, “inicia” é até modo de dizer, já que os amigos estão acompanhando há meses a série “Contos da Euro”, com várias histórias que envolveram a competição.

Como diria o velho filósofo, “vamos começar pelo começo”, obviamente, o Grupo A, que terá a dona da casa, Polônia, a surpresa da última edição do torneio, Rússia, os campeões de 2004, Grécia e a figurinha carimbada, República Tcheca.

POLÔNIA: Mero mandante? Não!

Lewandowski é o grande artilheiro da Polônia (Cyfrasport)

O objetivo da Polônia nesta Eurocopa é provar que não estará lá apenas para receber as demais seleções do continente. O selecionado polaco não perde desde junho de 2011 e conta com uma seleção jovem e de ótimos valores. A esperança do povo local é que o ritmo vencedor do Borussia Dortmund contamine a seleção. Três atletas bicampeões alemães com o time do Vale do Ruhr disputarão a UEFA Euro 2012 pela Polônia. Todos eles com papéis de destaque nas conquistas.

Na defesa, Lukasz Piszczek é sinônimo de segurança defensiva e constante apoio ofensivo no time alemão. Despertando interesse de vários clubes da Europa, o lateral-direito se torna um ótimo elemento surpresa para o técnico Franciszek Smuda. Caso necessite, Piszczek pode atuar no meio-campo, posição de origem do jogador.

Na faixa central, a aposta vinda da Alemanha é Jakub Błaszczykowski, ou simplesmente “Kuba”. O meia foi reserva do Dortmund por muito tempo, entrava constantemente, mas nunca obteve grande destaque. Com a longa inatividade de Mário Götze, o polonês ganhou espaço e se tornou peça importante no esquema de Jürgen Klopp. Kuba passou a jogar bem e incorporar o futebol alegre do time, mostrando qualidades técnicas antes nunca vistas no jogador. O meio-campista do Dortmund chega ao torneio no melhor momento da carreira. Esta será a primeira Eurocopa de Błaszczykowski, que mesmo convocado em 2008, não pôde disputar o torneio por estar lesionado. Curiosamente, quem o substituiu foi Lukasz Piszczek.

O outro nome de destaque polonês viveu um momento de afirmação na atual temporada. Robert Lewandowski era reserva de Lucas Barrios e substituiu Shinji Kagawa na segunda metade da temporada 2010/11. Os vários gols perdidos deixaram os nove tentos anotados em segundo plano. Com o paraguaio contundido e demorando a recuperar a melhor forma, Lewandowski tomou conta da posição. O atacante amarelo terminou a última temporada 30 gols e, de certa forma, forçou a saída de Barrios. O polonês de 23 anos tem 13 tentos pela seleção de seu país e mais de 120 marcados em sua carreira.

Somado ao trio borussiano, aparece Ludovic Obraniak, meio-campista do Bordeaux. De bom reserva do Lille, o polonês foi um dos ótimos negócios de meio de temporada na França, ao se transferir para os Girondins, e esbanjando técnica nos chutes de longe, tomou conta da armação no retrancado Bordeaux de Francis Gillot.

Outra aposta interessante do time polonês é Rafal Wolski. O garoto de 19 anos teve uma grande temporada pelo Légia Varsóvia e foi chamado por Smuda. Seu estilo de jogo atrevido e bom de se ver lhe rendeu comparações ao também jovem Mário Götze, da Alemanha.

Sonhar com título, realmente, é algo impossível, mas pensar em chegar à segunda fase não é nada de outro mundo. A Polônia tem bons jogadores e contará com o apoio do torcedor. É uma das favoritas do grupo, se chegar no mata-mata, o que vier será lucro.

CONVOCADOS:

Goleiros: Wojciech Szczesny (Arsenal-ING), Przemyslaw Tyton (PSV Eindhoven-HOL), Grzegorz Sandomierski (Jagiellonia Bialystok)

Defensores: Lukasz Piszczek (Borussia Dortmund-ALE), Marcin Wasilewski (Anderlecht-BEL), Jakub Wawrzyniak (Legia Varsóvia), Marcin Kaminski (Lech Poznan), Grzegorz Wojtkowiak (Lech Poznan), Sebastian Boenisch (Werder Bremen-ALE), Damien Perquis (Sochaux-FRA)

