Desde que o Bayern bateu o Zürich na fase pré-grupos da UEFA Champions League, o que mais se fala em Munich é da possibilidade do time local disputar a final do torneio em sua casa. Sábado será este dia! Os bávaros, comandados por Jupp Heynckes, poderão participar da final do maior torneio do continente europeu em seu estádio, a Allianz-Arena.
Para chegar à final, que pode resultar em seu quinto título continental, o Bayern alternou durante a temporada os dois extremos, mas para conquistar mais um troféu, os bávaros terão de chegar novamente a ponta máxima de suas qualidades.
O começo de temporada do time alemão foi simplesmente avassalador. Mesmo com a derrota na abertura da temporada – 1×0 diante do Borussia Mönchengladbach -, o Bayern conseguiu, em seguida, estabelecer uma grande série invicta e sem sofrer gols. O goleiro, outrora odiado, Manuel Neuer ficou vários minutos sem sofrer gols e quase quebrou alguns recordes germânicos. Suas seguras atuações fizeram com que os torcedores bávaros deixassem a vaidade de lado e admirassem o arqueiro que defendia a meta de seu time.
Na frente, o ataque atuava de forma competente. Nas primeiras dez rodadas da Bundesliga, o setor formado por Mário Gomez, Franck Ribéry e Thomas Müller anotou 26 gols. Borussia Mönchengladbach e Hoffenheim foram as únicas equipes que não sofreram gols do Bayern. Em contrapartida, Hamburgo, Freiburg e Hertha sofreram cinco, sete e quatro – respectivamente – num mesmo jogo.
Além dos atletas citados no parágrafo anterior, Toni Kroos foi outro a obter grande destaque no time alemão. Sem nunca ter passado confiança para a imprensa e aos torcedores do Bayern, o meio-campista se encontrou nesta temporada ao jogar centralizado na linha de três armadores, demonstrando técnica, habilidade e precisão nos passes. A companhia de Bastian Schweinsteiger, obviamente, fez bem a Kroos, mas ele soube aproveitar bem e se tornou a cabeça pensante do time.
Ao término do primeiro turno, a sensação deixada para a Europa era de que o Bayern de Munich era a única equipe capaz de parar a dupla Real Madrid e Barcelona na UEFA Champions League. Com os times de Manchester eliminados ainda na fase inicial do torneio e com as equipes italianas demorando a encontrar a melhor forma, sobrava apenas o time bávaro com a dura missão de ser comparado à dupla espanhola.
Um novo ano chegou e tudo mudou para os lados do Bayern, que demorou a engrenar e atuar de forma convincente. Esses acontecimentos geraram algo óbvio, se tratando de um time do tamanho do Bayern, as críticas! A imprensa alemã começou a pegar pesado e a questionar Jupp Heynckes. No meio do vendaval, brigas entre os jogadores durante os jogos acabaram escancarando a crise no clube entre os meses de fevereiro e março.
Os problemas foram deixados de lado e o time bávaro voltou a jogar bola. Da derrota para o Bayer Leverkusen, no dia 3 de março, até o tropeço que resumiu sua vida útil na Bundesliga, contra o Dortmund, em 11 de abril, o Bayern venceu cinco jogos, anotando dezoito gols e sofrendo apenas três gols. Destes dezoito tentos, treze foram apenas em Hoffenheim e Hertha, sete e seis, respectivamente.
Na UEFA Champions League, os torcedores alemães tiveram a sorte de ver seu time no extremo inferior em apenas um momento, já que o Bayern passou tranquilamente pela fase de grupos – que tinha equipes fortes, como Manchester City e Napoli. O clima esquentou nas oitavas-de-final diante do Basel. Na derrota por 1×0, a imprensa alemã registrou discussões e possíveis trocas de agressões entre os atletas no vestiário. Foi exatamente aí que existiram os questionamentos ao time, todos eles afastados com o incontestável 7×0 do jogo de volta.
O confronto contra o fraco Olympique de Marseille nas quartas-de-final foi um mero treino para a série diante do Real Madrid. Após vencer por 2×1 na Alianz-Arena, os bávaros perderam na volta pelo mesmo marcador, mas superaram os merengues na disputa de pênaltis, tirando o doce da boca de José Mourinho, que enxergava uma grande possibilidade de conquistar a Europa sem nem precisar enfrentar o Barcelona, eliminado no dia anterior.
Mas a decisão do torneio expôs um problema antigo do Bayern: o elenco. Com vários desfalques no setor defensivo, Jupp Heynckes terá se inventar algo para poder cobrir as ausências, mas aí que está o problema: Ele vai ter que “inventar”, pois o grupo de jogadores bávaros não possibilita ao treinador uma opção simples e confiável.
Mesmo com a humilhante derrota por 5×2, diante do Dortmund na final da DFB Pokal, o Bayern chega com a mente no lugar. Desde a derrota pro mesmo algoz da copa nacional, mas na Bundesliga, o time bávaro passou a concentrar suas atenções na UEFA Champions League e levar o Campeonato Alemão com a barriga, sem passar sustos.
O Bayern também leva para a decisão “apenas” o problema da defesa, que outrora ajustada – sim, ajustada, sempre disse que a zaga bávara é subestimada -, estará remendada no duelo contra o Chelsea. O ataque está voando, até a dupla Robbéry, antes brigada, está bem, com o holandês de contrato renovado.
O sábado ficará marcado na história da Baviera, com a união afinca entre população e time. Na vitória ou na derrota, o dia 19 ganhará um lugarzinho especial na história bávara.