
Giroud é homem de confiança de Didier Deschamps | Foto: Aurélien Durand/FFF
O trabalho de convocar uma seleção para uma Copa do Mundo envolve muito mais do que escolher os melhores dentro de uma ideia de jogo, pensar em como podem atuar e trazer a taça para a casa. O quesito confiança técnico-jogador também precisa entrar no pacote.
Embora esse critério seja desprezado por muitos, o treinador precisa colocar isso na balança. Além da questão técnica, de conhecer o jogador e saber como aproveita-lo, tem o vestiário, afinal de contas, na Copa do Mundo, os atletas ficam mais de um mês concentrados em um mesmo ambiente. Imagine você ficar 30 ou 40 dias vivendo junto de um colega “tóxico”? – pegando uma expressão da moda para exemplificar.
Por isso, goste-se ou não, muitos técnicos de seleção têm seus “soldadinhos”, jogadores não tão aclamados, mas que são eficientes e, principalmente, de confiança do responsável pela seleção nos mais variados aspectos.
Na França, quem se enquadra nesse aspecto é Olivier Giroud. O centroavante do Chelsea está longe de ser um dos atletas mais talentosos ou badalados da poderosa geração gaulesa, mas é eficiente quando coloca o manto azul e corresponde sempre que é preciso.
Basta ver que ele é o maior artilheiro em atividade na seleção francesa e quarto na história, com 31 gols em 72 jogos. No momento, ele está empatado com Zinedine Zidane e já deixou para trás goleadores históricos como Just Fontaine e Jean-Pierre Papin. Thierry Henry, líder do ranking, está 20 gols a frente.
Desde que debutou pelos Bleus em 2011, ainda embalado pelo frenesi ocasionado na temporada mágica no Montpellier, Giroud fez 13 gols de abertura de placar. Além disso, em todas as vezes que marcou, a França venceu 20 partidas e perdeu somente duas. Querendo ou não, seus gols normalmente possuem peso relevante para a seleção no que tange o resultado ao fim dos 90 minutos.
Giroud pode não ser dos atacantes mais talentosos, mas é eficiente dentro do que a França propõe. Enquanto os companheiros criam, ele complementa as jogadas. Basta ver que dos 31 gols que fez pela seleção francesa, todos saíram de dentro da área, sendo que em 83,8% deles o atacante deu apenas um toque na bola. Detalhe: nenhum de pênalti.
Além dos números, a questão confiança ganha força também quando olhamos os concorrentes do atleta de 31 anos. Karim Benzema foi totalmente descartado por Deschamps – e desde que foi integrado a seleção teve muitas turbulências – enquanto Alexandre Lacazette nunca repetiu as atuações que teve especialmente pelo Lyon. Como desbanca-lo dessa maneira?
Razões como as apontadas acima tornam fácil explicar porque Giroud é titular absoluto. Confiança de Deschamps e bom desempenho pela seleção o colocam com a 9 do time, mesmo tendo como concorrentes alguns atacantes mais talentosos e badalados.