Europeus e a Copa das Confederações: 2003 – A Copa de Foé

A Copa das Confederações de 2003 ficou marcada pela morte de Foé (Foto: Jean-Philippe Ksiazek/Getty Images)

A Copa das Confederações de 2003 ficou marcada pela morte de Foé
(Foto: Jean-Philippe Ksiazek/Getty Images)

A Copa das Confederações de 2003 ficou marcada como a primeira realizada na Europa e, também, primeira com dois representantes do citado continente. A França, palco da Copa do Mundo de 1998, sediou a competição que guarda uma lembrança trágica.

Durante a semifinal entre Camarões e Colômbia, o meio-campista africano Marc-Vivien Foé desabou em campo aos 27 minutos da etapa final. Ele sofreu um problema cardíaco e morreu ao chegar ao hospital. Tragicamente, Foé passou por esse problema no estádio Gerland do Lyon, clube que defendeu por duas temporadas.

Além da França, país-sede e campeã europeia, a seleção turca foi a outra representante do Velho Continente no torneio. Porém, há de se destacar que o time do técnico Şenol Güneş só chegou à Copa das Confederações após declínios de Alemanha (vice-campeã do mundo), Itália (vice-campeã europeia) e Espanha (melhor país do continente colocada no ranking da FIFA).

Confira nos próximos parágrafos como foi a Copa das Confederações 2003:

A EDIÇÃO

Jacques Santini substituiu Roger Lemerre na França (Foto: Pierre Andrieu/Getty Images)

Jacques Santini substituiu Roger Lemerre na França
(Foto: Pierre Andrieu/Getty Images)

As edições iniciais da Copa das Confederações mostravam repetição entre as seleções participantes. Com a chegada da FIFA e a expansão do número de equipes, houve uma mistura maior de times entre uma edição e outra. Das oito seleções participantes da edição de 2003, quatro haviam viajado até a Ásia na edição de 2001.

Uma dessas equipes era a França, país sede do evento, vencedora da Euro 2000 e campeã da Copa das Confederações anterior. Os Bleus agora seriam comandados por Jacques Santini – que substituiu Roger Lemerre – e contariam com muitos atletas campeões em 2001, mas sem Zinedine Zidane e com Thierry Henry.

Os outros três participantes repetidos eram Brasil, campeão do mundo em 2002, Japão, campeão asiático em 2000 e vice-campeão da Copa das Confederações em 2001, e Camarões, campeão africano em 2002.

No bloco dos times que não estiveram presentes em 2001, mas que jogariam em 2003, estavam os norte-americanos campeões da Copa Ouro de 2002, os neozelandeses vencedores da Copa da Oceania do mesmo ano e os estreantes vindos da Colômbia e da Turquia.

Os turcos, aliás, foram os únicos a ingressar na competição sem vencer algo. Itália e Alemanha, vice-campeãs da Europa e do Mundo, respectivamente, teriam direito a essa vaga, mas ambas rejeitaram, assim como a Espanha que era a melhor seleção do continente no ranking da FIFA.

Era um cenário até engraçado. Estavam reunidos os campeões da América do Sul, América do Norte, Europa, Ásia, Oceania, África e do Mundo contra a Turquia, terceira colocada do Mundial de 2002.

CLASSIFICAÇÃO – FRANÇA

Os franceses poderiam lamentar a ausência de Zinedine Zidane, mas não poderiam, de jeito nenhum, reclamar da chave que caíram na Copa das Confederações. Japão, Colômbia e Nova Zelândia não eram adversários que colocavam medo, nem no elenco, nem na torcida que compareceria em peso nos jogos do time.

Apesar da ausência de Zidane, Jacques Santini levou uma equipe forte para o torneio. Fabien Barthez, Bixente Lizarazu, Robert Pirès, Marcel Desailly e Thierry Henry eram alguns dos remanescentes do título mundial de 1998. Junto deles estavam Sylvain Wiltord, peça importante do Arsenal, a dupla valiosa do Monaco, futuro vice-campeão europeu, Rothên e Giuly, além de Mexès, Cissé e outros jovens que começavam a despontar.

