TOP 7: As decepções da Euro

Muitos jogadores de futebol vivem de “momentos”. Em tal “momento” estão bem, em tal “momento” estão mal e por aí vai. Na etapa onde vivem o auge, os atletas tendem a achar que se manterão neste estágio ou evoluirão. Porém, nos momentos onde devem provar que vivem grandes “momentos”, esses jogadores decepcionam e fraquejam quando suas ações mais são necessárias.

Não foi diferente na UEFA Euro 2012. Alguns jogadores prometiam demais para a competição, mas não conseguiram corresponder a todas as expectativas e deixaram o torneio com uma pequena mancha em suas carreiras.

Confira abaixo, os sete jogadores que mais decepcionaram na Eurocopa:

Ben Arfa é mais um francês com histórico de indisciplina

7 – Hatem Ben-Arfa (França)

Uma das surpresas de Laurent Blanc na lista prévia para o torneio, Hatem Ben-Arfa teve premiada sua grande temporada pelo Newcastle com uma convocação para a fase decisiva da Euro. Com um lugar vago no setor ofensivo do time, ele possuía boas chances de ser o titular. Embora tenha estreado bem, a revelação do Lyon perdeu moral com o desrespeito a Blanc no confronto diante da Suécia. Ele atendeu o celular no vestiário e foi repreendido pelo técnico. Ainda assim, bateu boca com Blanc por uma substituição, dizendo que muitos jogaram menos que ele e permaneciam titulares. Sua rebeldia pode custar uma suspensão da FFF, além da moral já perdida com essa crise.

6 – Christian Eriksen (Dinamarca)

Grande aposta do futebol dinamarquês para o futuro, Christian Eriksen não conseguiu ser a “cabeça pensante” do meio campo de sua seleção. Principal jogador do Ajax campeão holandês da última temporada, o armador teve atuações pra lá de apagadas e deixou uma impressão ruim após o torneio. Eriksen tem apenas 20 anos e a Euro 2012 fez parte de seu amadurecimento, mas ele tem construído um histórico preocupante de sumiços em jogos importantes.

5 – Lukasz Piszczek (Polônia)

Após duas temporadas de destaque no bicampeão alemão, Borussia Dortmund, o polonês Lukasz Piszczek já desperta as atenções de várias equipes do Velho Continente, porém, deve ter decepcionado quem foi ao torneio só para vê-lo jogar. Esforçado na marcação e preciso nos cruzamentos, o lateral-direito se tornou, na Eurocopa, uma avenida na defesa e uma peça improdutiva no ataque. Suas atuações apagadas ajudam a justificar a precoce eliminação polonesa.

4 – Franck Ribéry (França)

Após temporada muito boa pelo Bayern, Franck Ribéry chegava, juntamente com Benzema, como a grande esperança para a França na Eurocopa. Porém, diferentemente do que se imaginava, a dupla não esteve em sintonia e o jogador bávaro pouco produziu. Aparentemente perdido em uma “ilha” no lado esquerdo, Ribéry corria, corria e corria, mas não saia do lugar. O francês é um dos que começa a alimentar a fama de “pipoqueiro”, embora eu discorde dela.

Robben segue tropeçando

3 – Arjen Robben (Holanda)

Arjen Robben fez uma temporada muito boa pelo Bayern, mas desandou no final, ao perder dois pênaltis decisivos para os bávaros. O holandês poderia ter encerrado bem a temporada na UEFA Euro, porém, manteve o embalo ruim na competição. Assim como seu parceiro, Ribéry, Robben parecia estar isolado na beirada do campo e não produziu nada, nem mesmo a tradicional jogada do corte pro pé esquerdo funcionou. Foi um dos que afundou junto com a barca holandesa na Eurocopa.

2 – Karim Benzema (França)

A camisa 10 da França já foi de Michel Platini e Zinedine Zidane. Em 2012, ela pertenceu a Karim Benzema e, obviamente, todos depositavam muita confiança no atacante do Real Madrid. Quem fez isso, se decepcionou. Autor de 18 finalizações no torneio inteiro, Benzema não fez nenhum gol e ainda caracterizou-se por jogar mais fora da área do que dentro dela. Embora tenha sido um dos mais esforçados da França, não fez o que era esperado de si: gols.

Artilheiro da Premier League, van Persie fez apenas um gol na Euro

1 – Robin van Persie (Holanda)

Artilheiro da badalada Premier League, o holandês Robin van Persie sofria com a sombra do goleador máximo da Bundesliga, Huntelaar. Ainda assim, Bert van Marwijck e os torcedores da Laranja depositavam enormes esperanças no atacante do Arsenal. Com treze finalizações e um mísero gol nos três jogos que participou, RvP é apontado, por este blogueiro que vos fala, como a grande decepção da Eurocopa. Poderia ter ajudado muito mais a sua seleção, mas não foi capaz e sucumbiu ainda na fase inicial.

