Le Podcast du Foot #88 | As variadas emoções na rodada da Champions

Foi dada a largada para a fase de grupos da Uefa Champions League e para os três representantes da França, somente um misto de emoções pode resumir o pontapé inicial no principal torneio continental da Europa.

O Paris Saint-Germain, por exemplo, foi da frustração a euforia e terminou decepcionado com a derrota por 3 a 2 diante do Liverpool, atual vice-campeão. Mais do que o revés, a forma como o time jogou deixou um recado bem claro de que a diretoria tem muito o que fazer para não repetir os fiascos recentes.

Já o Monaco, com elenco enfraquecido e temporada incerta, alimentou o sonho de uma vitória sobre o poderoso Atlético de Madrid, mas terminou triste e conformado com uma derrota de virada por 2 a 1.

Quem se sobressaiu foi o Lyon, que surpreendeu a Europa ao bater o campeão inglês, Manchester City em solo britânico. O triunfo por 2 a 1, coroado por grande atuação de Nabil Fekir – autor de um gol e uma assistência – deixa o time de Bruno Génésio na liderança do grupo que ainda tem Shakhtar Donetsk e Hoffenheim – que empataram em 2 a 2.

O misto de emoções nas estreias dos times franceses pautou a edição #88 de Le Podcast du Foot. Eduardo Madeira e Renato Gomes analisaram os confrontos e contaram com as participações de Vinícius Ramos, do Ici c’est Paris, e Pedro Henrique Natario, do AS Monaco Brasil, que comentaram sobre seus respectivos times.

Ouça abaixo o podcast completo:

Gangorra

Os alemães estão tomando o lugar dos ingleses?

Durante a última década, nos acostumamos a ver times ingleses nas semifinais da UEFA Champions League. Não à toa, quando faltaram britânicos nesta fase na edição 2009/10, chegaram a falar em declínio da Premier League, mas preferimos tratar o caso como temporada de exceção. Na última edição do torneio, a dupla de Manchester caiu na fase de grupos, sendo que esses mesmos times foram os dois líderes do Inglês ao término da temporada. Queda? Ainda deixamos essa hipótese de lado, principalmente com o Chelsea conseguindo o almejado título europeu.

Nesta nova temporada, corre-se o risco de avançarmos para a fase mata-mata, novamente, com apenas dois ingleses. O Manchester City, atual campeão nacional, parece que ainda não aprendeu a jogar a Champions League e já está eliminado com uma rodada de antecedência. Já o Chelsea precisa de um milagre para evitar o vexame de ser o primeiro campeão europeu eliminado ainda na fase de grupos.

Em outro canto da Europa, a história é completamente oposta. Mesmo perdendo o Borussia Mönchengladbach na fase prévia da competição, a Alemanha tem seus demais representantes classificados, com o Dortmund tendo assegurado a ponta do temido “Grupo da Morte”. Enquanto isso, Schalke e Bayern dependem de seus esforços para confirmar a primeira colocação de suas chaves.

Os parágrafos anteriores demonstram uma significativa mudança no cenário europeu. Os ingleses, outrora clubes dominantes do continente, não conseguem impor internacionalmente a força vista nos campeonatos domésticos, enquanto a Alemanha, antes resumida, em cenário europeu, ao Bayern, enxerga muito mais do que resultados, mas também, bom futebol.

No Borussia Dortmund, impressiona a frieza de Marco Reus nessa primeira fase de Champions League. O garoto estreou em um torneio continental nesta temporada e não sentiu nenhum peso, chegando a marcar um gol no vislumbrante Santiago Bernabéu. O Schalke 04 está bem mais amadurecido em relação o time que chegou nas semifinais da temporada retrasada e salve um equívoco ou outro do técnico Huub Stevens, tem tudo para surpreender no torneio.

O Bayern dispensa maiores apresentações e não é exagero algum colocá-lo como um dos principais favoritos ao caneco. A campanha na Bundesliga beira a perfeição, o ataque ganhou nova movimentação com o croata Mandžukić e a defesa já não é mais o grande problema, tendo sofrido poucos gols na temporada. Acima do Barcelona no ranking de favoritos? Exagero. Mas os bávaros, se não estão acima, pelo menos estão em patamar igual ao do Real Madrid.

Deposito parte considerável desse sucesso a divisão de forças dos principais times alemães. Manuel Neuer foi o único exemplo recente de jogador que trocou uma equipe de porte por outra. No restante, os clubes buscam se reforçar com atletas de equipes menores ou então revelar jogadores. É o caso de Schalke e Dortmund, que contam com nomes do calibre de Füchs, Neustadter, Draxler, Reus, Götze, Lewandowski e Gündoğan. Todos estes citados são crias dos times citados ou foram trazidos de clubes menores da Alemanha e outros países.

O Bayern, por ser um clube mais rico, se dá ao luxo de buscar jogadores renomados internacionalmente, como foi, recentemente, com Arjen Robben e Javi Martínez. Porém, o clube bávaro tem seguido as ações dos adversários e buscou novos talentos em equipes menores, caso de Dante, Mandžukić e Luiz Gustavo.

Em contrapartida, as equipes inglesas não estão tendo a capacidade de se “reforçar mutuamente”. Basta olhar o seguinte exemplo: Liverpool e Arsenal não estão brigando por títulos, logo, seus destaques trocam de clube por esse motivo. O pior disto tudo é que esses jogadores reforçam os rivais, ou seja, entre as equipes de porte do país, um perde, outro ganha. Os principais atletas ficam concentrados nos mesmos times e a circulação de bons jogadores fica menor.