Meio-Campistas: Eugen Polanski (Mainz-ALE), Dariusz Dudka (Auxerre-FRA), Adam Matuszczyk (Fortuna Düsseldorf-ALE), Adrian Mierzejewski (Trabzonspor-TUR), Jakub Blaszczykowski (Borussia Dortmund-ALE), Ludovic Obraniak (Bordeaux-FRA), Maciej Rybus (Terek Grozny-RUS), Kamil Grosicki (Sivasspor-TUR), Rafal Murawski (Lech Poznan), Rafal Wolski (Legia Varsóvia)

Atacantes: Robert Lewandowski (Borussia Dortmund-ALE), Artur Sobiech (Hannover-ALE), Pawel Brozek (Celtic-ESC)

RÚSSIA: Sprint final

Aos poucos, Kerzhakov vem tirando o espaço de Pavlyuchenko (Reuters)

Akinfeev, Zhirkov, Arshavin e Pavlyuchenko já têm história na seleção russa. Todos eles estiveram presentes na Eurocopa de 2008, onde o time treinado por Guus Hiddink chegou às semifinais, só parando para a futura campeã Espanha. Depois daquela eliminação, a Rússia se abalou e não conseguiu nem chegar a Copa do Mundo de 2010. A vaga para a Euro deste ano é um alívio e é considerado o “sprint final” desta geração envelhecida.

Andrei Arshavin, grande nome do time de 2008, já passou dos 30 anos de idade e se viu obrigado retornar para a Rússia para ter chance de viajar a Ucrânia e Polônia. Sua volta ao Zenit deveu-se ao fracasso que se tornou sua passagem pelo Arsenal. Inconstante em temporadas anteriores, Arshavin se tornou motivo de chacota em 2011/12 pelo péssimo futebol apresentado. Sua readaptação ao futebol russo custou a chegar, mas quando veio, acabou sendo importante para o bicampeonato do Zenit.

Roman Pavlyuchenko viveu a mesma situação de Arshavin. Reserva em um clube de Londres, neste caso, o Tottenham, o centro-avante foi contratado pelo Lokomotiv Moscow. Em nove aparições na Liga Russa, ele marcou somente dois gols. Essa queda de rendimento talvez explique a preferência do técnico Dick Advocaat pelo atacante do Zenit, Aleksandr Kerzhakov.

Na temporada 2011/12, o camisa 11 dos bicampeões russos fez seis jogos há menos que na temporada anterior, mesmo assim, anotou três gols há mais, 17 no total. Com o gol marcado na sexta-feira, no amistoso diante da Itália, Kerzhakov chegou à marca de 19 tentos com a camisa da seleção de seu país, um há menos que Pavlyucheynko.

A prova de que este time da Rússia é envelhecido está no fato dos moscovitas Alan Dzagoev e Aleksandr Kokorin serem os únicos jogadores abaixo dos 23 anos. Em compensação, oito atletas já têm 30 anos ou mais.

Além desta Euro ser o provável fechamento do ciclo de Arshavin, Pavlyuchenko e Cia., esta edição do torneio também será marcada pelo fim da “era Advocaat”. O experiente treinador holandês já anunciou que deixará a seleção após a Eurocopa e assumirá o PSV. Dick Advocaat treinou o time de Eindhoven de 1995 até 1998, conquistando a Eredivisie em 1997.

Os russos ainda tiveram a sorte de cair em um grupo “camarada”. Mesmo equilibrado, a Rússia desponta como a principal seleção. Embora este blogueiro entenda que os jogadores de destaque da Polônia vivam melhor fase técnica do que os russos, os comandados de Advocaat podem fazer a chama de 2008 reascender e conquistar a vaga nos mata-matas. A experiência, nessas horas, conta demais e os russos, tendo como base o Zenit, têm tudo para conseguir uma classificação.

CONVOCADOS:

Goleiros: Igor Akinfeev (CSKA Moscow), Vyacheslav Malafeev (Zenit) e Anton Shinin (Dínamo Moscow)

Defensores: Alexander Anyukov (Zenit), Alexei Berezutsky, Sergei Ignashevich e Kirill Nababkin (CSKA Moscow), Vladimir Granat (Dínamo Moscow), Yury Zhirkov (Anzhi), Dmitry Kombarov (Spartak Moscow) e Roman Sharonov (Rubin Kazan)

Meio-Campistas: Igor Denisov, Roman Shirokov e Konstantin Zyryanov (Zenit), Denis Glushakov (Lokomotiv Moscow), Igor Semshov (Dínamo Moscow), Alan Dzagoev (CSKA Moscow) e Marat Izmailov (Sporting-POR)

