A UEFA Champions League está de volta. O maior torneio interclubes do planeta reunirá os dezesseis melhores times da fase de grupos em oito empolgantes duelos de ida e volta. Nesta semana, serão realizados os primeiros quatro confrontos com alguns campeões e favoritos em campo. O Europa Football preparou uma prévia especial para esses quatro jogos.
Nos próximos parágrafos, você irá saber de tudo que envolve Valencia x Paris Saint-Germain, Celtic x Juventus, Shakhtar Donetsk x Borussia Dortmund e Real Madrid x Manchester United, com informações, estatísticas e muita opinião. Confira toda prévia abaixo:
-> Valencia x Paris Saint-Germain
O duelo que coloca frente-a-frente espanhóis e franceses tem tudo para ser interessante na questão tática. O Valencia fará o primeiro jogo no Mestalla, a tendência seria ir ao ataque e buscar o resultado, mas irá encontrar um time muito forte defensivamente e que se sai bem nos contra-ataques, porém, que enfrenta muitas dificuldades com adversários retrancados. É o dilema de Ernesto Valverde: atacar e, possivelmente, sofrer ou defender e esperar o contra ataque.

Por isso, podemos afirmar que o PSG é favorito no confronto. O time de Carlo Ancelotti chegará com a responsabilidade de cumprir com todas as expctativas geradas em torno do elenco antes da temporada iniciar, porém, tem em mente que pode aplicar seu jogo de aproximação dos pontas com os atacantes e avanços dos laterais com relativa tranquilidade, pois o Valencia estará em seu dilema de enfrentamento, provavelmente, definido enquanto a bola rolar.
Outro ponto que torna o time francês favorito no duelo é seu técnico, Carlo Ancelotti, que conhece como poucos os atalhos para conquistar a orelhuda, além disso, o PSG teve a melhor campanha entre os 32 times da fase de grupos. O detalhe é que esses resultados foram obtidos no momento em que Carlo Ancelotti ainda buscava a melhor formação e curiosamente, o 4-4-2 ao melhor estilo britânico, esquema usado hoje pelo time, começou a ser testado contra o Porto, no último jogo da fase de grupos. Em outras palavras, o PSG conquistou a maior parte dos pontos sem estar em sua melhor forma tática.
A esperança parisiense fica depositada em Zlatan Ibrahimović. O sueco é, disparado, o artilheiro do Campeonato Francês e um dos principais assistentes do time. Porém, a Liga dos Campeões é uma espécie de carma do atacante, que persegue o troféu há anos, mas sempre falha no meio do caminho. Ibra tentará fugir do estigma de “pipoqueiro” na UEFA Champions League com o experiente Ancelotti no comando.
Vale observar o comportamento dos atletas do Paris Saint-Germain em campo. Muitos deles estão em sua primeira Liga dos Campeões, consequentemente, em sua primeira disputa de mata-mata na competição, talvez falte a famosa cancha. Lucas é o exemplo mais claro. O brasileiro desembarcou há pouco tempo na França e vem encontrando a melhor maneira de se encaixar no time. Teoricamente, é titular, mas talvez perca espaço nesses jogos por ser muito jovem.

Já o Valencia procura repetir o feito da temporada 2006/07, quando chegou pela última vez à fase de quartas-de-final. O time espanhol vive um novo momento com Ernesto Valverde, que substituiu Mauricio Pellegrino no final de 2012 e conseguiu recolocar a equipe em posições respeitáveis na Liga BBVA. Desde a chegada do novo comandante, os Che sofreram apenas duas derrotas, conseguiram empatar com o Barcelona e se tornaram realidade na briga por uma vaga na próxima Liga dos Campeões, já que o Málaga, time que ocupa a última vaga para o torneio na Espanha, está proibido de disputar a próxima edição.
O empate entre Valencia x Barcelona é um tema pertinente a ser levantado por Ancelotti a seus jogadores. Na partida em questão, Valverde conseguiu estabelecer uma estratégia para neutralizar a presença de Messi. Convenhamos, se conseguiram parar o argentino, conseguem parar qualquer um, não que seja fácil, mas já é um ótimo parâmetro.
Vale destacar também o embate defesa-ataque. O PSG tem sofrido poucos gols e o goleiro italiano Salvatore Sirigu quebrou o recorde de Bernard Lama ao permanecer 948 minutos sem ser vazado. Enquanto isso, o Valencia tem um ataque forte e muito entrosado com Soldado e Jonas.
Porém, o time francês não deverá contar com Thiago Silva que está lesionado. Alex, parceiro de Thiago, retornou do estaleiro somente agora, podendo formar uma zaga mais física com Sakho. O possível desfalque do time espanhol pode ser Cissokho, ex-Lyon.
DE OLHO: Muitas atenções às duplas ofensivas dos dois times. De um lado, Lucas e Ibrahimović, do outro, Soldado e Jonas. Pela equipe parisiense, o ex-são-paulino Lucas já descobriu qual é a receita do sucesso e já começou a distribuir suas assistências para Ibra, enquanto o sueco vive fase esplendorosa. Apesar de contar ainda com nomes do naipe de Pastore e Lavezzi – e Beckham, que ainda não iniciou a série de treinamentos – a dupla milionária é a que chama mais atenção. Já a dupla, Jonas e Soldado possui mais rodagem e são os principais nomes do time ao lado de Feghouli, porém, somente a dupla formada por Jonas e Soldado é responsável por 14 dos 32 gols do time na Liga BBVA.