Apesar dessa volúpia de jogadores conhecidos, a França penou para vencer pelo marcador mínimo em sua estreia contra a debutante Colômbia. A vitória no estádio Gerland veio após pênalti duvidoso – suposto toque de mão de Ruben Velasquez – convertido por Thierry Henry.

Na segunda rodada, reedição da final anterior contra o Japão. Santini, assim como Lemerre em 2001, mexeu bastante no time entre a primeira e a segunda rodada e o volante Olivier Dacourt foi o único titular nas duas partidas. Mas diferente do que foi visto dois anos antes, desta vez a França não sofreu grandes problemas com as mexidas e venceu por 2×1, gols de Pirès e Govou – Nakamura fez o gol japonês.

Com o triunfo sobre a seleção nipônica, os franceses foram para o duelo contra a Nova Zelândia na última rodada com a classificação garantida. Santini voltou a mesclar o time titular e saiu com o resultado mais largo de toda competição: 5×0 com show de Ludovic Giuly, homem responsável por vestir a camisa 10 na competição.

CLASSIFICAÇÃO – TURQUIA

Após chamar a atenção do mundo na Copa de 2002, a Turquia chegou à França para a disputa da Copa das Confederações toda remendada. Hakan Sukür, grande ídolo do país, se lesionou antes da disputa do torneio. O mesmo aconteceu com Hasan Sas e İlhan Mansız. A responsabilidade caiu sobre os ombros de Nihat, vice-artilheiro do Campeonato Espanhol vestindo a camisa do vice-campeão Real Sociedad.

Em sua chave, os turcos bateriam de frente com Brasil, Camarões e Estados Unidos e seriam justamente os estadunidenses os adversários da estreia. Na tensa partida realizada no Geoffrey-Guichard em Saint-Étienne, o atacante Tuncay Sanli, na época, com 21 anos, foi decisivo na vitória de virada por 2×1. Ele sofreu o pênalti convertido Okan Yilmaz e ainda marcou o gol que selou o triunfo turco na estreia.

Curiosamente, no ano anterior a Turquia havia perdido na estreia na Copa do Mundo para o Brasil pelo mesmo placar e com circunstâncias semelhantes.

Na segunda rodada veio o primeiro tropeço turco. A vitória camaronesa pelo marcador mínimo, gol de Geremi cobrando pênalti nos acréscimos, significava que a seleção africana se qualificaria com uma rodada de antecedência. Além disso, a vitória do Brasil sobre os EUA tornava o duelo da rodada final decisiva para turcos e brasileiros. O empate classificava a Turquia, mas uma nova derrota os deixaria fora do torneio.

Na saída para o intervalo a eliminação parecia iminente. Os turcos tomaram sufoco do Brasil e levaram sorte de ter sofrido apenas um gol. Na etapa final, o gol de Karadeniz, com menos de dez minutos, foi o divisor de águas na partida. O Brasil teve de se expor e conseguiu ceder um contra-ataque aos 36 minutos com pelo menos nove jogadores no campo de ataque. Não deu outra, gol de Yilmaz. Alex até empatou nos acréscimos, mas era tarde para evitar a eliminação brasileira.

SEMIFINAL

Jogadores franceses homenagearam Foé após gol (Foto: Martin Bureau/Getty Images)

Jogadores franceses homenagearam Foé após gol
(Foto: Martin Bureau/Getty Images)

Quisera eu dizer que as semifinais da Copa das Confederações de 2003 foram marcadas pelo primeiro duelo europeu na história do torneio. Horas antes de a bola rolar para França e Turquia no Stade de France, Camarões derrotava a Colômbia na outra semifinal. Apesar de ganhar a vaga para a decisão, os africanos perderam uma vida: Marc-Vivien Foé faleceu dentro de campo, vítima de um problema cardíaco.

O jogo entre turcos e franceses começou com outro clima. Não parecia um ambiente esportivo, afinal, horas antes alguém havia falecido fazendo o que eles estariam fazendo nos 90 minutos seguintes: jogando futebol.

Mesmo assim, houve jogo… Embora não parecesse isso para a defesa turca. O ataque francês deitou e rolou e fez diversas linhas de passe dentro da grande área adversária. Não à toa, no primeiro gol, a bola passou pelos pés de dois jogadores antes de chegar a Henry, quase embaixo da trave, para marcar.