Atacantes: Andrei Arshavin e Alexander Kerzhakov (Zenit), Alexander Kokorin (Dínamo Moscow), Roman Pavlyuchenko (Lokomotiv Moscow) e Pavel Pogrebnyak (Fulham)

GRÉCIA: Mesclando a velha e nova escola

Fernando Santos ampliou os horizontes de pensamento grego (Reuters)

Quando se fala no futebol grego, logo nos lembramos de retrancas. O motivo deste pensamento vem de 2004. Na época, o time treinado por Otto Rehhagel conquistou a Eurocopa disputada em Portugal jogando de forma fechada, com um verdadeiro ferrolho. A única aposta ofensiva ficava na bola aérea. Foi assim que Angelos Charisteas fez o gol do título grego.

O King Otto deixou a Grécia e o português Fernando Santos assumiu em seu lugar. O treinador trabalhou em várias equipes gregas, conseguiu alguns feitos interessantes e topou o desafio de assumir a seleção nacional após a histórica Copa do Mundo de 2010, onde os gregos marcaram seu primeiro gol e venceram sua primeira partida na história do torneio.

O português trouxe uma nova mentalidade ao time. É claro que a marcação ainda é mais forte – parece que já vem embutida no cérebro dos jogadores gregos -, mas Santos já consegue tornar o time mais ofensivo. A Grécia joga atualmente no 4-3-3, com oportunista Theofanis Gekas como home de referência e com o garoto Ninis e o gigante Samaras pelos flancos.

Karagounis e Katsouranis são dois remanescentes do título de 2004 e dão um toque de experiência ao time, que além de Ninis, têm dois jovens vindos da Bundesliga: Kyriakos Papadopoulos do Schalke e Kostas Fortounis do rebaixado Kaiserslautern. O primeiro é meio “desmiolado”, porém, eficiente no jogo aéreo. Já o segundo foi um dos poucos destaques da trágica campanha do Lautern. Pode ser ele o responsável por um pouco mais classe no meio-campo.

Porém, os gregos vivem indefinições na meta. Desde a aposentadoria de Antonios Nikopolidis, Fernando Santos fica na dúvida entre o veterano Kostas Chalkias, Michalis Sikafis e Alexandros Tzorvas. A inatividade do último citado pode fazer com que o segundo citado, Sifakis, seja o titular na Euro.

Apostar em um novo milagre é demais. A Grécia tem um time ajustado e que pode incomodar na fase de grupos, sempre lembrando que com Fernando Santos no comando técnico, os gregos perderam apenas uma partida. Porém, um bicampeonato, no momento, não passa de sonho. Era também em 2004 e vimos no que deu…

CONVOCADOS:

Goleiros: Kostas Chalkias (PAOK), Michalis Sifakis (Aris) e Alexandros Tzorvas (Palermo-ITA)

Defensores: Vasilis Torosidis, Avraam Papadopoulos e Jose Holebas (Olympiakos), Kyriakos Papadopoulos (Schalke 04-ALE), Stelios Malezas (PAOK), Giorgos Tzavellas (Monaco-FRA), Sokratis Papastathopoulos (Werder Bremen-ALE)

Meio-Campistas: Grigoris Makos (AEK), Giannis Maniatis e Giannis Fetfatzidis (Olympiakos), Kostas Katsouranis, Giorgos Karagounis e Sotiris Ninis (Panathinaikos), Giorgos Fotakis (PAOK) e Kostas Fortounis (Kaiserslautern-ALE)

Atacantes: Giorgos Samaras (Celtic-ESC), Dimitris Salpigidis (PAOK), Theofanis Gekas (Samsunspor-TUR), Nikos Limberopoulos (AEK) e Kostas Mitroglou (Atromitos)

REPÚBLICA TCHECA: Sem empolgar

Tchecos esperam que o “Baros 2012” seja o “Baros 2004” (Reuters)

Acostumados a ver em campo, pela sua seleção, jogadores como Pavel Nedved, Karel Poborský e Vladimír Smicer, o povo tcheco enxerga de forma torta o time atual. Carente de bons jogadores, a República Tcheca chega à Eurocopa com um elenco envelhecido e com jovens de talento duvidoso.

O trio de destaque tcheco estava presente em Portugal 2004: o goleiro Petr Cech, o meio-campista Thomas Rosicky e o atacante Milan Baros.

