Le Podcast du Foot #68 | A reconstrução do Monaco

#68Le Podcast du Foot está chegando a sua edição #68 e, nela, nossos debatedores falaram sobre o processo de reconstrução do Monaco. Após uma temporada 2016/17 brilhante, levando o título francês e chegando a uma impensável semifinal de Liga dos Campeões da Europa, a equipe monegasca passou por drásticas mudanças no elenco. Kyllian Mbappé, Bernardo Silva, Tiemoué Bakayoko e Benjamin Mendy foram apenas alguns dos que deixaram o clube após desempenho de altíssimo nível.

Na nova temporada, apesar de estar na segunda colocação no Campeonato Francês, as atuações ainda não estão em patamar semelhante ao do ano anterior, e o técnico Leonardo Jardim vem precisando encontrar novas soluções entre os reforços e atletas que ficaram.

Participaram do podcast o jornalista Eduardo Madeira, editor do Europa Football; Renato Gomes; e Simon Balacheff, correspondente do Lucarné Opposée no Brasil.

Dê play abaixo e escute a edição #68 de Le Podcast du Foot:

De Genghini a Hoarau: as finais de Monaco x PSG

Sábado será um dia especial para o futebol francês. Monaco e Paris Saint-Germain, os dois principais times do país, se encontrarão no Parc OL para a decisão da Copa da Liga Francesa. Frente a frente, o poderoso ataque monegasco de Falcao García (que é dúvida para o jogo), Bernardo Silva, Mbappé e Lemar contra o milionário time de Cavani e Dí Maria.

Por mais que a Copa da Liga seja um torneio de menor relevância comparado a outros, o jogo pode gerar reflexos no Campeonato Francês, onde ambos disputam o título rodada a rodada. Quem vencer a copa, certamente sairá fortalecido e com a impressão de que poderá abocanhar o torneio nacional nos jogos que restam.

Na história, será o confronto de número 90 entre as duas equipes e o Monaco leva ampla vantagem, com 42 vitórias contra 22 do Paris e outros 25 empates. Em contrapartida, o equilíbrio vem prevalecendo nos anos recentes e, nos últimos dez jogos, foram dois triunfos para os dois times e seis empates.

Apesar desta larga história, será apenas a terceira vez que as duas equipes baterão de frente em uma decisão. Nas outras duas vezes, uma vitória para cada lado.

No ‘esquenta’ para o jogo de sábado, recordo os dois jogos decisivos, que ajudaram a construir a história do confronto:

Genghini dá o título ao Monaco

Monaco levou o caneco em 85 na casa do PSG | Foto: Divulgação/AS Monaco

A primeira vez em que parisienses e monegascos se encontraram em uma final foi na temporada 1984/85, na decisão da Copa da França. Aquele 8 de junho de 1985 tinha sabor diferente para as duas equipes. O PSG vinha de temporada fraca no Campeonato Francês, onde terminou apenas em 13º, e via no torneio eliminatório a chance de salvar o ano (na época pobre, isso foi recorrente). Já o Monaco buscava lavar a alma após perder a decisão para o Metz na prorrogação no ano anterior.

Na época, tirando a decisão, todos os jogos da Copa da França eram de ida e volta e até nisso os dois times se diferenciavam. Enquanto a equipe do Principado chegou à final sem grandes sustos, a agremiação da capital passou por disputa por pênaltis contra o Montpellier na primeira fase e ainda passou apuros com Le Havre (na época, na segunda divisão) e arrancou a classificação para a final nos penais diante do Toulouse.

No jogo decisivo, porém, o time de campanha mais tranquila levou a melhor e aos 14 minutos, Bernard Genghini fez o gol que valeu o título ao Monaco. O meia-atacante, que fez história na seleção francesa, aproveitou rebote de uma falta e, com o goleiro Moutier fora do lance, anotou o tento.

