Europeus e a Copa das Confederações: 1997 – Tchecos param na dupla “Rô-Rô”

Em 1997, a Copa do Rei Fahd passou a se chamar Copa das Confederações

Em 1997, a Copa do Rei Fahd passou a se chamar Copa das Confederações

Chegamos a 1997, ano da terceira edição da Copa das Confederações, primeira com esse nome, com a chancela FIFA e também com participantes de todas as confederações, além de ser a segunda com a inclusão de um representante europeu.

A diferença entre 1995 e 1997 é que o país do Velho Continente que foi à Arábia Saudita para a disputa da Copa das Confederações não havia sido a campeã do continente. A Alemanha, que conquistou a Eurocopa do ano anterior, recusou-se a disputar o torneio realizado em dezembro de 1997 e a vaga caiu no colo da República Tcheca, vice-campeã europeia.

Confira abaixo mais um especial sobre a Copa das Confederações, dessa vez, refazendo o caminho dos tchecos na edição de 1997:

A EDIÇÃO

Apesar da mudança do nome da competição, a Copa das Confederações seguiu alguns moldes das duas edições anteriores, como a Arábia Saudita como país-sede e o estádio King Fahd II como palco de todas as partidas.

Porém, com a chancela FIFA, o torneio ganhou contorno democrático e representantes de todas as confederações obtiveram espaço na Copa das Confederações. Além das participações do país sede e dos campeões de América do Sul, Central/Caribe, Ásia, África e Europa, os países campeões do mundo e da Oceania ganharam vagas no torneio, que passou de seis para oito times.

Com esse acréscimo, o formato da competição foi alterado e essas seleções se dividiram em dois grupos de quatro países. Diferentemente da edição anterior onde os vencedores de cada chave – de três times – se cruzaram na final, em 1997 tivemos duas semifinais com o cruzamento dos dois vencedores de cada grupo.

A República Tcheca, como foi dito anteriormente, chegou ao torneio sem ter sido campeã de seu continente e diferente do que foi visto com a Dinamarca na edição anterior, o técnico Dušan Uhrin pôde levar a base que havia disputado a Eurocopa 1996. 11 jogadores foram convocados para as duas competições, incluindo Karel Rada, Jiří Němec, Radek Bejbl, Pavel Kuka e os lendários Karel Poborský e Pavel Nedvěd, todos eles participantes da final diante da Alemanha no ano anterior.

Além dos tchecos, outras cinco seleções estrearam em 1997 na Copa das Confederações. Por motivos óbvios, a Austrália, campeã da Oceania, e o Brasil, campeão mundial em 1994, eram dois deles, afinal, foi a primeira vez que o citado continente e o vencedor da Copa tinham direito de disputar o torneio. O quadro de calouros foi completado por Emirados Árabes Unidos, vice-campeões asiáticos – a campeã Arábia Saudita entrou como país sede –, a África do Sul, campeã da CAN 1996, e o Uruguai, vencedor da Copa América de 1995.

A Arábia Saudita, país sede em todas as edições, e o México, terceiro colocado dois anos antes, eram os veteranos da Copa das Confederações 1997.

CLASSIFICAÇÃO

Nedved foi um dos remanescentes da Euro 96 (Foto: Getty Images)

Nedved foi um dos remanescentes da Euro 96
(Foto: Getty Images)

A República Tcheca caiu em um grupo que lhe rendia alguns cuidados, pois bateria de frente com os campeões da América e da África. Além de tchecos, uruguaios e sul-africanos, a seleção emiratense fechava o grupo de estreantes na Copa das Confederações.

A estreia europeia já seria marcada por um confronto direto com a África do Sul. O duelo ganhou novo cenário quando o Uruguai, horas antes, derrotara os Emirados Árabes por 2×0 e já abria vantagem na chave. O vencedor do seguinte jogo também tomaria o mesmo caminho e deixaria o oponente direto pela vaga em desvantagem logo na rodada inicial.

Os tchecos até tentaram fazer sua parte e foram para o intervalo com o placar vantajoso, 2×1, com dois gols de Vladimir Šmicer. Porém, a República Tcheca, já com Poborský, que começou no banco, em campo sofreu o empate aos 41 minutos da etapa final em um chute de rara precisão de Helman Mkhalele. A finalização da entrada da área foi no ângulo e indefensável para Srniček.