O arqueiro do time é o único do trio que chega em grande forma. Campeão europeu e tendo agarrado um pênalti de Arjen Robben na prorrogação, Petr Cech terminou a temporada muito bem. Após períodos instáveis, o goleiro tcheco foi peça primordial da conquista do Chelsea, principalmente nos históricos duelos com o Barcelona.

Rosicky declinou demais na carreira. Chamado de “Pequeno Mozart” em seus tempos de Borussia Dortmund, o meia não consegue se livrar das lesões e têm sido poupado de alguns treinamentos para poder estar 100% para a disputa da Euro. Rosicky conseguiu ter uma seqüencia maior de jogos pelo Arsenal nos últimos meses, mas ainda não lembrou aquele jogador que encantou a Alemanha.

Se o declínio do tcheco gunner se deve muito mais pela questão física, a de Milan Baros é técnica mesmo. Artilheiro da edição de 2004 da Eurocopa, o centro-avante rodou por vários clubes até se fixar no Galatasaray em 2008. Pouco, para quem atuou no Liverpool campeão europeu em 2005. O que torna a sua queda mais agravante está nos números. Na temporada em que chegou à Turquia, Baros anotou o satisfatório número de 26 gols. Nas temporadas seguintes, seus tentos baixaram para 16, 11 e 8.

Para alívio do povo tcheco, o técnico Michael Bilek chamou dois jovens centro-avantes para tentar fazer sombra em Baros: Tomás Pekhart e Tomás Necid. O primeiro viveu altos e baixos no Nuremberg, enquanto o segundo fez temporada razoável pelo CSKA. Ambos têm bom histórico nas seleções de base da República Tcheca, mas pouca experiência no time profissional, o que dá a entender que Baros seguirá soberano na posição.

Todos estarão de olho no trio Cech, Rosicky e Baros na República Tcheca, mas é bom prestar atenção na dupla do Viktoria Plsen, Václav Pilar e Daniel Kolár. Os dois meio-campistas são atrevidos e chamaram a atenção de alguns clubes na última temporada. Pilar, inclusive, já está vendido ao Wolfsburg.

Michal Kadlec, Marek Suchy, Jaroslav Plasil e Petr Jiracek são outros jogadores interessantes do elenco tcheco.

Eu enxergo a República Tcheca um pouco abaixo das outras três seleções. Talvez no mesmo nível da Grécia, mas ainda assim, não no patamar elevado de russos e poloneses. A esperança está depositada nos jogadores mais experientes, cabe a eles assumirem a responsabilidade e tentar levar a seleção longe.

CONVOCADOS:

Goleiros: Petr Cech (Chelsea-ING), Jan Lastuvka (Dnepropetrovsk-UCR), Jaroslav Drobny (Hamburgo-ALE)

Defensores: Frantisek Rajtoral (V.Pilsen), Roman Hubnik (Hertha-ALE), Tomas Sivok (Besiktas-TUR), Michal Kadlec (Leverkusen-ALE), Theodor Gebre Selassie (Liberec), David Limbersky (V.Pilsen), Marek Suchy (Spartak Moscow-RUS)

Meio-Campistas: Tomas Rosicky (Arsenal-ING), Jaroslav Plasil (Bordeaux-FRA), Jan Rezek (Anorthosis Famagusta-CHP), Daniel Kolar (V.Pilsen), Vladimir Darida (Plzen), Petr Jiracek (Wolfsburg-ALE), Milan Petrzela (V.Pilsen), Vaclav Pilar (V.Pilsen), Tomas Hubschman (Donetsk-UCR)

Atacantes: Milan Baros (Galatasaray-TUR), David Lafata (Jablonec), Tomas Pekhart (Nuremberg-ALE), Tomas Necid (CSKA Moscow-RUS)

Não existem palavras

Atletas bávaros não acreditam no resultado (Getty Images)

O Bayern perdeu a UEFA Champions League em casa e o que eu posso dizer sobre isso? Lamento amigos, quase nada!

Como fã do futebol alemão, admito que torcia pelo time bávaro. Mesmo tendo uma simpatia maior com o rival amarelo de Dortmund, sempre gosto de ver os times germânicos nas posições mais altas nas competições internacionais. Pouco valor tem se é rival ou não, o importante é torcer e ver estes times representando bem o futebol do país.