-> Celtic x Juventus
Fazia tempo que não escutávamos o nome de Celtic e Juventus em uma fase eliminatória da Liga dos Campeões. Os escoceses passaram algumas edições morrendo ainda na fase prévia do torneio, enquanto os italianos, neste momento de reconstrução, tiveram de amargar alguns anos longe da competição. Nos números, é a primeira participação do Celtic nas oitavas de final desde a temporada 2007/08, enquanto a Juventus esteve nesta fase pela última vez na temporada 2008/09.

Falando dos times, começamos com o Celtic, que sem o rival Rangers em sua liga doméstica, lidera com tranquilidade, com dezoito pontos de vantagem para o vice-líder Inverness. A equipe de Neil Lennon tem o ataque mais positivo, a defesa menos vazada, a maior quantidade de vitórias e a menor de empates, liderança absoluta.
O principal jogador do time tem sido o atacante Gary Hooper, de 25 anos. Ele foi o artilheiro do Celtic nas últimas temporadas e nessa já balançou as redes em 13 oportunidades. Em 2013, Hooper tem cinco gols em quatro jogos no Campeonato Escocês. Outro nome de destaque do time é o queniano Victor Wanyama, que é peça de confiança de Lennon por cumprir bem as funções de volante e zagueiro.
A tendência é que o Celtic vá a campo com o 4-4-2, variando para o 4-4-1-1, mas não se surpreenda caso Neil Lennon escale seu time com três zagueiros. O treinador norte-irlandês testou o 3-5-2 em algumas partidas do Campeonato Escocês, provavelmente pensando no que irá encarar contra o time italiano.

A Juventus não vem tendo vida tão fácil assim na Série A. Apesar da liderança, o time de Antônio Conte é perseguido de perto pelo Napoli. A distância entre as duas equipes é de cinco pontos. Porém, assim como o adversário escocês, a Juve tem o maior número de vitórias, é o que menos perdeu e tem o melhor saldo do campeonato.
Chama à atenção no elenco juventino, a mescla de experiência e juventude, ao mesmo tempo, com a adequação de cada setor ao protagonismo. Buffon, Barzagli e Pirlo são pra lá de experientes. O trio já ultrapassou a marca dos trinta anos, são atletas de seleção, mas são tão importantes quanto Giovinco, Vidal e Pogba, que não tem a mesma bagagem dos demais citados, mas tem sido tão decisivos quanto.
Aliás, falando em Pogba, suas participações têm sido muito importantes nessa temporada. O francês já anotou quatro gols na temporada e mesmo aos 19 anos, joga com regularidade e vê seu nome sendo especulado na seleção francesa. Atuar próximo de Pirlo deve dar a liberdade necessária ao garoto para brilhar na pesada UEFA Champions League.
DE OLHO: Visão atenta aos goleiros menos vazados das ligas da Escócia e Itália, não só por este feito, mas pelo contraste da idade: Buffon tem 35 anos, já Forster tem 24. O italiano é ídolo em Turim, é um dos melhores goleiros do planeta e, com certeza, um dos principais nomes da posição nos últimos 20 anos. Ainda tem lenha para queimar e se livrou das lesões, é uma das peças decisivas da Juventus para o confronto, pois o Celtic irá de franco atirador e Gigi terá de trabalhar pouco, mas de forma eficaz. Já Fraser Forster é jovem ainda, é nove anos mais novo que Buffon, mas só ganhou notoriedade na temporada 2009/10, atuando pelo Norwich City. O goleiro está desde 2010 no Celtic e chamou a atenção do mundo no duelo contra o Barcelona pela fase de grupos da UEFA Champions League, onde fez defesas monumentais e teve uma atuação de “classe mundial”.