Teoricamente, o empate diante da seleção sul-africana colocaria a República Tcheca contra as cordas no jogo frente o Uruguai, mas aconteceu algo inimaginável na outra partida da chave. Com um gol no comecinho da partida de Hassan Mubarak, os Emirados Árabes derrotaram a África do Sul. Essa foi a primeira vitória em um torneio FIFA dos EAU. O resultado deu uma aliviada nos tchecos que ainda assim foram batidos pelos uruguaios em uma jornada infeliz de todo setor defensivo europeu. Nicolas Olivera e Marcelo Zalayeta anotaram os gols sul-americanos na vitória por 2×1. Siegl descontou.

Na rodada seguinte bastaria uma vitória tcheca sobre a seleção emiratense por uma diferença de gols superior a uma hipotética vitória da África do Sul sobre o Uruguai para confirmar a classificação. Apesar de estar atrás na tabela, essa missão não foi das mais difíceis. Na saída para o intervalo, o marcador já apontava 4×0 para a República Tcheca, sendo dois gols de Nedvěd. Na etapa complementar, Šmicer, que já havia balançado as redes no primeiro tempo, fez mais dois e fechou a conta em 6×1 para os tchecos, que ainda contaram com uma ajuda uruguaia na vitória sobre os sul-africanos por 4×3, e confirmaram a vaga na fase semifinal da Copa das Confederações.

O ADVERSÁRIO

Para chegar à inédita final, a República Tcheca teria a difícil missão de passar pela seleção brasileira de Zagallo. Apesar de contar com apenas sete remanescentes do tetracampeonato de 1994, o Brasil possuía uma dupla de ataque capaz de fazer inveja a qualquer equipe do planeta: Romário e Ronaldo, a dupla “Rô-Rô”. Além disso, o Velho Lobo levou Rivaldo para a Arábia Saudita. Na época, o meia-atacante, com 25 anos, começava a se fixar na seleção.

Na fase de grupos, o Brasil não passou por grandes apuros e se classificou invicto. Na estreia diante dos mandantes da competição, vitória por 3×0 com dois gols de Romário. Frente à Austrália, Zagallo optou por poupar alguns jogadores e se contentou com o empate sem gols. A vaga para a semifinal foi garantida após uma vitória sobre o México por 3×2, novamente com Romário balançando as redes.

Apesar de contar com alguns nomes de destaque internacional, quem chamou a atenção nos duelos da fase de grupos da competição foi o então jovem Denílson, de 20 anos e que ainda defendia o São Paulo. Ele participou dos três duelos do Brasil na competição e teve excelentes atuações.

AS DECISÕES

Smicer foi o principal nome tcheco na Copa das Confederações (Foto: Getty Images)

Smicer foi o principal nome tcheco na Copa das Confederações
(Foto: Getty Images)

Se enfrentar a única seleção tetracampeã do mundo na época e que tinha a disposição, atacantes como Ronaldo e Romário já seria um árduo trabalho para a República Tcheca, rever os gols sofridos na fase de grupos tornaria a situação ainda mais delicada para a seleção europeia. Apesar de possuir o melhor ataque da competição com nove gols, os tchecos tinham a defesa mais vazada entre os semifinalistas, tendo sofrido cinco tentos, a maioria deles em erros primários dos defensores.

Essas falhas continuaram a acontecer no confronto diante dos brasileiros e a derrota se tornou inevitável. Erros de posicionamento e técnicos foram a tônica da defesa que se viu a mercê da explosiva dupla Ronaldo e Romário. No triunfo canarinho por 2×0, os dois atacantes balançaram as redes uma vez cada e conduziram o Brasil para a decisão da Copa das Confederações, onde seriam campeões frente à Austrália.

Na disputa do terceiro lugar, bastou a satisfação de revidar a derrota da fase de grupos diante do Uruguai e confirmar a boa participação na competição. A vitória foi pelo placar mínimo, com gol de Edvard Lasota, aproveitando a única falha do goleiro Claudio Flores que evitara uma derrota mais elástica.

Apesar de morrer na praia, a Copa das Confederações serviu para mostrar Vladimir Šmicer para o mundo do futebol. O atleta, na época defendendo o Lens, foi o vice-artilheiro do torneio com cinco gols, ficando atrás apenas de Romário, além disso, ficou em terceiro lugar na luta pela Bola de Ouro do torneio.