*Crédito das imagens: Presse Sports, AFP e Getty Images

TOP 7: Os melhores da Euro

Para encerrar a cobertura da UEFA Euro 2012, o “Europa Football” prepara uma série de posts com as listas do que houve de melhor e pior no torneio europeu. Os craques, os vexames, as surpresas, enfim, tudo que foi destaque na Eurocopa.

Para começarmos, vamos com os principais jogadores da competição. Embora a UEFA Euro não tenha se notabilizado por ter grandes atuações dos craques do momento, tivemos atletas que se sobressaíram em relação os demais e mereceram entrar nesta lista. Vamos a eles.

Özil marcou o último gol alemão na Euro 2012

7 – Mesut Özil (Alemanha)

Alemão de origem turca, o meia Mesut Özil mostrou grande classe nos campos ucranianos e poloneses. Sem ter a sombra de Cristiano Ronaldo, como ocorre no Real Madrid, o camisa 8 alemão conseguiu ter mais liberdade, não só em campo como de atenção do público mesmo. Özil deu três assistências e fez um gol, porém, não foi capaz de evitar a eliminação germânica na semifinal diante da Itália. Neste confronto, foi deslocado por Joachim Löw para a ponta direita e seu futebol foi prejudicado.

6 – Xavi (Espanha)

Uma lesão debilitou Xavi Hernández em boa parte da competição. O próprio atleta chegou a afirmar que essa contusão o atrapalhou em alguns jogos. Mesmo assim, mereceu fazer parte desta lista por bater recordes e ser decisivo na hora certa. Na partida contra a Irlanda, tentou dar 136 passes e concluiu 127, quebrando os recordes de tentativas e acertos. E na final, deu suas duas únicas assistências no torneio, porém, teve brilhante atuação, se aproveitando da frágil marcação italiana, que lhe deu totais liberdades durante os noventa minutos.

5 – Pepe (Portugal)

Famoso pelas entradas grosseiras e extremamente violentas, o brasileiro naturalizado português Pepe mostrou um estilo completamente oposto na UEFA Euro. Esbanjando classe e precisão nas ações executadas, o zagueiro pode ser apontado como um dos melhores da posição no torneio. Em toda Eurocopa, Pepe cometeu somente duas faltas e levou um cartão amarelo. Foi o pilar defensivo de Portugal.

4 – Sami Khedira (Alemanha)

Diversas vezes ofuscado por Bastian Schweinsteiger, Sami Khedira conseguiu fazer Eurocopa primorosa, muito melhor do que a de seu companheiro citado anteriormente, prejudicado por uma lesão. Constantemente chamado de “1º volante”, Khedira aparecia sempre no ataque e anotou um gol e uma assistência no torneio. Além disso, o atleta do Real Madrid arrematou 10 vezes ao gol, sendo uma das válvulas de escape do time alemão na Euro.

A melhor atuação individual da Euro foi de Cristiano Ronaldo contra a Holanda

3 – Cristiano Ronaldo (Portugal)

Chamado constantemente de “pipoqueiro”, Cristiano Ronaldo decidiu mudar sua fama nesta Eurocopa. Nos dois primeiros jogos, decepção e gols perdidos. No decisivo duelo diante da Holanda, onde o mundo inteiro já pegava em seu pé, o gajo teve a melhor atuação individual de todo o torneio, marcando dois gols e infernizando a Laranja. Nas quartas-de-final diante da República Tcheca, o camisa 7 fez o gol que qualificou Portugal para a fase seguinte. Na hora de tirar o “10”, Cristiano Ronaldo bobeou e desperdiçou a bola do jogo contra a Espanha. Mesmo assim, vale o registro de suas atuações.

2 – Andrea Pirlo (Itália)

A mudança de Milão para Turim fez muito bem a Andrea Pirlo. O italiano reencontrou o bom futebol na Juventus e conseguiu repetir as boas atuações pela Azzurra. Autor de duas assistências e um gol, o meio-campista foi eleito melhor em campo nas partidas contra Croácia, Inglaterra e Alemanha. No confronto diante dos ingleses, Pirlo deu uma “Panenka” – a famosa “cavadinha” – na disputa de pênaltis, momento propício, justo no torneio onde o estilo de cobrança foi inventado. Para muitos, mesmo com o vice-campeonato, deveria ter sido eleito o melhor jogador do torneio.

Iniesta é um dos onze jogadores que estiveram nos últimos três títulos espanhois

1 – Andrés Iniesta (Espanha)

Iniesta sequer tem números expressivos na competição: nenhum gol e apenas uma assistência. Só que quem acompanhou a UEFA Euro viu que essas estatísticas não traduziram exatamente o que foi visto. Iniesta foi peça chave da intensa movimentação espanhola e ainda colaborou com o incessante e, por vezes, chato toque de bola. Porém, foi o jogador mais objetivo, quebrando a lentidão da Espanha. Autor do gol do título mundial em 2010, o meia do Barcelona se consagrou nesta Eurocopa pelas atuações mais constantes e decisivas.