Durante a comemoração, Henry ergueu o dedo ao céu em homenagem a Foé. Outros jogadores repetiram o gesto no momento.

No segundo gol, a dificuldade defensiva foi novamente notada e Robert Pirès, melhor jogador da Copa das Confederações de 2001, anotou seu segundo gol na edição de 2003.

A Turquia esboçou uma reação e descontou com Karadeniz, mas a defesa voltou a falhar e com dificuldades de afastar a bola da própria área, veio o terceiro gol marcado por Sylvain Wiltord.

Na etapa final, os turcos tiveram tudo para empatar e forçar o inesperado tempo extra. Tuncay deixou o placar em 3×2 antes dos cinco minutos. Mais tarde, Ibrahim Uzulmez foi puxado por Dacourt dentro da área e o pênalti foi marcado. Okan Yilmaz, artilheiro do Campeonato Turco daquela temporada, jogou para fora e a França ficou com a vaga na final da Copa das Confederações.

DISPUTA DO 3º LUGAR

Assim como na Ásia em 2002, a Turquia teve de se contentar com a disputa do terceiro lugar. O adversário em questão seria a Colômbia que fazia boa campanha, perdedora de apenas dois jogos: para França e Camarões, seleções que fariam a final da competição.

Como aconteceu em boa parte da Copa das Confederações, Tuncay Sanli foi decisivo e contribuiu demais no triunfo turco. Ele foi o autor do primeiro gol, que saiu antes dos dois minutos, e deu o passe para Yilmaz anotar o segundo tento aos 40 do 2º tempo, quando o marcador ainda apontava 1×1.

Aquela foi a primeira e única participação turca na Copa das Confederações, mas eles fecharam o torneio em grande estilo. Como se não bastassem as boas exibições perante Brasil e França, últimos campeões mundiais, a Turquia levou o terceiro lugar nas costas.

A FINAL

Song se juntou a Desailly na entrega do troféu (Foto: Jean-Philippe Kziazek/Getty Images)

Song se juntou a Desailly na entrega do troféu
(Foto: Jean-Philippe Kziazek/Getty Images)

O cenário se repetiria para os Bleus: final de Copa das Confederações, franceses com maior poderio ofensivo e adversário com extrema força defensiva. A única coisa em comum que mudava de lado era o palco da partida. Em 2001, a França deu de cara com Yokohama parada para apoiar o Japão, desta vez, os camaroneses teriam de passar por essa situação no Stade de France.

As duas seleções estavam invictas no torneio com o “porém” dos franceses estarem com 100% de aproveitamento. A diferença, como citado anteriormente, era visto nos setores de cada equipe. A França havia balançado as redes 11 vezes em quatro jogos, enquanto Camarões foi mais econômico e fez três gols com a mesma quantidade de partidas do adversário.

Antes do início da partida, várias homenagens a Foé. As duas equipes entraram com uma foto do jogador e o treinador da seleção camaronesa, Winnie Schäfer, vestiu a camisa 17 que era ostentada por Foé durante o torneio.

Com a bola rolando, a França foi superior durante boa parte da etapa inicial. Thierry Henry era o mais acionado, principalmente pelo lado esquerdo ofensivo onde encontrava muito espaço. Sem aproveitar suas chances, os franceses passaram sustos no final do primeiro tempo, quando Barthez foi obrigado a trabalhar em duas bolas cruzadas.

Os passes longos atravessando a grande área voltaram a causar grandes sustos na França e Samuel Eto’o chegou a perder um gol inacreditável no princípio da etapa final. Com 22 anos na época, parecia que o camaronês ainda não conhecia muito bem o caminho das redes.

Com as duas seleções desperdiçando diversas chances claras, fomos obrigados a acompanhar mais alguns minutos de jogo na prorrogação. Com pouco mais de dez minutos e algumas chances francesas, veio o gol de ouro. Henry deu uma joelhada na bola e tirou Kameni do lance, dando o gol do bicampeonato.