>> Confira como foi a passagem da Dinamarca pela edição de 1995:

O gigante tcheco

Quarentão, Koller já salvou o Dortmund evitando gols(Foto: Getty Images)

Quarentão, Koller já salvou o Dortmund evitando gols
(Foto: Getty Images)

No dia 30 de março de 1973, nascia em Smetanova Lhota, na antiga Tchecoslováquia, um dos personagens mais marcantes do futebol europeu nas últimas décadas: Jan Koller. Com seus dois metros e dois de altura e sua reluzente careca, era impossível assistir um jogo de seu time e não nota-lo em campo.

Em sua extensa carreira, foram mais de 550 jogos como profissional e 279 gols, sendo 55 deles pela seleção tcheca, que defendeu entre 1999 e 2009. Esses números colocam Koller como artilheiro máximo de seu país, empatado em quantidade de partidas com Pavel Nedvěd.

Porém, uma das histórias mais marcantes de sua carreira não envolveu nenhum gol marcado e sim alguns evitados.

Essa história aconteceu em novembro de 2002. Na época, Koller, já campeão alemão pelo Borussia Dortmund na temporada anterior, carregava parte da simpatia do torcedor por seus 11 importantes gols no ano do título. Essa afeição dos fãs com o tcheco aumentou na ocasião que citarei nos parágrafos seguintes.

O Borussia Dortmund foi ao estádio Olímpico de Munique encarar o Bayern em jogo válido pela 12ª rodada da Bundesliga. Os dois times estavam próximos na tabela de classificação e qualquer deslize já poderia traçar o destino de ambos no torneio, apesar do princípio de campeonato. Até por isso, a partida foi tensa, principalmente no lado borussiano. Seis cartões amarelos foram distribuídos pelo árbitro Michael Weiner, cinco deles para o Dortmund.

Tal postura emocional estava justificada pela maneira com o qual o jogo se desenrolou. Koller abriu o placar na etapa inicial, aproveitando passe do brasileiro Amoroso, porém, o BvB foi para o intervalo sem Frings, expulso por ter recebido dois cartões amarelos. O Bayern se aproveitou e com vinte minutos no segundo tempo já havia virado a partida.

No gol da virada, a revolta dos jogadores do Dortmund com um possível impedimento de Claudio Pizarro foi tão grande que Jens Lehmann se exaltou, conseguindo ser expulso e deixando seu time em situação delicada, pois Mathias Sammer havia efetuado sua terceira alteração dois minutos antes.

Sobrou para o gigantão Jan Koller. Quando surgiu na República Tcheca, ele era goleiro, mas ao chegar às categorias de base do Sparta Praga, virou atacante. Nada poderia ser mais estarrecedor para o torcedor do Borussia Dortmund: seu time perdia por 2×1, via seu goleiro ser expulso e passaria pelo drama de ter um centroavante de mais de dois metros defendendo sua meta por vinte minutos.

O que deveria ser o apocalipse para o Dortmund, acabou sendo um dos episódios mais insólitos da história do clube. Koller não só assumiu a bronca como foi bem de goleiro. Além de não sofrer gols, o tcheco mostrou qualidade na saída da meta – não era pra menos, com mais de dois metros – e ainda agarrou um potente tiro de Michel Ballack no último lance do jogo. Koller até tentou marcar um gol de cabeça no fim da partida, mas não foi capaz de evitar a derrota. Ao menos evitou o alargamento do marcador…

A conceituada revista Kicker valorizou tanto a atuação do tcheco que o colocou como “homem do jogo”.

Após deixar o Dortmund em 2006, depois de 73 gols em mais de 160 partidas, o tcheco se aventurou em outros países, como França e Rússia e até mesmo na Baviera, jogando pelo Nürnberg, mas não pôde vencer as lesões. Em 2011, jogando pelo Cannes na 3ª divisão francesa, o atacante encerrou seus 17 anos de carreira.

Fica registrada nossa homenagem ao novo quarentão, Jan Koller, o gigante tcheco!