Isso indica declínio da Premier League? Eu ainda prefiro esperar antes de dar uma opinião final. Se fosse para dar uma resposta agora, diria que não, mas fica aquela pontinha de desconfiança se essa opção de buscar reforços no rival é uma boa em âmbito geral. O adversário forte lhe obriga a ser mais poderoso ainda. Se você enfraquece o rival, pode lhe causar acomodação. Se isso vier acontecer, aí sim poderemos apontar uma decadência da Liga Inglesa… Decadência mental!

Mas ainda é cedo para chegarmos a uma conclusão. Na temporada passada, vimos o campeão alemão cair na fase de grupos e outro time do país chegando na final, assim como notamos a dupla mais forte da Inglaterra afundar cedo e um desacreditado Chelsea ganhando a competição. São times que adoram brincar de gangorra quando o assunto é torneios UEFA e como toda gangorra, tem o momento que desce e o momento que sobe.

*Crédito da imagem: Getty Images

Às avessas

Agüero proporcionou uma das cenas mais marcantes de 2012

Desde que foi comprado pelo sheik Mansour bin Zayed Al Nahyan, a rotina do Manchester City é ir à forra e gastar pra valer. Segundo o site “Transfermarkt”, o clube inglês gastou 94 milhões de euros em 2011/12, 182 milhões em 2010/11, 147 milhões em 2009/10 e 157 milhões de euros em 2008/09, totalizando quase 600 milhões em quatro anos.

Se na última temporada o dinheiro investido já havia sido mais “modesto”, comparado com valores de temporadas passadas, você nem imagina o quanto que o City gastou para a edição 2012/13 da Barclays Premier League. Os campeões ingleses gastaram apenas 15 milhões de euros e em apenas um jogador, Jack Rodwell.

Caiu a ficha do sheik Mansour e de todos no Manchester City de que “gastar por gastar” não adianta muita coisa. O clube fará barulho, chamará a atenção da mídia e dos torcedores, mas criará uma pressão monstruosa sobre todos que participam deste projeto. Gastando com inteligência e com precisão cirúrgica, tudo pode dar certo.

Afinal de contas, o Manchester City foi campeão inglês, não havia muito para o que mexer. A não ser que Mansour queira, desesperadamente e a qualquer custo, vencer a UEFA Champions League, fazendo com que não meça esforços para chegar a tal objetivo. O título ele quer – quem não quer? -, mas tentando seguir a linha de raciocínio traçada na última temporada.

De que adianta a vinda de Rodwell? Simples! Yaya Touré, peça importantíssima da conquista nacional jogando como meia-armador, teve de jogar várias vezes como volante – sua posição original – para qualificar a saída de bola, que é uma pequena deficiência de Gareth Barry e Nigel De Jong. Rodwell atua nessa faixa central, fazendo o que os ingleses costumam chamar de “box-to-box”, com isso, Touré pode ser efetivado como um meia-ofensivo.

Mesmo com um único reforço, o Manchester City segue muito forte, já que não perdeu ninguém importante e mantém a espinha-dorsal, formada por Joe Hart, Vincent Kompany, Yaya Touré, David Silva e Agüero.

Além disso, o argentino Carlos Tévez tem se redimido de seus atos indisciplinares no passado e tem conquistado a confiança de Roberto Mancini. O treinador italiano já chegou a afirmar que “se tiver vontade de jogar, Tévez é um dos melhores”.

Com esses acréscimos todos, os adversários é que passaram a abrir o bolso para tentar desbancar o City. Até mesmo o vizinho United decidiu mexer-se da cadeira para contratar. Às vésperas do início da Premier League, os Red Devils investiram 30 milhões de euros em Robin van Persie, principal jogador do Arsenal. O holandês se juntará ao também recém chegado Shinji Kagawa, destaque do Borussia Dortmund.

O problema para Alex Ferguson será encaixar essa dupla com Wayne Rooney. No esquema que Fergie costuma utilizar, só caberiam dois deles, no caso, um homem de área e um segundo atacante. Fica a dúvida se o escocês colocará Kagawa como winger ou box-to-box, já que os atacantes deverão ser Rooney e van Persie.

Eden Hazard irá se aventurar em Londres

O time que mais fez apostas interessantes na hora de gastar sua grana foi o Chelsea. Os campeões europeus decidiram reforçar o setor que passava por maior instabilidade: a armação. Caracterizada como uma equipe veloz e de contra-ataque, Roman Abramovich decidiu investir em atletas dotados de maior técnica, como Oscar e Eden Hazard, ambos contratados por mais de 30 milhões de euros.

Mesmo com esses reforços vindo a peso de ouro, a maior esperança dos londrinos está depositada em Fernando “Niño” Torres. O espanhol, contratado por quase 60 milhões de euros em 2011, ainda não decolou em Stamford Bridge e com a saída de Didier Drogba, a diretoria decidiu fazer valer toda a grana investida e dar um voto de confiança a Torres.

Acredito que esse trio deverá brigar pelo título inglês. Foram os que mais investiram nas últimas temporadas e os que possuem elencos mais fortes e competitivos. Chegam forte não só para a Premier League, como para a UEFA Champions League.

A Premier League continuará com seu alto nível. Nos últimos anos, a edição que está para começar é a que tem os favoritos em maior força. O City tem a base campeã, o United se reforçou com o artilheiro da última temporada e o Chelsea trouxe dois brilhantes atletas da nova geração mundial.

É certeza de grandes jogos e emoção até o último minuto!