Durante dez anos, Nuri Şahin prestou serviços ao Borussia Dortmund. O turco chegou jovenzinho ao clube, tinha apenas 13 anos, e foi até gandula nos jogos do time – como mostra a imagem acima. Şahin, durante algum tempo, foi uma das revelações mais cobiçadas da Europa, chegando a ser considerado “o maior talento sub-18” por Arsène Wenger. O Arsenal tentou trazê-lo, mas “o futuro do Dortmund”, como disse o diretor Hans-Joachim Watzke, não poderia carregar essa alcunha para outro lugar.
Watzke tinha razão. Şahin foi o jogador mais jovem a disputar uma partida da Bundesliga e a marcar um gol também, além disso, com o turco como destaque, o Borussia Dortmund conquistou o Campeonato Alemão na temporada 2010/11, batendo o poderoso Bayern de Munique de Louis van Gaal, que ficaria com o vice da Liga dos Campeões no mesmo ano.
Sua saída, logo após a Salva de Prata ser erguida, foi um tanto quanto precipitada. Apesar da grande participação na conquista e apresentação de características que lhe credenciavam a ser um tão falado “jogador moderno” – marca, sai pro jogo, tem técnica, finaliza bem -, Şahin não parecia pronto para encarar um desafio como jogar pelo Real Madrid. Faltava um “algo mais”.
Com problemas em falar a língua espanhola e com algumas lesões que o tiraram de combate por muitos jogos, o turco fez míseras dez partidas em Madrid. Emprestado ao Liverpool nesta temporada, Şahin também não conseguiu render e apareceu pouco. No geral, foram menos de 25 partidas em um ano e meio fora da Alemanha.
Şahin decidiu voltar ao lugar que pode chamar de “casa”, o Borussia Dortmund, com um empréstimo do clube espanhol que durará até o fim da próxima temporada. Uma coisa é certa, o turco encontrará um ambiente mais agradável no país do chucrute. O Real Madrid, como todos sabem, é uma sucursal do inferno na Terra, enquanto o Liverpool vive em eterna pressão pela seca de títulos ingleses. Em Dortmund, Şahin encontrará um clube que está em estado de graça com seu torcedor. Não era pra menos, o time é bicampeão nacional e faz campanha espetacular na Liga dos Campeões. Além do mais, o turco é adorado pela torcida e foi muito bem recepcionado por seus fãs.
Mesmo com toda a adoração dos torcedores, fica a dúvida: para onde que Şahin voltou? Para dentro de campo onde será o mesmo protagonista de dois anos atrás ou para trás das placas publicitárias onde era o “gandula” quando garoto? Não há certeza.
Bom futebol Şahin tem, só que o Borussia Dortmund também sabia que Gündoğan teria quando apostou nele na temporada passada. O turco que, diferentemente de Şahin, optou por jogar pela Alemanha, demorou a se adaptar, chegou a ser tornar quarta opção de meio campo, mas hoje, comanda a faixa central borussiana. Gündoğan tem lembrado, em muitos momentos, o próprio Şahin.
Os dois podem jogar juntos na cabeça de área, lembrando que Gündoğan já foi o volante mais fixo com Kehl saindo pro jogo, mas me parece muito inviável. Os dois têm características ofensivas, são meias, praticamente. Valeria expor a zaga de tal maneira?
Jürgen Klopp, pensando nisso, já providencia novas alternativas para encaixar a dupla no time. Em alguns amistosos, o Borussia Dortmund chegou a jogar no 4-3-3 – variando para o 4-1-4-1 que o time se acostumou a usar – com Kehl ou Bender, Şahin e Gundoğan atuando no meio campo. Reus, Götze e Lewandowski formariam a trinca ofensiva.
Esse sistema me parece ser o mais aceitável para o encaixe dos dois, mas uma coisa me deixa encucado: Klopp sacar Kuba do time. O Dortmund pode ter Weidenfeller comandando tudo na defesa, Gundoğan e agora Şahin esbanjando técnica no meio e o trio Reus, Lewandowski e Götze mostrando do que são capazes no ataque, mas Kuba acabava sendo quem movimentava isso tudo, ele é o motor do time. Não custa lembrar que o momento mais turbulento do BvB no primeiro turno da Bundesliga foi quando o polonês esteve machucado. O time não tinha o ritmo e a velocidade que ele impunha.
Mas é nossa obrigação levantar a hipótese de Şahin não repetir as atuações do primeiro título do Dortmund, fazendo com que Kuba não perca seu espaço, mesmo tendo função diferente dentro do time. Hoje, o turco é mais uma incógnita do que uma garantia de bom futebol. Considerei o retorno bom para ambos, afinal, clube e jogador têm uma grande relação de admiração e um histórico de conquistas, mas é uma avaliação prévia.
O retorno de Nuri Şahin é uma “história nova” no Borussia Dortmund, que trás um antigo ídolo, mas fracassado no exterior, até por isso, se torna uma dúvida. Não creio que desbanque Gündoğan, assim como não vejo como esse time jogar sem Kuba. Jürgen Klopp, que baterá de frente com Pep Guardiola na próxima temporada, precisa mostrar, desde já, do que é capaz para encaixar Şahin no time titular, seja como protagonista, seja como gandula.