Nos anos 90, o Olympique de Marseille começou a se firmar como um grande time europeu. O time francês começou a se tornar um frequentados das fases agudas da Copa dos Campeões. Em 89/90, o OM caiu nas semifinais diante do Benfica, na temporada seguinte, a equipe perdeu o título pro Estrela Vermelha e em 1993, o Marseille finalmente conseguiu erguer a orelhuda, após bater o Milan na final. Nesse mesmo ano, o clube se envolveu num escândalo conhecido como “VA-OM” e acabou sendo rebaixado a segunda divisão da França. O presidente Bernard Tapie, que era talvez o grande responsável pela ascensão do time, pode ser considerado o grande vilão pela queda também.
Prejuízo enorme, já que após o título da Copa dos Campeões, o Olympique de Marseille passou 17 anos sem ganhar nada. Nesse meio tempo, a torcida viu seu time na segundona francesa e ainda acumular alguns vice-campeonatos da Ligue 1, Uefa Cup e Coupe de France. Um trauma gigantesco para uma torcida, que de 1988/89 até 1991/92, viu seu time ganhar quatro campeonatos franceses, uma Champions League e se firmar como uma das grandes forças europeias.
Esse trauma só foi acabar na temporada passada. O time comandado por um atleta que foi campeão europeu pelo Marseille, Didier Deschamps, bateu o Bordeaux na final da Copa da Liga Francesa e voltou a erguer um troféu após 17 anos. A Coupe de La Ligue não tem muito prestígio entre os franceses. Há dirigentes que acham que ela ocupa muito espaço no calendário, mas na temporada passada, esse título foi muito comemorado pela torcida do Olympique, que estava com essa dor no peito, dor essa que persistia durante 17 anos e nenhum médico pôde resolver e sim apenas um grupo de jogadores de futebol.
O título da Copa da Liga parece ter reacendido o espírito vencedor que estava secretamente guardado dentro dos jogadores do Olympique de Marseille. Meses depois, a equipe vencia a Ligue 1 com antecedência. Seria o nono título da equipe e que representou ao OM o isolamento como segundo maior vencedor da competição. Antes, a equipe dividia o posto com o Nantes, ambos com 8 títulos.
Logo no início da temporada, novo título, mesmo sendo menos chamativo: Trophée des Champions. No jogo realizado em Tunis, na Tunísia, o Marseille venceu o grande rival PSG nos pênaltis e se sagrou novamente campeão.
A rotina parece continuar. Nessa temporada, o Lille liderava a Ligue 1 com folga, mas aos poucos pareceu sentir a pressão do Marseille que vem logo atrás. Hoje, a distância das duas equipes é de um ponto. Até na Champions League a equipe voltou a ser respeitada. O OM chegou as oitavas de final e vendeu caro a eliminação pro Manchester United. Após 0x0 no Vélodrome, a equipe francesa teve chances de vencer no Old Trafford, mas a derrota por 2×1 acabou lhe eliminando. A única ‘recaída’ do Marseille foi na Copa da França, onde a equipe foi eliminada no primeiro jogo, após derrota por 3×1 sofrida diante do Evian, atual líder da segundona francesa.
E na tarde deste sábado – noite na França -, o Olympique de Marseille foi bicampeão da Coupe de La Ligue após vencer o Montpellier. O jogo prometia ser nervoso, graças a confusão entre Rémy e El Kaoutari, no jogo entre essas duas equipes no domingo anterior e esse nervosismo foi correspondido em campo. Muitas disputas ríspidas, muitos erros e o gol saiu do jeito esperado, em uma “bola vadia”. Após rebote na grande área, o nigeriano Taiwo finalizou de pé direito pro fundo das redes e fez o gol do bicampeonato do Marseille.
Título merecido, que premia uma equipe que saiu literalmente da lama para voltar a trilhar no caminho dos títulos. Foram 17 anos de espera e o torcedor do Olympique espera que seu time possa continuar a viver os bons tempos, como o fim dos anos 80 e início dos anos 90, onde o Marseille se tornou uma das grandes forças europeias. Mas como eu penso, melhor do que repetir uma boa época e superá-la, é fazer melhor. Basta Jean-Claude Dassier não dar uma de Bernard Tapie, manter o Marseille no caminho certo e que uma nova era de títulos será feira.
Quem sabe, com esse espírito vencedor voltando e a camisa pesada, o Marseille possa pressionar o Lille e conquistar o bicampeonato francês também? Seria o 10º e o OM empataria no ranking de vencedores com o Saint-Etienne. Não custa lembrar que a fila que o LOSC enfrenta é maior que a fila que o Olympique enfrentou. Já são quase 60 anos sem o título francês e o último título relevante foi a Copa da França de 1955 – eu não conto a segunda divisão que o Lille venceu em 99/00, já que se fosse por isso, contaria também a segundona de 94/95 que o OM venceu -, ou seja, o Lille, primeiro time campeão francês, não está mais com aquela banca de time vencedor. Diferente do Marseille, que não tem muito o que provar, o LOSC tem muito o que provar para poder vencer a Ligue 1, já que nessa fase aguda, o rendimento da equipe caiu.