É hoje o dia!

Enfim chegou o grande dia! Após uma semana de ansiedade e muita espera, finalmente chega o grande dia onde Olympique de Marseille e Paris Saint-Germain irão duelar no Stade Vélodrome em busca dos valiosos três pontos.

Pela situação das duas equipes na tabela de classificação da Ligue 1, ninguém pode pensar em tropeçar neste duelo. O Olympique de Marseille, que havia iniciado mal a temporada, conseguiu engrenar uma série de jogos sem derrota – sete jogos, mais precisamente -, mas na última rodada acabou perdendo essa invencibilidade para a grande pedra no sapato das duas equipes, o Montpellier. O time comandado por Didier Deschamps caiu diante do MHSC no Stade de la Mosson, 1×0, gol contra de Diawara.

Já o Paris Saint-Germain também vinha de uma grande invencibilidade que durava desde a primeira rodada, quando o time comandado por Antoine Kombouaré caira diante do Lorient. Na última rodada, o PSG perdeu pro Nancy por 1×0 e viu o Montpellier também se tornar uma pedra no sapato. Se no caso do OM, o time comandado por René Girard só lhe tirou a invencibilidade de sete jogos, no caso parisiense, houve a aproximação do Montpellier e no último sábado (26), a ultrapassagem na tabela de classificação. Com três gols de Olivier Giroud – artilheiro da Ligue 1, com 11 gols -, o MHSC derrotou o Sochaux por 3×1 e chegou a 33 pontos, abrindo três para o PSG.

O placar de certa forma alargado conseguido pelo Montpellier, atrapalhou um pouco a vida do Paris Saint-Germain. Se o time parisiense vencer por um gol de diferença, não assumirá a liderança, pois empatará no saldo e o ataque do Paris é pior que o ataque do Montpellier – 32 gols à 26 pro Montpellier. Ou seja, se o PSG quer voltar a ponta da competição, que vença por dois gols de diferença.

Engana-se quem pensa que a vitória não importa tanto para o Olympique de Marseille. O OM viu neste sábado times como Lille, Rennes e Toulouse vencerem e abrirem uma distância cada vez maior para os atuais vice-campeões franceses. O LOSC e o SRFC tem 28 pontos, já o TFC tem 26 e eles ocupam, respectivamente, a 3ª, 4ª e 5ª colocação da Ligue 1. O Olympique está lá atrás, na 10ª colocação, com 18 pontos. Ou seja, se Didier Deschamps quer levar o seu time para mais uma edição da Uefa Champions League, precisa parar de perder pontos e tratar de iniciar uma arrancada mais consistente que a última. Daqueles sete jogos invictos, foram 4 vitórias e 3 empates.

OLYMPIQUE DE MARSEILLE

Tudo são rosas para o Marseille na Liga dos Campeões. O time depende de si para conquistar uma vaga nas oitavas de final da maior competição de clubes da Europa. Mas o mesmo não pode ser dito da equipe na Ligue 1.

O Marseille ocupa a 10ª colocação com 18 pontos e não está perto de nada. Nem tão perto da zona de rebaixamento e nem um pouquinho perto da zona de classificação para as competições européias. Até por isso, o técnico Didier Deschamps é muito questionado nos arredores do Vélodrome.

Ele já sairia no final da temporada passada graças a série de tropeços no momento final do campeonato, que acabaram dando o título ao Lille, além do normal desgaste. Foi convencido a ficar e o time tem feito bonito fora da França, mas feio dentro de seu próprio país.

Gignac e Deschamps bateram boca após a derrota pro Olympiacos

Ao que me parece, o time já está desgastado. Alguns jogadores já não rendem mais como rendiam temporadas atrás, outros mostram vontade de sair e mais alguns outros ainda nem mostraram pra que vieram pro clube, não é Gignac? Só pra constar, o atacante sempre está contundido e nunca está em sua melhor condição física. Resultado, Deschamps chutou o balde contra Gignac. Ambos discutiram e dificilmente o jogador voltará a vestir a camisa do Marseille.

