Agonia azul

Mal na Bundesliga, Schalke não se reencontra na temporada(Foto: Getty Images)

Mal na Bundesliga, Schalke 04 não se reencontra na atual temporada
(Foto: Getty Images)

O Schalke 04 encerrou 2012 com uma série de seis jogos sem vitórias e com uma inesperada eliminação na Copa da Alemanha para o Mainz. Essa série de eventos – exceto a queda na DFB Pokal – acabou custando o emprego do técnico Huub Stevens, que foi mandado embora após a derrota por 3×1 para o Freiburg, na última rodada do primeiro turno do Campeonato Alemão. Jens Keller foi chamado do time sub-17 e ficará no comando técnico até o fim da atual temporada.

Com Keller no comando, o Schalke está invicto em 2013, uma vitória e um empate, porém, nesses dois jogos, os Azuis Reais não animaram nem um pouquinho o seu exigente torcedor. Até mesmo no empolgante 5×4 contra o Hannover, o que se viu foi um resultado sendo construído em cima de uma defesa frágil e de uma noite de gala de Holtby. Em seguida, veio o empate diante Augsburg, então vice-lanterna da Bundesliga. Durante boa parte do jogo, o Schalke foi dominado pelo pequeno time bávaro, que criou as melhores chances de gol.

Nessa semana, vieram as piores notícias, começando com Lewis Holtby, principal jogador do time na temporada. Ele já estava vendido ao Tottenham Hotspur, mas iria para Londres apenas no meio do ano, porém, precisando reforçar o time urgentemente, os ingleses conseguiram convencer o Schalke a ceder o atleta agora.

Para completar, o Galatasaray, adversário dos alemães nas oitavas-de-final da UEFA Champions League, acertou com uma dupla de peso para o restante da temporada: Wesley Sneijder e Didier Drogba, ambos campeões europeus recentemente por Internazionale e Chelsea, respectivamente.

O Schalke, que iniciou a temporada bem, chega a esse importante estágio da temporada com um técnico inexperiente, mal armado, com investimentos impensados, com Holtby indo embora e com Huntelaar bem abaixo do esperado. Como se não fosse o bastante, os rivais Bayern e Borussia Dortmund são aclamados continente afora, enquanto o Galatasaray se apronta para as batalhas da Liga dos Campeões. Cenário nada animador.

Fica até difícil encontrar um culpado para esta situação do Schalke 04. O primeiro nome que vem à mente é o de Horst Heldt, manager do clube. É ele quem deveria trazer as peças necessárias para suprir as carências do time. Mas olhando por outro ângulo, não seriam os treinadores – Stevens e agora Keller – responsáveis por não apontar os locais certos de reposição? Enfim, todos têm um pouco de culpa, principalmente na questão de contratações.

O elenco do Schalke é tão desigual que as centenas de boas opções de meias contrastam com o escasso número de defensores. Mesmo sem Holtby, os Azuis Reais contam com Raffael, Afellay e Draxler para a mesma função. Tirando o brasileiro, o restante pode atuar pelos lados do campo, assim como Farfán, Obasi, Barnetta e o recém-contratado Michel Bastos.

Enquanto isso, mais atrás, na cabeça de área, Jens Keller tem o ótimo Neustädter a disposição, mas não conta com um bom parceiro. Marco Höger – que me agradava mais na lateral, mas foi efetivado no meio – é muito instável, Jermaine Jones é pra lá de limitado e Christoph Moritz sofreu sua quinta lesão em um intervalo inferior a um ano.

Achou ruim? Olhem a defesa. Christian Füchs é o único lateral-esquerdo disponível, Kolasinac até joga na posição, mas é improvisado. Os efeitos são vistos nas atuações recentes do austríaco, que se arrasta em campo. Na outra lateral, Atsuto Uchida só provou ser um lateral mediano, de fraca marcação, péssimo posicionamento, mas com alguma qualidade no ataque, e só. O problema maior vem no miolo da zaga. Tirando o capitão Höwedes – que vive apagando incêndios na lateral direita – não há nenhum outro zagueiro confiável. Contrastantes na idade – 21 e 32 anos, respectivamente –, Matip e Metzelder tem o futebol tão parecido… Beirando a mediocridade. Papadopoulos, que não é nenhum monstro, mas que é mais zagueiro que a dupla citada, está lesionado e só deve voltar em março.

