Pra vocês, amigos internautas: qual a diferença entre velhice e experiência?
Para este blogueiro, “velhice” se refere a algo gasto demais, algo antigo e obsoleto, ou seja, que teve sua função, já a cumpriu e hoje pode ser chamado de “inútil” em seu meio, enquanto “experiência” se refere a algo que se adquire com muita prática, com muita rodagem e com tempo de aprendizagem. Quando quero me referir ao Manchester United, quero também me referir a experiência.
Se você olhar Van der Sar, que tem 40 anos e Giggs, de 37, pode me chamar de louco por considerar os dois peças fundamentais do time inglês. Você pode imaginar: “Como dois caras que tendo suas idades somadas, tem 77 anos podem ser peças fundamentais de um time finalista do maior torneio de clubes do mundo?”. Talvez não haja um explicação lógica, e sim o simples e rude “eles são peças importantes e ponto”.
Mas o fato é que Van der Sar, que chega a sua 5ª final de Champions League – venceu uma pelo Ajax e uma pelo Manchester e perdeu uma de cada lado – parece ser como o vinho: vai melhorando com o passar dos anos. O holandês fará amanhã seu último jogo como profissional, deixando pros fãs de futebol aquele gostinho de quero mais, só que há certas horas que um homem precisa deixar o emprego de lado e tomar as rédeas da família. É o que Van der Sar fará. Sua mulher, Anne-Marie van Kesteren, teve derrame cerebral em 2009 e o arqueiro holandês chegou a perder alguns jogos daquela temporada para cuidar da mulher. Embora ele possa deixar muitos fãs com saudades de suas defesas, o melhor para Edwin é cuidar de sua mulher e filhos.
Pode-se dizer que Ryan Giggs surpreendeu nesta temporada. O galês jogou durante sua vida inteira como um winger – um ponta, como queira – e com a renovação do elenco, Giggs perdeu um pouco do espaço para jovens, como Nani e Valencia. Mas com as inúmeras lesões de Fletcher e a instabilidade de Paul Scholes, fez com que Giggs conseguisse espaço como segundo volante. O meia galês se deu muito bem nesta nova função e se tornou um meio campista completo.
Se Van der Sar se encaminha para a quinta final de Champions em sua carreira, mas atuando por dois clubes diferentes, a final que será disputada no Wembley será a quarta de Ryan Giggs, todas pelo Manchester e no momento, ele “vence” por 2×1.
Engana-se quem pensa que a experiência que há no time do Manchester United se resuma a Giggs e Van der Sar. No quarteto defensivo, por exemplo, Ferdinand, Vidic e Evrá participarão da terceira final de Champions League pelo Manchester United, sem falar que o lateral-esquerdo francês já jogou uma final de Champions pelo Mônaco. Carrick, Nani e Rooney engrossam a lista de atletas que jogarão sua terceira final de Champions League pelo United – mas leva-se em conta que Nani ficou no banco e não participou da final de 2009.
No banco de reservas do Manchester United ainda haverá a “bola de segurança” chamada Paul Scholes, que pode ser acionado para solucionar alguma instabilidade no meio campo.
Mas em termos de experiência, nada no United se compara a Alexander Chapman Ferguson, ou simplesmente Fergie. Ele está no clube desde a temporada 86/87 e de lá para cá foram 12 títulos do Campeonato Inglês, cinco copas da Inglaterra, quatro copas da liga, dois mundiais e dois troféus da Champions League.
Experiência pouca é bobagem. Aliás, experiência talvez seja pouco para explicar Alex Ferguson. Ele simplesmente é um técnico de quase 70 anos, que está no ramo de treinadores desde os anos 70 – ele iniciou no escocês St. Mirren, em 74/75 – e não parou no tempo, está evoluindo junto com o futebol e me arrisco a dizer que ele é um dos extra-séries que não evolui junto com o esporte e sim que faz o esporte evoluir.
Sua bagagem, sua representatividade pro elenco do Manchester e sua postura nos jogos, me fazem crer que em jogos como esse, não basta só ter o melhor conjunto ou o craque da atualidade, mas basta ter é um treinador capaz de equilibrar o time e fazê-lo realmente jogar.
Se o Barcelona tem o futebol bonito e envolvente, o Manchester tem a experiência de quem já fez filas e mais filas de títulos na Inglaterra, além da sabedoria de que talvez não seja preciso mudar para bater o aparentemente imbatível adversário catalão, mas que seja melhor jogar pura e simplesmente do seu jeito.
– A Última Bola é Nele
Assim como fiz no post sobre o Barcelona, com o Manchester farei o mesmo esquema de mostrar a minha aposta para decidir amanhã.
Não sei se será este cara que decidirá. Tenho várias impressões pra partida de amanhã. Acho por exemplo, que se Giggs não precisar “se matar” pra marcar, tem tudo para ser decisivo, mas se precisar se esforçar mais marcando, não sei se terá condições físicas para poder decidir. Entendo eu também que Nani, às costas de Dani Alves pode ser uma peça chave para uma eventual vitória inglesa. Chicharito pode decidir também, como tem feito muito nesta segunda metade de temporada. Mas se fosse basquete e o Manchester precisasse de pontos para vencer faltando poucos segundos, a bola iria em Wayne Rooney.
O Shrek tem crescido no momento certo. Ele iniciou a temporada de forma ruim, ameaçando deixar o Manchester e demorou para engrenar, mas o dia 12 de fevereiro de 2011 ficou marcado como “o ressurgimento de Rooney”. No duro duelo contra o Manchester City, ele fez um fantástico gol de bicicleta, aos 33 minutos da etapa final, quando a partida estava empatada em 1×1. Aquele foi apenas o 6º gol de Rooney na temporada e de lá para cá, ele fez mais 9 gols, incluindo um hat-trick contra o West Ham, dois gols em dois jogos duros contra o Chelsea e um contra o Arsenal. O Rooney voltou!
Por isso entendo eu que se a coisa estiver feia e a vaca já estiver comprando a passagem pro brejo mais próximo, a bola vai na Wayne Rooney, nem que seja para dar um lançamento, fazer um drible no meio campo, cobrar um lateral e quem sabe, um memorável gol que valesse o título.
– Provável Escalação
Edwin Van der Sar; Fábio da Silva, Nemanja Vidic, Rio Ferdinand e Patrice Evrá; Antônio Valencia, Michael Carrick, Ryan Giggs e Luís Nani; Wayne Rooney; Javier “Chicharito” Hernández. 4-4-1-1.
Nenhuma grande surpresa na escalação do Manchester. Ferguson, que tinha muito o costume de preservar Rafael de jogos grandes, devido a sua inexperiência, não faz isso com o irmão do garoto e Fábio, lateral-esquerdo destro, jogará como titular na lateral-direita, deixando seu irmão, antigo titular, na reserva. Fergie faz bem em explorar este bom momento vivido pelo defensor brasileiro e quem sabe não chame a atenção de Mano Menezes, que estará no Wembley. Só se lembre, Fábio, se por acaso você se machucar, quebre a perna para que Mano acredite que você tenha se machucado. Marcelo não fez isso e está de fora da seleção…