Após essa briga, a diretoria do Marseille decidiu que nenhum jogador iria para a entrevista coletiva na sexta-feira. Decisão normal, não era o melhor momento para entrevistas. As perguntas seriam muito mais voltadas para a briga de Gignac com Deschamps do quê para a derrota pro Olympiacos ou o duelo diante do PSG. Talvez não seja o caso de largar de vez a temporada e pensar em uma reformulação para a temporada seguinte, mas há casos que devem ser repensados no clube.

O único desfalque na equipe do Olympique de Marseille segue sendo Rod Fanni, que está sem jogar desde a 12ª rodada da Ligue 1. O defensor está com uma lesão no dedo do pé e Jérémy Morel seguirá jogando em seu lugar.

O Olympique de Marseille também vive a expectativa de marcar o gol 100 em Le Classique. Em toda a história do duelo, o OM anotou 99 gols em cima do PSG, sendo o primeiro gol de Bernard Bosquier e o 50º de Basile Boli.

As duas equipes estão em situações delicadas neste momento. Não pela situação de tabela, mas sim pelas crises internas e a crise do Marseille me parece ser pior que a do Paris Saint-Germain. A briga de Deschamps e Gignac pode desencadear outros conflitos que talvez estejam escondidos da mídia. Pelo clima tenso que vive o Olympique, coloco o Paris como favorito no duelo.

O CARA

Neste momento conturbado do Olympique de Marseille, o peso da responsabilidade estar caindo sobre as costas de jogadores rodados, como Lucho, Diarra e Mandanda, mas ele está caindo sobre o jovem Loic Rémy, de 24 anos. O ex-atacante do Olympique Lyonnais é o artilheiro do OM com 6 gols na Ligue 1. Ele costuma se dar bem quando joga no Stade Vélodrome, já que 4 dos seus 6 gols foram anotados no estádio do Marseille.

É, Rémy! A responsabilidade agora é tua

Rémy não é um jogador brilhante, longe disso, mas faz sua parte. Não à toa esteve nas últimas convocações da Seleção Francesa. Boa parte desse sucesso se rende a seu novo posicionamento. Durante boa parte de seu carreira, ele se notabilizou como um segundo atacante muito bom. Nítidamente era um homem de lado de campo e de muita movimentação. Mas desde que chegou ao Marseille, Rémy tem sido utilizado como centro-avante. Outro motivo deste sucesso é ocasionado pelo fracasso de Gignac, que chegou cheio de pompa do Toulouse e não jogou 10% do que jogou nos seus tempos de TFC.

Por ser um jogador leve e de bastante movimentação, Rémy conseguiu sucesso como centro-avante também porque costuma trocar bastante de posição com os atacantes de lado de campo, Valbuena e André Ayew. Isso confunde a marcação e amplia a variação de jogadas do Marseille.

Rémy pode ser chamado de “herói”. O Marseille tem jogadores como Lucho González, Mandanda, Alou Diarra e Mathieu Valbuena, mas ele, Rémy, que atrás de todas essas polêmicas conseguiu sucesso e é a grande esperança de gols do Marseille.

Provável escalação (4-3-3): Mandanda; Azpilicueta, Diawara, Nkoulou e Morel; Diarra, Cheyrou e Valbuena; Amalfitano, Rémy e André Ayew (Treinador: Didier Deschamps)

PARIS SAINT-GERMAIN

Para o jogo desta tarde – noite na França – o técnico do Paris Saint-Germain, Antoine Kombouaré tem apenas uma dúvida: quem jogará ao lado de Mamadou Sakho na zaga? Milan Bisevac ou Zoumana Camará? Além desta dúvida, Antoine Kombouaré não poderá contar com seu lateral-esquerdo titular, Tiéné, que está com uma lesão no quadril e nem foi convocado para a partida. Sylvain Armand deverá ser seu substituto. Mas caso aconteça uma derrota, não será nem pela dúvida, nem pelo desfalque que Kombouaré será criticado.

Desde o empate diante de Girondins de Bordeaux, a equipe do Paris Saint-Germain tem sido muito criticada e todas as críticas pesam em cima de Kombouaré, que tem um grande elenco a disposição, mas não faz com que o time renda o esperado pela torcida e principalmente pelos qatarianos que compraram o clube recentemente. Novos nomes de técnicos surgem no Parc des Princes e embora alguns jogadores já declarem seu apoio a Kombouaré, isso parece não ser o bastante para uma permanência no comando técnico após uma nova derrota.