*Créditos das imagens: AFP e Getty Images

O resultado do entrosamento

Os treinadores que aceitam o desafio de comandar uma seleção nacional estão sendo exigidos cada vez mais, mas tendo pouco a evoluir. Embora alguns contem com um número maior de atletas atuando em alto nível e, por consequência, contando com opções mais numerosas, eles tem de se virar para arrumar o time tendo pouco tempo para executar tal ação.

O calendário do futebol atual é muito apertado, prejudicando demais as seleções. Os treinadores acabam recebendo seus atletas convocados em um dia, treinando no outro e os mandando a campo no dia seguinte. Isso atrapalha demais os trabalhos dos treinadores, que com tempo escasso, elaboram poucas coisas, nada novo e os times se tornam previsíveis.

Para poder se sobressair entre os selecionados adversários, o entrosamento que os jogadores obtêm dos clubes se torna arma dos treinadores. Porém, nem todos conseguem ter este privilégio, não só pela birra que alguns técnicos tem com certos atletas, mas também do fato de muitos clubes grandes possuírem legiões estrangeiras em seus elencos.

Nessa situação, Vicente Del Bosque pode se considerar um ilustre privilegiado. A base de sua seleção campeã mundial e novamente campeã europeia está nos dois principais times da Espanha: Real Madrid e Barcelona. Dos 23 atletas que viajaram para Ucrânia e Polônia para disputar a UEFA Euro, cinco atuam pelo clube da capital espanhola, enquanto sete vestem a camisa catalã, sem contar David Villa e Carles Puyol, peças de confiança de Del Bosque, mas que contundidos, ficaram de fora do torneio.

O resultado dessa soberania está sendo notada pelo mundo inteiro nos últimos campeonatos entre seleções, onde a Espanha conseguiu se tornar a primeira seleção a conquistar duas Euros consecutivas, com uma Copa do Mundo entre esses títulos. Além disso, a Fúria igualou a Alemanha em números de conquistas europeias, três de cada, e ambas dividem o posto de maiores campeãs da história do torneio. Sem falar de uma série incontável de recordes que a Espanha vem batendo com as últimas conquistas.

É claro que possuir uma geração dotada de muito talento e predestinada a vencer tudo que disputar – caso contrário da geração de Raul, por exemplo – é um dos grandes méritos, se não o maior, dessa trinca de títulos, mas ter em mãos um grupo de atletas que joga junto há tempos e adquire grande entrosamento em seus clubes é um grande privilégio de Vicente Del Bosque e isso só ajuda a solidificar seu trabalho.

O treinador também tem o mérito de conseguir distribuir bem os jogadores, mesclando precisamente os valores de Real e Barça, sem desequilibrar o time. Além disso, Del Bosque conseguiu, nesta Euro, dar pequenas “pinceladas”, como o ingresso de David Silva e Jordi Alba, dois “estrangeiros”, ao time titular – embora Alba já seja novo contratado do Barcelona.

A prova final de que o talento de uma grande geração, somada ao entrosamento de longa data realmente fez efeito foi vista pelo mundo inteiro na Eurocopa. A Espanha jogou quase toda a competição abaixo do que pode render, apresentando um futebol, classificado por muitos como, “chato e burocrático” e ainda assim, foi campeã invicta, sofrendo apenas um gol, sendo esse anotado na partida de estreia.

Espanha bi-campeã europeia

Na grande decisão diante da Itália, única seleção que havia balançado as redes espanholas na competição, a Espanha apresentou a Azzurra todas as suas armas. Um toque de bola mais objetivo e envolvente, a intensa movimentação dos homens de frente, fazendo valer o fato de não possuir um centro-avante fixo e a imposição de seu já conhecido estilo de jogo.

A goleada por 4×0 serviu para consagrar Xavi e Iniesta, que tiveram atuações de gala. Ambos foram mal marcados, diga-se de passagem – principalmente Xavi -, mas a dupla mostrou o porque de tanto sucesso e aclamação as suas técnicas. A inspiração da dupla só ajudou a engolir o meio-campo italiano, que pouco produziu durante a partida.

Foi a consagração do estilo espanhol de se jogar futebol. Os constantes toques de bola e a valorização da posse da gorduchinha foram as grandes marcas deste time. Com Barcelona e Real Madrid mantendo os atuais jogadores e aumentando suas forças humanas e financeiras, o domínio nacional e talvez continental deve se tornar uma estigma, com tendência a reflexão na seleção local. Teoricamente, se isso se manter, o trabalho dos treinadores da Fúria, seja quem for, será diminuído, já que ele receberá uma base pronta para ser levemente lapidada.

Enquanto não surgir um estilo de jogo eficaz ao ponto de parar ao jeito espanhol de jogar bola, o cheiro de dinastia no mundo das seleções ficará cada vez mais forte.