Le Podcast du Foot #82 | De volta às semifinais

Todos os sul-americanos que cruzaram o caminho da França na Copa do Mundo deram adeus ao torneio. Primeiro foram os peruanos, que derrotados na segunda rodada da fase de grupos, foram precocemente eliminados. Nas oitavas vieram os argentinos, que voltaram para casa com um 4 a 3 na bagagem. Para fechar, os uruguaios não levaram perigo e foram embora nas quartas com uma derrota por 2 a 0.

Com esse caminho, os Bleus chegam às semifinais. Só que o esperado confronto diante do Brasil, será contra a Bélgica, que despachou Neymar e companhia nas quartas-de-final.

Os franceses retornam a uma semifinal de Copa após 12 anos e, diferentemente de 2006, onde chegou desacreditado, hoje os comandados de Didier Deschamps carregam certo favoritismo desde o começo do Mundial e nutrem grande expectativa para a partida diante dos belgas.

Para analisar a classificação diante dos uruguaios e projetar a semifinal contra a Bélgica, Eduardo Madeira, Filipe Papini (do C’est Le Foot) e Flávio Botelho se reuniram na edição #82 de Le Podcast du Foot.

Dê play abaixo e escute o programa:

Lembrando que Le Podcast du Foot está no iTunes e no MixCloud:

A turnê pela América mantém Deschamps com dúvidas

Benzema segue com sua terrível fase (France Football)

Benzema segue com sua terrível fase
(France Football)

Antes de começarmos a destrinchar a atual situação da seleção francesa, é importante frisar que os amistosos diante de Uruguai e Brasil serviam mais para os sul-americanos que disputam competições oficiais nas próximas semanas do que para os europeus que vieram desfalcados e doidos para descansar. Mas também se deve destacar que isso não pode ser usado como muleta para justificar os dois tropeços. A França jogou mal e só mostrou bom futebol no primeiro tempo diante da seleção celeste, só, nada mais.

O fato é que o técnico Didier Deschamps retorna para a França com dúvidas de como levar esse time para frente. Poupando os titulares Franck Ribéry e Patrice Evra, que nem convocados foram, e desfalcados de Paul Pogba (a serviço da seleção sub-20) e Raphaël Varane (contundido), o comandante Bleu se deu ao luxo de testar alguns jogadores que não vinham sendo convocados. O polêmico meia Samir Nasri seria um dos testados, mas foi cortado de última hora.

Os principais testes foram do meio-campo para o ataque. Deschamps utilizou 12 jogadores nas seis posições reservadas aos atletas de meio e ataque. Por fim, o comandante francês não sanou suas dúvidas.

Começando pelo esquema: 4-4-2 contra os uruguaios e 4-3-3 contra os brasileiros. De igual entre as duas pelejas foram as participações de Blaise Matuidi, Mathieu Valbuena e Dimitri Payet. O último, aliás, deu uma dorzinha de cabeça a Deschamps, pois foi o principal atleta nas duas partidas, embora seja, teoricamente, reserva. No 4-4-2 é inviável que seja titular, mas caso o 4-2-3-1 seja adotado, ele pode ser um dos homens dos flancos junto com Ribéry e Valbuena.

As novidades entre os dois jogos: contra o Uruguai, Gourcuff; contra o Brasil, Guilavogui. O meio-campista do Lyon, que já não fazia por merecer uma convocação, fez valer as críticas e foi peça nula em campo. Já o garoto do Saint-Étienne foi um dos grandes valores positivos da turnê sul-americana da França. Guilavogui não sentiu o peso da camisa e mostrou a Deschamps que tem tudo para brigar por uma vaga entre os 23 que irão para a Copa do Mundo – caso a classificação venha mesmo.

O zagueiro Mamadou Sakho também teve boa participação contra o Brasil e ganhou pontos na concorrida luta por uma vaga entre os titulares. Teoricamente, ele, Koscielny e Varane lutam pelas duas vagas. Adil Rami corre por fora.