Kombouaré está ameaçado no comando do PSG

Me parecerá precipitado. Sempre critiquei muito o atual técnico do Paris Saint-Germain. Kombouaré sempre apostou em jogadores de nível técnico duvidoso, além de nos jogos em que uma mexida tática ou técnica se via necessária, ele estragava o time. Mas na atual temporada ele tem feito o simples e sempre manda a campo o que tem de melhor. Por ter à disposição um trio formado por Ménez-Pastore-Nenê, suas mexidas durante a partida não se viam necessárias e por isso não atrapalhava tanto o time (caso queiram ler um texto maior sobre o caso Kombouaré, acessem Os Geraldinos, onde escrevi um texto sobre o tema). Porém, Kombouaré gosta de desafios e sabe que este é o melhor momento para enfrentar o Marseille. Isso tudo para o PSG pegar confiança com uma eventual vitória.

A última vitória do Paris Saint-Germain diante do Olympique de Marseille foi ainda na temporada passada, 2×1 no Parc des Princes. Não é nenhum tabú, mas o tempo sem vitória do time parisiense em cima do grande rival em Marseille já é um pouquinho mais extenso. Foi no dia 28 de outubro de 2008. Após estar perdendo por 2×1, o PSG buscou a virada e venceu o Marseille no Stade Vélodrome por 4×2. O homem do jogo foi Guillaume Hoarau, autor de dois gols.

O CARA

Para poder quebrar este pequeno tabú de três anos sem vencer o Olympique de Marseille no campo adversário, o Paris Saint-Germain conta com Javier Pastore, maior contratação da história da Ligue 1 – 42 milhões de euros. Mesmo tendo números satisfatórios – 6 gols, 2 assistências e 35 finalizações na L1 -, o argentino tem sido muito criticado nas últimas rodadas. O PSG tem atuado abaixo do esperado nas últimas rodadas e o peso desses atuações ruins tem caído em cima de Pastore, que também está indo mal, sendo apenas sombra do enorme investimento feito em sua contratação. Porém, a decisão é unânime: Pastore está cansado!

Cansado, Pastore?

O ex-jogador e campeão mundial de 1998, Emmanuel Petit, o meio-campista do Saint Etienne e ex-jogador do Marseille, Laurent Battles e o também meio-campista Tino Costa, hoje no Valencia e que jogou no Montpellier, foram bem claros quando perguntados pela France Football: a longa sequencia de jogos somadas as viagens para a América do Sul por jogos da Seleção Argentina cansaram Pastore. Além dos jogos pela seleção “hermana”, o camiseta número 27 do PSG tem 12 jogos pela Ligue 1 e 1011 minutos jogados.

É claro que é muita coisa, mas fica também a atenção de como deve estar a forma física de Pastore. O também argentino Lionel Messi tem números mais assustadores de jogos na temporada, nem por isso mostra sentir um eventual cansasso. Claro que há a diferença técnica e de preparação física entre ambos, mas fica o detalhe.

Cansaço à parte, o Paris Saint-Germain tem motivos de sobra para depositar em Pastore toda a sua confiança para a conquista dos três pontos. Ele tem sido decisivo, isso ninguém pode negar! Seu primeiro gol com a camisa parisiense foi no apertado 1×0 diante do Stade Brestois. No confronto direto diante do Montpellier, Pastore marcou dois dos três gols do time na vitória por 3×0. Sem falar do duelo contra o Lyon, onde seu gol abriu o caminho para a vitória por 2×0.

O cara pode estar cansado e isso pode pesar contra o PSG, mas Pastore é um jogador acima da média e é quem pode decidir para o time parisiense.

Provável escalação (4-2-3-1): Sirigu; Ceará, Camará (ou Bisevac), Sakho e Armand; Matuidi e Sissoko; Ménez, Pastore e Nenê; Gameiro (Treinador: Antoine Kombouaré)

Le Classique em copas

PSG já conquistou a Coupe de France em cima do Marseille

Claro que os clássicos em campeonatos de pontos corridos são bons. Viver aquela expectativa durante uma semana, fazer projeções com possíveis resultados, além de ver se pode indiretamente prejudicar a caminhada de um outro rival. Isso cria um clima interessante para um grande clássico.