Heldt: Grande culpado?(Foto: Getty Images)

Heldt: Grande culpado?
(Foto: Getty Images)

Aí voltamos ao momento em que devemos caçar os culpados. Heldt estava pensando em quê quando trouxe Michel Bastos e Raffael? Não são jogadores ruins, muito pelo contrário, mas foram contratações impensadas. O manager conseguiu desequilibrar ainda mais um elenco que já não era um exemplo de boa distribuição.

É preocupante! No pouco que vi do time com Keller, não creio que vá mudar muita coisa, o Schalke é um bando e é mal administrado. Não há cabimento trazer tantos homens de frente com uma defesa tão frágil e sem opções. Já estou até imaginando o duelo contra o Galatasaray. Neustadter vai ficar sobrecarregado com Sneijder no seu pé, assim como Höwedes, que, provavelmente, vai ter de jogar por dois para segurar Drogba.

Imagino até mais mexidas malucas de Jens Keller, que já teve de improvisar Barnetta na lateral-direita e Kolasinac na lateral-esquerda, só falta fazer com que Michel Bastos relembre seus tempos no Brasil atuando na defesa…

A janela de transferências irá se fechar e se nenhum meteoro cair em Gelsenkirchen representando uma ajuda divina ao Schalke, a situação será crítica, não só para esta edição da UEFA Champions League, mas também para a classificação para o próximo ano, que fica cada vez mais distante na disputa da Bundesliga.

Apáticos

O Hertha calou o Signal Iduna Park (AFP)

O título acima resume bem como é o início de temporada do Borussia Dortmund: apático. Mas duvido que alguém esperava isso do BVB!

O time comandado por Jurgen Klopp é o atual campeão alemão e durante a última temporada apresentou o futebol mais vistoso da Alemanha, um dos mais vistosos da Europa. Mário Götze, Nuri Sahin, Shinji Kagawa e Lucas Barrios formaram um quarteto poderoso, que conquistou a Alemanha e chamou a atenção da Europa inteira. Sem falar de jogadores como Piszczeck, Schmelzer e Bender, que sem fazer muito barulho, também tiveram papel importante na conquista. O princípio da atual temporada também foi animador. O time conquistou a Liga TOTAL Cup e mesmo perdendo a Supercopa da Alemanha – nos pênaltis e tendo massacrado o Schalke durante 90 minutos -, o BVB começou a Bundesliga com uma grande vitória por 3×1 sobre o Hamburgo, onde Mário Götze acabou com o jogo.

De lá pra cá, a maionese desandou, com tropeços, jogos ruins e com seus principais jogadores atuando abaixo da média. Para completar, nas duas últimas rodadas, os aurinegros tiveram 0x0 com o Leverkusen na BayArena e uma surpreendente derrota pro Hertha Berlin, no Signal Iduna Park.

Tá bom, empatar com o Leverkusen na BayArena é normal, mas o modo como aconteceu é que não foi legal. O Borussia fez um primeiro tempo abaixo de suas capacidades, com um jogo muito preso, deixando pra atacar somente na segunda etapa, mas tudo foi por água abaixo com a – pra mim injusta – expulsão de Mário Götze. Ele foi tentar se desvencilhar de Ballitsch com um chute, mas errou. Mesmo que pegasse, seria um “chutinho de nada”. Nada mais que um amarelo, mas Götze foi expulso. O garoto foi suspenso por dois jogos, junto com Sebastian Kehl, que no desespero de entrar em campo, deu um empurrão no quarto árbitro nesse mesmo jogo.

Raffael deixou Hummels sem pai nem mãe (Dpad)

No jogo contra o Hertha, o Borussia falsamente pressionou na etapa inicial. Tinha a bola no campo ofensivo, rodava bem, mas criava pouco. Porém, desde o primeiro tempo, o brasileiro Raffael havia recuado um pouco da linha de três meias do Hertha para poder puxar alguns contra-ataques. Era nítido que ele tinha espaço pra isso. Na etapa final, com o desespero borussiano, ele teve mais espaço ainda e acabou com o jogo, tendo anotado o primeiro dos dois gols do Hertha.

Mas o que realmente preocupa é a apatia do Dortmund. Até na sua vitória sobre o Nüremberg, o BVB não esteve bem em campo e o time bávaro merecia pelo menos o empate, graças ao enorme número de chances criadas. E o principal motivo desse mal futebol está no desempenho ruim de alguns jogadores.

