TOP 7: Os melhores da Euro

Para encerrar a cobertura da UEFA Euro 2012, o “Europa Football” prepara uma série de posts com as listas do que houve de melhor e pior no torneio europeu. Os craques, os vexames, as surpresas, enfim, tudo que foi destaque na Eurocopa.

Para começarmos, vamos com os principais jogadores da competição. Embora a UEFA Euro não tenha se notabilizado por ter grandes atuações dos craques do momento, tivemos atletas que se sobressaíram em relação os demais e mereceram entrar nesta lista. Vamos a eles.

Özil marcou o último gol alemão na Euro 2012

7 – Mesut Özil (Alemanha)

Alemão de origem turca, o meia Mesut Özil mostrou grande classe nos campos ucranianos e poloneses. Sem ter a sombra de Cristiano Ronaldo, como ocorre no Real Madrid, o camisa 8 alemão conseguiu ter mais liberdade, não só em campo como de atenção do público mesmo. Özil deu três assistências e fez um gol, porém, não foi capaz de evitar a eliminação germânica na semifinal diante da Itália. Neste confronto, foi deslocado por Joachim Löw para a ponta direita e seu futebol foi prejudicado.

6 – Xavi (Espanha)

Uma lesão debilitou Xavi Hernández em boa parte da competição. O próprio atleta chegou a afirmar que essa contusão o atrapalhou em alguns jogos. Mesmo assim, mereceu fazer parte desta lista por bater recordes e ser decisivo na hora certa. Na partida contra a Irlanda, tentou dar 136 passes e concluiu 127, quebrando os recordes de tentativas e acertos. E na final, deu suas duas únicas assistências no torneio, porém, teve brilhante atuação, se aproveitando da frágil marcação italiana, que lhe deu totais liberdades durante os noventa minutos.

5 – Pepe (Portugal)

Famoso pelas entradas grosseiras e extremamente violentas, o brasileiro naturalizado português Pepe mostrou um estilo completamente oposto na UEFA Euro. Esbanjando classe e precisão nas ações executadas, o zagueiro pode ser apontado como um dos melhores da posição no torneio. Em toda Eurocopa, Pepe cometeu somente duas faltas e levou um cartão amarelo. Foi o pilar defensivo de Portugal.

4 – Sami Khedira (Alemanha)

Diversas vezes ofuscado por Bastian Schweinsteiger, Sami Khedira conseguiu fazer Eurocopa primorosa, muito melhor do que a de seu companheiro citado anteriormente, prejudicado por uma lesão. Constantemente chamado de “1º volante”, Khedira aparecia sempre no ataque e anotou um gol e uma assistência no torneio. Além disso, o atleta do Real Madrid arrematou 10 vezes ao gol, sendo uma das válvulas de escape do time alemão na Euro.

A melhor atuação individual da Euro foi de Cristiano Ronaldo contra a Holanda

3 – Cristiano Ronaldo (Portugal)

Chamado constantemente de “pipoqueiro”, Cristiano Ronaldo decidiu mudar sua fama nesta Eurocopa. Nos dois primeiros jogos, decepção e gols perdidos. No decisivo duelo diante da Holanda, onde o mundo inteiro já pegava em seu pé, o gajo teve a melhor atuação individual de todo o torneio, marcando dois gols e infernizando a Laranja. Nas quartas-de-final diante da República Tcheca, o camisa 7 fez o gol que qualificou Portugal para a fase seguinte. Na hora de tirar o “10”, Cristiano Ronaldo bobeou e desperdiçou a bola do jogo contra a Espanha. Mesmo assim, vale o registro de suas atuações.

2 – Andrea Pirlo (Itália)

A mudança de Milão para Turim fez muito bem a Andrea Pirlo. O italiano reencontrou o bom futebol na Juventus e conseguiu repetir as boas atuações pela Azzurra. Autor de duas assistências e um gol, o meio-campista foi eleito melhor em campo nas partidas contra Croácia, Inglaterra e Alemanha. No confronto diante dos ingleses, Pirlo deu uma “Panenka” – a famosa “cavadinha” – na disputa de pênaltis, momento propício, justo no torneio onde o estilo de cobrança foi inventado. Para muitos, mesmo com o vice-campeonato, deveria ter sido eleito o melhor jogador do torneio.

Iniesta é um dos onze jogadores que estiveram nos últimos três títulos espanhois

1 – Andrés Iniesta (Espanha)

Iniesta sequer tem números expressivos na competição: nenhum gol e apenas uma assistência. Só que quem acompanhou a UEFA Euro viu que essas estatísticas não traduziram exatamente o que foi visto. Iniesta foi peça chave da intensa movimentação espanhola e ainda colaborou com o incessante e, por vezes, chato toque de bola. Porém, foi o jogador mais objetivo, quebrando a lentidão da Espanha. Autor do gol do título mundial em 2010, o meia do Barcelona se consagrou nesta Eurocopa pelas atuações mais constantes e decisivas.

