
Thauvin atuou poucos minutos em dois jogos pela seleção | Foto: Le Figaro
Poucos jogadores amadureceram tanto na França quanto Florian Thauvin. Garoto de inegável talento, mas de gênio quase indomável, ele já acumula 16 gols e dez assistências pelo Marseille na Ligue 1. Prestes a completar três temporadas pelo clube, o meia-atacante de 26 anos é o líder em gols e assistências do time.
Tamanho desempenho o colocou no radar de Didier Deschamps na seleção francesa já há um ano – a primeira convocação foi exatamente em março de 2017. A diferença de hoje para março passado é que sua presença na lista de convocados não pode ser tão contestada.
O que lhe falta para um reconhecimento maior, porém, é a experimentação internacional. O Marseille até tem feito boa campanha na Liga Europa, chegando às quartas-de-final depois de uma fase de grupos confusa, mas ainda é muito pouco para sabermos qual o real potencial de Thauvin visando a seleção francesa, ainda mais nas proximidades da Copa do Mundo na Rússia.
Aí entra a participação de Deschamps. É preciso dar minutos a ele para que não seja o que Remy Cabella foi há quatro anos.
Outro jogador de inegável talento, ele foi uma das surpresas da França no Mundial de 2014, sendo chamado para o lugar do lesionado Franck Ribéry. Pouco experimentado em nível superior por estar no Montpellier, não entrou em campo na Copa do Mundo e ficou um ponto de interrogação sobre qual poderia ser sua real utilidade no torneio.
Claro, Thauvin é um caso um pouco diferente. Cabella, hoje no Saint-Étienne, teve pouca vivência também nas seleções de base, situação oposta à do jogador do OM, que passou por quatro categorias diferentes, sendo, inclusive, um dos protagonistas do título mundial sub-20 em 2013, na mesma seleção que tinha Alphonse Areola, Samuel Umtiti, Paul Pogba e Lucas Digne, todos convocados na última chamada de DD.
Porém, até o momento, Thauvin soma míseros 16 minutos pela seleção francesa principal em dois amistosos. É difícil saber o que se passa na cabeça de Deschamps neste momento olhando para a lista final. Ele apostaria em um jogador de notório talento, mas pouco experimentado em nível internacional, ou o deixaria de fora pensando em alguém mais tarimbado? Não é segredo a ninguém que o setor ofensivo é o melhor abastecido, opções não faltariam caso escolhesse a segunda alternativa.
Por isso que cobro mais minutos ao meia-atacante. Eu mesmo tenho essa dúvida de vê-lo com mais rodagem em nível competitivo internacional, imagina o treinador? Nesta época de fechamento de time para a Copa, Deschamps precisa saber o que os 23 escolhidos podem entregar dentro de campo, e ele precisa ser experimentado.
Encaixe na equipe

Thauvin pode atuar pelos dois lados | Foto: L’Equipe
Tendo em vista que Deschamps parece pouco propenso a abrir mão do 4-4-2, Thauvin poderia ser explorado aberto pelo flanco direito da segunda linha. No Marseille, atua em função semelhante no 4-2-3-1 de Rudi Garcia. A principal variante é que no clube tem ao lado um Dimitri Payet extremamente móvel e inteligente, que facilita a troca de posições e o jogo de passes rápidos.
Ainda assim, Thauvin pode contribuir em muitos aspectos. O drible e o chute de longa distância, características marcantes de seu futebol, são cenários que podem ser favoráveis a ele dentro de um time que tende a depender muito mais do individual do que do coletivo.
Óbvio que a concorrência é forte. No primeiro dos dois amistosos franceses (Colômbia, nesta sexta), Deschamps vai utilizar Kyllian Mbappé na função, por exemplo. Não gosto do parisiense nesta posição, prefiro observa-lo em uma colocação mais próxima do gol, mas parece ter sido a fórmula que DD encontrou para encaixa-lo com Thomas Lemar, Antoine Griezmann e a peça de confiança Olivier Giroud.
E por que Thauvin não pode se encontrar nesse cenário? Joga nos dois lados do campo, provou ter muito potencial e joga uma bola redondinha. Por que não? Só saberemos se jogar. Mais minutos pra ele, DD!