EURO 2012: Velhas e novas zebras no Grupo A

Há menos de uma semana para o início da Eurocopa, o “Europa Football” inicia sua prévia para o torneio. Aliás, “inicia” é até modo de dizer, já que os amigos estão acompanhando há meses a série “Contos da Euro”, com várias histórias que envolveram a competição.

Como diria o velho filósofo, “vamos começar pelo começo”, obviamente, o Grupo A, que terá a dona da casa, Polônia, a surpresa da última edição do torneio, Rússia, os campeões de 2004, Grécia e a figurinha carimbada, República Tcheca.

POLÔNIA: Mero mandante? Não!

Lewandowski é o grande artilheiro da Polônia (Cyfrasport)

O objetivo da Polônia nesta Eurocopa é provar que não estará lá apenas para receber as demais seleções do continente. O selecionado polaco não perde desde junho de 2011 e conta com uma seleção jovem e de ótimos valores. A esperança do povo local é que o ritmo vencedor do Borussia Dortmund contamine a seleção. Três atletas bicampeões alemães com o time do Vale do Ruhr disputarão a UEFA Euro 2012 pela Polônia. Todos eles com papéis de destaque nas conquistas.

Na defesa, Lukasz Piszczek é sinônimo de segurança defensiva e constante apoio ofensivo no time alemão. Despertando interesse de vários clubes da Europa, o lateral-direito se torna um ótimo elemento surpresa para o técnico Franciszek Smuda. Caso necessite, Piszczek pode atuar no meio-campo, posição de origem do jogador.

Na faixa central, a aposta vinda da Alemanha é Jakub Błaszczykowski, ou simplesmente “Kuba”. O meia foi reserva do Dortmund por muito tempo, entrava constantemente, mas nunca obteve grande destaque. Com a longa inatividade de Mário Götze, o polonês ganhou espaço e se tornou peça importante no esquema de Jürgen Klopp. Kuba passou a jogar bem e incorporar o futebol alegre do time, mostrando qualidades técnicas antes nunca vistas no jogador. O meio-campista do Dortmund chega ao torneio no melhor momento da carreira. Esta será a primeira Eurocopa de Błaszczykowski, que mesmo convocado em 2008, não pôde disputar o torneio por estar lesionado. Curiosamente, quem o substituiu foi Lukasz Piszczek.

O outro nome de destaque polonês viveu um momento de afirmação na atual temporada. Robert Lewandowski era reserva de Lucas Barrios e substituiu Shinji Kagawa na segunda metade da temporada 2010/11. Os vários gols perdidos deixaram os nove tentos anotados em segundo plano. Com o paraguaio contundido e demorando a recuperar a melhor forma, Lewandowski tomou conta da posição. O atacante amarelo terminou a última temporada 30 gols e, de certa forma, forçou a saída de Barrios. O polonês de 23 anos tem 13 tentos pela seleção de seu país e mais de 120 marcados em sua carreira.

Somado ao trio borussiano, aparece Ludovic Obraniak, meio-campista do Bordeaux. De bom reserva do Lille, o polonês foi um dos ótimos negócios de meio de temporada na França, ao se transferir para os Girondins, e esbanjando técnica nos chutes de longe, tomou conta da armação no retrancado Bordeaux de Francis Gillot.

Outra aposta interessante do time polonês é Rafal Wolski. O garoto de 19 anos teve uma grande temporada pelo Légia Varsóvia e foi chamado por Smuda. Seu estilo de jogo atrevido e bom de se ver lhe rendeu comparações ao também jovem Mário Götze, da Alemanha.

Sonhar com título, realmente, é algo impossível, mas pensar em chegar à segunda fase não é nada de outro mundo. A Polônia tem bons jogadores e contará com o apoio do torcedor. É uma das favoritas do grupo, se chegar no mata-mata, o que vier será lucro.