*Créditos das imagens: AFP e Getty Images

O resultado do entrosamento

Os treinadores que aceitam o desafio de comandar uma seleção nacional estão sendo exigidos cada vez mais, mas tendo pouco a evoluir. Embora alguns contem com um número maior de atletas atuando em alto nível e, por consequência, contando com opções mais numerosas, eles tem de se virar para arrumar o time tendo pouco tempo para executar tal ação.

O calendário do futebol atual é muito apertado, prejudicando demais as seleções. Os treinadores acabam recebendo seus atletas convocados em um dia, treinando no outro e os mandando a campo no dia seguinte. Isso atrapalha demais os trabalhos dos treinadores, que com tempo escasso, elaboram poucas coisas, nada novo e os times se tornam previsíveis.

Para poder se sobressair entre os selecionados adversários, o entrosamento que os jogadores obtêm dos clubes se torna arma dos treinadores. Porém, nem todos conseguem ter este privilégio, não só pela birra que alguns técnicos tem com certos atletas, mas também do fato de muitos clubes grandes possuírem legiões estrangeiras em seus elencos.

Nessa situação, Vicente Del Bosque pode se considerar um ilustre privilegiado. A base de sua seleção campeã mundial e novamente campeã europeia está nos dois principais times da Espanha: Real Madrid e Barcelona. Dos 23 atletas que viajaram para Ucrânia e Polônia para disputar a UEFA Euro, cinco atuam pelo clube da capital espanhola, enquanto sete vestem a camisa catalã, sem contar David Villa e Carles Puyol, peças de confiança de Del Bosque, mas que contundidos, ficaram de fora do torneio.

O resultado dessa soberania está sendo notada pelo mundo inteiro nos últimos campeonatos entre seleções, onde a Espanha conseguiu se tornar a primeira seleção a conquistar duas Euros consecutivas, com uma Copa do Mundo entre esses títulos. Além disso, a Fúria igualou a Alemanha em números de conquistas europeias, três de cada, e ambas dividem o posto de maiores campeãs da história do torneio. Sem falar de uma série incontável de recordes que a Espanha vem batendo com as últimas conquistas.

É claro que possuir uma geração dotada de muito talento e predestinada a vencer tudo que disputar – caso contrário da geração de Raul, por exemplo – é um dos grandes méritos, se não o maior, dessa trinca de títulos, mas ter em mãos um grupo de atletas que joga junto há tempos e adquire grande entrosamento em seus clubes é um grande privilégio de Vicente Del Bosque e isso só ajuda a solidificar seu trabalho.

O treinador também tem o mérito de conseguir distribuir bem os jogadores, mesclando precisamente os valores de Real e Barça, sem desequilibrar o time. Além disso, Del Bosque conseguiu, nesta Euro, dar pequenas “pinceladas”, como o ingresso de David Silva e Jordi Alba, dois “estrangeiros”, ao time titular – embora Alba já seja novo contratado do Barcelona.

A prova final de que o talento de uma grande geração, somada ao entrosamento de longa data realmente fez efeito foi vista pelo mundo inteiro na Eurocopa. A Espanha jogou quase toda a competição abaixo do que pode render, apresentando um futebol, classificado por muitos como, “chato e burocrático” e ainda assim, foi campeã invicta, sofrendo apenas um gol, sendo esse anotado na partida de estreia.

Espanha bi-campeã europeia

Na grande decisão diante da Itália, única seleção que havia balançado as redes espanholas na competição, a Espanha apresentou a Azzurra todas as suas armas. Um toque de bola mais objetivo e envolvente, a intensa movimentação dos homens de frente, fazendo valer o fato de não possuir um centro-avante fixo e a imposição de seu já conhecido estilo de jogo.

A goleada por 4×0 serviu para consagrar Xavi e Iniesta, que tiveram atuações de gala. Ambos foram mal marcados, diga-se de passagem – principalmente Xavi -, mas a dupla mostrou o porque de tanto sucesso e aclamação as suas técnicas. A inspiração da dupla só ajudou a engolir o meio-campo italiano, que pouco produziu durante a partida.

Foi a consagração do estilo espanhol de se jogar futebol. Os constantes toques de bola e a valorização da posse da gorduchinha foram as grandes marcas deste time. Com Barcelona e Real Madrid mantendo os atuais jogadores e aumentando suas forças humanas e financeiras, o domínio nacional e talvez continental deve se tornar uma estigma, com tendência a reflexão na seleção local. Teoricamente, se isso se manter, o trabalho dos treinadores da Fúria, seja quem for, será diminuído, já que ele receberá uma base pronta para ser levemente lapidada.

Enquanto não surgir um estilo de jogo eficaz ao ponto de parar ao jeito espanhol de jogar bola, o cheiro de dinastia no mundo das seleções ficará cada vez mais forte.

Final em boas mãos

Buffon e Casillas são dois símbolos de suas seleções

Você já ouviu a expressão “um bom time começa com um bom goleiro”? Claro que já. Talvez esse seja um dos grandes diferenciais da final da UEFA Euro 2012: os arqueiros Iker Casillas e Gianluigi Buffon estão no hall de melhores goleiros das últimas décadas, quiçá de todos os tempos. Eles são espetaculares!