Na festa do título, Desailly convidou o capitão camaronês, Rigobert Song, para erguer o troféu. Com essa cena tocante, fechamos a Copa das Confederações de 2003 marcada pela perda de Marc Vivien Foé.

“Grandes” brasileiros = “pequenos” europeus

No sábado, lá estava eu, num frio e chuvoso sábado à noite, enrolado em meu cobertor fuçando o twitter. Eis que aparece um tweet do comentarista dos canais ESPN, Leonardo Bertozzi:

Claramente, o tema central da mensagem de Bertozzi é a ofensividade do Real Madrid de José Mourinho, que para muitos jornalistas – que assistem jogos dos times do português só em anos bissextos – é retranqueiro. Mas não é exatamente isso que irei abordar, embora concorde plenamente com a frase digitada.

Recentemente, o Valencia venceu La Liga

Minutos depois, um dos seguidores de Bertozzi respondeu, dizendo que “com o elenco que tem, o Real Madrid deveria fazer 6 em todos os pequenos da Espanha”. Logo, o jornalista, corretamente retrucou: “Valencia? Pequeno?”. Segundo Bertozzi, não se deve confundir o abismo entre a dupla Barça-Madrid para as demais equipes espanholas, com o tamanho dos clubes. E isso é uma verdade. Os dois gigantes tem altos investimentos, fortes categorias de base e jogadores milionários, enquanto o resto se vira com investimentos menores, com garotos da base tendo de ser lançados precocemente ou então vendidos para a dupla Barça-Madrid, além de atuar com renegados de ligas menores e da própria dupla de gigantes. Ou seja, os grandes de antigamente, são “obrigados” a se portar de forma pequena.

Porém, o seguidor seguiu com a tese de que Valencia e times do gênero são pequenos, mas Bertozzi lembrou dos títulos recentes dos Ches, como a Copa da Uefa 03/04 e os títulos espanhóis de 01/02 e 03/04, meramente taxados como “acidentes de percurso” pelo seguidor.

Mas também não é exatamente isso que quero debater. É que essa troca de ideias entre o jornalista e o “cidadão comum” me fez puxar pela memória um assunto que vive me chamando a atenção: como será que o estrangeiro enxerga certos times brasileiros? Será que é como nós enxergamos certos times europeus?

O Atlético Mineiro, por exemplo, até ontem era o “primeiro campeão brasileiro” – “até ontem”, porque após a canetada da CBF, o Bahia se tornou o primeiro campeão brasileiro -, isso lá em 1971. De lá pra cá, o time de BH se limitou a títulos estaduais. Então imagina o que um estrangeiro que acompanha o futebol brasileiro pensaria do Atlético? O time simplesmente não tem ganho nada de uns tempos pra cá, além de ter frequentado da segunda divisão brasileira. Será que o considera time grande, ou somente um clube pequeno, mas que tem uma torcida fanática?

É assim no mundo todo. Há times que tem suas glórias nos anos 50, 60, 70 e nas épocas mais recentes acabam por ficar sem título algum e com essa expansão do futebol para mídias do mundo inteiro, quem conhece uma parte da história, fica sem conhecer a verdadeira história.

O "primo pobre" do Real Madrid é o 3º maior campeão espanhol

Pegando o exemplo da Espanha: aqui no Brasil, o Atlético de Madrid é visto apenas como “primo pobre” do Real Madrid. Mas duro é alguém saber que os Colchoneros estão em 3º no ranking de maiores campeões da liga espanhola, com 8 troféus. Mas quando foi o último título? 1995/1996. Já se vão mais de quinze anos e nesse meio tempo, o Atlético chegou a frequentar a segunda divisão de seu país. Junto com os Colchoneros e o Valencia, pode-se colocar na lista de “injustiçados” o Athletic de Bilbao, grande papa títulos dos anos 30, com 4 títulos de 29/30 até 35/36. Mas de uns anos pra cá, o time basco tem se limitado a sonhar com as competições européias.