Mas talvez esses jogos não tenham o brio de um clássico em um mata-mata. A necessidade absoluta da vitória e a possibilidade de conquistar viradas heróicas acaba se sobressaindo a um jogo de pontos corridos, onde você pode jogar por um empate e pior, dependendo do resultado, pode ajudar uma equipe alheia ao clássico.. Em um mata-mata, o resultado da partida beneficiará e atrapalhará somente quem está envolvido com o jogo.

O duelo de domingo entre Olympique de Marseille e Paris Saint-Germain marcará o 77º duelo entre ambas as equipes. Dos 76 jogos já disputados, 11 foram disputados em copas, fora um que decidiu a Supercopa da França, vencida pelo Olympique de Marseille em 2011.

Mesmo que o duelo de domingo seja disputado pelo Campeonato Francês, pontos corridos, não custa repassar alguns duelos marcantes de mata-mata de Le Classique. E não foram poucos!

O PRIMEIRO

Os duelos de número 5 e 6 da história de Le Classique ficaram reservados para as quartas de final da Copa da França da temporada 1974/75.

O confronto valia mais para o Paris Saint-Germain, que não almejava muita coisa na Ligue 1, a não ser evitar o descenso. O Marseille lutava pelo troféu do maior torneio de clubes franceses. Mas nada disso evitou que tivessemos dois jogos épicos.

Um dos grandes artilheiros do PSG, M'Pelé já balançou as redes do Marseille

Naquela época, a Copa da França ainda era disputada em jogos de ida e volta, e logo na ida vimos uma grande reação parisiense. Em um intervalo de dois minutos, o Marseille abria 2×0 com Georges Bereta e Jaizinho – o Furacão da Copa – e construia boa vantagem tendo ainda mais 35 minutos de jogo. Só que quando chegaram os 25 minutos de partida na etapa final no Vélodrome, o artilheiro François M’Pelé já havia marcado dois gols e deixado tudo igual.

O congolês M’Pelé anotou 97 gols em toda a sua carreira no Paris Saint-Germain e é o quarto maior artilheiro do clube, atrás apenas de Pauleta, Dominique Rocheteau e Mustapha Dahleb.

No jogo da volta, foi só o Paris Saint-Germain fechar a conta com o 2×0, gols de Louis Floch e Jacky Laposte. 46,471 pessoas presenciaram a primeira vitória do PSG sobre o Olympique de Marseille em toda a história do maior clássico da França. Até aquela ocasião, haviam acontecido quatro jogos, com duas vitórias do OM e dois empates.

FREGUÊS

Cinco temporadas depois as duas equipes viriam a se reencontrar em uma Copa da França. Além do reencontro após sete anos na competição, a partida também ficou marcada pelo reencontro entre os dois times após três anos. Aconteceu que naquela ocasião, o Olympique de Marseille estava na segunda divisão e por isso houve esse pequeno distanciamento dos duelos.

Porém, o que aconteceu na temporada 1981/82 foi somente a confirmação da freguesia imposta pelo Paris Saint-Germain no Olympique de Marseille em copas. Logo na partida de ida, Luis Fernández fez o gol da vitória parisiense. Na partida de volta, vitória tranquila do Paris por 3×1 e o Marseille era novamente eliminado da Copa da França pelo PSG. Futuramente o time parisiense bateria o Saint Etienne nos pênaltis e conquistaria a Copa da França.

Era o quarto jogo entre PSG e Marseille em copas e o Olympique não havia conseguido vencer nenhum jogo sequer.

TABÚ QUEBRADO

Quase dez anos depois, finalmente o Olympique de Marseille conseguiria vencer o Paris Saint-Germain em uma copa francesa. Assim como no último confronto entre os dois pela Copa da França, PSG e OM se pegaram nas oitavas-de-final. A diferença é que em 1990/91, a principal copa do país já era disputada em jogos únicos.