CONVOCADOS:

Goleiros: Wojciech Szczesny (Arsenal-ING), Przemyslaw Tyton (PSV Eindhoven-HOL), Grzegorz Sandomierski (Jagiellonia Bialystok)

Defensores: Lukasz Piszczek (Borussia Dortmund-ALE), Marcin Wasilewski (Anderlecht-BEL), Jakub Wawrzyniak (Legia Varsóvia), Marcin Kaminski (Lech Poznan), Grzegorz Wojtkowiak (Lech Poznan), Sebastian Boenisch (Werder Bremen-ALE), Damien Perquis (Sochaux-FRA)

Meio-Campistas: Eugen Polanski (Mainz-ALE), Dariusz Dudka (Auxerre-FRA), Adam Matuszczyk (Fortuna Düsseldorf-ALE), Adrian Mierzejewski (Trabzonspor-TUR), Jakub Blaszczykowski (Borussia Dortmund-ALE), Ludovic Obraniak (Bordeaux-FRA), Maciej Rybus (Terek Grozny-RUS), Kamil Grosicki (Sivasspor-TUR), Rafal Murawski (Lech Poznan), Rafal Wolski (Legia Varsóvia)

Atacantes: Robert Lewandowski (Borussia Dortmund-ALE), Artur Sobiech (Hannover-ALE), Pawel Brozek (Celtic-ESC)

RÚSSIA: Sprint final

Aos poucos, Kerzhakov vem tirando o espaço de Pavlyuchenko (Reuters)

Akinfeev, Zhirkov, Arshavin e Pavlyuchenko já têm história na seleção russa. Todos eles estiveram presentes na Eurocopa de 2008, onde o time treinado por Guus Hiddink chegou às semifinais, só parando para a futura campeã Espanha. Depois daquela eliminação, a Rússia se abalou e não conseguiu nem chegar a Copa do Mundo de 2010. A vaga para a Euro deste ano é um alívio e é considerado o “sprint final” desta geração envelhecida.

Andrei Arshavin, grande nome do time de 2008, já passou dos 30 anos de idade e se viu obrigado retornar para a Rússia para ter chance de viajar a Ucrânia e Polônia. Sua volta ao Zenit deveu-se ao fracasso que se tornou sua passagem pelo Arsenal. Inconstante em temporadas anteriores, Arshavin se tornou motivo de chacota em 2011/12 pelo péssimo futebol apresentado. Sua readaptação ao futebol russo custou a chegar, mas quando veio, acabou sendo importante para o bicampeonato do Zenit.

Roman Pavlyuchenko viveu a mesma situação de Arshavin. Reserva em um clube de Londres, neste caso, o Tottenham, o centro-avante foi contratado pelo Lokomotiv Moscow. Em nove aparições na Liga Russa, ele marcou somente dois gols. Essa queda de rendimento talvez explique a preferência do técnico Dick Advocaat pelo atacante do Zenit, Aleksandr Kerzhakov.

Na temporada 2011/12, o camisa 11 dos bicampeões russos fez seis jogos há menos que na temporada anterior, mesmo assim, anotou três gols há mais, 17 no total. Com o gol marcado na sexta-feira, no amistoso diante da Itália, Kerzhakov chegou à marca de 19 tentos com a camisa da seleção de seu país, um há menos que Pavlyucheynko.

A prova de que este time da Rússia é envelhecido está no fato dos moscovitas Alan Dzagoev e Aleksandr Kokorin serem os únicos jogadores abaixo dos 23 anos. Em compensação, oito atletas já têm 30 anos ou mais.

Além desta Euro ser o provável fechamento do ciclo de Arshavin, Pavlyuchenko e Cia., esta edição do torneio também será marcada pelo fim da “era Advocaat”. O experiente treinador holandês já anunciou que deixará a seleção após a Eurocopa e assumirá o PSV. Dick Advocaat treinou o time de Eindhoven de 1995 até 1998, conquistando a Eredivisie em 1997.

Os russos ainda tiveram a sorte de cair em um grupo “camarada”. Mesmo equilibrado, a Rússia desponta como a principal seleção. Embora este blogueiro entenda que os jogadores de destaque da Polônia vivam melhor fase técnica do que os russos, os comandados de Advocaat podem fazer a chama de 2008 reascender e conquistar a vaga nos mata-matas. A experiência, nessas horas, conta demais e os russos, tendo como base o Zenit, têm tudo para conseguir uma classificação.