E na Inglaterra então…Muita gente coloca o Chelsea como um “gigante”, mas mal sabem que times como Sunderland, Aston Villa e Everton, que de um tempo pra cá são coadjuvantes no futebol britânico, tem mais títulos que eles. Sem falar que na Inglaterra há vários times “simpáticos”, que por títulos passados acabam sendo chamados de grandes. Diga-se de passagem, nada muito diferente daqui, onde vimos clubes que por causa de dois ou três times históricos que teve, viram grandes. Não discuto se é certo ou errado, e sim a semelhança dos países.

Mas a discussão é longa. Aqui no Brasil, há uma porrada de times que possuem poucos troféus em sua sala de títulos, mas são chamados de grandes e na maioria das vezes, não há discussão. Mas o Campeonato Brasileiro tem se exportado no quesito transmissão de TV. Países como Inglaterra e Espanha transmitem nosso campeonato e quem conhece a história pela metade pode julgar que times como Atlético Mineiro, Goiás, Sport, Palmeiras (…) não são exatamente “grandes” e sim, na melhor das hipóteses, tradicionais, times que pararam no tempo. O mais radical, poderia chamá-los até de pequenos, coisa que acontece no Brasil na questão Europa, como vimos na breve história contada acima sobre Leonardo Bertozzi e seu seguidor.

Não é conhecendo a história recente que se julga a história completa de um clube. É preciso conhecer, vivenciar, ler, aprender, enfim, fazer de tudo para saber a verdadeira história do clube. O Valencia não é pequeno, pelo contrário, assim como aqui no Brasil, o Atlético Mineiro não é um time minúsculo. Mas o que faz as pessoas pensarem que o europeu supracitado é um time pequeno? Entendo eu, que seja a história recente. O futebol brasileiro não tem uma abismal diferença de grandes para pequenos, mas no velho continente há. Enquanto times como Real Madrid, Chelsea, Bayern (…) fazem altos investimentos, disputam as grandes competições e lutam pelos títulos, os “grandes que pararam no tempo”, ficam com as sobras.

E eu sigo com a minha curiosidade de perguntar a algum gringo, seja um inglês tradicional ou um jamaicano curtindo seu reggae, mas que acompanhe o futebol brasileiro, o que eles acham das histórias dos clubes X e Y.

Vamos ler sobre as histórias do clubes, gente

É pra apertar o botão do pânico?

Quando menos se esperava, o Dortmund conquistou a Bundesliga

Nesse fim de semana foi realizada a 31ª rodada da Bundesliga.

O líder Borussia Dortmund perdeu pro então lanterna Borussia Monchengladbach por 1×0, enquanto o vice-líder Bayer Leverkusen, venceu o Hoffenheim de virada, 2×1. A diferença de uma equipe para outra é de 5 pontos e faltam 9 pontos para serem disputados. É uma grande vantagem, diga-se de passagem, fácil de ser administrada, mas um histórico recente pode fazer com que essa tranquila vantagem se torne um bom motivo para o “botão do pânico” ser pressionado.

Temporada 2001/2002. Após o término da 31ª rodada, o líder Bayer Leverkusen – que havia ficado no 1×1 com o Hamburgo – tinha 66 pontos e cinco atrás vinha o Borussia Dortmund – que havia perdido pro Kaiserslautern por 1×0. Mesma distância de pontos da atual temporada e estando na mesma rodada. Porém, o desenrolar foi surpreendente.

Na 32ª rodada, o Bayer Leverkusen perdeu em casa pro Werder Bremen, 2×1 – Aílton, um dos grandes artilheiros da história do Bremen fez o gol da vitória – e o Borussia Dortmund fez seu papel, ao bater o Colônia por 2×1 – Amoroso marcou o segundo gol borussiano. A distância das duas equipes passou a ser de dois pontos. Só que naquela temporada, havia o “fator Bayern”. Os bávaros – que haviam metido 3×0 no Hertha – estavam 4 pontos atrás do Leverkusen e ainda estavam na briga.

A 33ª rodada foi a mais decisiva. O Bayern não decepcionou e venceu o Wolfsburg pelo placar mínimo. Só que o líder Leverkusen perdeu fora de casa pro Nüremberg, 1×0. Só pra constar, o resultado salvou o time bávaro do descenso naquela época. De quebra, os então comandados por Klaus Toppmöller ainda viram o Borussia Dortmund vencer o Hamburgo por 4×3 – Amoroso fez um gol – e assumir a liderança. A rodada terminou com o BVB na ponta, com 67 pontos, o Leverkusen logo em seguida com 66 e o Bayern logo atrás com 65.