Quem saiu em baixa foi Mathieu Debuchy. O lateral do Newcastle teve participação terrível na partida realizada na Arena do Grêmio, errando muito no ataque e mostrando muita precipitação na marcação. A tendência é que Deschamps passe a utilizar mais Bacary Sagna, embora eu o considere abaixo de Debuchy.

No lado oposto é até difícil avaliar. Jérémy Mathieu e Benoît Trémoulinas são, indiscutivelmente, bons laterais, mas Gaël Clichy e Patrice Evra estão, pelo menos na cabeça do técnico, acima. A convocação da dupla serviu mais como preenchimento do elenco do que para outra coisa.

No ataque segue o drama de Karim Benzema que, novamente, saiu de campo sem balançar as redes. Já passou da hora de Deschamps procurar uma alternativa diferente e não digo utilizar Giroud ou Gomis, substitutos imediatos da posição – ou até apostar em Aliadière, centroavante de características diferentes e que fez ótima temporada – mas sim apostar em um esquema novo, talvez até utilizando Payet ou Ribéry como homens de frente. Não é o ideal, mas o momento não é bom dos centroavantes franceses.

Uma ideia que pode ser útil na seleção é a inserção de Alexandre Lacazette no time titular e como homem centralizado. Apesar de ser jogador de lado, Remi Garde já o utilizou como centroavante no Lyon e pode ser uma alternativa. Vale ressaltar que tanto Lacazette como seu companheiro Clément Grenier receberam chances nesses amistosos, mas merecem ser mais observados por terem futuros brilhantes pela frente.

FUTURO

A França ainda fará quatro jogos em 2013 – amistoso contra a Bélgica (14/agosto) e jogos das eliminatórias contra Geórgia (06/setembro), Bielorrússia (10/setembro) e Finlândia (15/outubro) – sem contar os possíveis confrontos pela repescagem que acontecem em novembro. A esperança de Deschamps fica em cima de alguns nomes que estarão de volta, como Ribéry e Evra.

Tratando como base o seu trabalho desde o término da Eurocopa de 2012, tentei traçar o que seria seu possível time titular nos próximos jogos. Confira:

734341_France

Algumas considerações sobre essa escalação:

1) Sempre fiquei com a sensação de que Deschamps confia mais em Sagna do que em Debuchy, depois dessa excursão pela América do Sul essa sensação deve ficar mais nítida com a péssima atuação do jogador do Newcastle contra o Brasil;

2) A boa partida de Sakho contra a seleção brasileira me faz crer que será titular, mas sua briga é com Koscielny. Considero o jogador do PSG melhor, mas não confio em nenhum dos dois. Varane é o único que sobra, mas lhe falta experiência;

3) No meio campo optei por Capoue, mas nada impede que Moussa Sissoko ou Maxime Gonalons sejam os cães de guarda da defesa. Quem sabe até o próprio Joshua Guilavogui ganhe espaço após os amistosos na América. O fato é que essa posição está aberta, podendo até ser ocupada por um meia-atacante caso Deschamps opte por mexer no esquema;

4) Não escalei Paul Pogba da Juventus muito pela expulsão contra a Espanha. Deschamps frisou muito que falta maturidade ao garoto, logo, passo a acreditar que sua inclusão no time titular vai tardar um pouco;

5) Samir Nasri tem tudo para ser titular do time de Deschamps, mas, hoje, não é. A convocação para as partidas frente Brasil e Uruguai foi a primeira após a Eurocopa e isso se deve muito a seu temperamento explosivo. Em uma seleção com histórico recente de problemas, o técnico tem também que priorizar esse quesito e por isso Nasri não é presença certa;

6) Deschamps tem apostado muito no 4-3-3, por isso o esquema em minha prévia, mas os amistosos na América do Sul mostraram que ele não está tão seguro dessa decisão. Portanto, esse esquema não é definitivo;

E vocês? O que acharam da França? E pro futuro da seleção, o que imaginam? Estabeleçam o debate na caixa de comentários!