Jogando no Parc des Princes, o Marseille não se intimidou e com gols de Laurent Fournier e Jean-Pierre Papin derrotou o Paris por 2×0. O PSG não conseguiu repetir o feito de 1975 ao empatar o jogo em 2×2 após sair perdendo por 2×0. Por causa do regulamento, o Paris caia fora da competição.

O Olympique de Marseille passou aquela temporada inteira sem perder pro Paris Saint-Germain. Além do confronto citado acima, o OM venceu por 2×1 e 1×0 os dois duelos do Campeonato Francês. A próxima vitória do PSG sobre o Marseille em qualquer confronto só viria acontecer em 1995, justamente em uma Copa da França. O time parisiense venceu por 2×0, gols de Ricardo Gomes e George Weah.

E a freguesia voltava…

SÓ EMOÇÃO… E FREGUESIA

Ronaldinho já disputou "Le Classique"

Os últimos cinco confrontos entre as duas equipes em copas foram de enorme emoção, sempre envolvendo prorrogação, placares apertados e coração na boca dos torcedores.

O primeiro desses cinco duelos aconteceu no dia 10 de fevereiro de 2002, em jogo válido pelas oitavas de final da Copa da França da temporada 2001/02. No tempo normal, 1×1, com gols somente de zagueiros: Heinze pro PSG e Van Buyten pro Marseille. Com esse resultado, tivemos prorrogação, que acabou com o mesmo resultado. Na disputa de pênaltis, o goleiro do Paris Saint-Germain, Jerôme Alonzo catou três cobranças, inclusive a de Van Buyten, já na série alternadas, dando a vaga para o time parisiense com a apertada vitória por 7×6 nos penais.

Na temporada seguinte, as duas equipes voltaram a se encontrar pela Copa da França, desta vez na fase 16avos de final. Assim como na temporada anterior, o tempo normal da partida acabou em 1×1, a diferença é que e 2003 houve vencedor na prorrogação e novamente foi o PSG, com um gol anotado por Fiorèse.

Mais uma temporada, mais um jogo pela mesma fase da Copa da França e mais uma vitória parisiense na prorrogação. Na temporada 2003/04, as 53 mil pessoas que foram ao Vélodrome viram o tempo normal acabar em 1×1 e na prorrogação, também viram o “verdadeiro Sorín” decidir o jogo para o PSG. O “lateral” argentino surgiu na pequena área para completar cruzamento de Reinaldo – aquele mesmo, ex-São Paulo, Flamengo e que hoje está no Bahia – e classificar o Paris para a fase seguinte.

O confronto da temporada seguinte não foi pela Copa da França, mas sim pela Copa da Liga. Foi o único confronto entre as duas equipes que aconteceu por este torneio, porém, foi um duelo marcante. Com 41 minutos de jogo o Olympique de Marseille vencia o PSG por 2×0 e com menos de dez na etapa final já via a partida empatada em 2×2, graças a dois gols de Boskovic. No último minuto de jogo, a zaga do Marseille falhou feio e Mendy virou pro Paris Saint-Germain.

A fraguesia era mantida…

Dhorasoo fez o gol do título parisiense em 2006

Mas a “mãe de todos os jogos” em copas de Le Classique foi no dia 29 de abril de 2006. Paris Saint-Germain e Olympique de Marseille se enfrentaram em um dos palcos sagrados do futebol francês: o Stade de France. Naquela ocasião, as duas equipes iriam se pegar na grande final da Copa da França. E só pra variar, tivemos um jogaço.

A partida foi cercada de nervosismo, entradas duras e algumas confusões entre os jogadores. Com a bola no pé, Bonaventure Kalou abriu o placar para o Paris Saint-Germain. Na etapa final, Vikash Dhorasoo acertou um chutaço à 25 metros de distância do gol e fez o tento que deixava o Paris perto do título. Segundo o próprio meio campista, foi o gol de maior distância que marcou em sua carreira. Maoulida ainda descontou, mas não evitou que o Paris Saint-Germain conquistasse o seu sétimo de oito títulos da Copa da França.

ESTATÍSTICAS

Em jogos de copas – sejam elas a Coupe de France ou a Coupe de La Ligue – tivemos 11 confrontos entre Paris Saint-Germain contra Olympique de Marseille. O time parisiense venceu 9 jogos – estou contando a vitória nos pênaltis da temporada 2001/02 – e anotou 20 gols, enquanto o Marseille teve mísera uma vitória e marcou 11 gols. Tivemos um empate, esse ainda na época dos jogos de ida e volta.