Foi uma derrota doída

Na última rodada, o Bayer Leverkusen ficou boa parte como campeão. O Bayer vencia por 2×0, o Bayern por 2×0 e o Dortmund estava no 1×1 com o Werder Bremen. No saldo de gols, o Leverkusen levava a Salva de Prata, só que aos 32 minutos da etapa final, Ewerthon fez o gol do título do BVB. Os cinco pontos de vantagem do Bayer não foram bem administrados e esses tropeços custaram o inédito título.

Começaram a lembrar dessa história na Alemanha, já que é muito semelhante com o cenário da atual temporada da Bundesliga. Mas há diferenças. A mais visível e também mais óbvia delas são os papéis invertidos. Na época, o Leverkusen liderava e o Dortmund o perseguia, agora inverteu. Mas a grande diferença está no espírito.

A temporada 01/02 serviu para reascender o espírito “Neverkusen”. O Bayer perdeu um título alemão que tinha em suas mãos e de quebra foi vice-campeão da DFP Pokal e da Champions League. Para os desinformados, o Leverkusen nunca conquistou a Bundesliga e tem essa fama de ser vice-campeão. É uma espécie de grande clube, só nunca foi campeão.

A história se repete?

Se na época do adversário do líder Leverkusen era o tradicional Borussia Dortmund – que na época tinha jogadores como Rosicky, Koller e Amoroso -, dessa vez o adversário do líder Dortmund é o never Leverkusen – de Reinartz, Schwaab… -, talvez essa seja a grande diferença. O elenco do Bayer é novo e a grande referência da equipe é um Ballack, que tem fama de ser meio desmiolado – basta lembrar que recentemente ele foi multado por xingar o Colônia – e o técnico Jupp Heynckes, que tem uma leve fama de retranqueiro – ele tem uma mania de fechar seu time cedo, quando a vantagem é curta – e que já está acertado com o Bayern. Ou seja, o que esperar de um bando de garotos que joga num time com apelido de Neverkusen e que suas grandes referências são os dois supracitados?

De fato, era mais fácil o Leverkusen ter perdido aquele título, como perdeu, do que o Borussia Dortmund perder esse título…

Comparação

Vou dar uma comparada nas tabelas de jogos de 01/02 e da atual temporada para você dar seu pitaco.

01/02:

Adversários do Borussia Dortmund

32ª rodada (Casa): Colônia, vice-lanterna
33ª rodada (Fora): Hamburgo, time de férias
34ª rodada (Casa): Werder Bremen, lutava por uma vaga na Copa da Uefa

Adversários do Bayer Leverkusen

32ª rodada (Casa): Werder Bremen, lutava por uma vaga na Copa da Uefa
33ª rodada (Fora):  Nüremberg, lutava contra o descenso
34ª rodada (Casa): Hertha Berlin, já tinha a vaga na Copa da Uefa e estava de férias

10/11

Adversários do Borussia Dortmund

32ª rodada (Casa): Nüremberg, luta por uma vaga na Liga Europa
33ª rodada (Fora): Werder Bremen, quase livre do rebaixamento
34ª rodada (Casa): Eintracht Franlfurt, lutando para não cair

Adversários do Bayer Leverkusen

32ª rodada (Fora): Colônia, luta para não cair
33ª rodada (Casa): Hamburgo, de férias
34ª rodada (Fora): Freiburg, de férias

As tabelas são levemente parecidas, mas não dá para dizer que são iguais. E vocês? O que acham?

Ah…sobre a pergunta central do post, não acho que o “botão do pânico” deve ser apertado. A vantagem é boa e o time do Borussia Dortmund também. Não sei se o BVB tem de ter calma, acho que os comandados de Jurgen Klopp estão empolgados e é nessa empolgação que eles devem caminhar pro título. O Dortmund está empolgado pela chance de voltar a erguer a salva de prata, pela despedida de Dede e também pelo falta da torcida mesmo estar em uma grande empolgação com a campanha do time.