Talvez até mais atrasado que outros esportes, o futebol, enfim, começou a entrar na era tecnológica. Árbitros de vídeo, sistemas de linha de gol e outras tantas parafernalhas estão sendo introduzidas na modalidade para minimizar erros de arbitragem e tornar os resultados das partidas mais justos.
Só que na França, ao invés de solucionar esses problemas, a tecnologia da linha do gol, da empresa Goal Control, vem causando dores de cabeça e provocando mais incômodos em todos os envolvidos no Campeonato Francês, sejam times ou cartolas.
O ápice do incômodo foi no último sábado (16). Troyes e Amiens empatavam por 0 a 0, quando os azuis abriram o placar em cabeçada de Suk Hyun-jun, onde a bola acertou o travessão e o caiu rente à linha do gol.
Com relativa demora, o relógio do árbitro François Letexier confirmou o tento. Depois de muita reclamação e mais de cinco minutos de paralisação, o gol foi anulado, causando bastante polêmica e colocando pontos de interrogação quanto ao funcionamento do serviço – a mim, pelo menos, não ficou claro se a repetição frisou a bola exatamente em cima da linha.
Menos mal para o Troyes, que ainda conseguiu vencer por 1 a 0 com um chorado gol na etapa final. Porém, para a Liga de Futebol Profissional (LFP) a dor de cabeça é imensa.
Se fosse o primeiro bug, ainda passaria, mas não é o caso. O L’Equipe levantou uma série de equívocos que foram registrados desde que a Ligue 1 adotou esta tecnologia. Entre as falhas, “mau funcionamento do sistema” e até mesmo confusão da cor da bola com o uniforme do goleiro
A preocupação se torna mais latente porque outra recente reportagem do L’Equipe, traz uma entrevista com uma antiga funcionária da GoalControl, que afirma com todas as letras que o sistema não é confiável e que ao tentar aprimora-lo, tornaram-no mais deficitário.
Na manhã desta terça-feira (19), houve uma reunião da LFP com a empresa GoalControl para manifestar a insatisfação com os erros. O grupo alegou erro tecnológico e humano e justificou que a frequência e a intensidade luminosa dos LEDs alteraram a operação das câmeras. O resultado foi que o relógio do árbitro estava com vibração errada.
Outro ponto destacado foi de que o técnico responsável pelo controle na van demorou vários minutos para verificar as imagens recebidas e informar o delegado da partida.
Hoje, não se sabe até quando durará a relação da LFP com a GoalControl. A empresa, que foi indicada e aprovada pela FIFA como forma de evitar o monopólio da Hawk-Eye – já presente na Alemanha, Inglaterra e Itália – vem sendo questionada cada vez mais e fornecendo um serviço que está mais atrapalhando do que ajudando os árbitros.
Uma coisa é certa: para 2018/19, a Ligue 1 provavelmente terá o tão conhecido VAR (Árbitro Assistente de Vídeo). A medida já foi aceita no país, falta apenas a canetada da International Football Association Board (IFAB).
Enquanto isso não chega, a LFP propôs uma série de ações corretivas, reportou as ocorrências a FIFA e deu um ultimato a GoalControl: se o sistema não for melhorado até o fim da temporada, o contrato com a empresa, que é válido até 2019, será rescindido.
Os olhos de águia já estão em cima desse imbróglio.