Nossa derrota, nossa alegria

Bordeaux campeão nacional... com forcinha parisiense?

Um termo tem entrado cada vez mais no vocabulário do torcedor brasileiro: “entrega de resultados”. Não há muito o que explicar sobre esse caso, a não ser o fato de um time abdicar da vitória para prejudicar uma outra equipe, geralmente um rival ou uma equipe que já foi “sacana” com seu time um dia. Com provas ou não – na maioria das vezes, somente “achismo” define o caso -, essa história já virou rotina das retas finais de Campeonato Brasileiro.

Engana-se quem pensa que somente aqui no nosso país que acontece este tipo de coisa. Aliás, na Europa, com muito mais dinheiro rolando do que aqui, essas “entregas” talvez aconteçam até com mais frequencia do que o imaginado.

Em Le Classique essa história já rolou e dá confusão até hoje. Não só pelo resultado final, como também pelas declarações de atletas envolvidos na partida.

Decidi ir fundo na temporada 1998/99, onde isso exatamente aconteceu.

PSG: O FIEL DA BALANÇA

A 32ª rodada da temporada 1998/99 o Campeonato Francês foi a grande divisora de águas para as equipes que pretendiam buscar o título nacional. O Olympique de Marseille, então líder da competição, iria para o Parc des Princes enfrentar seu grande rival, o Paris Saint-Germain, que fazia temporada decepcionante, ocupando a 10ª colocação. Enquanto isso, o Bordeaux, vice-líder da competição, jogaria fora de casa diante do 7º colocado, Lens.

Era uma rodada crítica, onde tudo poderia acontecer. Era perfeitamente normal o Bordeaux tropeçar diante do Lens no Félix Bollaert, assim como o PSG poderia muito bem derrotar o rival Marseille. Porém, a derrota não estava nos planos nem dos Girondins, nem do OM. Isso poderia significar a perda do título.

As duas partidas aconteciam simultâneamente e no andamento da rodada, o Marseille ficara na ponta da competição. Com 5 minutos no Félix Bolaert, Ivan abria o placar pro Bordeaux, mas via os donos da casa empatar menos de dez minutos depois, com Daniel Moreira. No Parc des Princes, quem mexia no placar pela primeira vez era o Marseille, com Maurice.

Em Paris, o placar não se mexia, somente em Lens, onde até o intervalo, Nyarko virava para os donos da casa e Ivan empatava pros visitantes.

PSG e OM abriu fronteiras em 1999

As quatro equipes foram para o vestiário sabendo que o Olympique de Marseille ia disparando na liderança da competição. O OM chegava aos 68 pontos e via o Bordeaux com apenas 64.

Na etapa complementar, PSG e Bordeaux partiram para cima de seus adversários com a ideia de estragar a festa do Olympique de Marseille. Mas pareceu que a dupla combinou, pois os gols saíram em momentos próximos em cada uma das partidas.

No Félix Bollaert, Sylvain Wiltord, aos 37 minutos, recolocava o Bordeaux em vantagem com um canudo do meio da rua. Dois minutos depois, Marco Simone tabelou com Mickaël Madar e mandou para as redes, empatando o jogo no Parc des Princes. Menos de cinco minutos depois, o atacante Bruno Rodríguez vencia o goleiro Porato na corrida e com a trave aberta mandava pra dentro. Após levar a virada, o Marseille ainda viu o Bordeaux fazer o quarto gol com Micoud, no finalzinho da partida.

Prejuízo gigantesco para o Marseille, que perdia o clássico e a liderança. O Bordeaux chegava a 66 pontos e o OM ficava um ponto abaixo.

Na rodada seguinte, Marseille e Bordeaux venciam Auxerre e Lyon – respectivamente – pelo mesmo resultado, 1×0, e na última rodada, os Girondins dependiam apenas de uma vitória para ficar com o troféu mais cobiçado do futebol francês.