-> Shakhtar Donetsk x Borussia Dortmund
Esse é um dos confrontos mais interessantes da fase de mata-mata. O Shakhtar Donetsk mostrou ao continente que há bom futebol na Ucrânia, obra de Mircea Lucescu e sua frota brasileira, agora falta provar em um âmbito maior. Já o Borussia Dortmund mostrou que sua nova geração não está destinada a brilhar apenas em campos germânicos e deixou Real Madrid, Ajax e Manchester City para trás na fase de grupos.

Na Ucrânia, o Shakhtar nada de braçada e lidera o campeonato nacional com treze pontos de vantagem para o Dnipro com uma campanha quase perfeita: 17 vitórias e uma derrota em 18 jogos. O time de Lucescu balançou as redes 52 vezes, sofreu apenas nove gols e ainda conta com o artilheiro Mkhitaryan, 18 tentos. Porém, o Campeonato Ucraniano está parado nesta época do ano e o ritmo de jogo pode atrapalhar demais o Shakhtar neste momento da temporada. Outros times dessa região da Europa já mostraram, em anos anteriores, que essa pausa pode ser prejudicial.
Ficamos sabendo do que o os ucranianos são capazes ainda na fase de grupos: marcação avançada, pressão na saída de bola, movimentação constante dos homens de frente, toques rápidos e participação efetiva dos homens de trás, como o brasileiro Fernandinho, que é um dos diferenciais deste time.
O outro diferencial era o compatriota Willian, mas ele optou por se transferir para o Anzhi da Rússia. Para seu lugar chegou o também brasileiro Taison, que defendia o Metalist. Mudam as características – Willian é mais habilidoso e técnico, enquanto Taison é vertical e muito veloz – mas não as funções, que é atuar pela beirada do campo.
O Borussia Dortmund ainda sonha com tricampeonato nacional, apesar da distância para o Bayern. O time comandado por Jürgen Klopp iniciou 2013 com a corda toda, marcando muitos gols e confirmando a dependência de Kuba, que dá outro ritmo ao time borussiano, apesar das envolventes participações de Reus, Götze e Lewandowski. Sem o polonês, a cadencia fica excessiva, é justamente ele que imprime ritmo e é uma peça chave do elenco.
Favorito no confronto, o Dortmund chega para o duelo carregando nas costas um duro tropeço diante do Hamburg no último fim de semana. Os comandados de Klopp foram goleados por 4×1 pelo time do norte alemão em jogo marcado por uma arbitragem fraca e pela péssima atuação defensiva do BvB.
Vale destacar o retorno de Nuri Şahin, que tem tudo para dar outra dinâmica ao time de Klopp. Apesar de ainda ser reserva e não ter incorporado o estilo de jogo, o turco é uma opção para ajudar o time a controlar o meio campo, afinal, tem bom toque de bola, característica semelhante ao de Gündoğan, titular da posição.
Tecnicamente, não há qualquer questionamento quanto ao time do Borussia Dortmund. Eu já acreditava que pudessem surpreender na temporada passada, quando fracassaram na fase de grupos, agora se tornou realidade pelas imponentes participações contra os campeões de Holanda, Espanha e Inglaterra. O único “porém” está na questão da cancha do elenco. Dentre os atletas mais utilizados por Klopp, apenas o capitão Kehl tem vasta experiência, no restante, apesar de participações internacionais, ainda falta uma bagagem que apenas o camisa 5 tem.
Vale ressaltar a falta do zagueiro sérvio Neven Subotić, que se contundiu na pré-temporada e vem retornando aos poucos. O brasileiro Felipe Santana tem o substituído, mas claramente não está a altura do titular, que além de ser muito técnico e eficiente no jogo aéreo, se completa com Mats Hummels.
DE OLHO: Batalha muito interessante no meio campo. O Shakhtar deverá ter Stepanenko na proteção, com Fernandinho mais solto, buscando conduzir a bola ao setor ofensivo e ainda se preocupar com a defesa. Mais a frente, Taison, Mkhitaryan e Alex Teixeira devem dar trabalho a desfalcada defesa alemã, como fizeram com Chelsea e Juventus. No lado borussiano, Kehl e Bender lutam por um lugar no time, o escolhido protegerá a defesa e desempenhará função tática importante ao dar a liberdade necessária para Gündoğan sair para o jogo e se juntar a Kuba, Reus e Götze, que se movimentam como poucos e confundem qualquer tipo de marcação, fora a qualidade técnica do quarteto, que nem é preciso repetir. São formações com características semelhantes e que devem dar ao jogo uma característica bem agradável.