Diferente de 2010, onde nem cheguei a acompanhar a partida contra a Inter, a peleja disputada no último sábado, diante do Chelsea, me teve como espectador e como ser perplexo após o término da citada disputa. Como pode o futebol ser tão injusto assim? Como pode transformar pessoas confiantes em fracassadas num mero chute desperdiçado? Não parece certo! Talvez por isso sejamos apaixonados pelo esporte, nem sempre o que é legítimo, é justo. O Bayern jogou melhor, mas quem levou a “orelhuda” pra casa foram os Blues. A conquista perde legitimidade? Não!

Por isso que Uli Hoeness, presidente do Bayern, usou a melhor frase após o jogo: “Não existem palavras. É inacreditável!”. Para nós, fãs do fussball, faltam substantivos, verbos, adjetivos, artigos, preposições, xingamentos, emoticons… Falta tudo! É indescritível, mais até do que um eventual título bávaro. Pelas circunstâncias de jogo e ambiente, o vice-campeonato europeu foi uma das maiores decepções da história do clube.

O Bayern jogou melhor, tinha a cidade a seu lado e ouso dizer que aqueles que odeiam o “futebol moderno” também torciam contra o milionário Chelsea. Os bávaros tiveram o jogo nas mãos no tempo normal e também no tempo extra, quando Robben perdeu um pênalti. Na disputa da marca fatal, não deu! E quiseram os “Deuses do Futebol” que o responsável pela perda do pênalti alemão fosse Bastian Schweinsteiger, cria do clube e com extrema identificação com a torcida, além de melhor jogador em campo.

O futebol propicia essas coisas!

Sim, presenciamos a história sendo escrita. Foi o primeiro título europeu do Chelsea, mas também fomos viventes de umas das derrotas mais doloridas da história do Bayern, derrota essa que talvez tenha sido até mais chocante do que a de 1999, contra o Manchester United no Camp Nou. O fato de jogar em casa, de ter desperdiçado um pênalti no tempo extra e ainda cair na disputa de penais com o principal atleta do time perdendo uma cobrança, pode doer mais do que tomar dois gols nos acréscimos em uma final.

O “Maracanazo Azul” representou o ápice do sonho de Roman Abramovic, que desde que comprou os Blues sonhava com este título. Bateu na trave em 2008, mas este ano a bola entrou e, com um time bem mais enfraquecido que outros e ainda com as histórias de má vontade dos atletas com um ex-treinador se repetindo, o caneco chegou.

Não existem motivos para desmerecer o título do clube londrino. O futebol não perdeu, ele sempre ganha, mesmo se apresentando de forma pior, só se defendendo e jogando rudemente, essa é a graça do esporte. O Chelsea parou times como Barcelona e Bayern. Não é pouca coisa. Lembrem-se, outras equipes tentaram retrancas parecidas e até mais fechadas, mas não obtiveram sucesso contra as agremiações citadas. Há algum mérito nisso!

O marfinense Didier Drogba também poderá encerrar sua carreira tendo conquistado o maior troféu de clubes da Europa. “Ah, mas ele fez corpo mole pra derrubar Scolari e Villas-Boas”. Bom, dizem que sim, mas como eu costumo dizer, futebol é um jogo sujo, é desonesto. Muitos gênios do futebol têm histórias podres para contar, mas não perdem a alcunha de craques e revolucionários do esporte. Drogba não é um monstro sagrado, é sim um grande atacante, um dos melhores da nossa geração. Junto com Samuel Eto’o, talvez tenham sido os principais jogadores africanos em campos europeus nos últimos vinte anos. Faltava um grande título pro marfinense e ele conseguiu!

Frank Lampard, John Terry e Petr Cech foram outros jogadores que, por baterem na trave diversas vezes, também merecem esse prêmio pela insistência e de certa forma, por amor ao clube. As atitudes destes jogadores com alguns ex-comandantes podem não transparecer isso, mas esses caras têm uma grande identificação com o Chelsea. Não foi o dinheiro que apenas os seduziu, mas sim a paixão que a torcida tem com clube.

Schweini lamentou seu erro (Getty Images)

Para os jogadores do Bayern, essa sensação de ser campeão europeu vai demorar mais um pouco a chegar ou talvez nem chegue. O time bávaro conseguiu participar de duas finais de UEFA Champions League e perder as duas. A geração de Phillip Lahm, Bastian Schweinsteiger e Franck Ribéry vai ficando marcada como uma das mais talentosas da história do clube, mas que fracassou nas horas decisivas.