Quis o destino que na última rodada o Olympique de Marseille dependesse do Paris Saint-Germain para ser campeão. Isso porque na rodada derradeira da Ligue 1, o Bordeaux iria até o Parc des Princes pegar o PSG, enquanto o Marseille iria até o Stade de la Beaujoire-Louis Fonteneau pegar o Nantes. Para erguer o caneco, o OM precisaria vencer e torcer para que o PSG arrancasse pelo menos um empate do Bordeaux.

Obviamente os torcedores do Marseille ficaram com os dois pés atrás. O PSG seria capaz de derrotar o Bordeaux e dar o título para o grande rival?

O fato é que o Paris Saint-Germain engrossou a partida para o Bordeaux. Se na primeira etapa os Girondins venceram por 1×0, na etapa final os donos da casa decidiram mostrar que não queriam entregar o jogo e chegaram a deixar a partida empatada em 2×2. Quando nos aproximávamos dos acréscimos e o 2×2 de PSG x Bordeaux, somados com o 1×0 do Marseille em cima do Nantes davam o título pro OM, Pascal Feindouno, que havia entrado no decorrer da partida e não havia feito nenhum gol na temporada, desencantou e fez o gol do título do Bordeaux.

Wiltord foi o grande nome do Bordeaux em 1999

A perda do título gerou revolta nos lados de Marseille. O técnico Rolland Courbois não mediu palavras para acusar a entrega do time parisiense. Jogadores como Luccin e Dugarry também tiveram a sensação de que o PSG não fez grande força para derrotar o Bordeaux. Aqueles que adoram uma teoria da conspiração, dizem que Philippe Bergeroo, técnico do PSG na época, orientou seu time para que não fizesse muita força, já que quando jogador, atuou por 7 anos no Bordeaux e seria uma espécie premiação para o time onde jogou. Quem viu o jogo com menos paixão e mais lúcidez, percebeu que as mexidas de Bergeroo foram para vencer o jogo. Tirando a entrada de Llacer no lugar de Worns, que foi por contusão, as demais alterações visavam a vitória. Os atacantes Leroy e Adaílton entraram no lugar do meio campista Okocha e do lateral-direito Algerino, respectivamente.

Só que a primeira declaração bombástica do caso veio a acontecer mais de dez anos depois. Francis Llacer, defensor do Paris Saint-Germain naquela partida e que entrou no decorrer do jogo, disse em entrevista no mês de maio deste ano que “entrou sem muita vontade e que não era só ele.” Segundo Llacer, “a preparação pro jogo já não foi das melhores e o time entrou desmotivado em campo”.

É claro que as declarações de Llacer são polêmicas e bem esclarecedoras para quem adora uma teoria da conspiração, mas aqueles que querem olhar pro lado bom até o limite extremo – que é meu caso -, sabe que o time do Bordeaux era muito superior as demais equipes do torneio. A equipe não só era melhor como tinha um diferencial, Sylvain Wiltord, artilheiro daquela edição da Ligue 1, com 22 gols.

100% HONESTOS

O Paris Saint-Germain já “tirou” um título do Olympique de Marseille de forma meio desonesta com o acontecimento citado acima. Mas o time parisiense já complicou a vida do seu grande rival de forma honesta.

Isso aconteceu na temporada 1986/87, quando a dupla que disputou o título em 99 também disputava o título da então temporada. Antes do começo da 37ª rodada, a penúltima do torneio, o Bordeaux liderava a competição com 51 pontos, enquanto o Marseille vinha logo abaixo com 49 pontos. Só que naquela rodada, teríamos Le Classique e o Paris Saint-Germain fez a festa de seus torcedores e os do Bordeaux também ao vencer por 2×0. Somado a isso, veio a vitória do Girondins pra cima do Saint Etienne.

Com 53 pontos, o Bordeaux abria quatro pra cima do Marseille tendo apenas um jogo para disputar. Foi a primeira vez que o PSG atrapalhou a caminhada do Olympique para um possível título.

No decorrer da história, tivemos outras vitórias parisienses que deram uma leve complicada na vida do Marseille, mas poucas se comparam a essa.

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Fiquem atentos, porque amanhã trarei o histórico de Marseille e Paris Saint-Germain em copas nacionais. Fiquem de olho!