Kagawa não é sombra do que era na temporada passada. Não se movimenta como outrora e poucas vezes dá sequencia a seus ataques. Ouso a dizer que o melhor agora seria tirá-lo do time para voltar a formação que deu certo na segunda metade da última temporada, com Kuba pela direita e Götze na armação central, quem sabe até com a entrada de Perisic ao invés do polonês. O fato é que algo precisa mexer com Kagawa, um “chá de banco”, um papo “de homem pra homem”, que seja, algo deve ser feito, senão o BVB ficará muito atrás do trator Bayern de Munich, que tem passado por cima de todo mundo.

Acorda Kagawa!

Diga-se de passagem, o início de Mário Götze também não é dos melhores, mas ao contrário de Kagawa, ele pelo menos dá sequencia a algumas jogadas. Já fez mais que o japonês. Mas ainda é pouco pra quem vem pleiteando um vaga de titular na Seleção Alemã.

A ausência de Lucas Barrios também é um fator importante para essa queda de rendimento do Borussia Dortmund. O paraguaio é acostumado a receber as bolas pra finalizar, já seu substituto, o polonês Lewandowski, por ser mais um segundo atacante, acaba tabelando mais com os meio-campistas e as penetrações na grande área acontecem em menor número.

É nítida também a falta que Nuri Sahin faz. O turco, que se transferiu pro Real Madrid, ditava o ritmo do meio campo borussiano, e uma partida ruim de Sahin, representava uma partida ruim do Dortmund. Ilkay Gündogan, seu substituto, ainda não conseguiu se adaptar e tem feito partidas apagadas. Tão apagadas, que no sábado, Jurgen Klopp o sacou no intervalo para colocar o brasileiro Antônio da Silva. Foi um “seis por meia dúzia” levado ao pé da letra, porque não mudou nada, nem em posicionamento – só quando Bender saiu e da Silva ficou como único volante -, nem em rendimento.

E amanhã pela Liga dos Campeões, teremos o “duelo dos apáticos”. O Borussia Dortmund, dos ainda abaixo do esperado Kagawa e Götze, contra o Arsenal, do sempre apático Arshavin e do oscilante Walcott.

É uma boa hora para os aurinegros acordarem e jogarem bola!

Hertha com o caminho trilhado

Hertha só não sobe se não quiser....

Dos 18 times que disputam a primeira divisão da Bundesliga, nenhum representa a capital do país, Berlin. O Hertha, principal time da cidade – embora nunca tenha conquistado a Bundesliga –  foi rebaixado na temporada passada e o Union está há vários anos jogando as divisões inferiores da Alemanha. Mas essa história está prestes a mudar.

Não é o Union Berlin que voltará. Aliás, o time mantém suas campanhas ‘insonsas’. O time é atualmente o 11º colocado, foi 12º na temporada passada e não subirá. Mas quem deve subir é o Hertha. A Alte Dame venceu hoje um confronto direto contra o Bochum e está há 5 pontos de um acesso. O time de Gelsenkirchen era o 3º colocado com 55 pontos. Uma derrota congestionaria a parte de cima da tabela, já que Bochum e Augsburg ficariam com 58 pontos e um ponto acima ficaria o Hertha. Isso é para se ter uma noção de como foi importante essa vitória do time de Berlin.

Os irmãos Raffael e Ronny se destacando no Hertha

No duelo de hoje, Niemeyer e Raffael marcaram pro Hertha. O brasileiro tem sido o grande destaque do time nesta temporada. Com o gol do jogo de hoje, ele chegou a 10 gols. Raffael tem 5 assistências em 26 jogos disputados, 2041 minutos jogados, 1906 contatos com a bola, 45 chutes à gol e 20 com direção da meta, 82% de acerto em seus passes, foram cinco gols com o pé direito, 4 com a canhota e mais um de cabeça. Sim, essas estátísticas são reais, já que o site da Bundesliga é bem completo nesses aspectos. O brasileiro, inclusive, deu uma entrevista para o site Trivela, dizendo que gostaria de se naturalizar alemão. Não vem de encontro com o tema central do post, mas vou dar uma pincelada rápida sobre isso: Não gosto dessa história de naturalização. Acho que o jogador tem de ter alguma relação cultural ou familiar com o país para se naturalizar, mas de se destacar lá e por isso jogar na seleção local não é de meu gosto.