O PSG, que havia jogado a semifinal diante do Toulouse quatro dias antes (precisou reverter um 2×0 contra, passar por prorrogação e pênaltis), sentiu o cansaço e não conseguiu virar o marcador.

Foi a consagração da equipe que tinha ainda como destaques o goleiro Ettori, o lateral Amoros, o meio-campista Puel (que não pode jogar a final) e o atacante Bruno Bellone. Aquela foi a quarta conquista de Copa da França dos monegascos, que viriam a ganhar somente mais uma dali em diante.

Ficha técnica:

Estádio: Parque dos Príncipes

Público: 45.711

Gol: Genghini (14’/1º)

PSG: Moutier – Lemoult, Morin, Jeannol e Bacconnier – Fernandez, Charbonnier, Susic e Lanthier – Toko e Rocheteau | Treinador: Georges Peyroche.

Monaco: Ettori – Liégeon, Stojkovic, Simon e Amoros – Bijotat, Bravo e Genghini – Tibeuf, Anziani e Bellone | Treinador: Lucien Muller.

Hoarau salva uma temporada trágica

Hoarau cravou nome na história do PSG | Foto: Paris SG

Os dois times voltariam a se encontrar em nova decisão mais de 20 anos depois. No dia 1º de maio de 2010, Monaco e PSG enxergavam a final da Copa da França como uma chance de salvar a temporada. Os monegascos viviam tempo de vacas magras, sem títulos desde 2003, enquanto os parisienses, meros coadjuvantes no Campeonato Francês, se sustentavam nas copas, onde haviam chegado a cinco finais no século (aquela seria a sexta).

Olhando para trás, aliás, posso afirmar: que times alternativos!

O Monaco ainda tinha o ótimo Ruffier no gol e apostava suas fichas no brasileiro Nenê, que tempos depois brilharia no próprio PSG. Ainda no time monegasco de Guy Lacombe estavam Djimi Traoré, ex-Liverpool, e Eduardo Costa. Já o Paris tinha no gol o folclórico Apoula Edel (que teve ótima atuação na final), Claude Makélélé e Ludovic Giuly comandando o elenco e um Christophe Jallet com cabelo na lateral.

Por fim, quem levou a melhor foi o PSG na prorrogação, com um gol de Guillaume Hoarau, que ganhou um espaço especial no coração dos torcedores parisienses com esse tento. Hoarau virou uma espécie de ídolo da época mais humilde do clube, se é que podemos dizer assim.

Aquele título foi um divisor de águas para as duas equipes. O Paris só voltaria a erguer um caneco depois de receber a singela injeção monetária da Qatar Sports Investiments, enquanto o ASM seria rebaixado no ano seguinte, iniciando um processo de reconstrução que vem atingindo um ponto próximo do ápice nessa temporada.

Stade de France – Saint-Denis

Público: 77.000

Gols: Hoarau (15’/1ºP)

Monaco: Ruffier – Modesto, Mongongu, Puygrenier e Traoré – Eduardo Costa (Sagbo 111’), Mangani (Haruna 55’), Pino (Maazou 86’), Alonso e Nenê – Park | Técnico: Guy Lacombe

PSG: Edel – Jallet (Traoré 116’), Camara, Sakho e Armand – Makelele, Clément, Giuly (Luyindula 77’) e Sessegnon – Hoarau e Erding (Ceará 65’) | Técnico: Antoine Kombouaré

Qual a origem dos nomes dos estádios franceses? (Parte II)

Na última semana, você conferiu no Europa Football a primeira parte do especial que trouxe a origem de dez nomes de estádios dos clubes do Campeonato Francês. Por uma grata surpresa, o post teve ótima repercussão, inclusive, sendo destaque no Trivela.

