
Inesperadamente, Rabiot rejeitou ser suplente da França | Foto: Divulgação/FFF
Quem é Adrien Rabiot na fila do pão?
Indiscutivelmente talentoso e com um futuro imenso pela frente, mas ainda é uma formiguinha no mundo da bola, um jogador extremamente irrelevante para a história do futebol francês.
Só no staff técnico da seleção francesa, por exemplo, temos Guy Stephan, auxiliar de larga experiência e presente no título europeu de 2000, além de um Didier Deschamps, jogador campeão mundial e treinador respeitado por trabalhos consistentes em Monaco, Marseille e agora nos Bleus.
Então, por que Rabiot, no auge de sua mediocridade perante a essas duas figuras icônicas, acha que é normal comunicar sua “renúncia” a suplência da Copa do Mundo através de um e-mail ao treinador?
Nada contra ele não querer ser reserva, é direito dele, mas alguma pessoa, por acaso, comunica uma decisão tão importante a alguém de posto superior por e-mail ou pelo menos sem conversar previamente, seja pessoalmente ou por telefone? Deschamps disse que até tentou conversar com ele – sem sucesso.
O pior é que, segundo o Le Parisien, Rabiot em momento algum explicou no e-mail porque, de fato, não quer servir a seleção. “Trata-se de um texto muito informativo, sem afeto aparente e sem explicação sobre sua decisão. Adrien Rabiot primeiro aponta seu status como um substituto. Em seguida, sem maiores explicações, declara que ‘nessas condições’, ele não fica à disposição da equipe nacional, mesmo no caso lesão de um dos meio-campistas”, informa o jornal.

Rabiot fez apenas seis jogos pela seleção principal | Foto: Divulgação/FFF
A questão aqui não é nem querer pautar comportamentos ou achar que ele deva ser “bom moço”, mas, convenhamos, que abdicar de uma suplência sem mais, nem menos, ainda mais para uma Copa do Mundo, é um atestado de imaturidade e de falta de desconfiômetro ao perceber qual seu lugar no contexto em que está inserido.
Além disso, ao simplesmente ligar o “modo dane-se” e desprezar a seleção só por não estar entre os 23, ele demonstra falta de profissionalismo e respeito com os atletas que vestirão a camisa azul no Mundial.
Deschamps convocou uma infinidade de jogadores nesse ciclo. Muitos tiveram chances, outros poderiam ter ganhado mais minutos, só que apenas 23 foram chamados. Por que Rabiot, então, se sente no direito de bater o pé e renunciar dessa maneira?
Ou será que ele acha que Alexandre Lacazette não ficou p*** por não ter sido chamado? Logo ele que trocou de time visando aumentar o rendimento para disputar a Copa. E Lucas Digne? Vinha sendo titular com a lesão de Benjamin Mendy e, por fim, não será nem reserva do atleta do Manchester City. Será que ele gostou?
Evidente que nenhum dos dois ficou feliz, ambos se frustraram com suas respectivas razões. Aliás, essa é a maior justificativa da decisão de Rabiot. O Le Parisien detalha que o atleta colocou a seleção e a Copa como maiores objetivos para a carreira em curto prazo. Óbvio que ficar entre os suplentes causa essa frustração. Em seu lugar, eu teria a mesma reação.
Só que estamos falando de futebol de alto nível, dos melhores jogadores de um país com uma safra de atletas poderosíssima, capaz de fazer frente a qualquer seleção. Muita gente boa ficou fora para outros atletas tão bons quanto entrarem na lista final. Bater o pé e esticar o bico porque não foi lembrado é de uma imaturidade tremenda e que apresenta um recado bem claro aos demais atletas: “eu sou melhor e mais importante do que vocês”.
E vamos lembrar: Deschamps assumiu a seleção em 2012 com o objetivo claro de arrumar a casa depois de três torneios seguidos com problemas disciplinares. Foi desse ideal que nomes como Samir Nasri, Hatem Ben Arfa e Karim Benzema se distanciaram da seleção.
Rabiot, com 23 anos, praticamente sentenciou seu afastamento da seleção por uma bobeira irresponsável. Bastava só ficar quieto que o tempo ajeitaria as coisas para 2022, 2026… O preço vem, e vai ser muito caro.
Histórico controverso

A mãe e agente Veronique “ajudou” a propagar a fama de “mimado” de Rabiot | Foto: Reprodução
Rabiot, apesar do talento inegável e da notória progressão nas últimas temporadas, tem já um pequeno histórico controverso. O Le Parisien chega a citar que a decisão de renunciar a seleção é um “misto de surpresa com dèja vu” para quem o conhece desde cedo.
O jornal cita três episódios em especial para exemplificar isso:
Sem o pai, falecido há dez anos, o meio-campista foi criado pela mãe Veronique, que também cuida da carreira do filho. Resultado? Algumas confusões provocadas por ela. Em 2012, ele se recusou a participar da intertemporada em Doha, no Qatar, porque sua mãe não foi convidada pelo clube a viajar, enquanto as companheiras dos demais atletas foram. A solução encontrada em Paris na época foi empresta-lo ao Toulouse.
Dois anos depois, com 18 de idade, ele pediu ao então técnico Laurent Blanc para jogar uma partida da Copa Gambardella (tradicional torneio francês sub-19), demanda essa que foi negada pois o treinador o queria numa partida da Ligue 1. Rabiot entrou e jogou um mísero minuto.
A partir deste episódio, começou uma arrastada novela para renovar o contrato. Foram meses até a confirmação no mês de outubro – que quase não aconteceu por causa do interesse forte da Roma.
O terceiro e último caso foi em 2015, na véspera da final da Copa da França. O ônibus do PSG estava no Parque dos Príncipes, pronto para partir ao Stade de France para o treino de reconhecimento. Rabiot, em um carro dirigido pela mãe, estava atrasado e foi avisado que o ônibus lhe esperava.
Destemperado, ele avisou: “ou me esperem ou vou para casa”. Blaise Matuidi, um dos líderes do elenco, conversou com Rabiot tentando retirar a ideia – tentativa frustrada.
Rabiot chegou ao Parque quando o ônibus já tinha partido. Não deu outra: voltou para a casa, mesmo com a mãe tentando retirar a ideia, e foi excluído da convocação para o jogo.
Na França, já se fala que a recusa só reforça os episódios recentes e sua fama de “filho mimado do futebol”. Afinal de contas, não bastassem esses episódios, a mãe Veronique é personagem ativa no ambiente do clube, cobrou drasticamente Laurent Blanc quando era técnico do PSG e, vira e mexe, concede entrevistas defendendo o filho com unhas e dentes e informando a vontade de negocia-lo com outros times.
Vai reclamar da fama de que maneira? Rabiot, hora de mais bola e menos bico.