A derrota foi tão dura que pode haver um reflexo na Seleção Alemã que estará presente na UEFA Euro 2012. Sete jogadores bávaros que disputaram a final da UEFA Champions League deverão desfilar nos campos ucranianos e poloneses no próximo mês. O Bayern é a base da Nationalelf, mas esta é a hora certa que os jogadores precisam demonstrar a fama “fria” dos alemães, dando a volta por cima após esta dura derrota.

Quase tudo no lixo

Arranca, David Luíz (Fulham, site oficial)

E hoje o zagueiro brasileiro, David Luiz estreou como titular no Chelsea na partida contra o Fulham. Ele teve uma atuação praticamente impecável, mas pôs tudo a perder no fim do jogo, mas graças a Petr Cech, se deu bem.

Durante a partida, David foi preciso nos desarmes, errou poucos passes e avançava ao ataque. Em um determinado momento do segundo tempo, ele trocou de posição com Ivanovic e se aventurou na lateral-direita – posição onde já jogou no Benfica -, aparecendo bem no campo de ataque e se tornando até uma opção melhor do que o sérvio estava sendo.

Quem assistiu ao jogo, percebia que David Luíz não parecia um garoto estreando, e sim um veterano. Além de técnica e personalidade, ele mostrava vontade. Não tinha medo das divididas e na bola mais marcante dele no jogo, ele via a bola sair pela linha de fundo, seria escanteio pro Chelsea, mas ele deu uma acrobática bicicleta e mandou pra área pra testada de Kalou.

Só que às vezes, vontade além da conta dá problema.

Nos acréscimos de Mike Dean, Dempsey invadiu a área e na sede por roubar a bola, David Luiz cometeu pênalti.

Seria um final trágico para um estreia quase perfeita. Seria um pecado ao brasileiro, que nem teve que sofrer com aquela história de adaptação, já entrou, jogou e mostrou pra quê veio, mas embaixo dos três paus do Chelsea existe um baita goleiro, Petr Cech, que defendeu a cobrança de pênalti de Dempsey.

A imagem que ficará de David Luiz nesse jogo é de sua grande atuação…mas que quase foi jogada fora por um pênalti infantil. A julgar por esse jogo, ele terá futuro na Premier League, só falta melhorar um pouquinho a cabeça, pois nem sempre vontade ganha jogo.

>>Sobre o jogo:

Dempsey perdeu um pênalti no final

Tivemos um primeiro tempo equilibrado e chato, sem grandes chances de gol em um jogo muito preso no centro. O Fulham tinha uma marcação interessante. Duas linhas de 4 bem espaçadas dentro de campo, deixando espaço entre uma linha e outra, mas ainda assim impedindo a penetração do Chelsea. Na etapa final, o jogo ficou mais interessante. O Chelsea se mandou pro ataque, Ramires perdeu a timidez e saiu mais pro jogo, a zaga avançava e o Fulham se recolhia, mas sempre encaixava um contra-ataque ou outro. O 0x0 fica de bom tamanho – mais pelo empate do que pelo placar zerado – pois tivemos um time mais afim de se defender e outro que tinha dificuldades de penetrar na bem postada defesa adversária.

No Fulham, dá pra destacar Duff, que na primeira etapa foi quem buscou jogo, embora soltasse pouco a bola. Dempsey e Dembélé eram outras boas opções dos Cottagers. Simon Davies entrou no decorrer da partida e buscou jogo, assim como Gudjohnsen. Negativo no lado do Fulham foi Murphy. Nervoso e apático, errou demais.

No Chelsea, fora David Luiz, destaco Essien. A cada dia fico mais fã dele. O senso de posicionamento dele é coisa de outro mundo. Ramires esteve tímido na etapa inicial, mas na etapa final se soltou. Malouda esteve mal, assim como Anelka e Lampard. Torres parece meio desconfortável com a camisa do Chelsea, parece ansioso por marcar um gol. Teve boas oportunidades em seus pés, mas desperdiçou por nervosismo mesmo, escolhia a opção errada. Drogba – que semanas atrás foi destacado por este que vos tecla por estar voltando aos velhos tempos – começou no banco, entrou aos 25 do segundo tempo no lugar de Torres e fez mais que o espanhol.

Menção honrosa pra Mike Dean, que deixou de dar um pênalti de Hangeland em Malouda. Foi o único grande erro do árbitro que esteve bem na partida de hoje.