Mas passado o Carnaval e todo o feriadão, retorno com a parte final e explicando os últimos dez nomes. Lembrando que junto, a nomenclatura dos estádios, está a localização no Google Maps, para que vocês possam ver mais e conhecer a casa de cada equipe francesa. Vamos a eles:

  • Metz

Estádio Saint-Symphorien – inaugurado em 1923 – capacidade para 25.636 pessoas

Construído no início dos anos 20, o estádio Saint-Symphorien foi inaugurado em 1923, mas o desmoronamento de uma parte do telhado fez com que passasse por longa reforma até ser reinaugurado, de forma definitiva, em 1932. Essa reforma foi concluída exatamente na época em que o clube mandante mudava de nome de Club Atlético de Metz para FC Metz, o que segue até hoje. O estádio possui esse nome por estar situado no Boulevard Saint-Symphorien.

  • Monaco

Estádio Louis II – inaugurado em 1985 – capacidade para 18.523 pessoas

O novo estádio Louis II foi construído em 1985 | Foto: Divulgação/AS Monaco

O novo estádio Louis II foi construído em 1985 | Foto: Divulgação/AS Monaco

A casa atual do Monaco foi inaugurada em janeiro de 1985, sendo obra idealizada pelo príncipe Rainier III. O Louis II foi construído no distrito de Fontvielle, no lugar do estádio que tinha o mesmo nome. O local, que homenageava o príncipe Louis II, recebeu partidas do time monegasco de 1939 até 1985. Antes disso tudo, o ASM atuava no estádio Moneghetti, no bairro de mesmo nome, entre 1924 e 1939.

  • Montpellier

Estádio de la Mosson e do Mundial 98 – inaugurado em 1972 – capacidade para 32.900 pessoas

O primeiro clube a utilizar o estádio de La Mosson foi o AS Pallaide, clube que disputava torneios distritais em Montpellier. Com a fusão do clube com o Montpellier Litoral SC, (que jogava no estádio Richter), surgiu o Montpellier HSC, que passou a utiliza-lo em 1974. O estádio leva esse nome por estar próximo ao Rio Mosson. Já a referência a Copa do Mundo de 1998, disputada na França, foi feita pela escolha do estádio para sediar jogos da competição, o que fez com que fosse ampliada sua capacidade para 35 mil pessoas.

Os outros dois estádios em que o MHSC mandou jogos também possuem nomes fáceis de explicar. O primeiro foi o Parque de Esportes da Avenida da Ponte Juvenal, entre 1923 e 1967, que leva a mesma nomenclatura da localização, enquanto o estádio Richter, utilizado entre 1968 e 1974, também faz referência a sua localização.

  • Nancy

Estádio Marcel Picot – inaugurado em 1926 – capacidade para 20.087 pessoas

Chamado inicialmente de Parque de Esportes de Essey, a casa do Nancy foi oficialmente aberta em 8 de agosto de 1926. No começo, o estádio foi utilizado pela escola universitária local e pelo FC Nancy (clube que existiu entre 1901 e 1968). Com o surgimento do AS Nancy, em 1967, o local foi rebatizado no ano seguinte como estádio Marcel Picot.  Ele foi um empreiteiro que dedicou boa parte da vida ao FC Nancy e auxiliou no desenvolvimento do estádio. Por ter falecido em 1967, teve nome estampado na casa dos Vermelhos e Brancos em 1968, como forma de homenagem.

  • Nantes

Estádio de la Beaujoire-Louis Fonteneau – inaugurado em 1984 – capacidade para 37.473 pessoas

O caldeirão da Beaujoire é uma das armas do Nantes | Foto: Divulgação/Nantes

O caldeirão da Beaujoire é uma das armas do Nantes | Foto: Divulgação/Nantes

Um dos maiores caldeirões do futebol francês, La Beaujoire faz referência ao bairro do mesmo nome, em Nantes. Sua construção foi feita em razão da disputa da Eurocopa de 1984. Já o nome de Louis Fonteneau homenageia o presidente do clube entre 1969 e 1986. Ele foi um dos grandes idealizadores do projeto da construção do estádio a partir dos anos 70. Como morreu em 1989, o local foi rebatizado no mesmo ano.