CONVOCADOS:

Goleiros: Igor Akinfeev (CSKA Moscow), Vyacheslav Malafeev (Zenit) e Anton Shinin (Dínamo Moscow)

Defensores: Alexander Anyukov (Zenit), Alexei Berezutsky, Sergei Ignashevich e Kirill Nababkin (CSKA Moscow), Vladimir Granat (Dínamo Moscow), Yury Zhirkov (Anzhi), Dmitry Kombarov (Spartak Moscow) e Roman Sharonov (Rubin Kazan)

Meio-Campistas: Igor Denisov, Roman Shirokov e Konstantin Zyryanov (Zenit), Denis Glushakov (Lokomotiv Moscow), Igor Semshov (Dínamo Moscow), Alan Dzagoev (CSKA Moscow) e Marat Izmailov (Sporting-POR)

Atacantes: Andrei Arshavin e Alexander Kerzhakov (Zenit), Alexander Kokorin (Dínamo Moscow), Roman Pavlyuchenko (Lokomotiv Moscow) e Pavel Pogrebnyak (Fulham)

GRÉCIA: Mesclando a velha e nova escola

Fernando Santos ampliou os horizontes de pensamento grego (Reuters)

Quando se fala no futebol grego, logo nos lembramos de retrancas. O motivo deste pensamento vem de 2004. Na época, o time treinado por Otto Rehhagel conquistou a Eurocopa disputada em Portugal jogando de forma fechada, com um verdadeiro ferrolho. A única aposta ofensiva ficava na bola aérea. Foi assim que Angelos Charisteas fez o gol do título grego.

O King Otto deixou a Grécia e o português Fernando Santos assumiu em seu lugar. O treinador trabalhou em várias equipes gregas, conseguiu alguns feitos interessantes e topou o desafio de assumir a seleção nacional após a histórica Copa do Mundo de 2010, onde os gregos marcaram seu primeiro gol e venceram sua primeira partida na história do torneio.

O português trouxe uma nova mentalidade ao time. É claro que a marcação ainda é mais forte – parece que já vem embutida no cérebro dos jogadores gregos -, mas Santos já consegue tornar o time mais ofensivo. A Grécia joga atualmente no 4-3-3, com oportunista Theofanis Gekas como home de referência e com o garoto Ninis e o gigante Samaras pelos flancos.

Karagounis e Katsouranis são dois remanescentes do título de 2004 e dão um toque de experiência ao time, que além de Ninis, têm dois jovens vindos da Bundesliga: Kyriakos Papadopoulos do Schalke e Kostas Fortounis do rebaixado Kaiserslautern. O primeiro é meio “desmiolado”, porém, eficiente no jogo aéreo. Já o segundo foi um dos poucos destaques da trágica campanha do Lautern. Pode ser ele o responsável por um pouco mais classe no meio-campo.

Porém, os gregos vivem indefinições na meta. Desde a aposentadoria de Antonios Nikopolidis, Fernando Santos fica na dúvida entre o veterano Kostas Chalkias, Michalis Sikafis e Alexandros Tzorvas. A inatividade do último citado pode fazer com que o segundo citado, Sifakis, seja o titular na Euro.

Apostar em um novo milagre é demais. A Grécia tem um time ajustado e que pode incomodar na fase de grupos, sempre lembrando que com Fernando Santos no comando técnico, os gregos perderam apenas uma partida. Porém, um bicampeonato, no momento, não passa de sonho. Era também em 2004 e vimos no que deu…

CONVOCADOS:

Goleiros: Kostas Chalkias (PAOK), Michalis Sifakis (Aris) e Alexandros Tzorvas (Palermo-ITA)

Defensores: Vasilis Torosidis, Avraam Papadopoulos e Jose Holebas (Olympiakos), Kyriakos Papadopoulos (Schalke 04-ALE), Stelios Malezas (PAOK), Giorgos Tzavellas (Monaco-FRA), Sokratis Papastathopoulos (Werder Bremen-ALE)

Meio-Campistas: Grigoris Makos (AEK), Giannis Maniatis e Giannis Fetfatzidis (Olympiakos), Kostas Katsouranis, Giorgos Karagounis e Sotiris Ninis (Panathinaikos), Giorgos Fotakis (PAOK) e Kostas Fortounis (Kaiserslautern-ALE)

Atacantes: Giorgos Samaras (Celtic-ESC), Dimitris Salpigidis (PAOK), Theofanis Gekas (Samsunspor-TUR), Nikos Limberopoulos (AEK) e Kostas Mitroglou (Atromitos)

REPÚBLICA TCHECA: Sem empolgar

Tchecos esperam que o “Baros 2012” seja o “Baros 2004” (Reuters)

Acostumados a ver em campo, pela sua seleção, jogadores como Pavel Nedved, Karel Poborský e Vladimír Smicer, o povo tcheco enxerga de forma torta o time atual. Carente de bons jogadores, a República Tcheca chega à Eurocopa com um elenco envelhecido e com jovens de talento duvidoso.