Tanto o italiano, quanto o espanhol, talvez sejam as únicas peças incontestáveis do grande público das duas equipes. Uns dizem que a Espanha tem um jogo chato, devagar e sonolento, outros já preferem apelar ao velho clichê e afirmar que a Itália atua só na retranca. Porém, se você perguntar o que os mesmos pensam sobre Buffon e Casillas, a opinião será unânime: ótimos goleiros.

No Real Madrid desde 1990, Iker Casillas, de 31 anos, poderá levantar seu terceiro troféu consecutivo pela Espanha. O goleiro foi capitão dos elencos campeões da Eurocopa de 2008 e da Copa do Mundo de 2010 e agora pode se tornar o primeiro a emendar a trinca de títulos, nunca antes conquistada por uma seleção. Caso vença a Euro neste domingo, Casillas chegará ao seu 16º título desde o seu início no time C do Real Madrid, em 1998.

Porém, o goleiro espanhol reencontrará na final a única seleção capaz de atingir com precisão sua meta em toda competição. Nos cinco jogos da Espanha nesta UEFA Euro, Iker Casillas foi vencido apenas por Antonio Di Natale, no jogo de estréia da Fúria, diante da Itália. Na ocasião, o espanhol havia contado com a sorte – e a incompetência – de Balotelli não ter convertido uma chance claríssima que teve na etapa final. O Super Mario deu lugar ao atacante da Udinese, que ao receber belo passe de Andrea Pirlo, fez a Espanha sofrer seu único gol na competição.

Iker Casillas, que defende sua seleção em Euros desde 2000, é sinônimo de segurança a defesa espanhola. Embora seu time pouco ceda a bola aos adversários, quando é necessário, o goleiro madridista está lá fazendo sua parte. Mesmo sendo baixo para um goleiro – 1,82 m -, Casillas demonstra, debaixo dos três paus, enorme agilidade, envergadura e inteligência nas saídas da meta. É um dos grandes pilares de Del Bosque.

A Itália não fica para trás e também conta com sua muralha na meta: Gianluigi Buffon. Após muito tempo, Gigi conseguiu ter, pela Juventus, uma série consistente de jogos na última temporada. De 2009 até 2011, o goleiro italiano não chegou nem a marca de trinta partidas no Campeonato Italiano – em duas dessas temporadas, nem a 25 atuações – e sofria com incontáveis lesões. Atualmente, Buffon ainda sente um problema físico ou outro, mas conseguiu emendar na última temporada 35 partidas pela Série A.

Mesmo mais velho, Buffon, caso conquiste a Euro 2012, será campeão pela 11ª vez na carreira. Obviamente, esse número menor de títulos comparado a Casillas se deve ao equilíbrio maior que existe na Itália em relação com a Espanha e também ao polêmico Calciopoli, que retirou dois títulos nacionais da Juventus. Porém, o escândalo citado anteriormente marcou a carreira de Buffon. Ao ver a Vecchia Senhora ser rebaixada a segunda divisão e o constante assédio de outras equipes do Velho Continente, ele preferiu ficar na Juventus e demonstrou enorme carinho com o clube e o torcida que o adotou em 2001.

Na Seleção Italiana, Buffon também possui um enorme currículo, que perdura desde 1996, quando ao lado de atletas como Pagliuca, Panucci, Nesta e Cannavaro, disputou as Olimpíadas de Atlanta. Desde então, o goleiro participou de quatro copas e três euros – contando com a atual.

A grande conquista de Buffon pela Azzurra na sua carreira foi em 2006, quando ergueu a Copa do Mundo. Naquela ocasião, o futebol italiano passava por maus agouros, como atualmente, com um enorme escândalo de apostas atormentando a vida de clubes e jogadores. Teremos um desfecho semelhante?

Se depender só de Buffon, sim! O goleiro foi muito importante no torneio, inclusive na semifinal diante da Alemanha, onde segurou o ímpeto adversário com o placar zerado e ainda evitou uma reação na etapa final, já com a vantagem no marcador, fazendo defesa magistral em cobrança de falta de Marco Reus.

Ainda assim, Gigi saiu irritado de campo. Alguns brincaram e traçando um paralelo com as polêmicas apostas da Itália, falando que, contra a Alemanha, ele apostara em 2×0 e não 2×1, porém, olhando mais friamente, Buffon não gostou nada do sufoco passado por sua seleção nos momentos finais, quando poderia ter matado o jogo caso caprichassem mais nas finalizações.

Engana-se quem pensa que por terem arqueiros de alto nível, Espanha e Itália não possuem atletas bons de bola. Ainda teremos o prazer de ver o confronto de Pirlo contra Xavi, além de Iniesta e Balotelli. Todos estes também estarão cercados de bons coadjuvantes, como David Silva, Xabi Alonso e Fàbregas no lado espanhol, Montolivo, Cassano e Chielini na Itália. Ou seja, não será um jogo meramente baseado nos espetaculares arqueiros.

De goleiros, as duas seleções estão muito bem servidas e sem preocupações. Buffon e Casillas são dois dos melhores de nossa geração e é um prazer imenso vê-los atuar por seus países com um brilhantismo tão grande quanto o de seus clubes. Só um sairá como campeão, mas nenhum sairá derrotado.