-> Real Madrid x Manchester United
Esse é o confronto mais esperado desta fase. Frente a frente, dois dos mais vitoriosos times do continente e também o duelo de dois técnicos marcantes da história recente do futebol inglês: Sir Alex Ferguson e José Mourinho. Porém, o que deveria ser um confronto imprevisível, já começa com um favorito destacado: o Manchester United.
Claro que o time inglês tem seus méritos, mas parte significativa desse status vem da fraca campanha do Real Madrid no Campeonato Espanhol. O time merengue acumula nove tropeços – cinco derrotas e quatro empates –, três há mais que na temporada anterior. Pior ainda é ver o Atlético, rival local e eterno motivo de chacota, estar com quatro pontos de vantagem.
Não é segredo para ninguém que estes resultados ruins são obras da intensa crise interna vivenciada pelo clube. As informações que circulam na imprensa dão conta de um racha no elenco, que estaria dividido entre os amigos de Mourinho – entenda-se, agenciados por Jorge Mendes – e inimigos de Mourinho.
Entre os desafetos do português, deve estar Kaká. O brasileiro tem apenas oito participações no Campeonato Espanhol e em muitos jogos nem é colocado no banco de reservas. Enquanto isso, Callejón entra em diversas partidas para mudar quase nada. Sim, sei que são de posições diferentes, mas é absurdo gastar tanto em um jogador do nível do Kaká para não ficar nem no banco. Outro desafeto era o goleiro e capitão Iker Casillas, que chegou a ir para o banco de reservas por “deficiência técnica”. Ele se contundiu e está fora do duelo e o Real agiu rápido ao trazer Diego López para substituí-lo.
A esperança fica toda depositada em um “brilhareco” de Cristiano Ronaldo, que apesar do conturbado ambiente interno, um inacreditável gol contra marcado contra o Granada e a interminável briga estatística com Messi – com o argentino, quase sempre, levando vantagem – ainda é um dos principais jogadores do mundo. Foram 24 gols em 22 partidas do time no Campeonato Espanhol, não podemos rejeitar isso. Além disso, Ronaldo irá enfrentar o clube que deu um up em sua carreira, o Manchester, isso é uma motivação para o português.
A vida mancuniana tem sido bem mais tranquila que a madridista. O time lidera a Premier League com doze pontos de vantagem para o rival local, Manchester City, tem o melhor ataque, é a equipe que menos empatou na competição e ainda fez uma das principais contratações da temporada europeia: Robin van Persie.
O holandês, trazido a peso de ouro do Arsenal, não sentiu nenhuma dificuldade em vestir a camisa do rival dos londrinos e lidera o ranking de artilheiros da Premier League com 19 gols. Junto com Wayne Rooney, que já balançou as redes em 10 oportunidades, van Persie tem formado um dos ataques mais avassaladores da Europa com 62 gols marcados.
Porém, a defesa deixa um pouco a desejar. Foram 31 gols sofridos e entre os dez primeiros colocados da Premier League, apenas Liverpool, Everton e West Bromwich viram suas redes serem balançadas em mais oportunidades. Parte desses dados pode ser jogado na conta da ausência de Vidić, que ficou muito tempo lesionado, mas nem todo o peso, afinal, o sérvio tem jogado com regularidade em 2013 e o United segue sofrendo muitos gols.
É esse fator que dá uma equilibrada no duelo. O avassalador ataque inglês terá de ser mais eficaz que o monstro português para levar o duelo, pois é improvável que sua defesa dê conta. Expectativa de muitos gols nesse duelo.
DE OLHO: Em Cristiano Ronaldo. Sei que nos outros confrontos destaquei algum duelo individual ou coletivo da partida, mas chama muito a atenção o retorno do português ao Teatro dos Sonhos. Além de ser a grande, senão única, esperança madridista para o confronto, Cristiano Ronaldo baterá de frente com uma defesa que conta com bons nomes, mas que não desempenha em campo toda a eficiência prevista. O Manchester United é favorito, mas esse ponto deixa o duelo menos desequilibrado, porque o português, além de estar no hall de melhores do mundo, é decisivo e vive grande fase na carreira.