Outro destaque da equipe é o brasileiro Ronny. Revelado como lateral-esquerdo no Corinthians, ele hoje se destaca no meio campo do Hertha. O brazuka ficou alguns anos “perdido” em Portugal e à pedido de seu irmão, Raffael, acabou sendo contratado pelo time de Berlin. Hoje, Ronny tem 19 partidas, 1059 minutos jogados, 2 gols e 5 assistências.

Com a vitória de hoje, são 19. O Hertha é a equipe que mais venceu. Em seguida, vemos 5 empates, somente Bochum, Fortuna Dusseldorf e FSV Frankfurt empataram menos. E mais 5 derrotas, número que só o Augsburg tem igual. As demais equipes perderam mais de cinco vezes. Com 59 gols, a Alte Dame tem o melhor ataque da segundona, além de ter saldo de gols mais positivo – +34. O Hertha tem a 3ª melhor defesa, com 25 gols sofridos. Augsburg, com 21 gols e Greuther Furth, com 22 gols, sofreram menos gols.

Esse é Markus Babbel, jovem treinador do Hertha

Uma campanha sólida comandada pelo jovem técnico Markus Babbel, de 38 anos. Se a Alemanha tem revelado bons jogadores, como Müller, Özil, Götze e por aí vai, poucos destacam, mas o país germânico tem revelado muitos técnicos também. Os grandes exemplos são Jurgen Klopp, que deve levar o Borussia Dortmund ao título alemão e Thömas Tuchel, que tem chances de colocar o pequenino Mainz na Europa League. Markus Babbel entra nessa lista. Ele foi assistente no Stuttgart, mas logo foi chamado para substituir Armin Veh no comando técnico da equipe. Ele tirou Die Roten da zona de rebaixamento e os colocou nas ligas européias. Na temporada seguinte, acabou sendo demitido após uma série de maus resultados. Agora no Hertha tem mostrado seu valor nessa grande campanha para a primeira divisão.

A vaga para a repescagem é quase certa para a Alte Dame. O 4º colocado, Greuter Furth tem 51 pontos, 11 atrás do Hertha. A vaga para a primeira divisão vai demorar um pouquinho mais para chegar, mas deve vir com tranquilidade. O Bochum, 3º colocado, tem 55 pontos, 7 atrás do time de Berlin.

Niemeyer fez apenas seu 3º gol na temporada

O Hertha pega nas próximas rodadas o Osnabruck, time que luta desesperadamente contra o rebaixamento, Duisburg, time que sonha com a vaga na repescagem – mas é bem difícil -, Munich 1860 de férias, Erzgebirge Aue, sonhando com uma vaguinha na repescagem e na última rodada, o jogo que pode ser a decisão de quem fica com o título – isso se o Hertha tropeçar em algum desses jogos -, contra o agora vice-líder Augsburg. Lembrando também que na última rodada, os Rot-Grün-Weiß podem estar decidindo uma vaga direta na primeira divisão, pois estão somente três pontos acima do Bochum.

O Hertha Berlin depende de si. Tem tudo para voltar a primeira divisão e capital voltará a assistir jogos da primeira divisão alemã, o que é bom, pois é um desperdício o Olympiastadion ficar abrigando jogos de segunda divisão!

Em tempo…

Augsburg quer subir diretamente para a primeira divisão

Darei uma atualizada na 2. Bundesliga. Tirando o Hertha, que já destaquei acima, temos o Augsburg, com 58 pontos, Bochum, com 55 e Greuther Furth, com 51 brigando por uma vaga na primeira divisão. O time de Berlin já está virtualmente classificado para a primeirona, então resta uma vaga direta e uma para o mata-mata contra o 16º da primeira divisão. O 2º lugar deve ser disputado fervorosamente por Augsburg e Bochum, enquanto o Greuther Furth luta com o time de Gelsenkirchen pela vaga na repescagem.

Lá embaixo, o Arminia Bielefeld é o virtual rebaixado. Com 15 pontos, a equipe está 14 atrás do Karlsruhe, que está fora da zona de rebaixamento e 12 atrás do Osnabruck, time que iria disputar a repescagem. O Oberhausen tem 24 pontos e estaria sendo rebaixado diretamente. Como disse anteriormente, o Osnabruck jogaria um playoff contra o descenso, tendo 27 pontos. Karlsruhe com 29, Ingolstadt com 31 e Padeborn com 32 também lutam contra o rebaixamento.