Antes da nova casa, os Canários jogaram em alguns estádios: Saint-Pierre, Contrie e Procé. Após a II Grande Guerra, o Nantes passou a utilizar o estádio Marcel Saupin, que resistiu até a chegada de la Beaujoire. Atualmente, já houve uma parte demolida e o time reserva do time amarelo atua por lá.

  • Nice

Allianz Riviera – inaugurado em 2013 – capacidade para 35.624 pessoas

Assim como ocorre com muitas arenas mundo afora, o novo estádio do Nice, construído visando a Eurocopa de 2016, possui o naming rights da Allianz e a referência da região da Riviera. Entretanto, tivemos muitas reviravoltas até a concretização, isso porque, em 2010, o estádio se chamaria Olímpico de Nice. Em 2012, houve o acerto com a seguradora alemã, que pagará € 1,8 milhões por ano durante nove temporadas.

Antes da moderna arena, o Nice mandou jogos no estádio do Ray entre 1927 e 2013. O nome original deste estádio é Léo Lagrange, um secretário de estado de esportes, mas se tornou popular pelo nome do distrito onde está localizado.

  • Paris Saint-Germain

Estádio Parque dos Príncipes – inaugurado em 1897 – capacidade para 48.583 pessoas

Um dos maiores e mais antigos estádios da França, o Parque dos Príncipes recebeu este nome por causa da família real francesa, que utilizava o local de recreação e caça nos séculos XVIII e XIX. O estádio foi inaugurado, originalmente, para abrigar provas de ciclismo e o PSG passou a utilizar o parque em julho de 1974.

Antes da fusão do Paris FC e do Stade Saint-Germain, o clube mandava seus jogos no estádio municipal Georges-Lefévre. Atualmente, os times de base do PSG atuam ali e o clube se comprometeu a renovar o estádio.

  • Rennes

Estádio Parque Roazhon – inaugurado em 1912 – capacidade para 29.778 pessoas

O nome do estádio do Rennes sempre foi razão de polêmica. Tradicionalmente, o local era conhecido como Rota para Lorient, pela sua localização. Porém, durante vários anos, houve quem sugerisse uma mudança, incluindo naming rights ou homenagens a grandes ídolos da história do clube. Finalmente, em 2015, o presidente René Ruello realizou um referendo, que aprovou a mudança do nome para Parque Roazhon com 70% dos votos. Roazhon, para entendermos, significa Rennes em bretão, que é a linguagem local.

  • Saint-Étienne

Estádio Geoffroy-Guichard – inaugurado em 1931 – capacidade para 41.965 pessoas

Conhecido como “Caldeirão Verde”, o Geoffroy-Guichard vem sendo casa do Saint-Étienne desde sua profissionalização | Foto: Divulgação/ASSE

Conhecido como “Caldeirão Verde”, o Geoffroy-Guichard vem sendo casa do Saint-Étienne desde sua profissionalização | Foto: Divulgação/ASSE

O caldeirão verde do Saint-Étienne foi construído nos anos 30 e recebeu o nome do empresário Geoffroy Guichard. Ele foi um dos fundadores de clube e o terreno onde o estádio foi construído era de propriedade de uma de suas empresas. O estádio Geoffrey-Guichard acompanhou o ASSE durante todo o seu percurso profissional, a partir de 1933.

  • Toulouse

Estádio de Toulouse – inaugurado em 1937 – capacidade para 33.150 pessoas

Bom, a origem do estádio do TFC não tem muito segredo, até por ser um estádio que leva o nome da cidade onde está localizado. Conhecido como “pequeno Wembley”, o local era a casa do primeiro Toulouse FC entre 1937 e 1967 e depois do atual Toulouse (que apesar do mesmo nome e cidade, curiosamente, não tem relação alguma com o clube anterior), a partir de 1970.