O trio de destaque tcheco estava presente em Portugal 2004: o goleiro Petr Cech, o meio-campista Thomas Rosicky e o atacante Milan Baros.

O arqueiro do time é o único do trio que chega em grande forma. Campeão europeu e tendo agarrado um pênalti de Arjen Robben na prorrogação, Petr Cech terminou a temporada muito bem. Após períodos instáveis, o goleiro tcheco foi peça primordial da conquista do Chelsea, principalmente nos históricos duelos com o Barcelona.

Rosicky declinou demais na carreira. Chamado de “Pequeno Mozart” em seus tempos de Borussia Dortmund, o meia não consegue se livrar das lesões e têm sido poupado de alguns treinamentos para poder estar 100% para a disputa da Euro. Rosicky conseguiu ter uma seqüencia maior de jogos pelo Arsenal nos últimos meses, mas ainda não lembrou aquele jogador que encantou a Alemanha.

Se o declínio do tcheco gunner se deve muito mais pela questão física, a de Milan Baros é técnica mesmo. Artilheiro da edição de 2004 da Eurocopa, o centro-avante rodou por vários clubes até se fixar no Galatasaray em 2008. Pouco, para quem atuou no Liverpool campeão europeu em 2005. O que torna a sua queda mais agravante está nos números. Na temporada em que chegou à Turquia, Baros anotou o satisfatório número de 26 gols. Nas temporadas seguintes, seus tentos baixaram para 16, 11 e 8.

Para alívio do povo tcheco, o técnico Michael Bilek chamou dois jovens centro-avantes para tentar fazer sombra em Baros: Tomás Pekhart e Tomás Necid. O primeiro viveu altos e baixos no Nuremberg, enquanto o segundo fez temporada razoável pelo CSKA. Ambos têm bom histórico nas seleções de base da República Tcheca, mas pouca experiência no time profissional, o que dá a entender que Baros seguirá soberano na posição.

Todos estarão de olho no trio Cech, Rosicky e Baros na República Tcheca, mas é bom prestar atenção na dupla do Viktoria Plsen, Václav Pilar e Daniel Kolár. Os dois meio-campistas são atrevidos e chamaram a atenção de alguns clubes na última temporada. Pilar, inclusive, já está vendido ao Wolfsburg.

Michal Kadlec, Marek Suchy, Jaroslav Plasil e Petr Jiracek são outros jogadores interessantes do elenco tcheco.

Eu enxergo a República Tcheca um pouco abaixo das outras três seleções. Talvez no mesmo nível da Grécia, mas ainda assim, não no patamar elevado de russos e poloneses. A esperança está depositada nos jogadores mais experientes, cabe a eles assumirem a responsabilidade e tentar levar a seleção longe.

CONVOCADOS:

Goleiros: Petr Cech (Chelsea-ING), Jan Lastuvka (Dnepropetrovsk-UCR), Jaroslav Drobny (Hamburgo-ALE)

Defensores: Frantisek Rajtoral (V.Pilsen), Roman Hubnik (Hertha-ALE), Tomas Sivok (Besiktas-TUR), Michal Kadlec (Leverkusen-ALE), Theodor Gebre Selassie (Liberec), David Limbersky (V.Pilsen), Marek Suchy (Spartak Moscow-RUS)

Meio-Campistas: Tomas Rosicky (Arsenal-ING), Jaroslav Plasil (Bordeaux-FRA), Jan Rezek (Anorthosis Famagusta-CHP), Daniel Kolar (V.Pilsen), Vladimir Darida (Plzen), Petr Jiracek (Wolfsburg-ALE), Milan Petrzela (V.Pilsen), Vaclav Pilar (V.Pilsen), Tomas Hubschman (Donetsk-UCR)

Atacantes: Milan Baros (Galatasaray-TUR), David Lafata (Jablonec), Tomas Pekhart (Nuremberg-ALE), Tomas Necid (CSKA Moscow-RUS)